Volume 2
Capítulo 45: O copeiro e a princesa
Trace respirou fundo, sentindo o peso do passado esmagar seus ombros. As lágrimas caíam silenciosamente, traçando caminhos de dor em seu rosto.
— Trace... — murmurou Joe, colocando a mão no ombro dele, tentando oferecer algum consolo. — Você não precisa continuar se isso é demais para você. Posso continuar a narrar sua história.
— Não, Joe. — Trace balançou a cabeça, enxugando as lágrimas com o dorso da mão. — Eu preciso contar isso. É meu dever tirar isso do peito. Agora vão entender como tudo se desenrolou... e como eu conheci a princesa Mirajane. — Seus olhos, ainda úmidos, brilharam com uma determinação sombria. — Dois anos se passaram desde que me tornei o copeiro pessoal daquele desgraçado. E foi nesse período que minha vida mudou de novo.
A cena se desdobrou em sua mente, e ele mergulhou de volta na lembrança. Dois anos se passam após a morte de Mace. Agora, como copeiro, Trace caminhava castelo do rei de Byron, acompanhando a comitiva de Bolívar Brock.
O palácio era imponente, com suas paredes adornadas com ouro e pedras preciosas, cada detalhe demonstrando a grandiosidade e a riqueza do lugar. Os itens decorativos eram feitos de ouro ou prata, refletindo a luz de uma maneira quase mágica.
Trace usava um paletó preto, seu cabelo bem penteado, não havia um único grão de poeira em sua roupa, sua gravata borboleta, estava levemente inclinada para o lado.
— Copeiro, copeiro! — chamou Bolívar, de costas para sua comitiva, erguendo o dedo indicador direito para chamar Trace.
— Senhor Bolívar, o que deseja? — respondeu Trace, aproximando-se.
— Primeiro... — O empresário deu um forte tapa no rosto de Trace. — recomponha-se, seu traste!
— Por que este tapa, Senhor? — perguntou Trace, tentando manter a compostura.
— A sua gravata borboleta está desajustada. Pretende me envergonhar na frente da princesa Mirajane? Não vacile! — Bolívar, com desprezo, apontou o dedo em riste no rosto de seu copeiro — Se eu perder a oportunidade de me casar com a Princesa por sua causa... Eu juro... Eu juro... que não vou medir esforços para te matar.
— Desculpe, Senhor, não vai se repetir, eu juro — disse Trace, ajustando a gravata rapidamente.
— Acho bom, seu plebeu de merda. — O empresário respirou fundo, buscando se acalmar. — Entenda, eu estarei na sala conversando com a princesa, sob a constante vigilância de seus guardas. Neste momento, precisarei de você para impressioná-la — explicou Bolívar, com um brilho malicioso nos olhos.
— Como eu posso ajudar? — perguntou Trace, tentando esconder seu nervosismo.
— As pessoas do castelo dizem que ela adora educação, sofisticação, glamour e delicadeza. Portanto, fiz uma requisição para que o meu próprio copeiro nos servisse. Quando você fizer seu trabalho de forma impecável, ela ficará impressionada com a forma que eu transformei um campesino asqueroso e sem classe como você em um verdadeiro gentleman. Meu plano é infalível. Hehehe! — Bolívar riu, satisfeito com sua estratégia.
— Sem dúvidas, Senhor. Sem dúvidas — concordou Trace, embora estivesse visivelmente ansioso.
Bolívar entrou na sala onde a princesa aguardava, sentada em uma poltrona bege. Guardas estavam posicionados ao redor, vigilantes. A princesa estava coberta por um véu branco longo, ocultando seu rosto.
Ao lado da princesa, havia uma poltrona idêntica, destinada a Bolívar. Na frente das poltronas, uma mesa de centro espelhada com detalhes dourados. Abaixo das poltronas e da mesa, um lindo tapete de pele de urso branco. A sala era adornada com objetos de ouro e prata, refletindo a opulência do palácio.
Na antessala, Trace estava posicionado, aguardando nervosamente para servir o casal. Um colega ao lado tentou acalmá-lo, mas sem sucesso.
“Estava empolgado para ver a beleza da princesa, mas este véu estragou meu objetivo. Espero que ela o tire enquanto estivermos conversando. Não gostaria de me casar com uma mulher feia... Calma, Bolívar, o título de grande nobre é mais importante, não esqueça.”, pensava o empresário, enquanto se aproximava da princesa. Ele se ajoelhou e beijou a mão direita de Mirajane, que o convidou a sentar na poltrona ao lado com um gesto suave.
Antes de se sentar, Bolívar retirou uma pequena caixa de veludo do bolso. Dentro, havia um colar, mas a caixa permaneceu fechada. Ele se sentou e, com um sorriso forçado, verbalizou, abrindo a caixa para revelar o colar:
— Princesa Mirajane, é um prazer estar na sua presença. Aceite esta joia como um humilde presente de seu servo, embora eu deva admitir que ela não seja tão brilhante quanto você.
— Obrigada, Bolívar. Pelo visto, os rumores estavam certos a seu respeito — respondeu Mirajane com um sorriso educado.
— Que rumores, princesa? — perguntou Bolívar, curioso.
— Que a sua lisonja é tão grandiosa quanto a sua fortuna — respondeu a princesa com um sorriso forçado, tentando esconder seu desânimo com aquele presente.
— Ah, mas é claro. Afinal, de que vale ter uma enorme fortuna sem ter a sutileza e o charme adequados? — disse o empresário, sorrindo suavemente.
— Certamente, um homem de sua estatura deve ter mais do que apenas riqueza e charme para oferecer — contrapôs a princesa, enquanto um sorriso sutil aparecia em seu rosto.
— Pode ter certeza que eu tenho muito a oferecer princesa. Tenho poder, influência e, acima de tudo, o mais importante... — Bolívar inflou o peito orgulhosamente — um gosto impecável para Chá.
—Chá? — perguntou a princesa, surpreendida, aparentemente animada com a ideia.
— Sim. A bebida que qualquer Grande Nobre deveria beber. E por sorte, eu trouxe uma garrafa que preparei com folhas colhidas da minha plantação pessoal — disse o empresário, estendendo a mão a antessala onde estava Trace.
— Deixe-me adivinhar. Você mesmo que plantou e preparou o chá? — perguntou a princesa com um sorriso maroto.
— Não, princesa. Eu nunca me rebaixaria a esse nível, tenho os melhores empregados para fazerem tudo por mim e, caso case comigo, eles farão tudo por você — respondeu Bolívar, bastante orgulhoso de sua condição de via.
“Nunca se rebaixaria?”, sussurou a princesa consigo. — Bolívar me diga, o que mais você valoriza além de riqueza e poder? — perguntou a princesa.
Bolívar deu um leve sorriso confiante, retirando um pequeno sino de dentro da roupa.
— Bem, eu valorizo a sofisticação, a educação, a classe... e, principalmente, a capacidade de transformar o comum em extraordinário – respondeu o empresário, tocando imediatamente campanhia para chamar seu copeiro.
Trace entra na sala, tropeçando um pouco, ainda nervoso, com medo de fazer alguma besteira.
A princesa olhou para Trace, que estava observando atentamente. Ela percebeu que ele estava suando e visivelmente nervoso. Bolívar se inclinou ligeiramente para a frente e chamou o copeiro:
— Copeiro, sirva-nos. Quero que a princesa veja como transformei um homem humilde em um verdadeiro cavalheiro.
— Copeiro, venha cá, comece por mim, por favor — pediu Mirajane, enquanto observava Trace com curiosidade.
Trace se aproximou da princesa Mirajane, ainda nervoso, tentando não derramar uma única gota da garrafa de chá. Com cuidado, ele colocou a bandeja na mesa e começou a servir o chá para a princesa e para Bolívar. Suas mãos tremiam ligeiramente, mas ele conseguiu manter a compostura.
— Relaxe, está fazendo um excelente trabalho — elogiou a princesa, observando Trace com um olhar curioso.
Ela olhou para Bolívar e comentou:
— Realmente, seu copeiro é bastante habilidoso. Parece que ele realmente é um verdadeiro gentleman.
— Obrigado, princesa. Fico feliz que tenha gostado do trabalho que fiz com ele — respondeu Bolívar, lançando um olhar de satisfação para Trace.
— É um prazer servi-los — disse Trace, tentando esconder seu nervosismo.
Após servir o chá, Trace passou a oferecer aperitivos. Embora nervoso, ao ver a princesa comendo alguns dos petiscos, ele inclinou-se levemente, tentando olhar discretamente por debaixo do véu. A princesa percebeu os olhares furtivos do copeiro e, ajustando o véu, virou-se para Trace. Sua voz era calma, mas carregada de uma malícia sutil:
— Diga-me, copeiro, nunca viu uma princesa? Você parecia... interessado em ver meu rosto.
— Não, Excelência. Desculpe-me se fiz algo que não lhe agradou — respondeu Trace, envergonhado.
Bolívar ficou visivelmente irritado, levantando-se abruptamente.
— Princesa Mirajane, este traste lhe importunou com alguma coisa? Posso pedir para alguns dos meus subordinados ensinarem a esse plebeu a não ser invasivo.
Trace começou a tremer, enquanto a princesa ficou perplexa com a reação exagerada de Bolívar. Quando o copeiro ia se justificar, a princesa o interrompeu com uma voz suave:
— Foi só uma brincadeira, Bolívar. Este homem não foi invasivo. Deixe-o em paz. — Ela então virou-se novamente para Trace, demonstrando uma expressão curiosa. — Copeiro, como é trabalhar para o senhor Bolívar? — perguntou ela.
Trace hesitou por um momento, pensando em como responder sem ofender Bolívar. Ele olhou para a princesa e respondeu com cuidado:
— É uma honra trabalhar para o senhor Bolívar. Ele é um homem exigente, mas justo. Aprendi muito sob sua tutela.
— Que bom ouvir isso — disse a princesa, sorrindo.
Bolívar voltou a sentar-se, tentando se acalmar.
— Então, princesa, gostou do chá? — perguntou o empresário, mais calmo.
Mirajane pegou a xícara e levou o chá aos lábios. Ela tomou um pequeno gole e seus lábios se iluminaram com um sorriso.
— Está delicioso. Tanto o chá... quanto o atendimento — elogiou a princesa, colocando a xícara de volta na mesa.
— Fico feliz que tenha gostado — disse Bolívar, visivelmente aliviado, suspirando de satisfação em seguida.
— Obrigado, princesa. Suas palavras são muito doces — complementou Trace, aliviado pela intervenção da princesa.
— Sabe o que eu gostaria agora, copeiro? Um pouco de suco, por gentileza — pediu a princesa educadamente.
Trace foi até a antessala buscar uma jarra de suco. Ao servir a princesa, ela começou a levantar lentamente o véu. O copeiro, foi novamente seduzido pela curiosidade e focou no rosto da princesa, ansioso para ver sua beleza. No entanto, ele ficou desatento ao seu serviço, inclinando-se demais e virando a mão, derramando a jarra de suco no vestido da princesa.
— Copeiro, está me sujando! — gritou a princesa.
Trace recuou rapidamente a jarra e começou a se desculpar. Bolívar, irado, chamou-o de “traste” e “inútil”, em seguida, deu-lhe um chute, fazendo-o cair sobre a mesa de centro. Ainda tomado pela ira, o empresário levantou a mão para bater em Trace, mas Mirajane interveio com firmeza.
— Basta, Bolívar! Está exagerando. Acho que é você que precisa aprender as regras de como ser um cavalheiro.
Bolívar, surpreso com o tom firme da princesa, tentou contra-argumentar:
— Mas, princesa...
Mirajane rapidamente o interrompeu:
— Bolívar, a verdadeira nobreza não está em riquezas, títulos ou poder, mas em um coração firme, humilde e leve. Isso sim são características que fazem um homem digno de ser um Grande Nobre — repreendeu a princesa, sem perder a calma e a elegância.
Bolívar, cheio de ódio e humilhação, desejava ordenar a Guinter que matasse Trace e a princesa. No entanto, um guarda entrou na sala e informou que o rei estava requisitando a presença do empresário.
Ele se acalmou e dirigiu-se ao encontro com o rei, mas, antes de sair, passou próximo de Trace e sussurrou em seu ouvido:
— Aproveite. Quando chegarmos em Passafora, será um homem morto.
Trace retirou-se da presença da princesa, sentou-se em uma sala isolada e começou a chorar, percebendo que sua morte era iminente. Ele pensou em fugir, mas sabia que os homens de Bolívar nunca permitiriam.
Pouco depois, caminhando pelo jardim do palácio, sem rumo e perdido em pensamentos, o copeiro encontrou uma jovem chorando, isolada, sentada em um banco. Ele parou diante dela, sem reação, apenas admirando-a.
— Você? É o copeiro de antes. O que faz aí parado? Nunca viu uma mulher chorando? — perguntou a jovem, sem levantar o rosto.
A jovem era a princesa Mirajane Glenn, 23 anos, filha do rei de Byron. Longos cabelos pretos caíam em cascata sobre seus ombros, e sua pele branca contrastava com os profundos olhos verdes. Usava um vestido longo branco, com a parte inferior verde e detalhes dourados. Joias de ouro adornavam seu pescoço e pulsos, complementadas por uma coroa delicada. Seus sapatos, brancos com fios de ouro, brilhavam sob a luz da lua.
— Já vi muitas mulheres chorarem, mas nunca vi nenhuma irradiar tanta doçura ao fazer isso. Vê-la chorar é como presenciar o cair de um orvalho sobre uma pétala. Sei que fui rude em ficar apenas te admirando sem oferecer ajuda. Sinto simplesmente que fiquei hipnotizado. Peço-lhe perdão — disse Trace, ajoelhando-se e oferecendo um lenço.
— INCRÍVEEEEL! Trace, repete novamente a frase que falou para a princesa. Estou anotando, preciso replicar assim que encontrar uma! — Uji interrompeu a história, entusiasmado, com um lápis e um caderninho, tentando anotar a frase dita por Trace à princesa.
— Para com isso, seu samurai mulherengo! — exclamou Rydia, pisando no pé do amigo.
— Aiii! Não se preocupe, estou anotando apenas para falar essa frase para você, assim que a ver chorando — respondeu o samurai, piscando o olho para a amiga e falando em um tom descontraído.
— Prefiro apanhar de chicote a chorar na sua frente, só para não te ver falar essa besteira. Agora, deixe de interromper a história de Trace com seus pensamentos pevertidos — retrucou Rydia, notadamente irritada.
A cena retornou ao jardim do castelo. Mirajane aceitou o lenço e enxugou as lágrimas. Então, ela falou:
— Obrigada. Doces palavras saem de tua boca, talvez tão doces quanto o sabor das frutas utilizadas no suco que você derramou em meu vestido. Hahaha!
— Desculpe, princesa, pelo ocorrido. E agradeço por ter me defendido — falou Trace, corando, enquanto se sentava ao lado de Mirajane no banco.
— Como se chama, Sr. copeiro?
— Trace Greenwood, ao seu dispor — respondeu o copeiro fazendo uma pequena reverência, com a mão e a cabeça. — Princesa, não quero parecer intrometido, mas o que a afligia a ponto de chorar em uma noite tão estrelada? — mesmo relutante, ele perguntou.
— Esta questão de meu pai me arranjar um casamento... A princesa olhou para o céu e suspirou, seus olhos estavam imersos em tristeza. — Apenas aparecem candidatos piores que o outro. Principalmente o Bolívar. Ele é o homem a quem meu pai mais me pressiona a casar. Só que aquele homem é tenebroso, só pensa em dinheiro. Terei uma vida miserável se me casar com ele. Tirei muitas conclusões pelo jeito que ele te tratou.
— Princesa, gostaria de confortá-la e dizer o contrário, mas admito: se casar com ele sua vida será dessa situação para pior. Aquele homem não tem alma, só ganância.
— Obrigado pela sinceridade... Ah, Trace, quando estivermos só nós dois, pode me chamar apenas de Mirajane. Esqueça as formalidades.
— Não sei se isso é uma boa ideia, princesa — comentou Trace notadamente preocupado com o pedido da princesa.
— É uma ordem. Espero que não contrarie uma ordem direta da princesa do reino de Byron, ou então posso mandar cortar sua cabeça — falou Mirajane, com ironia e um sorriso brincalhão.
— Está atrasada, Mirajane... Assim que chegarmos a Passafora, Bolívar já terá tomado essa oportunidade de você. Ele já me prometeu isso — disse Trace, cabisbaixo, cerrando as mãos.
— Hum. Mirajane observou o semblante triste do copeiro e refletiu, até que teve uma ideia. — Que tal um acordo? – sugeriu ela com um sorriso malicioso.
Trace, ainda atordoado pela ideia de uma princesa querer fazer um acordo com ele, perguntou:
— Que tipo de acordo uma princesa vai querer com um mero copeiro desajeitado?
Mirajane inclinou-se ligeiramente, seu olhar firme e determinado:
— Eu te livro da morte pelas mãos de Bolívar. Em troca, nós iremos conversar neste mesmo banco, sempre que você vier ao castelo. Você me contará tudo sobre sua vida e eu lhe falarei sobre a minha. Temos um trato?
Os olhos de Trace brilharam com uma nova esperança, apesar da incerteza de como ela realizaria sua promessa.
— Eu aceito, Mirajane. Embora eu não saiba como vai fazer isso — respondeu Trace, tentando conter sua excitação.
De repente, uma voz grave interrompeu o momento:
— O que faz aí, copeiro desastrado? Pretende importunar ainda mais a princesa com suas babaquices? Venha logo, vamos retornar para Passafora.
Era Bolívar Brock, aproximando-se com passos pesados e uma expressão severa. Ao chegar mais perto, ele tentou suavizar seu tom:
— Perdoe-me, princesa, pelo meu comportamento e pelo de meu copeiro mais cedo. Eu o castigarei devidamente. Espero que possamos retomar nossa relação em breve.
Mirajane, mantendo sua compostura e sorriso astuto, respondeu:
— Nobre Bolívar, não há necessidade de desculpas. Nem você e nem o copeiro tem culpa. Ele me explicou toda a situação e, graças à intervenção dele, compreendi melhor o ocorrido. Além disso, suas palavras encantadoras me fizeram refletir. Talvez possamos ter um novo encontro, se for do seu interesse.
— Claro, princesa. Fico lisonjeado com a oportunidade e lhe garanto que não se arrependerá. — Respondeu Bolívar, claramente surpreso com a reviravolta.
Mirajane, mantendo o controle da conversa, acrescentou:
— Entretanto, meu nobre senhor, tenho uma condição. Quero que, todas as vezes que você vier, traga este humilde copeiro para me servir. Ele é um homem de grande valia, sábio em palavras.
— Trazer o copeiro? — Bolívar hesitou e pensou rapidamente em uma forma de encontrar uma saída alternativa, já que o seu desejo de matar Trace ainda se mantinha vivo. — Princesa, com a devida vênia, deixe-me trazer outros cinco copeiros melhores que ele. Este aqui é muito desengonçado.
— Não, Bolívar. — A princesa manteve seu olhar firme. — Se quiser uma chance de ser meu marido, terá que vir com este copeiro, em plenas condições de saúde. Estamos entendidos? — respondeu ela com autoridade.
— Sim, princesa. Será como preferir — cedeu Bolívar, rangendo os dentes e se sentindo derrotado.
Com isso, Bolívar e sua comitiva retornaram para Passafora. Trace ainda estava aterrorizado com o que poderia acontecer a ele. Ele trocou de roupa rapidamente e se preparou para ir para casa. No entanto, antes que pudesse sair, foi chamado ao gabinete do empresário.
Entrando na sala de Bolívar, Trace viu o empresário sentado em sua poltrona, com uma taça de vinho ao lado. Ele estava assinando documentos, cercado por homens imponentes com capas e chapéus pretos. Bolívar nem levantou o olhar quando disse com frieza:
— Não sei o que fez para corrigir o problema e escapar. Pelo visto, realmente é um homem de sorte. — O empresário tomou rapidamente um gole de vinho e continuou a assinar os documentos. — Combinei com a Corte de Byron que voltaremos em 45 dias. Isso é bom, pois é um prazo mais que suficiente.
— Suficiente para quê, senhor? — perguntou o copeiro confuso.
Os homens de Bolívar se moveram rapidamente. Antes que Trace pudesse reagir, foi derrubado por um soco. Caído no chão, eles começaram a chutá-lo nas costas e na barriga. Bolívar, ainda evitando o contato vidou, tomou mais um gole de vinho e, com desprezo, acrescentou:
— Suficiente para cicatrizar as feridas.