Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 2

Capítulo 73: A nova batida de Rafarillo

Rydia e Uji se abrigaram em uma seção isolada do canteiro, um galpão escuro com paredes de metal e apenas uma fresta de luz filtrando através de uma abertura no teto de zinco enferrujado. O ambiente era claustrofóbico, o chão coberto de poeira e ferramentas jogadas ao chão.

— Por enquanto estamos a salvo. Até agora, nenhum sinal deles. — Comentou Uji, sentando-se no chão e se escorando na parede, ao lado da amiga.

Rydia, furiosa, dá dois socos no ombro do samurai.

— Ai! Por que isso? — questionou Uji, com um olhar de dor e surpresa.

— O primeiro foi por ter beijado aquela biscate, deixando-se ser controlado e quase me matando. O segundo foi por aquele seu comentário ofensivo. Eu ainda não te perdoei, seu samurai sacana.

— Você ainda não esqueceu essa história? Deveria era me agradecer. Meu comentário foi apenas para gerar uma distração e nos tirar daquela técnica. Além disso... eu não menti no meu comentário — respondeu Uji com um sorriso malicioso.

— Vai à merda, Uji, precisa ter mais respeito comigo. Eu não te dei essa liberdade — retrucou Rydia notadamente envergonhada, olhando para o chão.

— Estou achando que você está com raiva não pelo que eu falei, mas pelo que eu deixei de falar — provocou o samurai, com um sorriso irônico.

— Que? Esquece essa história! Rydia, mesmo corada, bufou de raiva. — Não tem como conversar sério com você nem por um minuto. Sempre querendo ser o galante, o conquistador de todas as mulheres. Saiba de uma coisa, você é só um narcisista. — esbravejou ela, apontando o dedo em riste próximo aos olhos do amigo.

— Ah, Rydia! Para com isso. Sabe que eu não resisto quando você fica com ciúmes. Parece até que fica mais bonita — falou Uji, piscando o olho e rindo, tentando aliviar a tensão.

— Já cansei disso! — Rydia suspirou profundamente, tentando manter a calma. — Vamos apenas focar na batalha. Acho que já estou começando a entender as habilidades daquele mago com a caixa de som.

— Interessante... O que você percebeu? — perguntou Uji, agora mais sério.

— Basicamente, a caixa de som emite músicas que geram efeitos diferentes. Provavelmente cada estilo traz efeitos e condições diferentes. Por exemplo. você disse que escutava um Trash Metal quando foi controlado. Nessa outra música, ele tocou um dance-pop, o que nos deixou presos aos seus movimentos.

— Hum... E os fones, como funcionam?

— Eles têm duas funções alternativas: ou abafam o som ou emitem som. Quando ele te controlava, você escutava a música, mas ninguém com os fones ouvia nada. Além disso, um interruptor da caixa emitia uma luz alaranjada. Quando eles nos encontraram naquela plataforma, antes de ativar a técnica dele, ele jogou os fones para a mulher e mudou o interruptor de laranja para azul. Neste caso, apenas ela não foi afetada pela música dele — explicou Rydia com paciência.

— Entendi, Rydia! Com a luz azulada, o som é emitido para todo o ambiente, mas quem está com os fones não escuta. Já com a luz alaranjada, é o inverso: o som é direcionado apenas para quem está com os fones, sendo inaudível para as demais pessoas.

— Exatamente! Por isso, antes daquela maga lançar seu falsete, ela jogou os fones para o irmão. Os fones abafaram o som. Outra coisa, para sua música funcionar ele precisa ser imune aos efeitos dela.

— Agora ficou mais fácil. Precisamos apenas de algo para tampar inteiramente os nossos ouvidos. Sem escutar a música dele, assim não seremos atingidos. Rydia, você acha que poderia usar sua água elástica para criar tampões de ouvido? Talvez isso possa bloquear o som da caixa.

Rydia suspirou e balançou a cabeça em sinal de negação.

— Infelizmente, não. A água não seria eficaz para bloquear o som da forma que precisamos. A água, na verdade, transmite o som muito bem. Mesmo se eu conseguisse criar tampões de água para nossos ouvidos, o som ainda passaria através dela e provavelmente seria conduzido pelos nossos ossos até o ouvido interno.

— Droga! Eu pensava que a água poderia funcionar como barreira sonora.

— É o contrário, Uji. O som viaja mais rápido e com mais intensidade na água do que no ar. Precisaríamos de algo que absorvesse as ondas sonoras, como espuma ou silicone, para realmente bloquear o som. Minha água elástica é bastante versátil, mas, infelizmente, não para isso — complementou a maga.

— Precisamos encontrar outra forma de neutralizar essa caixa. Talvez devêssemos focar em parar Rafarillo ao invés da caixa — Uji sugeriu, pensativo, com a mão no queixo.

— O problema é que a biscate, ela não vai deixar. — Rydia cerrou as mãos, levemente irritada. — Precisamos pensar no que seria melhor, neutralizar ele ou ela. As habilidades deles têm muita sinergia entre si.

De repente, a dupla escuta o som de uma porta abrindo e fechando no galpão. Ambos se levantaram rapidamente e montaram guarda.

— Eles chegaram! Prepare-se, Uji — avisou Rydia, sacando sua pistola.

— Um lugar escuro. Perfeito! Toca a música, DJ. O resto é comigo. Midnight Whispers (Sussurros da meia-noite)! — sussurrou Steffens ao irmão, caminhando até o final do galpão.

— Deixa comigo. Espero que não tenham medo do escuro. Terceira música, Hear Me Now (Me ouça agora)! — falou Rafarillo, jogando os fones de ouvido para sua irmã e, em seguida, liberando uma nova música da sua caixa de som.

Uma melodia eletrônica estilo house, com batida repetitiva no padrão four-on-the-floor e um andamento típico de 120 bpm, encheu o ar. De repente, o mundo ao redor de Uji e Rydia começou a distorcer em cores vibrantes e formas ilusórias, causando efeitos psicodélicos na dupla de mocinhos.

Tudo ao redor da dupla parecia um caleidoscópio em movimento. Os sentidos de Uji e Rydia foram rapidamente sobrecarregados pela distorção das paredes do galpão, que giravam e se contorciam, enquanto o chão ondulava como um mar psicodélico. Formas grotescas e monstruosas emergiam das sombras, dançando de maneira macabra ao ritmo pulsante da música.

Uji, com a katana firme nas mãos, tentava inutilmente cortar os monstros que se aproximavam. Sua lâmina passava direto pelas criaturas, como se fossem apenas sombras. Desesperada, Rydia disparava sua pistola de água pressurizada, mas seus tiros atravessavam os corpos espectrais sem causar qualquer dano.

— Eles são intangíveis! — gritou Uji, girando sua lâmina em um arco poderoso, apenas para ver seus golpes passarem inofensivamente pelas ilusões.

De repente, um dos monstros lançou um grito ensurdecedor, semelhante ao ataque de Hyper Voice de Steffens, projetando rajadas de vento em Rydia. Ela sentiu os impactos como se fossem golpes físicos.

— Rydia! — Uji tentou protegê-la, mas seus esforços foram frustrados novamente quando outro monstro o atacou pelas costas com a mesma rajada de vento.

Rydia, vendo-se cercada, mudou sua estratégia e gritou:

— Aqua Whip!

Chicotes de água materializaram-se em suas mãos, girando freneticamente em todas as direções. No entanto, assim como os ataques de Uji, seus chicotes passavam através dos monstros sem tocá-los. Enquanto girava, um dos monstros projetou-se próximo a ela e lançou outro grito de vento, acertando-a em cheio.

— Droga! Como podemos destruir algo que não podemos tocar? — gritou Uji, frustrado.

Neste momento, Uji sentiu vários golpes nas costas, como se fossem chutes. Ele girou para tentar cortar o atacante, e sua lâmina acertou algo, ouvindo um grito feminino, embora visivelmente a lâmina apenas tivesse atravessado o monstro.

— Um grito de mulher? Entendi. Esses monstros são ilusões! Na verdade, é a biscate quem está nos atacando! — exclamou Rydia, percebendo a verdade.

— Mas como é possível? — perguntou Uji, ainda confuso — Os passos dela deveriam fazer barulho.

Rydia recordou-se de um momento anterior, na plataforma metálica, onde Steffens havia se movido silenciosamente.

— É como aquela vez na plataforma, quando não ouvimos Steffens subindo as escadas! Ela deve estar usando alguma técnica para abafar o som dos próprios passos.

— Como podemos acabar com essas ilusões? — Uji perguntou, sua voz carregada de urgência.

Enquanto um monstro atacava o samurai com um movimento similar a um chute no queixo, Rydia correu lateralmente, dando tiros na direção de onde veio o ataque de Uji, mas não acertou nada. Ela então viu um monstro lançar outro golpe de vento. Com agilidade, desviou ao pular para o lado, perto da fresta de luz que penetrava o galpão. Ao passar pela fresta, a pata do monstro se desfez, revelando uma mecha de cabelo ruivo.

— Espera, já sei! — ela exclamou, disparando contra a ilusão — Tome isso, sua biscate!

Os tiros de Rydia erraram Steffens, que se abaixou rapidamente. Em resposta, Steffens desferiu três chutes rápidos na barriga de Rydia e mais um na cara, derrubando-a no chão. Rydia sentiu o peso de Steffens sobre ela, pressionando-a contra o chão.

Uji, tentando ajudar, correu em direção à sua amiga, mas foi atingido por outra rajada de vento, que o lançou para trás.

— Uji, rasgue o teto com um Aokiji vertical! — Rydia gritou desesperada, apontando para a estrutura de zinco acima deles.

Concentrando sua energia, Uji brandiu sua katana e lançou um Aokiji vertical, cortando o teto de zinco como uma lâmina quente corta manteiga. A luz da lua penetrou através da abertura, banhando o galpão e dissipando instantaneamente as ilusões de Rafarillo. Sem as ilusões para disfarçar, Steffens se tornou visível.

Steffens estava pisando no peito de Rydia, pressionando-a contra o chão. Vendo sua inimiga claramente, Rydia apontou sua pistola para a vilã.

— Agora é entre eu e você, biscate — disse ela, com determinação na voz.

Rydia disparou cinco tiros diretamente em Steffens, que deu passos para trás, permitindo que Rydia se levantasse. Rafarillo gritou para sua irmã, tentando ajudá-la, mas foi interrompido pelo Aokiji de Uji, que o acertou e o forçou a recuar.

— Precisamos fugir e reavaliar nossa estratégia! — Steffens gritou para Rafarillo.

Eles começaram a correr, mas Rydia não estava disposta a deixá-los escapar tão facilmente. Ela ergueu sua pistola com a mão direita e atirou na direção de Steffens. A inimiga defletiu os tiros com sua técnica Vowel Shield, mas ao retomar sua corrida, Steffens sentiu algo puxando seu pé e caiu no chão. Ela olhou para baixo e viu que Rydia havia prendido seu pé com a água elástica que saía do seu braço esquerdo.

— Não vai fugir. Uji, acaba com isso — ordenou Rydia, certa da vitória.

— Pode deixar! — exclamou Uji, correndo na direção da inimiga para cortá-la com sua katana.

Em resposta, Steffens usou seu Supersonic Falsetto. O falsete ensurdecedor deixou todos zonzos, forçando o samurai a cancelar seu ataque e Rydia a desfazer sua técnica. Aproveitando o momento de confusão, Steffens conseguiu escapar com Rafarillo, gritando que os mocinhos pagariam caro por isso. Uji, ainda se recuperando do falsete, tentou lançar outro Aokiji na direção deles, mas seus sentidos ainda estavam turvos e ele acabou errando o alvo.

— Não se preocupe, Uji, eles vão voltar — disse Rydia, limpando o sangue do canto da boca. — E quando isso acontecer, nós estaremos prontos.

— Com certeza, não vou errar o próximo golpe — respondeu Uji, enquanto se preparavam para o próximo embate.

Recuperando-se, Rafarillo e Steffens decidiram se esconder em outro galpão. Uji e Rydia procuravam os vilões em todos os cantos, avançando com extrema cautela e passos mansos, tentando pegá-los desprevenidos.

Ofegante, Steffens estava pensativa, tentando elaborar uma nova estratégia. Seu irmão a olhou com um olhar determinado.

— Irmã, até agora você atacou e eu lhe dei suporte. Vamos trocar.

— Entendi. Vamos adotar aquela nossa tática de guerrilha. Uma luta estilo gato e rato. Pode deixar. Echolocating Distortion (Distorção de Ecolocalização)! — disse Steffens, colocando o fone de ouvido do irmão no pescoço e, em seguida, batendo as mãos, fazendo uma aura invisível se expandir por todo o ambiente.

— Irmã, não esqueça de colocar os fones nos ouvidos no momento exato — alertou Rafarillo enquanto aumentava o volume de sua caixa de som ao máximo. — Minha vez de atacar. Quarta música, Despacito! — Uma música estilo reggaeton começou a fluir da caixa de som, audível em todo o canteiro de obras. Rafarillo pegou o microfone do suporte lateral.

— Crossed Bones, espero que gostem do meu novo beat. Vamos dançar ao som da minha nova música — gritou o mago Dj pelo microfone, com sua voz ecoando por todo o ambiente, enquanto fazia beatbox junto com a música.

Uji e Rydia não entenderam o que estava acontecendo. Até aquele momento, nada tinha mudado.

— Uji, o som da caixa de som está vindo daqui. Vamos pegá-los — falou Rydia, abrindo o portão de um galpão inacabado e recebendo um Hyper Voice junto com o balançar do portão.

Por sua vez, Steffens, que estava junto com o irmão na plataforma metálica onde a luta começou, emitiu um som gutural, semelhante a um portão metálico se abrindo.

Uji adentrou o galpão com toda a sua velocidade para atacar seus oponentes, contudo não viu Steffens nem Rafarillo.

— O que está acontecendo? Como Rydia foi atingida? Não tem ninguém aqui!

Rydia se levantou perplexa e foi para perto do amigo.

— Cadê eles? O som tá vindo daqui, além disso, eles acabaram de nos atacar.

Enquanto procuravam pelos inimigos no galpão, ouviram o refrão da música repetindo “Despacito”. Rafarillo então fez um beatbox, e a dupla sentiu um corte diagonal nas costas de cada um.

Rydia e Uji contorceram-se de dor, confusos e desorientados. A sensação de serem atingidos por algo invisível deixava-os perplexos. O som no galpão, que inicialmente parecia alto e claro, começou a enfraquecer, movendo-se como uma miragem acústica. Eles, guiados pelos seus ouvidos, correram em direção à nova fonte do som, parando abruptamente na plataforma metálica onde acreditavam que os vilões estivessem.

— O som agora tá vindo daqui. Vamos ser mais rápidos e atacá-los antes que consigam fugir! — Uji preparou sua lâmina para o ataque, subindo o primeiro degrau da escada com determinação. Mas, ao alcançar o topo, ele parou, confuso — Ué, o som ainda tá vindo daqui, mas novamente não tem ninguém.

— O que tá acontecendo? Como eles conseguem ficar num local e fazer o som ir a outro? — Rydia estava frustrada, sua voz carregava um tom de incredulidade.

Com raiva, Uji chutou uma pedrinha. Ao fazer isso, ele foi arremessado pelo golpe de um Hyper Voice, batendo no teto e caindo de cara no chão. Steffens, escondida em outro local, emitiu um som gutural que ressoou como o chute da pedrinha, ecoando pelo galpão.

A dupla ainda sem entender o que estava acontecendo, ouvem a música chegar em seu refrão, novamente ecoando a expressão “Despacito”. Os dois montam guardam um protegendo as costas do outro, girando em 360 graus, visando localizar de onde viria o próximo ataque. Todavia, a dupla é novamente atingida, desta vez, sofrem uma pancada no estômago assim que Rafarillo faz o seu beatbox.

Em seguida, o som mudou novamente de direção, agora vindo perto de algumas máquinas.

— Isso é impossível. Não tem ninguém aqui e fomos atingidos de novo! Eu desisto! Não aguento mais. É impossível saber onde eles estão. É como se o som se movesse por conta própria — Uji gritou, sua raiva transbordando enquanto golpeava a parede com sua katana.

— O som se movendo... É isso! Uji, já sei o que aquela maga tá fazendo para nos enganar! É agora que damos o troco — Rydia exclamou, seus olhos brilhando com uma súbita realização.

 

 

________________________________________________________________________________________________

Comentários do Autor:

Primeiramente, se gosta está gostando da jornada até aqui, considere favoritar a novel e avaliar o capítulo, isso ajuda a aumentar os leitores e melhorar a qualidade do texto.

Não esqueçam de favoritar sempre que tiverem dúvidas, elogios ou sugestões. Abraços!

 



Comentários