Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 2

Capítulo 49: Cubinho

Após fugirem, Erina, montada em Bruce, seu tigre dente de sabres, chegou ao local da batalha e pegou a encomenda que estava no chão. Ao abri-la, surpreendeu-se ao encontrar apenas folhas de papel em branco.

“Tem algo errado. O que eles estavam tramando? Isso não bate com as informações do nosso informante. Esses malditos estão nos fazendo de otários!”, murmurou Erina consigo.

Em outro lugar, o falso emissário, que estava com Whole, corria pelos becos de Passafora, até tropeçar no pé de alguém. Era Steffens, que o interceptou e perguntou:

— Calma aí, benzinho... — A bela maga ruiva aproximava-se lentamente do falso emissário, com um sorriso sádico. — Eu preciso que me responda só umas perguntinhas... Me diga para quem você trabalha e o que você queria com aquela encomenda?

O homem, tremendo de medo, respondeu rapidamente. Após obter todas as informações que queria, Steffens ativou uma runa que estava interligada com a de Erina. A runa brilhou e Erina ouviu sua voz.

— Ei, Erina, fomos enganadas. Não há nenhum Grande Nobre envolvido, o emissário era falso. Alguém contratado por Joe Otogi para forjar esse suposto encontro.

— Certo. Verifiquei a encomenda e eram só folhas em branco. Além disso, eles deixaram Nathan todo machucado e desacordado. Vamos precisar de runas de cura.

— Não acredito. Como uma guilda de ranking “E” foi capaz de derrotar o Nathan? Esse era o objetivo deles desde o começo? — Steffens perguntou, incrédula.

— Acho que eles descobriram sobre a existência de um informante e usaram este encontro para tentar revelar sua identidade. Mas não se preocupe. O líder já sabe como vamos nos vingar — respondeu Erina, com raiva crescente, quebrando a runa de comunicação.

“Chegou a hora de fazer esses malditos se arrependerem de nos fazer de otários! Eu vou atacar o ponto fraco deles.”, reletiu Erina, seus olhos cheios de determinação.

Enquanto isso, Kreik e Rydia, após despistar os vilões, chegaram à casa de Frederico. Lá, viram Joe socando Whole no rosto, chamando-o de traidor, enquanto Trace, Taylor, Frederico e Uji assistiam a cena, tensos.

— Eu não sou traidor, Joe! A Rydia mesma falou que Yep era o informante do Bolívar — Whole se defendia, desesperado.

— Idiota! Contamos uma versão diferente para cada um. Nunca pensei que você faria isso comigo, Whole. Éramos amigos, eu confiava em você! — gritava Joe, golpeando-o furiosamente.

— Eu não disse nada! Ei, garotinho ruivo, você viu! Eu segui o plano conforme o combinado. Fui atacado pela Sabertooth quando entreguei a encomenda. Se não fosse pela intervenção do garoto, eu estaria morto. Não tem como eu ser o informante! — Whole chorava, sua voz embargada de medo e dor.

— Kreik, você quase morreu numa luta direta contra a Sabertooth para salvar um traidor? O que você estava pensando? — Rydia, irritada, questionou Kreik.

— Eu não poderia simplesmente deixá-lo morrer. Não era o certo. — respondeu o jovem mago, convicto.

— O certo era não morrer e seguir o plano! Essa sua luta foi desnecessária. Deveria agradecer, se eu não tivesse intervido você estaria morto agora — Rydia retrucou, seu tom incisivo.

Joe, ainda enfurecido, continuava a bater em Whole, que estava caído, desacordado. Taylor interveio, segurando a mão do filho e falando com uma voz calma e suave:

— Já chega, Joe. Você tá se tornando mais parecido com Bolívar do que com meu filho.

As palavras de Taylor ecoaram na mente de Joe. Ele recuou, envergonhado pelo seu descontrole, e murmurou:

— Tsc. Tem razão. Trace, Frederico, amarrem Whole e cuidem de suas feridas. Quando a poeira baixar, vamos entender os motivos de sua traição e como usar isso ao nosso favor.

Neste momento, Yep e Joabe entraram correndo na cabana, ofegantes. Yep, ainda sem fôlego, esbravejou:

— Pessoal, a Sabertooth... Eles estão atacando o orfanato com um urso polar gigante. Acho que eles querem matar o Otto em retaliação.

Kreik ficou atônito com a notícia. Sem hesitar, ele ativou suas luvas e voou pela janela da residência, indo na direção do orfanato para salvar o órfão.

— Que merda! Alguém dê ao Super Kreik uma roupa de collant e uma cueca para pôr por cima da roupa! Ele tá sempre voando pela cidade, ajudando os inocentes! — Rydia debochou, irritada com a postura heroica de Kreik.

— Por favor, pessoal, Otto é apenas uma criança. Não merece sofrer por nossos planos. Por favor, salvem-no — Impolorou Taylor.

— Aff. Uji e Joabe, agora é a vez de vocês. Vou escoltar os Otogi até a entrada secreta subterrânea e depois me junto a vocês — murmurou a maga atiradora.

— Pode deixar. Eu queria mesmo um pouco de ação — disse Joabe, confiante.

— Por favor, não sejam inconsequentes como Kreik. Foquem apenas em resgatar o garotinho órfão. Depois disso, fujam sem olhar para trás. Não podemos enfrentá-los em um confronto direto, sem preparo.

Uji e Joabe assentiram e correram na direção do orfanato, enquanto Rydia e os outros se dirigiam à entrada subterrânea. Enquanto isso, Kreik sobrevoava a área e avistou ao longe um urso polar gigante, de uns cinco metros, com cristais de gelo ao seu redor, destruindo o orfanato com suas garras. Crianças e trabalhadores fugiam desesperados.

 

 

Kreik aumentou a potência de suas luvas e apareceu abruptamente, desferindo um soco com a mão direita na bochecha do urso. A fera sentiu apenas um leve impacto e retaliou com sua garra esquerda. Kreik tentou bloquear o golpe com as mãos, mas o impacto o jogou ao chão, batendo as costas com força.

Erina, observando a batalha de longe, montada em Bruce, em cima de um prédio, duas ruas atrás do orfanato, sentiu uma leve pancada na bochecha.

“Eles vieram mais cedo do que eu imaginava. Pelo visto o plano foi mais eficaz do que eu pensei. Seus malditos, dessa vez não vão escapar.”, pensou ela, coçando a bochecha com a mão, aliviando a dor.

Kreik se levantou e gritou:

— OTTO! Onde você tá? Eu vim te salvar!

— Socorro, Kreik, estou com medo! — uma voz frágil veio dos escombros do orfanato.

O urso ouviu a voz, mas não conseguiu identificar de onde vinha. Kreik aproveitou a distração e voou na direção do urso, lançando seus Flaming Darts. A fera bloqueava os projéteis de fogo com suas garras. Kreik então mudou de estratégia e tentou se aproximar para desferir um soco mais potente, mas o urso era rápido e suas garras impediam a aproximação.

A situação estava crítica. Kreik desviava dos ataques do urso, mas não encontrava uma abertura para salvar Otto ou atacar a fera. Ele então voou à altura do rosto do urso e lançou inúmeros Flaming Darts.

O urso ergueu suas patas para bloquear os golpes, mas Kreik baixou sua altitude e acertou um soco flamejante no estômago do animal. A fera deu um passo para trás, sentindo a dor. Erina, sentindo a dor em seu estômago, se contorceu.

Kreik então tentou um Igneo Uppercut para acertar o queixo do urso, mas a fera rapidamente moveu a cabeça, fazendo o golpe de Kreik passar direto. De cima, Kreik deu uma cambalhota e chamas saíram de seus pés, impulsionando-o para baixo. Ele queria continuar sua investida e acertar o rosto do urso com outro soco flamejante. Erina, vendo a situação de longe, sorriu e murmurou:

— Seu merdinha, vou te mostrar o terror do poder de Jack Frost! Cubinho, vamos mostrar para esse idiota o motivo de você ser o meu amigo mais forte. Hahaha!

O urso lançou um bafo gélido que apagou as chamas de Kreik e congelou suas luvas e parte de seu corpo. Sem as chamas para propulsioná-lo, Kreik começou a cair. Ele tentou usar o seu poder mágico para aquecer as luvas e descongelá-las, mas antes que pudesse reagir, Cubinho o golpeou com suas garras, jogando-o violentamente ao chão novamente.

Ainda no chão, Kreik viu o urso balançar suas garras, lançando cristais de gelo. Ele usou sua técnica mais forte, Direct Jab Burning Flames. A esfera de fogo colidiu com os cristais, derretendo-os, e o golpe seguiu em direção ao rosto do urso, sem chance de defesa.

— Merda, esse golpe é potente... mas não é rápido. Jack Frost, seja esperto! — gritou Erina.

O fantasma de gelo saiu de dentro do urso. Neste momento, o urso encolheu, os cristais de gelo desapareceram, e ele se tornou um urso polar comum. Por ter reduzido de tamanho, o golpe de Kreik passou direto e explodiu no céu, sem atingir alvo algum. O urso rapidamente se escondeu atrás de parte dos escombros do orfanato, esperando algum direcionamento de Erina.

— Cadê aquele urso gigante? Como ele pode ter sumido assim? — perguntou Kreik, confuso.

— Kreik, Kreik, me tira daqui! Estou com medo! — gritou Otto, emergindo dos escombros do orfanato.

— Hora de reverter a situação ao meu favor. Vá, Jack Frost. Dê todo seu poder ao Cubinho — sussurrou Erina.

O fantasma de gelo voltou a possuir o urso, fazendo-o retomar sua estatura, aparência e força iniciais.

“O urso gigante voltou! Merda! Ele vai pisotear o Otto.”, pensou Kreik, desesperado.

O urso ergueu sua pata sobre a cabeça de Otto. O garoto olhou para cima, aterrorizado. Kreik, em um impulso, voou em alta velocidade, todo desengonçado, acertando um soco na pata erguida do urso. O golpe foi tão potente que desequilibrou a fera, que caiu. O mesmo aconteceu com Erina, que sentiu uma dor intensa em sua perna e caiu de cima de Bruce, gritando:

— Cubinho, os cristais de gelos!

Kreik, após seu movimento desesperado rolou no chão e gritou para Otto fugir o mais rápido possível. O garoto correu com todas as suas forças. Enquanto se erguia, a fera lançou cristais de gelo de sua boca na direção de Otto.

O garoto olhou para trás e viu Kreik se aproximando rapidamente, abraçando-o. As estacas de gelo atingiram as costas do mago ruivo, deixando Otto ileso.

— Kreik, o que você fez? Não precisava! — Otto exclamou, chocado.

— Otto, não se preocupe. Eu não vou morrer só com isso. O importante é que você está bem — Kreik respondeu, fazendo um sinal de joinha com o polegar, apesar da dor.

— Não faz sentido. Você mal me conhece. Eu não mereço tanta bondade vinda de você. Por favor, pare de me proteger — Otto gritou, lágrimas escorrendo por seu rosto.

O urso se levantou e tentou pisotear os dois, mas Kreik foi rápido. Ele jogou Otto para longe e segurou a pata da fera com as mãos. O urso forçava para esmagá-lo, mas Kreik, de joelhos, resistia com toda sua força.

— Eu não vou desistir até salvar todos dessa cidade. Não vou deixar Bolívar continuar a massacrar vidas. Eu vou cumprir minha promessa! — Kreik gritava, quase sem forças.

“Merda, não posso deixar Kreik morrer assim. Preciso lutar também. Meu dever era fugir, mas meu corpo quer lutar, quer proteger Kreik. Por quê? Eu mal o conheço... Tudo o que eu mais quero é lutar por ele. O que tá acontecendo comigo?”, Otto, desesperado, pensou.

Escamas azuis e unhas roxas começaram a crescer em suas mãos, e dentes pontiagudos surgiram em seu rosto.

Emrina, observando a cena, gritou:

— Morra, garotinho das luvas! Esse é o poder da Sabertoo... — Sua fala foi interrompida por uma dor intensa em seu peito. Sangue jorrou, e ela caiu, contorcendo-se.

Ocorre que Uji e Joabe haviam chegado. Eles atacaram o peito do urso com golpes poderosos, Uji com seu Aokiji e Joabe com sua Executioner's Blade. Os golpes foram fortes o suficiente para derrubar a fera e fazê-la sangrar. Vendo a chegada dos amigos de Kreik, Otto decidiu retroceder as suas unhas, dentes e escamas.

— Obrigado, pessoal — disse Kreik, desmaiando de exaustão.

— Vou fatiar esse urso em pedaços! — exclamou Joabe, soprando em suas lâminas.

— Não é hora de lutarmos, é hora de reagrupar. Logo virão outros inimigos. Já temos o garoto órfão e o super-herói de Passafora. Vamos fugir e nos preparar para o confronto final com a Sabertooth — retrucou Uji, colocando Kreik em suas costas.

— Merda, sempre assim. Esse ruivo de merda pega toda a diversão e eu fico só olhando. Na próxima, vou lutar e acabar com esses malditos — Joabe esbravejou, irritado, enquanto segurava Otto pela cintura.

A dupla começou a correr, fugindo pela cidade. Erina, machucada, não podia persegui-los. Ela chamou Jack Frost, e o fantasma de gelo saiu do interior de Cubinho e foi até sua direção.

O urso polar, agora em seu tamanho normal, começou a andar cambaleante em direção ao local onde estava sua mestra. Ela acariciou o rosto de Bruce com sua mão direita, enquanto fazia o tigre engolir Jack Frost com a esquerda.

O tigre dente de sabre se transformou, aumentando de tamanho. Cristais de gelo apareceram em seu corpo, sua musculatura cresceu e seus pelos mudaram de cor, tornando-se brancos com rajadas azul-escuro. Sua aparência estava similar quando ele apareceu durante o embate na locomotiva.

— Não vou poder ir atrás deles, mas você pode, Bruce. — Erina segurou firmemente a cabeça do animal, passando a lhe orientar com firmeza. — Persiga e mate o garoto ruivo das luvas, mas se perceber que tá indo para um confronto direto, não seja afoito, apenas fuja. Você sabe que, enquanto estiver possuido pelo Jack Frost, grande parte do dano que você sofrer será compartilhado comigo e eu não estarei para te orientar. Lembre-se, nossa missão principal já foi um sucesso. Agora vá, comece sua caçada! — ordenou ela, um olhar sombrio em seus olhos.



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