Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 1

Capítulo 7: Emboscada

Em meio ao crepúsculo, marcado por um céu com tons de laranja e vermelho, Kreik entrou na floresta em alta velocidade, os pés mal tocando o solo enquanto as luvas Invoker de Ifrit geravam rajadas de ar quente que o impulsionavam ainda mais rápido.

As árvores passavam por ele como borrões verdes e marrons. A densa vegetação e os galhos retorcidos eram meros obstáculos que ele facilmente evitava. Seus olhos estavam fixos no horizonte, a mente concentrada em alcançar a cabana do avô.

De repente, um vulto surgiu de trás de uma árvore. Antes que Kreik pudesse reagir, sentiu um soco brutal atingir seu rosto.

— Oi, seu merdinha — disse Joabe, com um sorriso cruel, ao ver Kreik ser arremessado para trás, parando apenas ao colidir com uma árvore dois metros à frente. — Isso foi porque você esbarrou em mim na rua!

Kreik cambaleou ao se levantar, tentando recuperar o equilíbrio. Ao mesmo tempo, ouviu o som de passos firmes vindo por trás da árvore onde havia parado. Era Moara, que surgiu correndo e desferiu um soco poderoso, quebrando o tronco em que Kreik se apoiava. Por reflexo, ele usou as chamas das luvas para se impulsionar e desviar para a esquerda, escapando por pouco.

Moara continuou a atacá-lo com uma série de socos rápidos e precisos, mas Kreik, apesar da situação, se movia com agilidade. Com cada golpe, ele utilizava as luvas para se propelir no ar, saltando sobre Moara com uma destreza que parecia quase acrobática.

— Hehehe! Você é rápido, mas não vai fugir assim tão fácil — murmurou Moara, com um sorriso predatório. Ela pisou firmemente no chão e clamou: — Gaia’s Awakening (Despertar de Gaia)!

Um pilar de terra ergueu-se abruptamente do solo, atingindo Kreik. Ele cruzou os braços em “X”, as chamas das luvas formando um escudo, mas o impacto ainda foi suficiente para jogá-lo no chão, onde caiu sobre galhos secos.

Do alto de outra árvore, Uji observava a luta. Com um salto ágil, ele desceu em direção a Kreik, a katana em mãos, com a lâmina apontada para baixo. Kreik, no entanto, rolou para trás, evitando por pouco o golpe que teria sido fatal.

Uji avançou, segurando sua katana com firmeza, a lâmina apontada para o chão. Ele pretendia desferir um golpe ascendente, mas Kreik, prevendo o movimento, ativou novamente as chamas das luvas, criando uma cortina de fogo na sua frente.

— “Como eu fiz isso?”, questionou-se Kreik, confuso.

Com o movimento involuntário de Kreik, o samurai interrompeu seu golpe e viu um soco de Kreik com o braço esquerdo, atravessando a cortina de fogo que já se dissipava. O samurai foi ágil e se agachou, desviando do golpe.

— Agora, Rydia! – gritou Uji ao se agachar.

Kreik viu, pelo canto do olho, três projéteis de água se aproximando rapidamente. Os projéteis o atingiram com velocidade e pressão absurdas, fazendo-o gritar de dor. Dois projéteis acertaram seu torso; o terceiro atingiu sua testa, causando um pequeno corte.

Em pânico, Kreik observou Rydia em cima de uma árvore, com uma pistola apontada diretamente para ele. Ele pensou: “Que tipo de projétil é esse? Água pressurizada?”

Instintivamente, Kreik lançou cinco pequenos projéteis de fogo de cada dedo da mão direita em direção a Rydia. Antes que os projéteis pudessem atingi-la, Uji saltou para interceptá-los. Com um movimento rápido, sua katana emitiu uma aura elétrica, cortando os projéteis de fogo com um golpe circular. Ele chamou essa técnica de Hien (Voo da Andorinha).

Kreik olhou ao redor, o pânico crescendo. Ele precisava fugir, mas estava cercado por inimigos formidáveis. Sua mente estava focada em uma única coisa: seu avô. Ele não podia perder tempo com aquela luta.

Contudo, antes que pudesse fazer outro movimento, Joabe surgiu em alta velocidade e desferiu um soco direto no estômago do jovem ruivo. Kreik, dobrou-se ao meio, o ar saindo de seus pulmões com um som abafado. Joabe agarrou a camisa do jovem ruivo com uma mão e passou a outra por trás de sua nuca, puxando sua cabeça para perto enquanto continuava a correr.

— Isso foi porque você atrapalhou nossos planos com as runas! — sussurrou Joabe, arrastando Kreik em alta velocidade até colidi-lo contra uma grande pedra fincada no chão.

Após a colisão, Joabe recuou, permitindo que Moara avançasse. Com o punho revestido de terra e pedras, como uma soqueira imponente, ela se aproximou de Kreik, que tentava se levantar.

— Foi mal, gatinho. Nada pessoal. Gaia Punch (Soco de Gaia)! — declarou Moara, enquanto desferia um golpe devastador no estômago do rapaz.

A pedra atrás dele rachou sob o impacto, e Kreik caiu de joelhos, cuspindo sangue. Antes que pudesse reagir, sentiu a lâmina fria da katana de Uji pressionar-se contra seu pescoço.

— Calma aí, amigo. Não vai querer perder a cabeça, vai? — disse Uji, com uma voz calma, quase casual.

Kreik tentou protestar, sua voz fraca e desesperada.

— Que merda tá acontecendo aqui? Não fiz nada contra vocês para merecer esse ataque. Nem os conheço!

Uji franziu o cenho, mantendo a lâmina firme.

— Você atrapalhou nossos planos e pegou o que era nosso: essas luvas. Infelizmente para você, vamos arrancá-las à força.

— Eu não ligo para essas luvas! Nunca quis colocá-las, foi um acidente — Kreik sentiu uma onda de desespero. — Se souberem como tirá-las, façam isso! — implorou ele, quase em prantos.

— Conheço um jeito, sim: cortando sua cabeça com minha lâmina. — ameaçou Uji, com um tom gelado.

Kreik, ainda ofegante, fechou os olhos. Sentia o sangue escorrer lentamente de sua testa, misturando-se ao suor que empapava seu rosto. Em suas mãos, as luvas vermelhas com símbolos rúnicos brilhavam com um tom carmesim, quase como se estivessem vivas.

Uji o encarava com frieza. Seu kimono verde-esmeralda ondulava suavemente com a brisa, contrastando com a lâmina afiada da katana que mantinha próxima ao pescoço de Kreik.

— Perder a minha vida eu não me importo, mas envolver meu avô nisso... Ele não merece. Droga! Tudo isso acontecendo por causa dessas malditas luvas... — murmurou o jovem ruivo, a voz embargada, quase sussurando.

— Para muitos, essas luvas seriam um objeto de poder, mas para você, elas se tornaram uma sentença de morte — retrucou o samurai, sua voz tão gélida quanto o aço, pronto para desferir o golpe fatal.

— Quer me matar? Tudo bem, aceito meu destino. Mas, por favor, antes disso, deixem-me ver meu avô. Nossa cabana foi atacada, e só quero saber se ele está bem. Depois, façam o que quiserem comigo. Dou minha palavra — implorou Kreik, com lágrimas nos olhos.

Joabe, aproximou-se de Kreik com passos firmes e olhou para Uji.

— Ei, Uji, não acredite nesse papo furado. Acabe logo com isso e vamos nos reunir com Baan — instigou o jovem de Suna, já impaciente.

Rydia se aproximou da equipe, cruzou os braços, sua voz fria e calculista.

— Não temos por que nos preocupar com o avô dele. Não é nosso problema.

Moara, entretanto, fez uma piada, tentando aliviar a tensão.

— Pessoal, não vamos matá-lo com essa pendência, né? Já pensou se ele volta do mundo dos mortos para puxar nosso pé porque o avô dele morreu por nossa culpa? — Ela estendeu os braços, imitando um zumbi, com os olhos fechados e os pés arrastando-se no chão. — Pé, Pé, vou comer os Pés de vocês que não deixaram eu salvar o meu avô.

Joabe revirou os olhos, impaciente.

— Deixa de ser idiota! Você está imitando um zumbi, que se alimenta do cérebro de pessoas vivas. Quem volta do mundo dos mortos para atormentar os vivos e puxar pelo pé é o fantasma.

— Hahaha! Só estava testando vocês. — Moara riu, despreocupada.

Uji, perdendo a paciência, balançou a espada na direção da dupla.

— Chega de palhaçadas. Vamos focar na missão. Baan me colocou no comando, mas não posso tomar as melhores decisões se tiver que controlar vocês o tempo todo.

De repente, uma figura apareceu em alta velocidade, desferindo uma voadora nas costelas de Uji. O samurai rapidamente segurou a camisa de Kreik com a mão esquerda e, com a outra mão, fincou sua katana no chão para frear o impacto do golpe, deslocando-se alguns metros à frente.

— Tsc, ele ainda segurou na camisa do garoto — murmurou a mulher que o havia atacado, com um tom de desapontamento.

Rydia, rápida em reagir, com sua pistola, disparou três tiros com projéteis feitos de bolhas de água pressurizada, mas a mulher desviou com movimentos fluidos e graciosos. Joabe tentou atacá-la pelas costas, mas ela, com um sorriso despreocupado, murmurou:

— Lento demais. Goodspeed (Boa Velocidade).

Ela desapareceu e reapareceu atrás de Joabe em um piscar de olhos, chutando-o com força contra Rydia e derrubando ambos.

— Pare de perder tempo, Capitã Tylla. Foque no alvo, no garoto com as luvas — ecoou uma voz grave pela floresta.

— Desculpe, Major Thorguen Brown. No próximo ataque, o alvo será capturado, conforme sua ordem — disse Tylla, ajustando-se para a missão.

Dorren Tylla, 27 anos, Capitã da GPA, subordinada ao Major Thorguen Brown, destacou-se como uma presença imponente. Seus cabelos curtos e brancos contrastavam com os intensos olhos azuis. Vestia um uniforme militar azul e branco, cinto marrom, uma braçadeira azul com a inscrição “GPA”. Em sua bainha, repousava uma rapieira, aguardando o momento certo para ser usada.

 

 

Uji, percebendo a gravidade da situação, resmungou para si mesmo:

“Ela mencionou o Major Brown? Merda! A GPA está aproveitando nossa distração para impedir que capturemos as luvas. Com o Major aqui, estamos em desvantagem. Não iremos derrotar alguém dessa patente. Precisamos recuar.”, seus dentes rangeram em frustração.

Do meio da floresta, uma figura imponente surgiu entre as árvores. O Major Thorguen Brown, um homem de 36 anos, alto e musculoso, na ocasião, montava um cavalo marrom. Seu uniforme da GPA exibia ombreiras decoradas com pelos de animais, cinto marrom, botas pretas e luvas com detalhes metálicos. Com seus longos cabelos marrons e volumosos, barba completa e olhos pretos penetrantes, lembrava um viking saído de uma lenda.

 

 

Ao seu lado, amarrado e inconsciente, estava o avô de Kreik, Florus Gurren.

— Vovô? O que fizeram com ele? — gritou Kreik, a voz carregada de fúria e desespero.

— Agora não, garotão — disse Uji, golpeando Kreik na nuca com a coronha da katana, fazendo-o desmaiar instantaneamente.

O Major observou a cena com uma expressão de desdém e reflexão.

“Deveríamos ter pego o garoto na cabana com seu avô, mas esses arruaceiros interromperam nosso plano.”, refletia o Major, voltando-se para Tylla e ordenando friamente:

— Tylla, depois que me entregar o garoto, mate todos eles.

— Certo, Major. Será um prazer. Contemplem a minha poderosa magia: Goodspeed, Mercury Rush (Boa Velocidade, Corrida de Mercúrio)! — gritou Tylla, preparando-se para avançar em velocidade.

Moara, com reflexos rápidos, bateu as palmas no chão e clamou:

— Gaia Wall (Muralha de Gaia)!

Uma muralha de terra ergueu-se diante de Tylla, que durante sua corrida, colidiu com força na muralha, ficando tonta e cambaleando com o impacto.

— Aproveitem a brecha e fujam! Vou ganhar mais tempo! — gritou Moara, com determinação em seus olhos.

— Corram, pessoal! Moara, vê se não morre! Prometo que voltaremos para te resgatar! — gritou Uji, colocando Kreik inconsciente sobre seus ombros e começando a correr.

Joabe e Rydia seguiram Uji rapidamente. Moara, porém, permaneceu sorrindo, levantando a mão direita enquanto provocava Tylla:

— Sua mequetrefezinha, devemos contemplar essa sua magia fraca? Não me faça gargalhar. Se for para contemplar algo, contemple isso.

Moara concentrou sua energia, materializando blocos de terra que se acoplaram ao seu braço, formando uma gigantesca manopla de terra que começava a desintegrar-se antes mesmo do ataque.

— Esta técnica ainda está inacabada, mas espero que aproveite. Gaia Force (Força Gaia)! — gritou Moara, lançando um soco poderoso em direção a Tylla.

Apesar de ainda estar tonta, Tylla foi arremessada para trás, mas o Major Brown saltou de seu cavalo e a pegou no ar, amortecendo o impacto.

— Tsc, que derrota deplorável... — comentou Tylla, caindo inconsciente nos braços do Major.

Thorguen colocou Tylla no chão com cuidado e, com um tom grave, repreendeu:

— Capitã, você é forte, mas sempre subestima seus oponentes. Esse é seu pecado. Não se preocupe, vou capturar essa arruaceira e fazer os outros amiguinhos dela desejarem nunca terem nascido.

Ele avançou com passos firmes em direção a Moara, cada movimento transparecendo confiança e a certeza da vitória.

— Arruaceira, você pode até ter potencial, no entanto, lhe falta refinamento e controle sobre seu poder mágico. Além disso, sua concepção de força é equivocada. A magia mais versátil é a que vence, não necessariamente a de maior poder destrutivo — disse o Major, enquanto seus olhos fixavam-se em Moara.

Moara não se deixou intimidar. Com um olhar desafiador, retrucou:

— Vai me dar uma lição de moral agora? Veja o que faço com seus conselhos. Gaia’s Awakening!

Ela pisou no chão e um pilar de terra emergiu do solo em direção ao Major, mas ele desviou com agilidade, cada passo cuidadosamente calculado.

— Forja básica, Família Tomahawk! — exclamou Brown.

Um cinto com quatro machados tomahawk embainhados materializou na sua cintura, cada machado tinha 40 cm de comprimento e lâminas de 15 cm. Ele desembainhou apenas um, pronto para o combate.

— Oh, um ataque frontal é o que deseja? Então vamos ver quem é o mais forte — desafiou Moara, cobrindo seus braços com terra solidificada, preparando-se para um Gaia Punch.

Quando estavam a pouco mais de um metro e meio de distância um do outro, o Major parou abruptamente e desferiu um golpe horizontal no ar com seu tomahawk.

Moara, confusa, pensou: “O que esse louco pensa que tá fazendo? Ele tá golpeando o ar?”

De repente, Moara sentiu quatro cortes profundos no peito, como se tivesse sido atingida diretamente. Ela caiu de joelhos, sangrando e atordoada.

— Eu avisei, a versatilidade vence. Não baixo minha guarda como minha subordinada — declarou o Major, com um tom de frieza e superioridade.

— Como você me golpeou quatro vezes? Estávamos distantes um do outro, eu vi, você só acertou o ar! — questionou Moara, com a voz vacilante.

— Te falei... Minha magia é mais versátil.

Moara, furiosa, socou o chão e gritou:

— Versátil? Vou mostrar aos seus dentes o que é ser versátil! Tome isso, Gaia Awakening!

Outro pilar de terra ergueu-se, mas o Major desviou novamente, saltando para trás com facilidade.

— Outra vez a mesma técnica inócua. Sua arruaceira, vejo que ainda não compreendeu e nem vai compreender. Já é algo a se esperar de uma arruaceira selvagem.

Moara se levantou rapidamente, pronta para enfrentar o próximo ataque. Thorguen, determinado, lançou seu tomahawk em direção a ela, mas Moara ergueu uma barreira de terra com sua técnica Gaia Wall. No entanto, antes que o machado atingisse a barreira, esta foi golpeada quatro vezes no ar, como se fosse a machadas.

O machado caiu no chão, e a barreira de terra se despedaçou, deixando Moara perplexa, sem entender o funcionamento da técnica do Major. Entretanto, ela não se deixou abalar, ainda determinada, pensou:

“Não posso ficar com medo da técnica dele. Ficar lutando na defensiva e mantendo distância não vai me ajudar a descobrir como ele consegue me atacar sem me acertar. Vou partir para o ataque e descobrir como funciona a habilidade desse mequetrefe.”

Moara avançou rapidamente, preparando-se para lançar um Gaia Punch direto, mas Brown sacou outro tomahawk de sua bainha.

— Não se preocupe, arruaceira, não vou matá-la ainda. Prefiro que fique viva, pelo menos por enquanto — afirmou Thorguen, enquanto arremessava o machado.

Moara viu o tomahawk vindo em sua direção, mas, quando ainda estava a um metro dela, o machado subitamente caiu no chão.

Em um instante, Moara sentiu três golpes em seu ombro esquerdo, como se tivesse sido atingida diretamente pelo machado. O impacto fez o sangue jorrar e a jovem caiu desacordada.

O Major fez seus machados e cinto sumirem, depois caminhou até Moara, que continuava desacordada. Ele passou a pisar a cabeça da jovem, com um sorriso sádico, até que uma voz ecoou da floresta, perguntando ao Major se deveriam perseguir os fugitivos.

— Não é necessário, Capitão Zanzo. Apenas prenda a garota e cure parte de suas feridas — respondeu Thorguen, com uma voz firme e calculista.

— Por que não devemos perseguí-los, Senhor? — perguntou Zanzo, confuso.

— Tenha certeza, eles virão atrás de nós... Afinal, aquilo que nós tomamos é mais valioso para eles do que aquilo que eles tomaram de nós.



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