Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 1

Capítulo 8: Notícias desagradáveis

No interior da floresta próxima ao vilarejo de Lakala, horas depois do confronto, Kreik despertou, já no período noturno, encontrando-se amarrado a uma árvore. Ao redor, uma fogueira iluminava as sombras dos seus raptores. Ainda desorientado pelos eventos anteriores, ele começou a questionar:

— Onde estamos? Cadê meu avô? Ganhamos a luta? E a garota do soco poderoso, onde está?

Uji, aproximando-se de Kreik, respondeu calmamente:

— Vamos lá, uma pergunta por vez. Ganhamos? Não exatamente, fugimos para não morrer. Onde estamos? Nem eu sei ao certo, mas estamos no meio da floresta, pelo menos a salvo por enquanto. Quanto à nossa companheira e ao seu avô, eles foram capturados pelas tropas do Major. Mas não se preocupe, vamos planejar um contra-ataque para resgatá-los.

Kreik, com raiva e frustração, protestou:

— Vocês estão loucos? Tínhamos a vantagem numérica, poderíamos ter lutado, mas preferiram fugir! Agora querem atacar um posto militar, uma armadilha cheia de soldados?

— Não somos loucos, apenas não somos idiotas. Não percebeu que o Major tinha vários soldados escondidos? Acredito que havia outro Capitão ou Tenente por perto — Joabe, encostado em uma árvore com os braços cruzados, respondeu com frieza.

Rydia, sentada no chão com um mapa no colo, apoiou o queixo na mão direita enquanto analisava a situação:

— Além da desvantagem numérica, eles conhecem o terreno melhor do que nós. E você estava prestes a perder o controle. Se tivéssemos lutado, você provavelmente seria o primeiro a morrer, e com as luvas em mãos, o Major nos caçaria pela floresta, sem chance de sobrevivência. — Ela fez uma pausa, antes de continuar. — Agora, sem as luvas, é mais fácil para aquele brutamontes esperar e observar nosso próximo movimento, já que precisamos resgatar os reféns.

Kreik sentiu-se envergonhado e, após uma pausa, murmurou um pedido de desculpas. Seu olhar expressava uma mistura de preocupação e ansiedade enquanto ele perguntava:

— Como vamos resgatar meu avô e a amiga de vocês?

Uji cortou as cordas que amarravam Kreik e o convidou a sentar-se em uma pedra. Sentando-se em frente ao garoto, ele começou a explicar:

— Bem, Kreik, um nome... diferente. — Uji riu suavemente antes de continuar. — Aquele ali, de cara carrancuda, que parece estar sempre de mau humor, ele se chama Joabe. A gatinha de cabelo verde, que segundo ela mesma, está perdidamente apaixonada por mim, é Rydia.

Rydia, sem levantar os olhos do mapa, atirou uma pedrinha na cabeça de Uji:

— Apaixonada por você? De onde tirou isso? Prefiro bater a cabeça contra uma parede a ter um romance com você, seu idiota!

Kreik não pôde deixar de rir, aliviando um pouco a tensão. Uji continuou, com um sorriso travesso:

— E a garota capturada, aquela com o soco poderoso que você sentiu, é Moara. E por último, este samurai charmoso e irresistível que vos fala, adorado por todas as mulheres e com um toque de elegância, sou eu, Uji.

Joabe, ainda sério, resmungou:

— Seria mais adequado dizer que se trata de um samurai fanfarrão e mulherengo, com um toque de imbecilidade.

Kreik riu mais uma vez, mas logo sua expressão se tornou séria ao lembrar-se das suas feridas.

— Espere, meu corpo não está mais doendo. Como me curei tão rápido? — perguntou ele, passando a mão pelo estômago e pelas áreas onde fora ferido.

Uji explicou, pacientemente:

— Quem assimila um invoker torna-se o portador do arcano contido no objeto. Ou seja, você é o portador de Ifrit, e seu poder mágico agora reflete as habilidades de Ifrit. Uma das características dos Arcanos é uma regeneração natural acelerada. Sua capacidade de cura é muito maior que a de um humano comum.

— Entendi... — disse Kreik, pensativo. — Há muitas coisas sobre essas luvas que eu não entendo. É por isso que tantas pessoas as querem. Sei que não é da minha conta, mas por que vocês querem tanto essas luvas?

Uji respondeu com um tom mais sério:

— Nós quatro, junto com outro membro, Baan, que é nosso líder, formamos uma guilda.

— Guildas... Você está falando daqueles grupos de mágicos particulares procurados pela GPA?

— Exatamente. Somos a guilda Crossed Bones (Ossos Cruzados). Queríamos as luvas para vendê-las a um comprador específico. Mas, por enquanto, essa não é mais nossa prioridade. Agora, o foco é salvar Moara e, por coincidência do destino, seu avô também. Por isso, precisamos unir forças.

— E como vamos salvá-los? Qual é a estratégia? — perguntou Kreik, com um brilho de esperança nos olhos.

— Boa pergunta. Uji olhou para Rydia, com um sorriso provocador. — Então, Rydia, nosso estrategista, pode explicar o plano ao nosso amigo aqui.

Rydia, ainda concentrada no mapa, suspirou:

— Ainda não sei. Preciso de mais tempo para pensar.

— Parece que você tá ficando mais lenta com o tempo. Acho que a idade não tá te fazendo bem — Uji provocou, rindo.

Rydia lançou-lhe um olhar afiado:

— Cala a boca, seu samurai de merda. Pare de contar vantagem e ajude a pensar em alguma coisa. Sempre sou eu que penso em tudo.

Uji levantou as mãos em rendição, ainda rindo:

— Não posso atrapalhar seu processo criativo. Mas não se preocupe, enquanto você pensa, podemos fazer outra coisa — falou o samurai, com uma piscadela e um sorriso malicioso na direção de sua amiga.

— Não me venha com outra piadinha sua — retrucou Rydia revirando os olhos. — Já disse que não tenho o mínimo interesse em você, seu mulherengo safado.

— Relaxa, não é nada disso — disse Uji, levantando-se e pegando duas vasilhas de sopa perto da fogueira. Ele entregou uma a Kreik e, com um tom mais sério, perguntou:

— Kreik, agora que você nos conhece, queremos conhecer você também. Diga-nos, por que você e sua família são odiados? Conte-nos tudo.

Kreik franziu o cenho, visivelmente desconfortável. Respirou fundo, relutante, mas concordou em falar. Sabia que suas palavras poderiam não resolver a situação, mas talvez ajudassem a entender o que os esperava.

Enquanto isso, em um cenário paralelo, na ala da hospedaria do posto militar avançado da GPA de Lakala, Mayumi estava inquieta em uma cama, atormentada pela insônia. Seu pé latejava de dor devido à recente torção, e seus pensamentos se perdiam entre os eventos caóticos do dia e as possíveis consequências de sua missão fracassada.

“Será que serei punida? Vão rebaixar minha patente? O Major Brihen vai me odiar? E Kreik... Será que ele está bem? Como posso tirar aquelas luvas dele? Ele parecia tão ingênuo...”

Perturbada, Mayumi levantou-se e apoiou-se em uma muleta ao lado da maca. Ela começou a andar pelo posto, na esperança de que o movimento acalmasse seus pensamentos. Após alguns minutos, um soldado aproximou-se, informando que o Major Thorguen Brown queria vê-la em seu gabinete.

O gabinete do Major era uma sala austera, adornada com sofás modestos dispostos em torno de uma pequena mesa de centro. No centro, uma garrafa de uísque ao lado de copos e uma jarra de água. Uma mesa de madeira elegante dominava o fundo da sala, flanqueada por duas poltronas — uma para o Major e outra para visitantes.

Ao entrar, Mayumi encontrou o Capitão Zanzo sentado casualmente em um dos sofás, e Tylla no outro. O Major Thorguen estava atrás de sua mesa. A Tenente prestou continência aos seus superiores e o Major, em seguida, indicou-lhe um lugar no sofá ao lado da porta.

— Tenente, como está sua perna? — perguntou o Major, com um tom que misturava preocupação e formalidade.

— Está melhorando, senhor — respondeu Mayumi, sentando-se e tentando disfarçar a dor.

O Major levantou-se, trazendo consigo algumas pastas, e sentou-se no sofá diante de Mayumi. Ele serviu quatro copos de uísque, oferecendo um a cada um presente.

— Sirvam-se — disse ele.

Zanzo e Tylla aceitaram com um sorriso, mas Mayumi recusou educadamente.

— Não bebo álcool, senhor. Mas se puder, gostaria de um copo de água.

— Claro — concordou o Major, gesticulando para que ela se servisse.

Mayumi pegou um copo de água e o bebeu rapidamente, tentando acalmar sua ansiedade.

— Tenente Mayumi, Capitães Zanzo e Capitã Tylla, eu pretendia realizar esta reunião amanhã de manhã. Entretanto, ao saber que todos estavam acordados e inquietos, decidi antecipar. — O Major deu uma pausa para dar mais um gole de uísque — Capitã Tylla, poderia atualizar a Tenente sobre a situação?

Tylla assentiu, sua voz firme enquanto começava a explicar.

— Durante a missão de entrega das luvas, fomos atacados por uma guilda. Vejamos... — ela pegou uma prancheta de cima da mesa e começou a folhear. — Deixa eu ver... cadê... Ah, tá aqui. A guilda que nos atacou é Crossed Bones, uma de rank E. — A Capitã colocou a prancheta do lado e continuou — As luvas acabaram nas mãos de um adolescente ruivo chamado Vander Kreik. Contudo, antes que pudéssemos capturá-lo, ele foi interceptado e atacado pela referida guilda...

Mayumi interrompeu, sua voz carregada de preocupação.

— Eles atacaram Kreik? Ele está bem?

Zanzo soltou um riso baixo, tomando um gole de uísque.

— Parece que a Tenente desenvolveu uma afeição pelo rapaz. — provocou ele.

— Não é isso! Ele salvou minha vida, e eu... só quero garantir que ele não seja ferido. — Mayumi respondeu, corando.

— Posso continuar? — perguntou a Capitã, impaciente, olhando para Mayumi com uma expressão de desdém..

A Tenente assentiu, pedindo desculpas.

— Conseguimos impedir que a guilda roubasse as luvas e capturamos uma das criminosas, Moara, e o avô do portador do Ifrit, Florus Gurren. — continuou Tylla.

Mayumi ficou boquiaberta.

— Vocês capturaram o avô de Kreik? Ele é um cidadão comum, isso é ilegal e injusto!

Zanzo sorriu maliciosamente.

— Parece que a Tenente virou advogada dos oprimidos ou no DNA das mulheres da família Sundiata têm uma certa fraqueza pelos portadores do Ifrit.

— Capitão, respeite minha família antes de fazer suas piadas — respondeu Mayumi, irritada e com firmeza.

O Major interveio, sua voz cortante.

— Basta! Tenente, respeite seu superior. E você, Capitão, chega de brincadeiras. Estamos aqui para discutir um assunto sério. Capitã Tylla, continue.

O Capitão Zanzo tomou mais um gole de uísque, tentando disfarçar o nervosismo após a fala do Major. Já a Tenente olhou para o chão, dominada pela vergonha.

— Capturamos os envolvidos e agora estamos planejando os próximos passos. Portanto, vamos inciar a pauta desta reunião ouvindo as sugestões sobre os aqui presentes — disse Tylla, mantendo-se profissional.

Mayumi olhou para o Major, tentando manter a voz firme.

— Senhor, não podemos usar um cidadão inocente como refém. Isso é algo que apenas uma guilda faria. Solicito a liberação imediata dele. Depois disso, podemos iniciar uma busca na floresta pelo portador do Ifrit e os membros restante da guilda Crossed Bones.

O Major suspirou, visivelmente aborrecido.

— Petição negada, Tenente.

— Por quê, Major? Você sabe que isso é errado.

— Tenente, qual o real objetivo da GPA? – questionou o Major, fixando um olhar sério nos olhos de Mayumi.

— Manter a paz entre as nações e o equilíbrio político mundial — Mayumi respondeu firme, sem se sentir intimidada pelo olhar de seu superior.

— Não estou falando do objetivo escrito em cartilhas, mas do verdadeiro propósito. Aquele que move o mundo, mas não é dito — o Major retrucou, mantendo seu olhar intimidador.

Mayumi pôs a mão no queixo reflexiva, pensando em uma resposta, mas nada vinha a sua mente. O Major suspirou e disse pausadamente:

— A GPA foi estabelecida pelas onze grandes nações com o pretexto de erradicar o grupo terrorista conhecido como “adoradores de Infythos”. No entanto, o que essas nações realmente desejavam era dominar economicamente e politicamente as nações menores. O poder da GPA era imbatível, absoluto, e os incidentes com Starlladia provam isso. Entretanto, essas malditas guildas surgiram e atrapalharam os planos da nossa organização.

— Não estou entendendo, Major, o que está querendo dizer? – questionou Mayumi, claramente confusa e levemente preocupada com o rumo da conversa.

— Tenente, o que realmente move o mundo é o poder. Não discursos bonitos ou regras. — O Major cruzou os braços e olhou para Tylla, ela rapidamente encheu o copo de seu superior com mais uísque. — A GPA foi criada sob o pretexto de manter a paz, mas na verdade, serve aos interesses das grandes nações. Então, se quiser progredir na GPA, deve parar com esses seus discursos moralistas e focar em fazer o que precisa ser feito, mesmo que isso signifique sujar as mãos com sangue ocasionalmente, assim como nossa corporação fez em Starlladia.

— Com todo respeito, Major, discordo de sua visão. — Mayumi respondeu, sua voz firme, retirando uma coragem do seu interior que ela mesmo desocnhecia.

O Major franziu o cenho, desapontado.

— Esperava mais de você, Tenente. Esperava que tivesse a coragem de ver o mundo como ele realmente é.

— A verdadeira coragem é se manter firme aos seus ideais, independentemente da situação desconfortável. É seguir a lei, mesmo que pareça o caminho mais difícil. Isso é integridade, isso é o que representa a GPA — retrucou a Tenente, engolindo a seco e olhando diretamente para o Major.

— É uma pena que pense assim. Tenente, você deveria reconsiderar seus ideais.

— Sem querer ser insubordinada Senhor, mas não vejo motivos para mudar minha posição.

O Major respirou fundo, controlando sua raiva.

— Vou lhe dar um motivo para reconsiderar. Quando recuperarmos as luvas, serei promovido a Coronel. E levarei comigo aqueles que compartilham de meus pensamentos.

— E os que não compartilham? — perguntou Mayumi, desafiadora.

— Aqueles que não compartilharem nossas visões serão vistos como inimigos e, consequentemente, podem não ter o futuro que desejam dentro da corporação. Portanto, Tenente, pergunto-lhe diretamente: agora você tem um bom motivo para reconsiderar seus ideais? – ameaçou o Major, sua voz fria e intimidadora.

Mayumi fechou os olhos, apertou as mãos sobre suas coxas e, esbanjando uma determinação inabalável, respondeu logo após ter suspirado:

— Major, compreendo sua posição, mas não há garantias de que você alcançará o posto de Coronel, especialmente se seus adversários descobrirem a metodologia e as violações legais que você empregou para garantir o sucesso desta missão de recuperação da Invoker do Ifrit.

— Adversários? Quem seriam? – perguntou o Major, arqueando a sombrancelha.

— Major Brown, é de conhecimento geral que o senhor e o Major Brihen não têm uma relação amistosa e que ambos aspiram aos mesmos objetivos. Seria inconveniente para o senhor se o Major Brihen descobrisse os detalhes obscuros desta missão – Mayumi respondeu, tentando intimidar Thorguen.

Nesse instante, uma onda de risadas preencheu o ambiente, e Mayumi, sentindo-se deslocada, observou o Major pegar as pastas que repousavam ao seu lado no sofá e lançá-las sobre a mesa.

— Examine esses documentos — disse ele, seu tom sombrio.

Mayumi pegou os papéis, seu rosto pálido ao ler o conteúdo.

— Isso não pode ser verdade... Esses documentos são falsos, tenho certeza — murmurou ela, horrorizada, pondo uma das mãos sobre a boca.

Tylla riu, seus olhos brilhando de satisfação.

— A realidade é imutável. Brihen está morto, e ninguém pode mudar isso.

— E veja o nome do executor — acrescentou Zanzo, sorrindo cruelmente.

Mayumi olhou para os documentos novamente, seus olhos se arregalando em choque.

— Reich? Nunca ouvi falar dele.

Zanzo continuou sorrindo.

— Não seja ingênua. Observe o sobrenome.

Mayumi ficou em silêncio por um momento, então se levantou e prestou continência.

— Peço permissão para me retirar — disse ela, sua voz tremendo.

O Major assentiu, mas antes que ela pudesse sair, ele disse friamente:

— Tenente, se você sair agora, estará excluída do plano de recuperar as luvas de ifrit e ainda irei interpretar esta ação como um sinal de que não é minha aliada. E já deixei claro o que faço com aqueles que não estão do meu lado. Pense bem antes de manchar seu sobrenome.

Mayumi olhou para o seu superior, sua expressão determinada.

— Major, com todo o respeito, interprete como quiser. Mas meu sobrenome só seria manchado se eu adotasse seus métodos. Mesmo que você me reduza a nada dentro da organização, não renunciarei aos ideais que meus pais, heróis de guerra, me ensinaram, algo que, pelo visto, o senhor nunca será.

Ela saiu da sala, fechando a porta atrás de si. O Major tomou calmamente mais um gole de uísque e, em seguida, mudou seu semblante. Com uma fúria incontrolável, ele, com o copo ainda na mão, golpeou a mesa, quebrando-a junto com o copo e outros objetos de vidro que ali estavam.

— Quem essa insolente pensa que é? — vociferou ele, comsumido pela ira, enquanto Tylla e Zanzo desviavam o olhar, assustados.

Mayumi coxeava entre os corredores do posto militar, sua face séria e determinada contrastava com as lágrimas que caíam de seus olhos por saber da morte do Major Condor Brihen. 

Na sala das celas, Moara estava com os braços para trás, algemada com alegemas de oricalco, impotente sem sua magia. Em frente a ela, na cela oposta, um ancião estava sentado em um banco de alvenaria, algemado com alegemas comuns. Um soldado vigiava o local atentamente.

— Ei, soldado. Me liberte. Se me ajudar, posso garantir sua segurança quando meus aliados chegarem — disse Moara, tentando barganhar.

O soldado aproximou-se dela e apertou o rosto da jovem maga com uma das mãos, manifestando um olhar frio e desdenhoso.

— Silêncio, criminosa. Com essas algemas que selam magia, você está impotente. Restou-lhe apenas latir como um cão raivoso.

— Insolente, não é assim que se fala com uma dama. Vou te ensinar a ser educado à força — retrucou Moara, mordendo o dedo do soldado até sangrar.

O soldado gritou de dor e socou Moara no rosto com a outra mão, fazendo-a soltar o dedo ensanguentado e cair sentada no chão.

— Maldita! Você tem sorte de o Major querer você viva. Mas assim que ele der a ordem, eu mesmo acabarei com você — ameaçou ele, retirando-se para a enfermaria.

Moara gargalhou sarcasticamente, virando-se para o ancião.

— Ei, velhinho, é assim que se lida com eles. Anota aí, eu ainda vou acabar com aquele imbecil.

O ancião permaneceu em silêncio, seu olhar fixo no chão. Moara, frustrada, tentou provocar.

— Ei, velhinho. Estou falando com você. Responda! A menos que seja mudo ou surdo.

Mas o ancião continuou calado, ignorando-a. Moara deitou-se no chão e bufou de raiva, mexendo suas franjas com o ar expelido de seus pulmões.

Segundos depois, Mayumi enxugou todas as lágrimas, suspirou forte e entrou na sala das celas. Ela olhou para Moara, deitada no chão, e então para o ancião.

“Essa garota ser uma das integrantes da guilda que atacou Kreik, e aquele velho… deve ser ele.”, Mayumi ponderou

— Florus Gurren, o avô de Vander Kreik, é você? — perguntou ela, sua voz firme, aproximando-se da cela do velho.

O ancião permaneceu em silêncio. Moara, levantando-se, zombou.

— Não adianta. Esse velho moribundo fica só fica calado.

— Cale-se, criminosa. Não estou falando com você! — respondeu Mayumi, severa.

— Mais uma mal-educada – disse Moara, rindo sarcasticamente.

Mayumi ignorou Moara, focando no ancião.

— Escute, todos aqui querem seu neto morto. Se ainda tem esperança de que ele sobreviva, responda a tudo que eu perguntar. Você é Florus Gurren?

O ancião finalmente levantou os olhos, sua voz preocupada.

— Sim, sou eu. Em que confusão meu neto se meteu desta vez? Você realmente pode ajudá-lo?

— Talvez... Só que antes, preciso que me conte tudo sobre todo o passado de seu neto, Vander Kreik e o do pai dele, Vander Reich!. — disse Mayumi, sua voz carregada de urgência.



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