Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 2

Capítulo 82: Cobrando juros

Dois dias se passaram desde que Arila e sua família fugiram. A neve caía incessantemente enquanto eles encontravam refúgio em uma cabana abandonada, escondida entre as árvores cobertas de branco. Exaustos e famintos, decidiram descansar um pouco. Enquanto Babacoco preparava o almoço, Arila, Osken e Otto saíram para caçar coelhos e colher frutas.

Osken, com voz cautelosa, quebrando o silêncio enquanto eles caçavam.

— Arila... preciso te contar algo. Há cinco anos, quando os magos batedores estavam na floresta, encontrei uma carta deles. A carta era destinada a Jhon Bash, informando sobre a sua localização. Eu a rasguei e não contei para você.

Arila parou de repente, seu rosto se contorcendo de raiva. Sem pensar, ela bateu na cara de Osken com força.

— Você foi muito inconsequente! Todos estão mortos por sua causa! — ela gritou com o rosto tremendo de raiva.

Osken caiu no chão, atordoado. Arila se ajoelhou sobre ele, como se estivesse prestes a atacá-lo novamente, mas então viu o olhar horrorizado de Otto, observando a cena. Sua raiva se dissipou instantaneamente.

— Mamãe... — Otto falou com a voz assustada, quase em um sussurro.

Arila correu até o filho, envolvendo-o em um abraço desesperado. Ela chorou, seu rosto marcado pelo arrependimento.

— Perdoe-me, meu filho... Eu sinto muito.

Osken se levantou lentamente, aproximando-se da esposa e do filho. Ele tocou o ombro de Arila com suavidade. O homem falou, sua voz suave, mas cheia de culpa:

— Eu também sinto muito. Tive medo de te perder... de você nos deixar.

Arila levantou o rosto, olhando para Osken. Ela viu a dor e o arrependimento em seus olhos. Lentamente, ela assentiu, aceitando sua desculpa.

— Nós todos cometemos erros, pescador — ela o abraçou também. — Precisamos seguir em frente.

Osken, tentando aliviar a tensão, começou a fazer cócegas em Arila, arrancando risos dela e de Otto. A família estava finalmente começando a se recuperar de seus traumas, mas sua paz foi abruptamente interrompida por um grito da Senhora Babacoco vindo da cabana.

Arila congelou por um momento, seu coração batendo forte. Ela se virou para Osken. A maga, com urgência, olhou fixamente para o marido.

— Proteja nosso filho. Ele é a coisa mais importante da minha vida.

Osken, cheio de firmeza, segurou a mão de Arila.

— Prometo, com minha vida.

Arila beijou rapidamente Osken e Otto, antes de correr de volta para a cabana. Ela entrou e encontrou a Senhora Babacoco caída no chão, sem vida. Ao lado do corpo estava o General Levi Burgess, segurando uma foice brilhando em sua mão direita, manchada de sangue.

 

 

— Carmine Arila, deveria saber que quando se negocia a alma com o diabo, um anjo da morte sempre aparece cobrando os juros — General Levi Burgess zombou com um sorriso cruel, suas palavras gotejando sarcasmo.

Com um grito de raiva, a maga atacou com sua garra dracônica. Mas, antes que pudesse atingir o General, uma força invisível a repeliu, lançando-a para fora da cabana.

General Levi Burgess ergueu seu braço esquerdo, sua voz era como gelo.

— Vou te mostrar uma luta em um nível superior, uma nível de General.

A cabana e o corpo da Senhora Babacoco foram comprimidos contra o chão por uma força invisível, esmagados como se fossem feitos de papel, até os ossos da idosa serem pulverizados. Levi Burgess avançou lentamente em direção a Arila, cada passo ressoando como um prelúdio da morte. Arila levantou-se para enfrentar uma batalha além de suas forças, mas sua determinação não vacilava.

— Maldito! Vai pagar pelo que fez a senhora Babacoco — gritou Arila, enxugando as lágrimas ao ver a anciã ser cumprimida e pulverizada.

Osken e Otto, mais afastados, estavam apreensivos e preocupados com Arila, até que o silêncio do local foi quebrado pelo som distante de passos, abafados pela neve.

Cercados por soldados com armaduras brilhantes e símbolos rúnicos gravados, pai e filho estavam de frente para um perigo iminente. Soldados da GPA avançavam lentamente, suas armas prontas.

— Entreguem-se! Vocês não têm para onde ir! — gritou um dos soldados.

Osken, mantendo a calma, inclinou-se para o filho e sussurrou com firmeza.

— Otto, feche os olhos e cubra o rosto. Agora!

Otto obedeceu, suas pequenas mãos tremendo enquanto cobria os olhos. Em um movimento rápido, Osken ergueu as mãos, emitindo um brilho intenso.

Seu golpe Radiant Flash gerou um clarão cegante que encheu a área, ofuscando temporariamente os soldados. Eles recuaram, gritando e esfregando os olhos.

Aproveitando o caos, Osken pegou Otto pela cintura e começou a correr pela floresta. Seus pés afundavam na neve, mas ele não parava. A adrenalina era seu combustível, e o instinto de proteger seu filho, sua força motriz.

Atrás deles, os soldados lutavam para recuperar a visão, mas logo se reorganizaram e iniciaram uma caçada pela mata congelada. O som de seus passos se misturava ao farfalhar das árvores e ao vento cortante.

Noutro cenário, Arila estava em pé, seus olhos fixos no General Levi, que a observava com um olhar de superioridade.

“Não vou conseguir vencê-lo lutando normalmente... Osken, proteja o Otto, vou precisar de tempo para vencer esta luta... E, para isso, vou aproveitar a sua arrogância, General.”, refletiu Arila, ofegando em seguida.

A maga decidiu mudar a estratégia e atacou com sua garra dracônica, buscando um combate a curta distância, mas Levi balançou o braço e a repeliu com uma força invisível. Ela respirou ofegante novamente, correu lateralmente e investiu em um ataque pelas costas do General, mas ele levantou o braço e novamente ela foi repelida.

— Quer passar o dia todo brincando desse jeito, Arila? — General Levi questionou, um sorriso frio dominava o seu rosto.

Arila, ignorando a provocação, respirou ofegante, concentrou-se e materializou ácido em suas mãos. Ela lançou várias bombas ácidas em direção ao General, que apenas ergueu o braço, fazendo com que as bombas ficassem suspensas ao seu redor. O ácido borbulhava e escorria pelo ar, mas não conseguia se aproximar de Levi.

O General colocou uma das mãos no chão e gritou com voz autoritária:

— Atlas Liberation (Libertação de Atlas)!

Um símbolo rúnico apareceu no chão, e a terra ao redor deles começou a levitar em porções, criando uma arena de rochas flutuantes no céu. Arila estava agora em cima de uma rocha flutuante, olhando para o General abaixo.

 

 

— Vamos ver como você se sai agora. Atlas Leap (Salto de Atlas)! — disse o General segurando sua foice com ambas as mãos e impulsionando-se no ar com uma explosão de força. Seu salto o levou em um arco acentuado e, com um movimento firme, ele desceu sua lâmina com brutalidade, cortando ao meio a rocha onde Arila estava.

Ela se lançou para longe, girando no ar com agilidade, e pousou em outra rocha flutuante. Sua respiração estava pesada. — Você não vai me deter tão facilmente! — respondeu, cerrando os punhos enquanto as garras dracônicas brilhavam.

Levi, implacável, não deu tempo para ela recuperar o fôlego. Ele saltou novamente, sua foice cintilando com uma luz mortal. Arila se jogou de lado, desviando no último segundo enquanto seus pés mal tocavam outra rocha. Ela respirou ofegante e revidou, lançando suas escamas dracônicas com um movimento rápido, mas Levi, com um giro habilidoso, repeliu o ataque, fazendo as escamas ricochetearem inofensivamente no ar.

Levi atacou com sua foice, mas Arila, com um giro, desviou e atacou com sua garra, mas o General facilmente bloqueou. A maga continuou a atacar com suas garras, contudo o militar bloqueou seus golpes com facilidade, seu olhar crítico percebia a respiração ofegante de Arila após cada tentativa de ataque.

— Está enferrujada, Arila! — zombou o General, seus olhos faiscando com desprezo. — A luta mal começou, e você já tá ofegante!

O General tentou acertar um golpe lateral com sua foice, mas Arila ajoelhou-se rapidamente, sentindo o aço cortante passar a poucos centímetros acima de sua cabeça. De joelhos, ela respirou ofegante e lançou um ataque surpresa com suas escamas venenosas. Levi, antecipando o movimento, pulou e, com um gesto nas mãos, a repeliu. O poder de repulsão quebrou a rocha em que eles estavam e jogou Arila para baixo.

Ela pousou em uma rocha flutuante e, por meio de seu impulso fervoroso, a usou como trampolim, lançando-se de volta ao General. Este, balançou sua foice verticalmente para cortar a maga venenosa ao meio. Ela, astutamente, girou no ar como uma bailarina, passando pelo lado do General, desviando do golpe e acertando um chute na lateral do rosto de Levi, jogando-o para uma outra rocha flutuante.

Uma outra rocha flutuante passou por trás de Arila e ela utilizou a mesma estratégia, impulsionando-se novamente em alta velocidade, com suas garras dracônicas ativadas. Levi foi rápido também e balançou sua foice, fazendo sua lâmina colidir com a garra de sua inimiga.

O som do metal colidindo com as garras ecoou pelo campo de batalha. Ambos travaram uma luta de força, suas armas pressionadas uma contra a outra. Arila respirou ofegante e depois rugiu, liberando um jato de ácido diretamente da boca, mas Levi, em um movimento rápido, soltou uma das mãos da foice e criou uma poderosa onda de repulsão que jogou Arila para longe.

Ela colidiu com outra rocha flutuante, sentindo o impacto reverberar por seu corpo. Levi, sem piedade, usou sua técnica Atlas Leap novamente, aparecendo diante dela em um piscar de olhos. Ele inclinou seu corpo para trás, concentrando sua força, e então girou a foice para frente com um golpe devastador. Arila tentou erguer suas garras para bloquear o ataque, mas o impacto foi tão forte que seus antebraços sangraram profundamente ao tentar conter a lâmina.

Levi, com um simples gesto, gerou uma poderosa onda de repulsão que cortou a rocha sob Arila, enviando-a em queda livre até colidir violentamente com o chão, onde ela ficou deitada, com dor irradiando por todo o seu corpo.

— Eu esperava mais de você, Carmine Arila. — A voz do General Levi Burgess ecoou enquanto ele pousava graciosamente em uma das rochas que ainda caíam. Com um estalar de dedos, todas as rochas flutuantes começaram a cair, criando uma verdadeira chuva de destruição. Usando uma das pedras como impulso, Levi se lançou em direção ao solo, sua foice brilhando ameaçadoramente enquanto visava o corpo da maga.

Arila manteve-se imóvel, os olhos fixos no General que avançavam como um predador. No último momento, ela rolou para o lado, escapando por uma triz do golpe letal.

— Burden of Atlas (Fardo de Atlas)! — falou o General suavemente, balançando o braço para baixo enquanto via sua oponente rolar.

De repente, uma força esmagadora caiu sobre Arila. Era como se o peso de um mundo inteiro estivesse em seus ombros. A gravidade ao seu redor se intensificou exponencialmente, prendendo-a ao chão. Seus ossos protestavam sob a pressão implacável. Tudo que ela pôde fazer foi continuar a respirar ofegantemente. O General caminhou lentamente, aproximando-se da maga, sua foice balançando despreocupadamente enquanto um sorriso de desdém se formava em seu rosto.

— Ah, Carmine Arila. — Levi ergueu a cabeça, o tom repleto de sarcasmo. — Vocês do clã do dragão se acham tão especiais, não é? Tudo porque têm os grandes Dragões Monarcas selados dentro de si. Mas esse poder não é realmente especial. — Ele girou sua foice na mão com maestria. — Deixe-me ensinar-lhe algo sobre o verdadeiro poder.

— O que... diabos você quer dizer? — arfou Arila, cada palavra saindo com dificuldade.

— Em meio à infinidade de fenômenos físicos, existem quatro forças fundamentais que regem o universo: a força eletromagnética, a força nuclear forte, a força nuclear fraca e a força gravitacional. A gravidade, isso sim, é algo especial, fundamental para o funcionamento do universo. A gravidade permeia tudo ao nosso redor como uma rede invisível. É ela que mantém os planetas em órbita, faz as marés subirem e descerem, e nos prende ao solo. E eu... eu posso manipulá-la à vontade. Posso alterar essa complexa rede, mudando a força com que ela atua sobre qualquer coisa ou pessoa.

— Você... você pode... controlar a gravidade? — Arila arfou, seus olhos arregalados, tentando encontrar uma maneira de se libertar.

— Não apenas controlar. Eu posso aumentar a gravidade, tornando um objeto ou pessoa extremamente pesado, ou diminuí-la, quase eliminando seu peso. — Levi levantou uma pequena pedra do chão com um gesto sutil, a pedra começou a flutuar diante de Arila. — A força gravitacional pode ser calculada pela multiplicação da constante gravitacional com a massa de dois corpos, dividida pela distância ao quadrado (Fgav = G.m1.m2/d2). Usando a magia do espaço, junto com o atributo controle, proveinente do elemento vento, consigo controlar livremente a constante gravitacional (G) dentro de certas condições.

O General Levi sorriu mais amplamente, brincando com a pedrinha através de seus poderes gravitacionais.

— Meu poder me permite gerar campos gravitacionais, expandindo-os ou contraindo-os, redirecionar o sentido da gravidade, entre outras coisas interessantes. Basicamente... sou um arquiteto divino — Levi completou, movendo sua mão e fazendo a pedra flutuante cair ao chão, esmagando-se sob um peso repentino.

Arila, presa ao chão, respirando ofegante, olhou para o General.

— Um arquiteto divino... não me faça rir, — A voz de Arila tremia de raiva, mesmo sob a pressão esmagadora. — Você mais me parece um demônio arrogante!

Levi inclinou a cabeça, o sorriso desaparecendo lentamente enquanto levantava sua foice para finalizar o combate. Porém, nesse exato momento, seus olhos começaram a piscar, e ele se desequilibrou. Uma tontura súbita o atingia e sua visão começou a girar.

— O que tá acontecendo comigo? — murmurou o General, confuso.



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