Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 1

Capítulo 31: O portador do Monarca

Os membros da guilda se afastaram ainda mais, dando espaço para o confronto. Baan levantou o braço direito e, com um movimento firme do dedo indicador, sinalizou para Kreik atacar, intimidando-o.

Kreik, sem hesitar, usou suas luvas como propulsores, avançando em alta velocidade. Quando se aproximou, começou a desferir uma série de socos rápidos. Baan, com a experiência de muitos combates, defendeu cada golpe com seus braços robustos.

Observando uma brecha, Baan aproveitou para socar o estômago do garoto com a mão esquerda. Kreik caiu no chão, ofegante de dor. Sem perder tempo, Baan o chutou no rosto, lançando-o a uma distância considerável.

— Ei, Kreik, se isso é tudo o que tem, deveria morrer logo e poupar nosso tempo. Seria mais produtivo.

Kreik cuspiu sangue misturado com saliva e, com uma expressão determinada, respondeu:

— Não vá se achando vitorioso antes do tempo. Estou apenas me aquecendo.

Ele se levantou e se lançou novamente em direção a Baan. Desta vez, Baan preparou a guarda. Quando Kreik se aproximou, Baan foi mais rápido e desferiu um chute lateral com a perna direita. Kreik tentou bloquear, colocando o braço esquerdo junto ao rosto e apoiando o braço com o punho direito. Mesmo assim, o impacto o arremessou vários metros para o lado.

Apesar do golpe, o bloqueio de Kreik evitou um dano maior. Ele parou, respirou fundo e pensou: “Desse jeito não vai dar. Ele é muito mais forte que eu.”

— O que foi, garoto? Já tá considerando a oferta de nos poupar tempo? — provocou Baan, com um sorriso de escárnio.

Irritado com a provocação, Kreik tentou uma nova investida. Contudo, Baan inclinou-se como se fosse saltar e, em um piscar de olhos, desapareceu do campo de visão de Kreik, reaparecendo abruptamente bem à sua frente.

Baan começou a desferir diversos socos em Kreik, que não conseguia acompanhar a velocidade do seu oponente.

— Pelo visto, esta luta vai acabar bem mais rápido do que imaginei — disse Baan, confiante, enquanto desferia mais e mais socos.

O jovem mago ruivo conseguiu usar suas luvas, impulsionando-se para trás e escapando da tempestade de socos de Baan. Assim que recuou, ele caiu de joelhos, mas manteve o olhar fixo em Baan.

“Como alguém consegue ser tão rápido? Eu não consegui vê-lo se aproximar. Será que a magia dele é de velocidade, igual àquela Capitã da GPA que enfrentamos em Lakala? Não... É diferente. Só não entendo como.”, refletia o portador do Ifrit.

— Garoto, não fique triste. Se um dia eu ver o seu pai, aviso onde está o seu túmulo para ele visitar sua lápide — provocou Baan, deixando Kreik furioso.

Kreik usou as luvas mais uma vez, lançando-se em direção a Baan. Neste momento, Moara, preocupada com o desenrolar da luta, olhou para Uji, que, nervoso, não se conteve e gritou:

— Kreik, desse jeito não vai dar. Seja esperto!

— Calem a boca. É só eu e ele. — repreendeu Baan, irritado.

Ainda voando em direção a Baan, Kreik ouviu as palavras de Uji. Ele então lançou um projétil de fogo com a mão esquerda, mantendo a mão direita próxima ao peito com o punho cerrado.

Baan não esperava esse movimento e rapidamente colocou a guarda em frente ao rosto, bloqueando o dano. Ao desfazer a guarda, foi surpreendido pelo punho flamejante de Kreik, que, muito próximo, o acertou no rosto, derrubando-o vários metros para trás, passando ao lado da pedra onde antes havia se escorado.

— Hehe. Acertei um golpe. É só o começo. — Kreik gritava empolgado.

— Não vá se achando, amostradinho. Doeu um pouco, mas não sangrou.

— Boa, Kreiquinho, continua assim que vai dar certo! — gritou Moara, também animada.

Kreik olhou para amiga com um leve sorriso e fez um joinha com a mão.

— Valeu, Moara, vou conseguir!

— Calem a boca, eu já falei! — gritou Baan, furioso. Moara rapidamente passou a mão pela boca, como se fechasse um zíper invisível.

— Sr. Baan, prepare-se para o meu golpe mais poderoso. Você vai sangrar com ele. Hehehe! — anunciou Kreik, sua voz demonstrando sua determinação.

— É mesmo? Prove-me! — Provocou Baan, arqueando a sombrancelha.

— Direct Jab Burning Flames! — exclamou Kreik.

Assim como havia feito na luta com o Major, Kreik lançou dois socos consecutivos: um jab com a mão esquerda e um direto com a mão direita. Ao fazer isso, duas esferas de fogo saíram de cada punho e se uniram, formando uma esfera maior que seguia reta em direção a Baan.

Baan sorriu e correu em direção ao golpe, como se quisesse colidir com ele.

— O Baan enlouqueceu? Decidiu perder a luta? — perguntou Moara aos amigos.

— Não sei o que ele está pensando. Mas ele parece muito confiante para alguém que está prestes a desistir — respondeu Joabe, observando com atenção.

— Ei, Kreik, não vou ser derrotado por um golpe incompleto. Sua técnica pode ser forte, mas não é rápida! — gritou Baan enquanto corria.

Baan avistou a pedra onde havia se escorado antes e correu sobre ela, usando-a como impulso para pular e passar por cima da esfera de fogo.

— Eu já esperava algo do tipo — disse Kreik, que ativou suas luvas para voar e colidir diretamente com Baan no ar.

— Mesmo no ar, ainda sou mais rápido e forte que você, garoto — afirmou Baan, preparando um soco.

— É o que veremos — disse Kreik com um sorriso confiante.

Kreik inclinou-se para baixo, executando uma cambalhota no ar e, usando o impulso das chamas das luvas, acelerou o movimento. Suas pernas subiram, ficando de ponta-cabeça diante de Baan. Ele esticou a perna e desferiu um chute vertical de cima para baixo, tentando acertar a cabeça de Baan, mas este protegeu a cabeça com os braços. O chute de Kreik acertou os braços de Baan, que, apesar de não receber dano, foi lançado para trás em direção à esfera de fogo.

“Impressionante! O objetivo do garoto nunca foi me atacar diretamente com a esfera de fogo. Ele previu que eu pularia e me atacaria no ar para me forçar a colidir com o seu golpe. Parece que seu senso de batalha está ficando mais aguçado. Entretanto, ainda não é suficiente para me vencer. Vou acabar com isso agora”, pensou Baan enquanto caía.

Baan esticou sua mão na direção da esfera e, dos seus dedos, saíram inúmeros projéteis de um material que Kreik não pôde identificar. Os projéteis atingiram a esfera de fogo, fazendo-a explodir antes que Baan colidisse. A explosão gerou uma cortina de poeira. O líder da guilda caiu com as costas no chão, dentro da nuvem de poeira.

“Merda. Ele desviou do meu golpe. Eu vi ele lançando alguma coisa, mas não consegui identificar. Até agora ele não usou nenhuma magia. Preciso aproveitar que ele ainda está me subestimando e acabar com essa luta. Vou atacar com tudo”, Kreik murmurou consigo enquanto planava no ar com as chamas das luvas.

Kreik começou a voar em alta velocidade para dentro da cortina de poeira, decidido a golpear Baan antes que ele se levantasse. Porém, Baan já esperava por isso. Ainda caído, girou o corpo rapidamente, fazendo com que o soco de Kreik atingisse apenas o chão.

Kreik não desistiu. Saltou imediatamente e tentou desferir um soco flamejante com a mão esquerda. No entanto, algo começou a sair das costas de Baan — pareciam estacas — que fizeram força contra o solo, levantando-o rapidamente.

Kreik mal conseguia entender o que saía das costas de Baan, pois a poeira prejudicava sua visão. Quando Baan ficou ereto, as estacas retornaram, adentrando novamente seu corpo.

Quando o soco estava prestes a acertá-lo, Baan desviou, inclinando-se para a direita. Ao mesmo tempo, segurou o antebraço de Kreik com a mão esquerda e a camisa dele com a mão direita. Em um movimento contínuo, Baan começou a girar como um peão, dando várias voltas antes de lançar Kreik para longe. O jovem caiu desajeitadamente na grama, batendo repetidamente como uma pedra quicando na água.

Enquanto Kreik ainda sofria os impactos do arremesso, Baan correu em alta velocidade para golpear o garoto antes que ele se levantasse.

O jovem mago ruivo continuava a quicar no solo quando Baan o alcançou. Este inclinou o quadril e preparou um golpe com a mão esquerda aberta. Uma estaca começou a surgir da palma da sua mão.

Kreik, de costas para o inimigo, com o rosto e as mãos no chão e as pernas ainda no ar, virou o rosto rapidamente e viu que Baan estava prestes a golpeá-lo. Sabendo que não tinha tempo para levantar ou desviar, Kreik impulsionou-se com as luvas contra o solo, voando de costas em direção a Baan.

Kreik contraiu as pernas, trazendo os joelhos até o abdômen. Uma aura flamejante começou a emanar de suas pernas, sem que ele percebesse. Em um movimento rápido, ele esticou as pernas, acertando Baan em cheio no tórax e arremessando-o vários metros para trás, fazendo seu boné voar para perto de Uji, que o pegou no ar.

— Chamas saindo pelos pés. Ele não sabia fazer isso durante a luta contra o Major — comentou Moara, empolgada.

Após o golpe, Kreik caiu no chão. Ainda deitado, virou-se e viu Baan, segurando o peito com as mãos e gotas de sangue caindo no chão.

— Isso é sangue? É sangue! Eu ganhei! — gritou Kreik, exultante.

Baan olhou para o jovem sorrindo.

— É sangue, garoto, mas não é meu. — retrucou ele, com um sorriso sádico.

Kreik tentou se levantar, mas não conseguiu. Notou o sangue escorrendo ao seu redor e percebeu que suas pernas estavam sangrando, com vários pedaços de ossos fincados nelas.

— Não faz sentido, fui eu quem o golpeei!

Baan sorriu confiante, fixando olhar em Kreik.

— Kreik, não pense que é o único mago da classe dominador por aqui. Você extrai sua magia de uma invoker, que tem apenas um Arcano comum selado. Já eu, tenho a minha magia extraída de um Arcano selado no meu próprio DNA. Eu sou uma invoker viva, com um poder digno de um ser superior selado, um poder de um monarca.

O portador do Ifrit franziu o cenho, confuso e perplexo.

— Do que cê tá falando? Não estou entendendo bulhufas.

— Eu sou um descendente de um clã mais antigo do que você possa imaginar e o atual portador do Dragão Bane, o monarca do elemento espaço. Minha magia é materializar e controlar livremente a estrutura óssea do meu corpo — disse Baan, enquanto revelava vários ossos pontiagudos saindo do seu tórax e um símbolo rúnico, que brilhava em sua testa.

 

 

Kreik lutava para se manter consciente. Suas pernas estavam ensanguentadas, e os ossos cravados dificultavam qualquer movimento. Ele arrancou um dos ossos da coxa, gritando de dor, mas isso não o ajudou a se levantar. No máximo, conseguiu ficar de joelhos.

“Não tenho tempo para tentar decifrar o que essas coisas que ele está falando significam. Preciso focar em vencer este duelo e me tornar um membro da guilda”, pensou o ruivo, com o coração batendo acelerado.

Baan, ainda com um sorriso sádico, avançou lentamente. Cada passo ressoava na arena silenciosa, ecoando como uma sentença de morte.

— Você lutou bem até aqui, mas desde o início seu destino já estava selado. Vou te matar, mas não se preocupe, será com um único golpe. Não quero que sofra mais do que já sofreu — a voz de Baan era fria e calculista, cada palavra um golpe direto no moral de Kreik.

Moara, com os olhos suplicantes e a voz tremendo de desespero, gritou:

— Baan, não precisa fazer isso! Kreik mostrou seu valor. Ele merece entrar na guilda. Por favor, reconsidere!

O rosto de Baan endureceu. Sua decisão parecia inabalável:

— Trato é trato, Moara. Ou eu sangro, ou ele morre. — Ele lançou um olhar pesado para o céu, como se pedisse perdão a uma força superior. — Foi mal, garoto. Espero que Reich me entenda... Acho que ele vai entender.

Assim que ficou de frente ao jovem ruivo, que permanecia ajoelhado. Baan, com um gesto no braço, fez ossos pontiagudos emergirem do seu braço direito. Ele olhou diretamente para Kreik, seus olhos brilhando com uma mistura de pena e determinação.

— Tem alguma última palavra antes de morrer? — girtou Baan, movendo o braço direito em direção à cabeça de Kreik, a fim de realizar seu golpe final.



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