Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 1

Capítulo 5: Como ovos em uma frigideira

Brihen ordenou aos seus subordinados restantes que não interferissem na luta e focassem em proteger a caixa com as Luvas de Ifrit.

Em ato contínuo, o major girou a manivela quatro vezes no sentido horário, enquanto Reich apenas observava, mantendo um olhar de superioridade.

O Major esticou o braço, lançando ovos de sua manopla, como se fosse uma metralhadora; a cada tiro, a manivela girava mais no sentido horário. Os ovos lançados eram rápidos e pequenos, assemelhando-se a ovos de codorna.

Reich pulava para trás, desviando facilmente dos tiros. Enquanto desviava, ele pensou: “O que esses ovos fazem? Parece algo tão... infantil.”

Reich percebeu que uma pequena gosma se espalhava quando os ovos arremessandos se quebravam. Brihen, por sua vez, correu na direção de Reich, atirando mais ovos. No entanto, Reich continuava a desviar facilmente. Em um movimento ágil, Brihen saltou e desapareceu, reaparecendo como um vulto à frente de Reich. Ele desferiu um soco na direção do rosto do vilão com seu braço direito.

Reich girou o seu braço, colocando-o em frente ao rosto para bloquear o soco, mas Brihen abriu a palma da mão direita e disparou ovos à queima-roupa. Os ovos quebraram, sujando o braço e o corpo de Reich com a gosma.

Reich chutou Brihen, que conseguiu defender utilizando as mãos, mas o impacto do golpe o fez se arrastar alguns metros para trás.

“Como ele conseguiu defender meu golpe se sou bem mais rápido?”, refletiu o andarilho.

Brihen correu na direção oposta ao seu oponente, girando freneticamente a manivela no sentido anti-horário. Reich, com seu impulso fervoroso, movimentou-se rapidamente como um vulto, preparando um chute giratório nas costas do Major. No entanto, este conseguiu se agachar, desviando do golpe enquanto continuava a girar a manivela.

O Major saltou para trás sem interromper o movimento que fazia com a manivela. Reich acompanhou o movimento do militar e, de forma implacável, desferiu um poderoso soco no rosto de Brihen. Mesmo atingido, o militar ergueu o braço direito e disparou outro ovo.

Desta vez, a cadência de tiro era diferente: em vez de vários ovos pequenos em alta velocidade, foi um único ovo de maior de tamanho, similar a um ovo de galinha. Além disso, a cadência de tiro mudou, assemelhando-se à de uma escopeta, ao invés de uma metrlhadora.

O ovo atingiu o torso de Reich, espalhando uma quantidade maior de gosma e melando todo o seu corpo. Brihen se levantou confiante. Reich não retrocedeu e tentou acertar um novo soco, mas o Major desviou facilmente, inclinando-se para o lado e acertando, em seguida, um soco no torso do vilão.

“Ele desviou facilmente do meu soco e me acertou? Como é possível? Ele está bem mais rápido ou... eu que estou mais lento?”, pensou Reich Surpreso.

— Sem suas chamas azuis, você não é nada — comentou Brihen. — Vou começar socando a sua cara; estou curioso para ver o seu rosto — ele complementou, sua confiança manifestada em um breve sorriso.

Brihen se preparou para desferir um novo soco, mas Reich gritou:

— Soulfire Explosion!

Uma espiral de fogo emergiu do chão e se expandiu, explodindo em Brihen, que foi lançado metros de distância. O Major começou a respirar ofegante e tentou se levantar, contudo seus pés cambalearam.

“O que está acontecendo? Por que estou me sentindo... tão cansado?”, pensou o Major.

Entre as espirais de chamas azuis, Reich saiu andando de dentro, a gosma que o revestia sendo queimada pelas chamas do vilão. Em sua mão esquerda, havia um pequeno recipiente transparente retangular cheio de líquido azul.

Reich passou a mão direita por cima do recipiente e uma pequena fração do líquido saiu do objeto, transformando-se em chamas azuis assim que entrou em contato com o ar atmosférico. As chamas se condensaram, formando uma grande bola de chama azul que rodeava Reich.

— O que não me faltam são chamas azuis — comentou Reich, fazendo o recipiente sumir. — Você entendeu errado; até o momento, eu nunca estive lutando a sério, estou apenas brincando com você, Major. Seu poder é muito baixo. Assim que eu quiser, posso encerrar esta luta imediatamente.

Brihen se levantou ainda ofegante. Reich viu e falou:

— Major, sua técnica é fácil de entender: você lança ovos gosmentos que reduzem a velocidade do alvo. Além disso, o sentido em que gira a manivela determina a cadência do tiro. Sentido horário, vários ovos pequenos que produzem pouca gosma; sentido anti-horário, poucos ovos de maior tamanho, que geram muita gosma.

“E como restrição, cada tiro gira mais a manivela no sentido utilizado até atingir o limite, devendo você retroceder a manivela até a posição original assim que chega a esse limite.”

Brihen parabenizou Reich por ter entendido o funcionamento de sua Forja Básica, entretanto, ele comentou que ainda tinha muito mais para mostrar.

— Forja Intermediária, Manopla Bombardeira de Ovos! — bradou o Major.

A manopla começou a se transformar, emitindo um brilho intenso enquanto se expandia e ganhava novos detalhes. O metal reluzente agora estava adornado com linhas complexas e intricadas na cor dourada. A manivela ganhou um mecanismo mais robusto e sofisticado. Por fim, a transformação finalizou com um som estrondoso.

Reich, por sua vez, apenas deu um novo sorriso, demonstrando empolgação com a luta.

Retornando ao vilaejo de Lakala, Uji, correndo velozmente chgou no topo da escadaria do prédio onde eles planejaram o roubo da invoker. Lá, ele encontrou Moara tentando conter Rydia, que estava furiosa.

— Seu idiota! Por que acionou as runas antes do meu comando? — Rydia gritou, quase arrancando o cabelo.

Joabe, com uma expressão sombria, fechou o punho em direção a sua companheira.

— Cuidado com a língua, Rydia. Não fui eu que acionei as runas. Mas se quer culpar alguém, ótimo! Culpe você que ficou só enrolando sem querer acionar aquelas malditas runas — retrucou Joabe, rosnando.

Uji, vendo a tensão aumentar, ergueu uma mão para Rydia e com a outra apontou para Joabe.

— Calem-se os dois e se acalmem. Joabe, explique o que aconteceu — ordenou Uji, tentando mediar a situação.

Joabe respirou fundo, ainda irritado.

— Um merdinha ruivo que não consegui ver o rosto, apareceu do nada e tropeçou nas runas, acionando-as sem querer.

Rydia soltou um suspiro exasperado, acalmando-se aos poucos. Diante disso, vendo a amiga mais calma, Moara deicidiu soltá-la.

— Droga, Joabe, agora perdemos as luvas de vez. Baan vai nos matar por isso — lamentou Rydia.

— Não se desesperem. — Uji interveio rapidamente. — Ainda podemos recuperar as luvas. Ouvi os soldados da GPA dizendo que um garoto ruivo pegou as luvas e caiu na cachoeira.

Rydia levantou as sobrancelhas, sarcasticamente.

— Ah, claro, vai ser fácil. Vamos bater de porta em porta perguntando: “Você viu um merdinha ruivo debochado por aí?”. É meio óbvio que esse vilarejo deve tá repleto de merdinhas assim! — disse ela, com um sorriso amargo.

Uji sorriu, tentando aliviar a tensão.

— Calma, minha gatinha. Sei que você fica linda quando tá irritada, mas eu descobri o nome do merdinha. Depois você me agradecer com um beijo. Hehehe — Ele piscou para a amiga, provocando-a.

Rydia revirou os olhos, claramente sem paciência.

— Prefiro ser atropelada por aqueles bois um a um do que te beijar. Vai logo, desembucha logo o nome do merdinha.

O samurai coçou o queixo e olhou para o céu. Ele tentava puxar pela mémoria o nome do garoto, contudo sua mente se negava a recordar.

— Hum, se não me engano, era Krakoa... ou talvez Kraken... Kerrer... não, espera, acho que era Kre...

— KREIK! — exclamaram Moara e Joabe ao mesmo tempo.

— Isso mesmo, Kreik. Vocês o conhecem? — perguntou Uji, curioso.

— Esse foi o mesmo idiota que esbarrou em mim noutro dia — Joabe assentiu, ainda irritado.

Moara, ponderando, falou calmamente:

— Se não me engano, ele mora isolado com o avô. Podemos fazer uma tocaia na casa dele e pegá-lo desprevenido. Ele não vai fugir sem o avô, não parece ser esse tipo de pessoa.

— A GPA vai fazer isso também. — Joabe balançou a cabeça, discordando. — Eles vão chegar primeiro. Vamos pegá-lo direto na cachoeira e enfrentá-lo de uma vez.

Moara cruzou os braços, claramente em desacordo.

— Idiota afobado, a GPA também destacará soldados para localizá-lo na área da cachoeira. Isso complica as coisas.

— O que você acha, Rydia? — Uji olhou para Rydia, buscando orientação. — Qual é o melhor plano?

Rydia começou a andar de um lado para o outro, pensativa. Com uma mão segurando o cotovelo e a outra próxima ao rosto, formava um ângulo de 90 graus.

— Acho que sei a melhor estratégia. Ele provavelmente ouvirá os soldados da GPA se aproximando da cachoeira e tentará se esconder, indo pela floresta em direção à casa para buscar o avô. Portanto, nem vamos para a cachoeira, nem para a casa dele. Vamos interceptá-lo no caminho, na floresta. — Rydia riu baixinho, satisfeita com seu plano.

— Certo. Podemos usar as árvores e arbustos para uma emboscada — Uji concordou sorrindo.

Vamos pegar essas luvas para o Baan e dar uma lição nesse merdinha. Ele está precisando levar umas porradas — disse Joabe, com um brilho feroz nos olhos.

Retornando ao confronto de Reich e Brihen, este retirou de dentro de seu colete uma runa. Ele a acoplou em sua manopla e o cristal da manopla mudou para a cor vermelha. O Major girou a manivela e ergueu o braço, mirando em Reich, disparando um tiro em seguida.

O ovo avermelhado foi lançado com um impacto tão forte que gerou um leve recuo no braço de Brihen. O ovo foi lançado em alta velocidade, muito mais rápido que os lançados até então. Mesmo assim, Reich conseguiu desviar, pulando para trás.

O ovo caiu no chão, quebrando-se e liberando uma clara pastosa que se espalhava pelo campo de batalha, enquanto se formava uma gema vermelha com um símbolo rúnico no centro.

Para evitar ser atingido pela clara que se espalhava no chão, Reich pulou em um galho de árvore.

— O que esses novos ovos fazem? Estou intrigado... — murmurou ele.

Brihen, girando a manivela novamente, pensou: "Já foi um tiro, ainda tenho mais seis."

Brihen disparou mais dois ovos avermelhados em rápida sucessão. Reich desviou habilmente de ambos, cada ovo caindo no chão e liberando mais clara pastosa e formando novas gemas rúnicas avermelhadas. Antes de cada tiro, Brihen sempre girava a manivela de sua manopla e corria mudando de direção, o que aumentava a tensão da batalha.

No quarto ovo, Reich decidiu contra-atacar. Ele retirou uma parte da chama azul que o rodeava, formando uma chama menor e lançou um “Soulfire Explosion” no ovo que vinha em sua direção. No entanto, ao invés do ovo explodir, ele aumentou de tamanho. Reich saltou novamente, e o ovo, ao bater no chão, gerou uma gema avermelhada ainda maior.

Brihen preparava o quinto tiro quando Reich pegou dois dos soldados subordinados do Major pelo colarinho e pulou em cima da carruagem que continha a caixa com as Luvas de Ifrit.

Reich observou o campo de batalha enquanto ainda segurava os soldados e refletiu sobre o plano do Major:

“Qual será o sue próximo passo, Major? As claras estão se expandindo pelo chão, unindo-se. Este campo de batalha mais parece uma frigideira cheia de ovos.”

— Covarde! Solte meus homens! Lute com honra! — gritou Brihen.

— Covarde? — Reich debochou. — O único covarde aqui é você. Não tem nem coragem de matar meros peões para vencer a batalha.

Reich retirou a alma de um dos subordinados, e o outro soldado clamou desesperadamente:

— Major, atire! Não se preocupe comigo!

Brihen fechou os olhos e atirou. Reich jogou o corpo do soldado sobre o ovo, que explodiu no ar, espalhando pedaços de gema rúnica por todo lado.

— Desculpe-me... Irei te vingar, eu prometo! — bradou o Major, apertando levemente os olhos com a mão esquerda, tentando esconder uma lágrima fugitiva.

“Posso ter perdido um ovo, mas ainda tenho mais quatro gemas no chão... Reich, vou fazer você pagar.”, pensou ele, girando a manivela de sua manopla com mais força, preparando-se para efetuar seu sexto disparo.

Reich percebeu a ira e a tristeza de Brihen ao ter que matar o próprio companheiro. Com um sorriso malévolo, teve uma ideia para enfuerecer ainda mais o Major. O andarilho efetuou um novo impulso fervoroso, desaparecendo e reaparecendo entre os demais soldados do Major.

— Vai atirar e matar seus próprios homens no processo? — provocou Reich, gargalhando e olhando para os soldados que tremiam de medo. Eles, olhando uns para os outros, criaram coragem e, em um ato desesperado, agarraram o vilão com toda a força que tinham.

— Atire, Major! — clamaram os soldados.

— Não! — Brihen negou, com a voz embargada.

Mas os soldados insistiram. Brihen, com dor no coração, atirou duas vezes no chão próximo a eles, gerando duas gemas rúnicas e fazendo a clara de um dos ovos prender nos pés dos soldados e de Reich. As claras dos dois ovos rapidamente se expandiram, interligando-se com as demais.

Presos na clara, sem poderem se mover, os soldados e Reich se tornaram alvos fáceis para o próximo movimento de Brihen. Este falou com lágrimas nos olhos:

— Senhores, vocês são os verdadeiros heróis desta luta, farei com que seus nomes não sejam esquecidos.

Brihen, com um golpe poderoso, socou o chão. Todas as gemas começaram a brilhar, gerando uma poderosa explosão em cadeia. A explosão atingiu seus soldados, Reich e a carruagem que levava a invoker, tudo foi consumido pelo seu golpe. Seu impacto foi tão poderoso que Brihen foi jogado para longe, sem suportar a corrente de enrgia liberada pela explosão.

Ele rapidamente se levantou e, em meio às chamas, prestou continência aos soldados que morreram bravamente. Todavia, quando as chamas abaixaram, Reich apareceu sentado em uma pedra, com as pernas cruzadas, ileso, ainda de capuz.

— Você realmente achou que isso seria suficiente para me matar? Como eu disse, Major. Não conseguirá nem tirar meu capuz — zombou ele.

Brihen ficou atônito com a cena. Seu corpo tremeu de medo, mas o dever de honrar a morte de seus subordinados ecoou mais forte em sua mente. Ele então gritou:

— Forja Mestre, Manopla Incubadora de Ovos!

A manopla se transformou, se tornando duas, uma em cada braço, adquirindo um design majestoso e intrincado. Os cristais no centro das manoplas pulsavam com energia mágica, e as manivelas eram ornamentadas com pedras preciosas, simbolizando seu poder supremo.

Reich gargalhou, falando com entusiasmo:

— Agora sim, Major. Me mostre o ápice do seu poder.



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