Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 2

Capítulo 74: Efeito Doppler

— Qual o segredo da técnica deles? — perguntou o samurai, curioso e um pouco esperançoso.

— Efeito Doppler — respondeu a jovem, iluminada pela ideia.

— Rydia, por favor, fale na minha língua — Uji pediu, tentando não perder a paciência.

Rydia respirou fundo, sabendo que precisava explicar rapidamente.

— Ok, imagine um pássaro voando e cantando. Quando ele está vindo em nossa direção, o som parece mais agudo. Quando ele se afasta, o som fica mais grave. Isso é o efeito Doppler. A frequência do som muda dependendo de como o pássaro está se movendo em relação a você.

— Sim, já percebi isso antes. Mas o que isso tem a ver com os nossos oponentes? — Uji perguntou, ainda confuso.

— Aquela biscate manipula o som, provavelmente está usando algum truque avançado relacionado ao efeito Doppler. Ela deve estar controlando a forma como o som é percebido dentro de uma área específica, fazendo um som próximo parecer distante e vice-versa. Isso nos desorienta completamente — Rydia explicou pacientemente.

— Então, ela está manipulando o som para nos confundir, certo?

— Exatamente! É por isso que não conseguimos localizá-los. Nossos ouvidos estão sendo enganados, o volume do som da música não reflete a real posição deles. É um truque sensorial. — Rydia sorriu, estralando os dedos com confiança.

— E o ataque de vento e a música de Rafarillo, como funcionam? — Uji perguntou, ainda tentando juntar todas as peças.

— Calma! Vamos focar na primeira parte. Se conseguirmos anular a habilidade de Steffens, poderemos enfrentar Rafarillo de forma mais direta. Até lá vamos descobrir esses outros dois mistérios.

— Então, como podemos superar esse efeito Doppler? — Uji perguntou, seu tom carregado de urgência.

— Vamos usar a habilidade dela contra ela — Rydia disse, um sorriso malévolo se formando em seus lábios.

— Não entendi nada.

— Apenas observe e siga o plano — disse Rydia, já pensando na próxima jogada.

Ela começou a materializar pequenos espelhos de água ao redor do galpão. Cada espelho refletia a luz de forma a desviar e distorcer as ondas sonoras.

— Uji, sua vez. Use aquela sua técnica que cria um campo elétrico estático.

Ainda sem entender completamente, Uji fincou sua katana no chão e lançou sua técnica torikago (gaiola de pássaros), criando pequenos campos elétricos que interferiam nas ondas sonoras, gerando ecos artificiais.

— Espelhos de água e um campo estático... como isso vai nos ajudar? — perguntou Uji, tentando entender o plano de Rydia.

— Quando uma onda sonora atinge uma superfície reflexiva como a água, ela é refletida, como a luz em um espelho. Se criarmos várias superfícies de água ao nosso redor, podemos refletir os sons e criar ecos falsos. Isso vai confundir Steffens, porque ela não saberá quais ecos são reais — explicou Rydia, enquanto ajustava os espelhos.

— E o campo estático? — Uji perguntou.

— O campo estático amplifica os ecos criados pelos espelhos, criando uma “sala de espelhos” sonora. Isso vai deixar a biscate atordoada, porque os sons vão rebater em todas as direções — Rydia respondeu com confiança.

— Então, ao criar essas reflexões sonoras e amplificá-las, nós criamos uma cacofonia que desorienta Steffens, certo? – disse o samurai sorrindo.

— Exato! Será difícil para ela controlar o efeito Doppler com tantos ecos falsos misturando-se com os sons reais. Ela não conseguirá distinguir o que é real e o que não é.

A dupla da sabertooth corria no centro do canteiro, entre as concustruções inacabadas, procurando um novo local para se esconder e manter a estratégia. Entretanto, conforme a dupla se corria, seus passos firmes no chão batido, as ondas sonoras começaram a colidir com os espelhos de água, refletindo de volta e criando uma série de ecos distorcidos. Steffens, tentando usar seu Echolocating Distortion, se viu inundada por reflexões sonoras confusas.

— O que... o que tá acontecendo? — A vilã cobriu os ouvidos, olhando ao redor, visivelmente desorientada.

— Steffens, eu estou ouvindo nossos sons de todos os lados! Como isso é possível? — Rafarillo estava apreensivo, seu olhar buscando uma explicação.

— Isso não faz sentido! Eu deveria ser capaz de controlar o som... — Steffens tentava focar, mas as reflexões continuavam a bombardeá-la de todos os lados.

— Estão usando algum tipo de truque! — Rafarillo exclamou.

— Jura? Eu não tinha percebido isso, maninho! — Steffens ironizou, ao passo que olhava para todas as direções, tentando localizar a origem dos ecos.

— Irmã, faça algo, senão eles vão nos localizar!

— Já localizamos! — Uji gritou, saindo de um galpão e lançando um Aokiji nas costas de Rafarillo.

Rydia, saindo do mesmo galpão, disparou tiros contra Steffens, mas a maga defendeu-se com seu Vowel Shield. Rydia então utilizou seu Aqua Whip, balançando os braços para tentar acertar Steffens. A vilã desviou do chicote da mão direita, mas foi atingida no ombro pelo chicote da mão esquerda, caindo no chão e deixando os fones de ouvido caírem a alguns metros de distância.

Uji, imbuindo sua katana com aura elétrica, correu em direção a Rafarillo, que olhava preocupado para sua irmã.

— Steffens, pega o fone! O refrão está chegando! — Rafarillo gritou, tentando fugir do ataque de Uji.

Steffens tentou engatinhar para pegar os fones, mas Rydia a puxou para si com sua água elástica, impedindo-a de alcançá-los.

Uji desferiu um golpe com sua katana, mirando a cabeça de Rafarillo. Quando a lâmina estava prestes a atingir seu pescoço, o refrão da música tocou, a expressão “Despacito” soou clara. Steffens ficou imóvel, e Rydia percebeu a mudança, ficando também paralisada. Mas Rafarillo tocou seu beatbox, e Uji recebeu uma forte pancada no ombro, caindo no chão, gritando de dor.

— Uji, quando o refrão toca, devemos ficar parados. Se nos movermos, recebemos um ataque baseado no som que sai da boca dele. — Rydia gritou, sua voz carregada de urgência.

— Eita, essa garota é muito esperta, descobriu minha habilidade tão rápido... — Rafarillo confessou, tapando a boca em seguida.

— Idiota! Confessou tão rápido... Deixa pra lá, ela já sabia mesmo — Steffens resmungou, irritada.

Rafarillo, apertou o interruptor mudando novamente para a cor alaranjado e correu, querendo fugir do samurai.

— Irmã, vou tocar minha última batida. Pega o fone!

Steffens usou seu Hyper Voice, e Rydia saltou para o lado, evitando o ataque. Steffens se levantou e tentou pegar os fones, mas Rydia usou sua água elástica para puxar o equipamento para si, colocando-o ao redor do pescoço.

Uji se levantou, alcançando rapidamente Rafarillo e atacando-o com sua katana. O vilão tentou se defender com sua caixa de som, mas Uji, mais forte e rápido. Mostrando sua força, Uji girou a direção do golpe da katana e realizou um corte profundo na coxa de Rafarillo, que dificultou seus movimentos.

— Isso foi por ter feito eu machucar a Rydia, seu desgraçado! — exclamou o samurai após o golpe.

Rydia atacava Steffens com seus chicotes de água, mas a maga inimiga desviava com agilidade. Até que Steffens pensou em uma estratégia. Ela colocou a mão direita na boca e depois rapidamente segurou uma pedrinha que estava ao seu lado com a esquerda. Sem deixar chances para realizar algum truque, Rydia prendeu os braços de Steffens com seu chicote, puxando-a na sua direção.

Steffens, sorriu e já se preparava lançar o seu poderoso falsete, contudo, a maga atiradora percebeu o movimento e usou um dos seus chicotes de água para tampar a boca da vilã, impedindo o movimento dela.

— Vamos biscate, quero ver se você consegue gritar com a boca cheia de água — Rydia disse, determinada.

Steffens, que ainda segurava a pedrinha com a mão esquerda, mesmo amarrada pelo chicote de água, girou a coluna e lançou a pedrinha na direção de Rydia.

— Acha que essa pedrinha vai me impedir? Não seja ridícula — Rydia bateu na pedrinha, despreocupada, em direção ao chão.

Assim que a pedrinha tocou sua mão, ela liberou um Hyper Voice, derrubando Rydia e os fones que estavam em seu pescoço, bem como desfez a técnica que prendia a maga do som. Steffens emitiu um som gutural baixinho, como de uma pedrinha batendo, e, rapidamente, pegou os fones, colocando-os no ouvido novamente.

— Merda! É assim que recebíamos aqueles golpes de vento quando procurávamos vocês. Você trocou o som da sua voz pelo som da pedrinha. Eu te subestimei — Rydia socou o chão, indignada pela sua ingenuidade de não percerber a estratégia de sua inimiga.

— Sound Transmutation! Isso mesmo, piranhazinha. Eu posso trocar o som dos objetos, utilizando as mãos diferentes. Você pode ser esperta, mas ninguém nos vence em uma batalha de duplas. Toca a música, Rafarillo! — Steffens ordenou.

— Pra já! Quinta música, Burning Heart (Coração em Chamas)! — Rafarillo gritou, nervoso, com vários cortes em seu corpo, tentando resistir aos ataques de Uji.

Uma música estilo hardrock ressoava nos fones de ouvido de Steffens. Com isso, uma energia intensa começou a emanar dela, iluminando-a com uma aura poderosa.

 

 

Seus olhos ardiam com uma nova intensidade, brilhando como brasas vivas. Num instante, ela se moveu, aparecendo diante de Uji e bloqueando seu golpe de katana com um rápido movimento de sua perna.

— Rafarillo, se esconda. Vou acabar com os dois — ordenou a maga vilã, sua voz era firme, carregada de confiança.

— Certo. Só não esqueça que essa música dura 3:53 minutos — comentou Rafarillo, que estava ferido e com a voz ofegante e cheia de preocupação.

— É tempo mais que suficiente! — Steffens sorriu com determinação, seus olhos refletindo uma confiança inabalável.

A maga do som continuou seu confronto feroz com Rydia e Uji. Enquanto isso, Rafarillo, mancando por causa do ferimento na coxa, reuniu toda sua força de vontade para se esconder atrás de uma pilha de barris e placas de metal.

Rydia observou a cena e pensou rapidamente: “Todo forjador impõe restrições em suas técnicas. Se ele está correndo para se esconder... é porque a restriçãodeve deixá-lo completamente vulnerável enquanto a música estiver ativada.”.

Rydia atirou em Rafarillo, tentando impedi-lo de se esconder. Contudo, Steffens, movendo-se com uma velocidade ofuscante, bloqueou os tiros com seus chutes precisos. Ela então se voltou para a maga de água, desferindo uma série de chutes rápidos e poderosos.

— Você não pode me acompanhar, prianhazinha! — gritou Steffens, desaparecendo e reaparecendo ao redor de Rydia como um borrão.

Rydia era arremessada de um lado para o outro, seus esforços para se defender eram inúteis. Uji, vendo a amiga em apuros, correu para intervir, sua lâmina elétrica cortando o ar.

— Deixe-a em paz! — Uji bradou, avançando com sua espada.

Uji surgiu atrás de Steffens, tentando atacá-la pelas costas, mas ela saltou, dando um mortal por cima do samurai, chutando-o com força. O samurai tentou defender-se com seu golpe giratório Hien (Voo da andorinha), mas o chute de Steffens quebrou sua defesa, lançando-o pelo campo de areia.

— Vocês são insistentes, vou acabar com vocês sem misericórdia. Ouçam o poder da minha voz. Supersonic Falsetto! — Steffens lançou um falsete atordoador, emitindo ondas de som agudas e devastadoras.

O impacto sonoro foi tão forte que quebrou vidros ao redor e fez os ouvidos de Uji e Rydia sangrarem. Ambos caíram de joelhos, atordoados. Rafarillo, escondido, também gritou de dor, revelando sua posição.

— Irmã, pare. Isso dói! — Rafarillo contorcia-se de dor, sua voz carregada de sofrimento.

— Aguente firme, irmão! Tenho pouco tempo para acabar com isso. — Steffens gritou, interrompendo sua técnica.

Rydia, mesmo atordoada, conseguiu se levantar e disparou um tiro contra Rafarillo. Embora tivesse mirado em sua cabeça, acabou acertando-o no ombro.

— Aaaah! — Rafarillo gritou de dor, mancando e segurando seu ombro enquanto tentava correr para outro esconderijo, usando o que restava de suas forças.

Rydia tentou disparar mais tiros, mas Steffens, furiosa, se moveu rapidamente em direção a ela, bloqueando os tiros e derrubando-a com um chute poderoso.

— Você vai se arrepender de ter feito isso! Piranhazinha! — Steffens começou a desferir uma série de chutes em Rydia, cada golpe mais forte que o anterior, deixando-a gravemente ferida. Rydia tentava se proteger, mas era inútil.

— Isso é por machucar meu irmão! — Steffens gritou, preparando-se para o golpe final.

Uji, mesmo desorientado, interveio. Ele concentrou sua energia e lançou um Aokiji com sua katana, o golpe passou por cima de Steffens.

— Idiota, tá acertando o vento. Meu soneto ainda tá te deixando zonzo — zombou a maga do som.

— Não se preocupe, eu não errei o meu golpe. Apenas você que não era o alvo — disse Uji com um sorriso maroto.

— Steffens, me ajude! — Rafarillo gritou desesperado, que não podia se mover rapidamente devido ao ferimento de sua coxa.

O Aokiji do samurai passou por Steffens e acertou as estruturas acima de Rafarillo. Várias vigas de aço e placas de concreto começaram a cair sobre ele. No último segundo, Steffens, usando a energia do Burning Heart, saltou para salvar seu irmão, bloqueando com seus poderosos chutes os materiais que iam cair sobre ele.

— Agora, Uji! — gritou Rydia, aproveitando a abertura criada por Steffens ao proteger seu irmão.

Uji arremessou sua katana no chão, ativando sua habilidade Torikago. Um campo de energia estática se espalhou ao redor da lâmina, paralisando os irmãos momentaneamente.

Rydia disparou contra o interruptor da caixa, mudando a cor para azul e desligando os efeitos auditivos dos fones. A música se tornou audível para todos, exceto para Steffens e Rafarillo, já que ele era imune aos efeitos da própria música e sua irmã estava com os fones nos ouvidos. Uji sentiu uma onda de poder semelhante ao que Steffens estava experimentando.

— A música está nos fortalecendo também! — comentou Rydia, ofegante.

Steffens e Rafarillo perceberam que estavam em desvantagem. Ela tentou tirar o fone e ele, mudar o interruptor da caixa, mas o campo estático os mantinha imóveis.

— Já tocaram muitas músicas, agora é a nossa vez de comandar a festa — falou Uji, sua voz tranquila e confiante, enquanto aparecia abruptamente na frente dos vilões.

— Uji... Bolívar nos obrigou a lutar. Você agora nos libertou. Podemos viajar juntos, sermos mais que amigos... Talvez, repetirmos aquele beijo das mais diversas formas possíveis. — Ela sorriu de maneira insinuante, seus olhos brilhando com uma mistura de esperança e malícia — Steffens, tentando seduzir Uji, com uma voz doce e sedutora.

— Sério? — falou Uji, corando e demonstrando interesse.

— Claro, posso ser tudo aquilo que você quiser, tudo aquilo que sua amiga nunca poderá ser para você. Apenas liberte eu e meu irmão. — Steffens fez um biquinho com a boca, corada, tentando parecer irresistível.

— Eu não resisto a uma mulher tão linda. Vou tocar nas mãos de vocês e assim irei libertá-los. — disse ele, estendendo a mão.

Após tocar nas mãos dos irmãos, eles continuavam sem conseguir se mover. Já Uji, apenas sorria maliciosamente.

— Meu amado, ainda não conseguimos nos mover — Steffens falou, tentando se mexer, mas sem êxito.

— Posso até gostar de um rabo de saia, mas também não sou otário. Desculpa, Steffens, prefiro aquela minha piranha do que uma biscate. Uguisu Naki (Chilrear dos rouxinóis)! — Ele liberou uma poderosa carga elétrica, que atravessou os corpos dos vilões, deixando-os inconscientes.

Com Steffens e Rafarillo derrotados, Uji e Rydia se encararam, exaustos, mas vitoriosos. Rydia, sem forças, cambaleou. Uji correu na direção da amiga. Ela tentou se aproximar de Uji, mas caiu no chão, sem forças. Ele se ajoelhou e apoiou a cabeça dela no seu colo.

— Rydia, você tá bem? — perguntou ele, preocupado.

— Prefere essa piranha, é? — disse Rydia, corada e sorrindo fracamente.

— Sim, você é a minha preferida —falou o samurai, inclinando-se para beijá-la.

Rydia colocou a mão no rosto do amigo, impedindo-o.

— Tu me chama de piranha e ainda quer que eu te beije? Eu deveria era te bater, mas estou sem forças. Vai à merda, Uji! — ela falou, antes de cair inconsciente.

Uji riu, amarrou os dois vilões e colocou a cabeça de sua amiga delicadamente no chão, deixando-a descansar. Mesmo ferido e cansado, ele corre para fora do canteiro, dominado pelo seu desejo feroz e determinado de ajudar seus companheiros.

— Desculpa Rydia, não é algo cavalheiresco, mas vou ter que te deixar sozinha. Preciso ajudar nossos amigos contra aquele brutamontes.

 

 

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