Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 2

Capítulo 43: Correção de preços

A cena mudou para uma opulenta mansão. A arquitetura era clássica, com móveis decorativos de madeira adornados com detalhes em ouro. Um tapete vermelho se estendia pelos principais cômodos da residência, enquanto diversos funcionários estavam ocupados limpando, cozinhando e realizando outras atividades domésticas.

Um dos serviçais, trajando um uniforme impecável, se aproximou de uma imponente porta dupla. Cada porta tinha uma maçaneta de ouro incrustada de diamantes formando a letra “B”. Juntas, as portas exibiam as iniciais “BB”, de Bolívar Brock. O serviçal bateu na porta com delicadeza.

— Senhor, trago notícias. O mestre Guinter retornou. Ele solicita uma reunião — informou o serviçal, mantendo-se respeitosamente fora do quarto.

Uma voz autoritária respondeu de dentro.

— Diga a ele que já estou indo. Vou apenas vestir uma roupa apropriada.

No grande salão de jantar, Guinter estava sentado, desfrutando de um suculento filé acompanhado de um vinho caro. A mesa era posta com talheres, pratos e taças de ouro. Sobre a mesa, ao lado dos pratos, estava a maleta que ele havia pego na locomotiva. Guinter, com um sorriso satisfeito, se recostou na cadeira enquanto um homem entrava no salão.

— Sente-se, vamos comemorar, Bolívar. A Sabertooth conseguiu mais uma vez. Aqui tá sua mala. Ah, e não posso esquecer, os preços tiveram um pequeno reajuste. Grarrarrar! — disse Guinter, rindo alto.

Bolívar Brock, o empresário mais rico de Passafora, dominava toda a economia da região. Aos 30 anos, era loiro, de cabelo curto, e um pouco acima do peso. Vestia roupas sociais pretas adornadas com detalhes dourados. Sua pele era clara e seus olhos castanhos brilhavam com uma astúcia fria. Ele usava discretos brincos de ouro. Em silêncio, caminhava com uma postura séria até Guinter.

 

 

— O que foi, Bolívar? Tem alguma reclamação? — perguntou Guinter, ainda sorrindo, mas com um olhar penetrante.

— Não, mestre Guinter. Apenas acordei agora. Que bom que voltou em segurança. O senhor, como sempre, nunca falha — Bolívar respondeu com uma voz doce e controlada. — Ah, só uma pequena dúvida, mera curiosidade, quais motivos ensejaram o belo reajuste? — perguntou ele, tentando esconder sua irritação.

— Aqueles fracotes que você contratou falharam em pegar a maleta e acabar com Trace. — Guinter se inclinou para frente, com um ar de superioridade. — Tivemos que intervir. E você sabe como é, menos concorrência, preços mais altos — disse Guinter, com um tom sarcástico.

Bolívar forçou um sorriso, mas por dentro, seus pensamentos fervilham de raiva.

“Este maldito, comendo meu filé importado e meu vinho raro e ainda me extorquindo. Tento me livrar deles com outras guildas, mas no final, sempre são eles que me socorrem. É tão difícil encontrar pessoas competentes hoje em dia.”, pensou Bolívar, enquanto sua expressão externa permanecia serena.

— E este reajuste... Estamos falando de quanto? — perguntou o empresário, tentando manter a compostura.

— 35%, no mínimo — respondeu Guinter, com um sorriso imponente.

Bolívar, internamente, mal conseguia conter sua fúria.

— “Filho da mãe. Minha vontade é pegar uma estaca e pregar no coração deste vagabundo. Ele não é um híbrido de leão, e sim de uma sanguessuga.”, refletia ele, sua expressão facial exibia um sorriso tenso.

— O que foi, Bolívar? Parece irritado com os novos preços — perguntou o líder da Sabertooth, arqueando uma sobrancelha.

— Não, mestre. Os novos preços estão excelentes. O senhor, como sempre, tão benevolente comigo. Nem sei como agradecer — falou Bolívar mansamente, embora estivesse tremendo por dentro na presença de Guinter.

— GRARRARRAR! — Guinter gargalhou estridentemente. — Bolívar, é sempre gratificante trabalhar com você. Tome logo esta maleta e confira o conteúdo.

— E o meu antigo copeiro? — perguntou Bolívar enquanto pegava a maleta.

— Nós o matamos. Erina o congelou.

Bolívar abriu a maleta e pegou o Decreto Imperial. Ele começou a lê-lo em pensamento, e sua expressão de perplexidade só aumentava. Ele não entendia qual era o plano dos Otogis e de Trace com aquele documento.

— Qual o motivo dessa feição, Bolívar? Este documento vai frustrar seus planos para se tornar um dos grandes nobres de Byron?

— Eu não sei. Não entendi. Esperava outra coisa. Tome aqui. Leia. — disse Bolívar, entregando o documento ao líder da Sabertooth.

Guinter pega o documento e começou a ler em voz alta.

— Eu, Mirapolo I, Rei de Byron, quinto rei da dinastia Glenn, junto com meus três grandes nobres, pela graça de Deus e vontade soberana do povo de Byron, a todos Decreto sem possibilidade de contestação: Que o legado do Marquês de Carabás, da cidade de Passafora, é uma parte indissociável da história e da nobreza do nosso reino. Que é do interesse da Coroa restaurar a linhagem legítima dos descendentes do Marquês de Carabás. Que foram apresentadas evidências inquestionáveis que confirmam Mace Greenwood e seu filho, Trace Greenwood, como os herdeiros diretos e legítimos dessa ilustre casa. Portanto, fica reconhecido e declarado que Mace Greenwood e Trace Greenwood são elevados ao estatuto de nobres do Reino de Byron, recebendo formalmente o título de Marquês de Carabás. Este título é perpétuo e passará de pai para filho, conforme a tradição e as leis da nobreza de Byron — leu o transmorfo, franzindo a testa em confusão.

— Eu esperava contratos de financiamento ou empréstimo para tentarem começar alguma atividade empresarial clandestina, uma rota de fuga da cidade, planos para tentarem me acusar de crimes junto ao rei, sei lá... qualquer coisa menos um Decreto Imperial nomeando aquele zé ruela pobretão como marquês. O que eles pretendiam fazer com este documento? — comentou Bolívar, com um misto de preocupação e dúvida visível em seu rosto.

— E como eles conseguiram este documento? — perguntou Guinter, ainda perplexo.

— Verdade. Embora aquele maldito tenha morrido, peça ao espião que consiga essas informações o quanto antes. Não posso deixar que nada atrapalhe meus planos de assumir a posição de grande nobre — ordenou Bolívar.

— Claro, mas o custo dele também sofreu um reajuste de 35% — respondeu Guinter, com uma gargalhada.

Bolívar, já perdendo a paciência, sorriu forçadamente enquanto seus pensamentos são tomados por um ódio crescente: “Seu maldito, acha que é mestre em extorquir os outros com essa barba ridícula. Espero que ainda morra com a boca cheia de espinhos.”

Ele se retirou da sala de jantar e caminhou até seu escritório. O escritório era luxuoso, com um sofá bege voltado para a direita. Ao lado, uma mesa de centro espelhada refletia a luz suave do ambiente. Ao fundo da sala, uma longa mesa branca com detalhes dourados e uma poltrona reclinável. Um janelão de vidro oferece uma vista panorâmica da varanda.

Ao entrar no escritório ainda escuro, Bolívar avistou uma mulher em pé junto à sua mesa. Ela vestia um deslumbrante vestido vermelho. Ao ouvir a porta se abrir, ela se virou lentamente, revelando um sorriso provocante.

— Meu doce cachorrinho, estava com saudades. Pensei que iria me abandonar hoje — disse ela com uma voz doce e manhosa.

Bolívar correu em sua direção, com uma expressão de adoração.

— Nunca faria isso. Eu passo o dia inteiro pensando em você, meu amor — respondeu Bolívar com uma voz melosa, tentando beijá-la.

A mulher colocou o dedo indicador sobre os lábios de Bolívar, impedindo o beijo. Com o mesmo dedo, apontou para o chão.

— Ajoelhe-se — ordenou ela suavemente.

Bolívar obedeceu, ajoelhando-se e retirando a bota vermelha que ela usava. Ele beijou seus pés e começa a latir, demonstrando sua submissão. Após um momento, ela apontou para cima.

— Levante-se.

Bolívar se levantaou, tentando mais uma vez beijá-la, mas ela novamente o bloqueou com o dedo.

— Ah, meu doce cachorrinho! Já estou cansada disso. Você só quer me encontrar no escuro. Quero algo... diferente — disse ela, com um tom de insatisfação.

— Guinter poderia nos matar se soubesse que estou tendo um romance com uma das magas da sua guilda. Devemos ainda manter isso em segredo — respondeu Bolívar, visivelmente nervoso.

Ela segurou a gravata de Bolívar, apertando-a com firmeza e aproximou seu rosto do dele. Em vez de beijá-lo, sussurrou em seu ouvido.

— Estou cansada dessa desculpa, eu já não a levo em consideração. Se não colocar uma aliança neste dedo, vamos ter que mudar nosso relacionamento para algo meramente profissional. E nada mais. — falou a maga, sua voz firme.

— Não faça isso, meu amor. Sem você, minha vida perde o sentido. Preciso primeiro casar com a princesa Mirajane para me tornar um grande nobre. Depois disso, daremos um jeito na princesa e ficaremos livres para viver nosso amor. Eu prometo! — implorou Bolívar, desesperado.

A mulher estalou os dedos, e as luzes se acenderam. Ela se afastou de Bolívar e levantou-se, olhando diretamente em seus olhos.

— Já cansei de ser Prada Steffens. Quero ser agora Steffens Brock.

Prada Steffens, uma maga de 26 anos. Ela é membro da guilda Sabertooth. Ela tinha cabelos longos e vermelhos, pele branca, olhos azuis intensos e usava um batom vermelho provocante. Seu look era composto de um vestido vermelho, adornado com detalhes dourados, complementado por seus seus brincos e colares de ouro, todos presentes de Bolívar. Ela calçava botas vermelhas de salto alto.

 

 

— Se eu tenho que esperar para me tornar sua esposa, você também terá que esperar para ter tudo de mim — complementou Steffens, com uma expressão determinada.

Steffens colocou a bota novamente e começou a se dirigir à porta de saída, ficando de costas para Bolívar. Mas ele a impediu, segurando sua mão. Ele se ajoelhou e tirou do bolso um anel com um grande diamante incrustado. Com o anel na mão, ele falou, desesperado.

— Não posso me casar agora com você, mas aceite este anel de diamantes como prova do meu amor. Pense neste anel não como um presente, mas como um compromisso de que, quando me tornar um Grande Nobre, me livrarei da princesa Mirajane e de Guinter para que possamos viver nosso amor sem amarras — implorou Bolívar, com lágrimas nos olhos.

A maga sorriu malevolamente, sem olhar para trás, escondendo seus reais sentimentos. Ela e se virou lentamente, oferecendo sua mão direita para Bolívar. O empresário colocou o anel em seu dedo. Com um sorriso satisfeito, ela acariciou as bochechas de Bolívar.

— Já que é assim, acho que podemos manter nossa relação nas sombras por um pouquinho mais de tempo. Meu doce cachorrinho — disse ela, com um tom meloso.

Mais tarde naquela noite, Steffens entrou no banheiro feminino dentro da mansão. O banheiro é luxuoso, com porcelanatos brancos e espelhos emoldurados com ouro. Com cinco torneiras e cubas, o espaço permite que várias mulheres usem o local ao mesmo tempo. Steffens começou a retocar sua maquiagem quando Erina também entrou e fez o mesmo.

— Ei, Steffens, me empresta seu lápis corretivo de olho? O meu acabou.

— Claro, fofinha — respondeu Steffens, entregando o lápis, com um sorriso amigável.

— O líder quer saber se conseguiu extrair alguma informação do balofo. Se ele tá escondendo alguma coisa sobre esse Decreto Imperial. — perguntou Erina, enquanto aplicava o corretivo.

Steffens suspirou e respondeu:

— Ele odeia o nosso chefe e, assim que se tornar um grande nobre, planeja dar um jeito nele. Essas coisas de sempre. Sobre o Decreto... ele me pareceu preocupado, mas realmente não sabe o que os Otogi’s pretendem fazer com esse documento.

— Ele é paranóico. O copeiro morreu. Queria eu que minha maior preocupação fosse um fracote que se tornou um marquês depois de falecido — comentou Erina, com um tom de desdém.

— Hahaha. Realmente. — Steffens riu, depois mudou para o semblante sério. — Ei, sinto muito pela Pacopi. O mestre Guinter disse que a guilda que vocês enfrentaram não era tão fraca quanto parecia.

— Obrigada, Steffens. Aquele maldito de cabelo branco... Eu não tenho forças para derrotá-lo, mas o chefe sim. Espero que ele o triture. Eu já não gosto de humanos — são todos orgulhosos, malvados e hipócritas. Mas ele, depois do que fez à Pacopi, é o que eu mais odeio. — disse Erina, com uma expressão amarga.

— Erina, até de mim você não gosta? — perguntou Steffens, com um tom provocante.

— Embora tenha um jeito doce, você é dissimulada e narcisista — respondeu Erina diretamente.

— Hahaha. Vou considerar um elogio. Foi bom conversar uns minutinhos com você, fofinha, mas preciso ir. Meu cachorrinho me espera. — retrucou Steffens, piscando para Erina, sem se importar com os comentários da colega de guilda.

— Não sei como você aguenta beijar aquele balofo. Só de vê-lo me dá náuseas. Se fosse comigo, eu vomitaria só de sentir o cheiro dele — comentou Erina, franzindo o nariz.

— Às vezes, dá vontade. Mas tê-lo comigo me dá certos benefícios. — respondeu Steffens, mostrando o anel que recebeu de Bolívar. — Não vejo a hora de nos casarmos. Ele precisa de uma mulher forte para assumir as empresas dele, caso aconteça algum infortúnio, como aconteceu com seu falecido pai — completou Steffens, com um brilho calculista nos olhos.



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