Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 2

Capítulo 50: Caçada

O tigre começou a correr, seguindo a mesma rota de Uji e Joabe. A dupla avançava pelas ruas desertas de Passafora, acreditando ter despistado os membros da Sabertooth. Uji achou estranho não ver nenhum cidadão pelas ruas. Ele olhou para as janelas das casas, mas também não avistou ninguém. Em certo momento, uma menina apareceu em uma das janelas, mas sua mãe rapidamente a puxou para dentro e fechou a cortina.

— É impressão minha ou todas as pessoas estão escondidas dentro de suas casas, sem nem olhar para fora? — perguntou Uji, perplexo, enquanto carregava Kreik desacordado em suas costas.

— Estão todas tremendo de medo. As pessoas fogem e se escondem sempre que ouvem qualquer coisa relacionada a Bolívar ou à Sabertooth — respondeu Otto.

— Hum. Pelo menos fica mais fácil de escaparmos — murmurou Uji.

— Vocês dois estão me levando para onde? — perguntou Otto.

— Para a casa do Joe Otogi. Vamos reagrupar e planejar uma armadilha contra os membros da Sabertooth. Espero que Baan e Moara já estejam prontos para o embate quando chegarmos — falou o samurai.

De repente, Joabe parou de correr, puxou Uji pelo colarinho e se escondeu atrás de uma parede, alertando os outros:

— Ei, calem a boca. Escutaram isso? — sussurrou Joabe, tensionado.

— Eu não escutei nada, Joabe. Acho que está ouvindo vozes — respondeu Uji, confuso.

— Eu também não ouvi nada — disse Otto.

Joabe, ainda escondido atrás de uma parede, tapou a boca de Otto e Uji. Nesse instante, Bruce saltou de cima de um prédio, caindo no meio da rua, olhando ao redor em busca da dupla. As pessoas dentro das casas ficaram extasiadas de medo ao ver a fera.

Joabe e Uji foram andando vagarosamente, tentando despistar o animal. Bruce usava seu faro para localizar seus alvos, até que, ao sentir o rastro deles, pulou na esquina ao lado. Contudo, não encontrou ninguém.

O tigre seguiu farejando, mas não conseguiu encontrar a dupla. Após Bruce desaparecer no horizonte, Uji e Joabe emergiram de dentro de duas latas de lixo, fedendo terrivelmente.

— Estou fedendo demais! Que merda de ideia foi essa, Joabe? — reclamou Uji, franzindo o nariz.

— Melhor fedendo do que enfrentar aquele tigre com o Kreik desacordado e protegendo esse garotinho chorão — respondeu Joabe, dando de ombros.

— Eu não sou chorão — retrucou Otto com raiva, que mudou o semblante quando sentiu algo na boca. — Ai que nojo! Que ideia idiota de fugir em uma lata de lixo — complementou o garoto, cuspindo uma casca de banana da boca.

— Apenas fique feliz porque não te joguei para virar comida de tigre — comentou Joabe, mantendo o semblante sério.

A dupla continuou sua fuga, confiantes que não existiriam mais inimigos no caminho, contudo, de repente, quando estavam em uma encruzilhada, Bruce saltou de cima de um prédio, nas costas de Uji e Kreik, atacando-os com suas garras. O samurai desviou para o lado com agilidade. O felino deu outro salto, dessa vez, ficando de frente para eles.

— Vamos nos separar! — gritou Uji.

Joabe, segurando Otto, foi para um lado da rua, enquanto Uji, com Kreik nas costas, foi para o outro. Bruce correu na direção de Uji. Joabe, vendo isso, pensou: “O tigre atacou Uji na surdina e agora o segue sem titubear. O alvo dele não é o garoto. É o Kreik. Eles querem as luvas? É difícil dizer... Vou aproveitar para atacar.”

Uji dobrava em uma rua e depois em outra, mas o tigre era implacável. Pegando velocidade, Bruce pulou por cima de Uji e lançou cristais de gelo de sua boca. O samurai soltou Kreik rapidamente e bloqueou o golpe com sua técnica giratória, Hien.

Bruce investiu novamente contra o samurai, que ergueu sua katana e lançou sua técnica Aokiji. O tigre segurou o golpe com os dentes, mas foi arrastado alguns metros para trás.

Nesse momento, Joabe apareceu atrás de Uji, em outra encruzilhada, lançando suas kamaitachis. Uji guardou a katana e pegou Kreik novamente.

As foices de vento seguiram na direção de Bruce, mas o tigre foi ágil e desviou de cada golpe. A dupla se reuniu na encruzilhada e aproveitou a oportunidade para fugir, dobrando a esquina.

Bruce ficou irritado e retomou a caçada. Ao chegar na encruzilhada onde a dupla estava anteriormente, viu apenas Uji zombando do tigre com gestos. O samurai dobrou a nova esquina e Bruce passou a correr atrás dele. Contudo, Bruce foi esperto, ao invés de contornar a esquina, ele pulou em cima de uma casa e, lá de cima, saltou, caindo em cima do samurai. Uji rapidamente se esquivou com uma cambalhota.

Bruce rugiu, mas ficou perplexo e nervoso ao ver que Kreik não estava com o samurai. Ocorreu que, quando Joabe fugia com Uji, ele havia pedido ao samurai para entregar o amigo e distrair o tigre. Enquanto Uji fazia isso, Joabe corria na outra direção para escapar da fera, sabendo que o alvo era Kreik.

O samurai sacou sua katana e tentou golpear o tigre, mas Bruce lançou estacas de gelo de sua boca. Isso forçou Uji a usar novamente sua técnica Hien para bloquear as estacas, criando uma distração para Bruce correr na direção oposta, caçando Kreik.

Uji tentou lançar algumas rajadas elétricas com sua katana na fera, mas Bruce era rápido e desviou facilmente. Enquanto corria na outra direção, Joabe viu Bruce se aproximando por trás e Rydia ao longe em uma rua paralela. Ela fez um sinal com a cabeça, indicando que ele deveria dobrar a próxima esquina à esquerda. Joabe reduziu a velocidade de propósito, esperando o bote da fera.

Assim que Bruce tentou atacar, Joabe dobrou à esquerda e o tigre passou direto, escorregando. Otto quase perdeu o fôlego ao perceber que escapou de ser engolido pelo tigre por questão de centímetros.

— Ei, idiota. Não seja louco. Não adianta nada a gente sobreviver da fera, mas morrer de um ataque cardíaco — gritou o garoto.

— Se estiver achando ruim, te deixo aqui para você enfrentar o tigre sozinho. Talvez isso faça bem para o seu coração — retrucou Joabe, irritado com o jeito marrento do garoto.

Bruce retomou a caçada, aproxiamando-se cada vez mais de Joabe. Otto arregalou os olhos vendo o animal se aproximar domado pela raiva.

— Espero que tenha um plano. Sou muito jovem para morrer – gritou o garoto, o medo estampado em seus olhos.

Joabe riu com o canto da boca, esbanjando confiança ao ver vários fios de água no chão.

— Apenas observe.

Ao passar em frente a um beco onde Rydia estava escondida, Joabe parou e se virou na direção do tigre.

— Enlouqueceu de vez, seu idiota? Me deixa fora disso. Socorro! – gritou Otto, atônito.

Bruce lambeu suas presas e deu um novo bote, visando estraçalhá-los com os dentes. Entretanto, Rydia saiu do beco e ergueu seus braços, puxando os fios de água provenientes de sua técnica Web Water.

Os fios de água elástico fixado nos prédios esticaram e se enrigesseram, criando uma rede de água que prendeu Bruce, impedindo-o de avançar.

 

O tigre ficou totalmente entrelaçado nos fios de água elástica. Querendo romper a armadilha, ele ergueu as patas dianteiras, ficando apoiado no chão apenas pelas patas traseiras e tencionou ao máximo os fios, dando passos na direção de Joabe, mas Rydia foi fixando mais fios de água elástica nas estruturas das casas, fortalecendo a sua armadilha.

Bruce avançava e a teia de água esticava. Quando ela estava bastante tensionada, Rydia, com um leve sorriso confiante, deu um tiro com sua pistola de água pressurizada na pata direita da fera. Bruce gemeu de dor e parou de usar força contra a rede. Com isso, a rede se retraiu e o tigre foi jogado a metros de distância, batendo com as costas em uma casa distante, quebrando a parede com o impacto.

Longe dali, Erina sentiu uma dor no pé direito. Em seguida, ela foi arremessada para trás, sentindo uma pancada poderosa nas costas, fazendo-a gritar e se contorcer de dor. Ela entendeu que Bruce estava lutando e ficou preocupada em continuar a caçada sem visualizar os movimentos de sua fera e dos inimigos.

“Não sei as condições atuais da luta. Preciso agir agora com cautela. Se eles matarem o Bruce enquanto minha técnica estiver ativada, eu morrerei junto. Vou ter que interromper a caçada e fazer o Bruce retornar. Droga. Que situação constrangedora.”, pensou ela, bradando a seguir: — Venha, Jack Frost!

Jack Frost saiu do corpo de Bruce, fazendo-o retornar ao seu estado natural, fugindo em seguida. Uji, ainda correndo, conseguiu alcançar seus amigos.

— O que aconteceu? Eu vi aquele tigre de gelo sair voando — disse o samurai ofegante, com as mãos nos joelhos.

— Rydia utilizou sua técnica e fez uma espécie de água elástica. O tigre voou longe! — explicou Joabe, com um leve sorriso.

A conversa dos amigos foi interrompida por uma salva de palmas e gritos de comemoração. Entre as casas e prédios, todos comemoravam a vitória dos heróis sobre a Sabertooth.

— É isso mesmo! Espalhem por aí que a Sabertooth está com os seus dias contados. Eles sucumbirão perante a nossa guilda, Crossed Bones! — gritou Uji, confiante e erguendo o braço direito.

— Crossed Bones! Crossed Bones! Crossed Bones! — As pessoas daquela rua gritavam em coro, como se fosse um grito de libertação. Em questão de minutos, toda a população entoava o mesmo som, como um coro treinado.

Otto, observando a cena, comentou com preocupação:

— Posso ser apenas uma criancinha e não conhecer bem o mundo, mas acredito que incentivar a população a clamar pela guilda de vocês não foi uma decisão inteligente. Depois de hoje, Bolívar e o líder da Sabertooth vão ficar irados e buscarão vingança a todo custo.

Rydia olhou surpresa para o garoto e respondeu, uma mistura de irritação e desconforto pela ação de Uji:

— Como é que um garotinho de dez ou onze anos é mais inteligente que todos os membros da minha guilda juntos?

Uji sorriu desconcertado, coçando a nuca, percebendo que talvez não tivesse tomado a melhor decisão. Ele tentava encontrar uma resposta, mas Joabe interveio antes, claramente irritado por ter sido chamado de burro pela companheira.

— Ei, por que eu entrei no balaio se eu não fiz nenhum nada? — resmungou Joabe, franzindo o cenho. — Embora eu tenha gostado da provocação contra aqueles miseráveis e mal posso esperar para socar cada um deles — completou ele, cerrando os punhos e mudando seu semblante, notadamente empolgado.

— Apenas vamos embora antes que mais membros da guilda apareçam — murmurou Rydia, olhando em volta como se esperasse que mais inimigos surgissem a qualquer momento.

Eles fugiram da cidade em meio a aplausos e festejos. Ao entrarem sorrateiramente na passagem subterrânea próxima à entrada da cidade, Joabe soltou Otto de seu braço, fazendo-o cair de cara no chão.

— Aii! Isso é jeito de tratar uma criança! — esbravejou Otto, esfregando o nariz dolorido.

— Você não é paralítico, pode andar com suas pernas — retrucou Joabe, cruzando os braços.

— Poderia ao menos ser mais delicado ao me colocar no chão — reclamou Otto, levantando-se e esfregando a sujeira das roupas.

Joabe se aproximou, inclinando-se para encarar o garoto de perto, o rosto se contorcendo em um sorriso ameaçador.

— Garotinho, você é muito marrento para alguém da sua idade. Se quiser, posso arrancar suas pernas, aí te carrego no braço para onde você quiser — disse Joabe, os olhos brilhando com uma mistura de diversão e ameaça.

Otto engoliu em seco, o medo visível em seus olhos, mas rapidamente mudou de expressão, exibindo um sorriso falso.

— Pode deixar que eu vou andando mesmo — e acrescentou, com um tom desafiador: — Mesmo usando máscara eu não estava aguentando esse seu bafo de peixe estragado.

— Como é, seu moleque desgraçado? Eu te pego! — gritou Joabe, começando a correr atrás de Otto, que saiu em disparada, rindo nervosamente.

Enquanto Joabe e Otto discutiam, Uji notou que Rydia estava mais calada que o normal, com o olhar perdido em pensamentos. Ele se aproximou, a preocupação evidente em sua expressão.

— No que está pensando, Rydia? Tem algo martelando na sua cabeça. Pode falar, eu te conheço.

Rydia suspirou, sua voz tingida de incerteza.

— Não sei, só estou achando tudo muito estranho.

Joabe, interrompendo sua perseguição a Otto, virou-se para Rydia, curioso.

— Estranho como? — perguntou ele, ainda segurando Otto, que tentava se desvencilhar.

— É estranho, nós lutamos tempo suficiente para qualquer outro membro da Sabertooth aparecer e prestar suporte. Mas, mesmo assim, eles lutaram sozinhos. Além disso, o líder deles não apareceu. O perfil dele é de alguém que não recusaria uma boa luta. Eles lutaram a sério, visando nos matar, contudo, parece que, caso não conseguissem, isso não seria... relevante. Sinto que eles estão escondendo algum trunfo — Rydia respondeu, pensativa e desconfiada.

— Acho que você está apenas pensando demais. — Uji tentou tranquilizá-la com um sorriso confiante. — Vamos focar em voltar para a casa da família Otogi e descansar. Hoje fizemos a Sabertooth provar uma amostra do nosso poder e, logo mais, faremos eles se arrependerem de nos enfrentar.

Rydia, ainda desconfiada, sussurrou para si mesma: “Assim espero...”

 

 

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NOTAS DO AUTOR:

Yo pessoal! Queria agradecer, já chemagos a 10k de visualização e espero avançarmos muito mais. Se estão gostando da história, peço, por favor, que favoritem e indiquem a obra. Quanto mais visualizações, mais a gente se empolga em escrever os próximos volumes.

AAh, uma curiosidade. Todos os personagens criados tem por base  algum outro personagem, seja de anime, filme, jogo ou da vida real que utilizo como referência. Então, já conseguiram identificar quais são os personagens que foram utilizados como referência para a criação dos personagens principais? Se sim, depois coloquem nos comentários e eu revelo em um capítulo posterior. Abraços e tmj!



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