Volume 2
Capítulo 37: Embate na locomotiva
Atualmente, o cenário na locomotiva é o seguinte: na primeira cabine, o maquinista guia a locomotiva. Após o compartimento de carvão, começam os 20 vagões.
No segundo vagão, que contém apenas bagagens, estão Baan e Trace. No vagão seguinte, todos os passageiros da locomotiva se concentraram após o acionamento da runa clamando por Sabertooth. No sexto vagão, Uji e Joabe ainda estão perplexos com a reação dos passageiros.
No décimo sexto vagão, estão Rydia, Moara e Kreik. No décimo nono, um homem grande e encapuzado. E, por fim, sobrevoando a locomotiva pelo horizonte, um pássaro de três metros com cristais de gelo e duas pessoas montadas nele.
No segundo vagão, Baan Maverick perguntou:
— Ei, Trace, sem rodeios, o que é Sabertooth?
— É uma guilda. Eles são a guarda pessoal do Bolívar Brock — respondeu o contratante, tremendo de medo.
— Qual o ranking deles? — perguntou Baan, aflito.
— É... ranking “C” — respondeu Trace, relutante.
— “Droga. Eles são muito fortes para o nível da nossa guilda. Pessoal, não vacilem. Tenho que ajudar eles”, pensou Baan.
O pássaro se aproximou da locomotiva, sobrevoando o sexto vagão. Então, o homem pulou de cima do pássaro e pousou em cima da locomotiva, erguendo a mão direita e fazendo um sinal de positivo para a mulher no pássaro.
— Tente descobrir o que aconteceu, Nathan. O mais importante é conseguirmos obter o conteúdo da maleta e eliminar o alvo. Depois disso, faça o que quiser com os demais inimigos — orientou a mulher montada no pássaro.
Nathan Guts, membro da Sabertooth, tem 27 anos, cabelos laranja com algumas mechas pretas perto da nuca. Olhos castanhos escuros, pele branca e tatuagens no braço, como se fossem presas de animais. Usava brincos metálicos, um cordão de prata, camisa branca, calça preta, tênis brancos e um cinto estiloso laranja.
— Ok, Erina. Vamos focar no objetivo principal.
A mulher, que usava um capuz branco, bateu com os pés no pássaro, com isso, a ave acelerou em direção à cabine do maquinista.
Uji e Joabe ouviram algo cair em cima do vagão em que estavam e já ficaram em alerta. Joabe, inclusive, acionou seu equipamento de forja e assoprou nas lâminas do bracelete, já esperando um confronto inicial.
Joabe, cautelosamente, se aproximou da janela à sua direita para tentar entender que barulho foi aquele que eles ouviram. Mas, ao fazer isso, Nathan pulou para dentro do vagão por meio dessa mesma janela, acertando uma voadora com os dois pés no rosto do jovem mago de Suna, que caiu na cabine do lado esquerdo.
“Ele estava em cima da locomotiva, percebeu nossa presença e pulou para dentro da locomotiva com as pernas, nos pegando desprevenidos. Ele não é tão bobinho quanto aquela capitã que enfrentei em Lakala”. pensou o samurai preocupado.
— Tirei a sorte grande, pulei aleatoriamente em um vagão e dei de cara com dois inimigos de uma vez. Vocês vão ser um bom aquecimento — disse Nathan, confiante e entusiasmado.
Joabe se levantou rapidamente e lançou uma kamaitachi, mas Nathan desviou, se agachando. Uji aproveitou a abertura e deu um golpe com sua katana de cima para baixo, tentando cortar o inimigo enquanto ele estava agachado.
Nathan abriu a boca e dela saiu uma língua pegajosa que se esticava, enrolando-se na base da mesa ao lado e jogando o referido objeto em direção ao samurai. Este cancelou seu golpe, esforçando-se para cortar a mesa que vinha em sua direção.
Ao cortar a mesa, Nathan rapidamente se levantou e deu um soco na direção do samurai. Contudo, antes de acertar o golpe, Joabe lançou outra kamaitachi, fazendo com que Nathan interrompesse seu golpe e saltasse para trás, a fim de desviar da lâmina de vento.
— Eita! Você quase me pegou desprevenido com aquela língua. Devo concluir que você seja um transmorfo. Talvez o de um sapo. Acertei? — comentou Uji, sem perder a pose.
— Sapo? Hehehe. Algo muito melhor. Vou te mostrar minha forma híbrida — respondeu Nathan, sua voz confiante e determinada.
Nathan sentiu uma coceira estranha em suas costas, uma sensação que ele sabia muito bem o que significava. Ele fechou os olhos, concentrando-se na energia que começava a borbulhar dentro dele.
Sua musculatura expandiu, e seus ossos estalaram e se reformaram, alongando-se e se adaptando à nova forma que estava assumindo. Seu rosto, uma vez humano, agora se alongava em um focinho longo e cilíndrico. Seus dentes se afiaram em pequenos pontos, e uma língua longa e pegajosa começou a se desenrolar de sua boca.
Seus ouvidos se moveram para o topo de sua cabeça, tornando-se mais pontudos e sensíveis aos sons ao seu redor. Seu corpo estava agora coberto por uma pelagem grossa e cinza, com uma faixa preta distintiva que corria ao longo de suas costas. Sua espinha se contorceu e se estendeu, formando uma cauda longa e espessa que balançava de um lado para o outro. Finalmente, suas mãos e pés se transformaram. Dedos se fundiram, unhas se transformaram em garras curtas e fortes.
— O que acharam? Muito melhor que um sapo. Nem precisam falar que esse animal é muito mais fofo, forte e charmoso. Hehehe! — disse Nathan, entusiasmado, esticando seus braços em uma T-pose, com a cabeça erguida.
— Ei, Joabe, sabe que animal é esse? — perguntou o samurai, confuso.
— Me parece um tipo de rato narigudo — respondeu Joabe, menosprezando a transformação do oponente.
— Que merda de rato narigudo, vocês são burros? Não me comparem com aquele bicho nojento e feio — falou Nathan, irritado, pisando continuamente no chão.
— Se não é um rato, o que é isso? — perguntou Uji, mais confuso.
— Hahaha. Pensei que não ia perguntar — retrucou Nathan.
O mago da Sabertooth girou os ombros, fazendo seus músculos se moverem como ondas sob sua pele. Com a cabeça erguida alta e o focinho apontado para o céu.
Nathan então segurou uma mão na outra com força, flexionando seus bíceps, fazendo os músculos incharem e as veias saltarem. Ele girou lentamente, permitindo que todos os presentes vissem a extensão de seu poder.
Ele estava em pé, ressaltando sua musculatura, e então falou orgulhosamente:
— Eu, Nathan Guts, membro da guilda Sabertooth e mago transformo, sou um híbrido de tamanduá.
Um silêncio pairou no ar. Joabe e Uji se entreolham sem entender o motivo daquela pose extravagante. O samurai então falou, com a mão direita coçando a nuca e com um sentimento de vergonha alheia:
— Desculpa, nunca ouvi falar desse bicho. Deve ser algum parente do rato.
— De onde vocês tiraram que um tamanduá tem parentesco próximo de um rato? O rato é um roedor; um tamanduá é da ordem pilosa, somos mais próximos de um bicho-preguiça do que de um rato — esbravejou Nathan, dominado pela raiva. — Morram só pela insolência de me compararem a um rato! — Nathan gritou, montando guarda.
Em outro cenário, o pássaro de cristais de gelo pairava ao lado da cabine do maquinista. Este pretendia iniciar o processo de frenagem da locomotiva, mas ao olhar para o lado, viu a jovem encapuzada montada no pássaro. Ela apontou com o dedo para frente, indicando que ele deveria continuar a viagem.
O maquinista, nervoso e suando frio, acatou o pedido da mulher e a locomotiva seguiu seu rumo. Ela voou com o pássaro e deu a volta. O pássaro começou a emitir uma aura congelante ao redor do bico, formando uma lança de gelo, e partiu em direção ao primeiro vagão.
O pássaro de gelo fez uma rasante e colidiu de frente com a lateral do primeiro vagão. A colisão fez com que a ave arrancasse as paredes metálicas e dilacerasse as bagagens, de forma que restou apenas o chão metálico do referido vagão.
O barulho da colisão foi alto, permitindo que todos nos demais vagões escutassem. Baan ficou preocupado e saiu pela porta superior, que servia de transição ao primeiro vagão.
Ele ficou preocupado ao ver que restara apenas o chão do primeiro vagão. Neste momento, ele vê a garota planejando outra rasante, desta vez no segundo vagão, onde Trace estava.
Baan rapidamente sobiu na escada ao lado da parte externa do segundo vagão e fica em cima do referido vagão, apontando a mão direita em direção ao pássaro.
“O que aquele louco pensa que tá fazendo em cima do vagão?”, indagou a maga da sabertooth.
O pássaro iniciou uma investida contra o segundo vagão, mas Baan, lá de cima, gritou:
— Gatling Bones (Ossos Metralhadora)!
Vários projéteis de ossos afiados saíram ao redor dos seus dedos, em alta velocidade. A jovem maga ficou impressionada com a potência do golpe. Ela bateu com os pés na ave, que desviou dos projéteis, indo para a direita e cancelando a investida.
“Ele não é um fracote qualquer...”, murmurou a mulher consigo, retirando o capuz em seguida.
— Sou Erina Sabá, membro da guilda Sabertooth. Entregue a maleta e o Sr. Trace Greenwood, ou sofra terríveis consequências. Não irei pedir duas vezes — ameaçou Erina, a voz dela era firme e gelada.
Erina Sabá, membro da Sabertooth, tem 25 anos, cabelos curtos na cor preta. Olhos púrpura, pele negra. Veste roupas pretas com espartilho roxo e detalhes prateados, usa um cachecol no pescoço e uma faixa de pano, ambos na cor púrpura. Calça tênis brancos com detalhes roxos e usa uma capa com capuz que inicia na cor branca, mas que na parte inferior vai mudando gradativamente o tom para roxo.
— Ah? Não entendi. Disse alguma coisa? — respondeu Baan, com desdém, enquanto tirava cera do ouvido com o dedo mindinho, em claro sinal de deboche.
Erina não escondeu sua irritação. Com um gesto firme, bateu os pés na ave de gelo, que lançou uma rajada de penas congelantes. Baan rolou agilmente para o lado, desviando dos projéteis que se cravaram no vagão e passaram zunindo pela locomotiva.
— Vejamos se vai continuar marrento quando eu te congelar por inteiro — disse Erina, com confiança renovada.
Moara, Kreik e Rydia estavam ocupados jogando os corpos desacordados dos agentes pela porta lateral do vagão.
— Sabertooth... o que será que significa? — murmurou Rydia, perplexa e pensativa, segurando o queixo com uma mão enquanto a outra segurava a maleta.
— Esquece isso, Rydia. Eles são apenas pirados — respondeu Moara com desdém.
De repente, um estrondo ecoou pela locomotiva, fazendo os três olharem em direção ao som.
— Que barulho foi esse? Foi efeito da Runa? — perguntou Moara, com uma expressão de preocupação.
— Duvido muito. Deve ter sido outra coisa... Kreik, vá dar uma olhada por cima do vagão — ordenou Rydia, com um tom firme.
Kreik ajustou suas luvas e, com um leve impulso, voou pela janela, subindo para o teto do vagão. À distância, ele avistou Baan lutando contra uma enorme ave de gelo. Com um semblante sério, ele retornou ao interior do vagão para informar os demais.
— Não tenho certeza devido à distância, mas parece que Baan tá enfrentando um pássaro gigante. E não parece estar fácil para ele — relatou Kreik, preocupado.
— Sabertooth... Deve ser uma guilda mais forte. Vamos ser cautelosos e alcançar os outros. Além disso, fiquem atentos, podemos encontrar algum deles nos vagões — alertou Rydia, visivelmente nervosa.
— Não se preocupe, Rydia. Se encontrarmos algum inimigo, eu vou bater neles com tanta força que vão desejar nunca terem nascido — disse Moara, com um sorriso confiante.
— Não subestimem eles. Provavelmente são bem mais fortes que esses capachos que enfrentamos até agora — insistiu Rydia, com um olhar sério.
O trio abriu a porta superior do vagão e começou a se mover para o décimo quinto vagão. No entanto, antes que pudessem passar, a porta inferior voou na direção deles. Eles se jogaram para os lados, e a porta passou direto, destruindo as portas dos vagões subsequentes e caindo no chão com um estrondo.
Um homem grande e encapuzado entrou no vagão com passos lentos e pesados. Seus olhos se fixaram na maleta que Rydia segurava.
— Garotinha, me entregue essa maleta sem resistir — ordenou ele, com uma voz rouca e grave.
— Tá se achando só porque chegou numa entrada dramática fajuta? Eu também conseguiria quebrar essas portas facilmente com meus punhos — retrucou Moara, com uma confiança inabalável, apontando o dedo na direção do homem.
— Ei, Moara, acho que a Rydia tem razão. É bom ter cuidado. Esse cara é mais alto e forte do que o Major Thorguen Brown — falou Kreik, alarmado com a estatura do adversário.
— Thorguen Brown... Faz tempo que não o vejo. Vocês deram de frente com ele e ainda escaparam com vida... Pode ser que não sejam tão insignificantes como aparentam — murmurou o homem, intrigado.
— Não apenas escapamos com vida, nós definitivamente o derrotamos. E você será o próximo! Por isso, é melhor recuar — declarou Moara, com confiança, passando o dedão no nariz.
— Impossível. Nunca o venceriam. Ele está anos de treinamento na frente de vocês — retrucou o homem, com desprezo.
— Vejamos se vai continuar pensando isso quando eu acertar este soco em você. Gaia Punch (Soco Gaia)! — gritou Moara, correndo em direção ao homem com o punho erguido.
O homem sorriu, puxando um pequeno martelo preso a sua cintura, por debaixo de sua capa. Antes que Moara pudesse atingi-lo, ele levantou sua arma e acertou o queixo da garota com um golpe devastador. O impacto foi tão forte que parte do teto do vagão quebrou, e Moara foi arremessada para fora da locomotiva.
— Derrotada com um só golpe e ainda quer que eu acredite que derrotaram o Major Thorguen Brown. Vocês não passam de presas prontas para serem devoradas! Grarrarrarra! — gritou o homem, rindo com desdém.