Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 1

Capítulo 28: Baan e Bardo

O grupo de protagonistas passeava pela cidade de Madrad, um local próspero, cheio de casas, comércios e pessoas nas ruas. As vias, todas calçadas com pedras bem alinhadas, conferiam um charme especial ao ambiente, enquanto os edifícios de diferentes cores e estilos refletiam a diversidade e a riqueza cultural da cidade.

Kreik olhava maravilhado para a cidade, seus olhos brilhando com um entusiasmo que mal cabia em seu peito. Ele respirava fundo, absorvendo a energia vibrante ao seu redor.

— Incrível, essa cidade é enorme. Quanta gente! — exclamou, com a voz cheia de fascínio.

— Isso é só o começo. A cidade de Madrad é um centro comercial bem conhecido do reino de Byron. Aqui é bem maior que o vilarejo onde você morava — explicou Uji, sorrindo.

— Bem maior quanto? — perguntou Kreik, virando-se para Uji com curiosidade infantil.

— Acho que dez a doze vezes maior. E essa cidade nem é a capital de um Reino Livre. Quando você conhecer a capital de um dos onze maiores reinos, aí sim vai ficar maravilhado — Uji respondeu com um brilho de antecipação nos olhos.

Kreik quase saltitava de empolgação. — Mal posso esperar. Estou entusiasmado para conhecer logo o Baan e já partir em missão, conhecendo novos lugares! — disse ele, quase sem fôlego.

Rydia, observando a euforia de Kreik, lançou um olhar cético. — Ei, não vai se achando, garoto. Pode ser que o Baan não goste de você. Ele é muito imprevisível — alertou.

Moara riu suavemente e balançou a cabeça.

— Não liga para ela, Kreiquinho. O Baan e o Bardo vão gostar de você — disse a jovem com um tom tranquilizador.

Kreik franziu o cenho.

— Bardo? Quem é esse? — perguntou, confuso.

Moara fez um bico e cruzou os braços, parecendo indignada.

— Ei, pessoal, vocês não falaram do Bardo para o Kreiquinho? Vocês estão de sacanagem. Ele é um membro valoroso da nossa guilda! — gritou, visivelmente irritada.

Kreik olhou para os outros, esperando por uma explicação.

— Tem mais um? Vocês não me falaram desse Bardo. Ele é gente boa?

Joabe, Rydia e Uji se entreolharam e responderam em uníssono, com uma expressão desanimadora e um tom irônico:

— Muito gente boa!

Pouco depois, o hospital onde Baan estava internado apareceu à vista, um edifício robusto com janelas grandes e um jardim bem cuidado na frente.

— Vamos logo ver o chefe! — exclamou Rydia, acelerando os passos.

— Ei, não esqueçam do Bardo também — Moara não perdeu tempo em acrescentar.

Ao chegarem ao hospital, Uji se adiantou ao ver a atendente, uma mulher jovem e bonita, com cabelos e olhos castanhos. Ele piscou o olho direito e disse:

— Bom dia, moça bonita. Gostaríamos de ver o nosso amigo, Baan Maverick.

A atendente corou, mas sorriu encantada.

— Hahaha, bonitos são seus olhos. Seu amigo já tá completamente curado. Por favor, apenas aguardem o doutor conceder alta. Mas se quiserem, podem visitá-lo, ele está no ambulatório 8, no segundo andar, à direita.

Enquanto seguiam em direção ao ambulatório, Uji olhou para trás e mandou um beijo para a atendente, que correspondeu com um gesto de pegar o coração no ar e colocá-lo no peito.

Rydia revirou os olhos e comentou, irritada:

— Ai, que nojo! Não pode ver um rabo de saia.

— Não precisa ficar com ciúmes. — Uji sorriu de canto e se aproximou dela, piscando o olho. — Você sabe que você é a minha preferida, largo todas por você. Mas, enquanto não se decide, eu vou esbanjando o meu amor por aí.

— Sai daqui, Uji. — Rydia o empurrou, bufando. — Prefiro ser jogada viva numa cova de leões.

Kreik e Moara riram, enquanto Joabe apenas observava, constrangido. Ao chegarem ao ambulatório 8, passaram direto, deixando Kreik confuso.

— Pessoal, o ambulatório 8 é esse aqui. Para onde vão? Nós não vamos mais encontrar o Baan? — perguntou ele, parando na porta.

Moara olhou para trás com um sorriso misterioso.

— Hahaha. Ele não está aí. Kreiquinho, só vem.

Eles continuaram andando e subindo as escadas do hospital até chegarem ao terraço do prédio. O local era um espaço amplo, com piso acimentado e, nas bordas, um batente com um parapeito de metal para evitar acidentes.

No final do terraço, havia um homem de cabelos brancos, de costas para os garotos. Seu pé direito estava levantado, pisando no batente, enquanto o pé esquerdo permanecia firmemente no chão. Ele estava levemente inclinado para frente, com os antebraços apoiados no parapeito, admirando a cidade que se estendia diante dele.

Uji ergueu a voz, chamando a atenção do homem:

— E aí, Baan! Foi difícil, mas trago boas notícias.

Ao ouvir a voz do companheiro, o líder da guilda se virou, um sorriso cansado surgindo em seu rosto.

— Quanto tempo, pessoal! Pensei que não iam mais voltar.

Baan Maverick, 35 anos, olhos âmbar e pele branca, tinha cabelos cinza espetados. Ele usava um boné laranja com óculos de proteção repousando sobre ele, um lenço laranja no pescoço e roupas de estilo aviador, com alças e remendos em verde musgo com detalhes laranja. Além disso, usava cinto, luvas e botas pretas.

 

 

Com Uji tomando a dianteira, o grupo se aproximou de seu líder, enquanto Kreik, nervoso, ficava mais atrás. Uji e Baan entrelaçaram os antebraços em um cumprimento caloroso.

— Quanto tempo, Baan. Pelo visto, tá bem melhor — disse Uji, sorrindo.

— Estou 100% recuperado. Mas, primeiramente... Preciso falar com você, Moara.

— Sim, chefinho. O que deseja? — Moara se aproximou, curiosa.

Baan segurou o ombro dela com a mão esquerda e sorriu. Ela retribuiu o sorriso, então, ele colocou a mão na cabeça dela, como se fosse fazer um carinho, mas antes de tocá-la, ele fez uma careta de fúria e deu um cascudo nela.

— AAAAi, Baan! Que merda é essa? Endoidou de vez, seu psicopata? — gritou Moara, esfregando a cabeça.

— Eu que te pergunto! Tava querendo me matar de raiva, me deixando sozinho com esse passarinho do demônio? Eu todo enfaixado e machucado, e ele me bicava e cagava a cada minuto! — Baan bufou, ainda irritado.

Nesse momento, um cocô de passarinho caiu e bateu no rosto de Baan. Ele olhou para o céu e viu o animal, voando alto e aparentemente muito satisfeito consigo mesmo.

— De novo não. Ei, Bardo, seu passarinho de merda, desça daí e lute feito homem! Seu maldito! — gritou Baan, agitando o punho.

— Para com isso, Baan. O Bardo é nosso companheiro. Vem cá, Bardo, a mamãe ficou com saudades. — Moara interveio, com as mãos erguidas.

O passarinho colocou uma das asas por cima do bico, como se sorrisse maldosamente, deixando Baan ainda mais furioso. Em seguida, ele desceu suavemente na mão da garota e começou a acariciá-la, esfregando o rosto na bochecha dela.

Bardo, um passarinho natural do reino de Mahala, tinha coloração azul com detalhes em verde e amarelo. Seu bico era amarelo, e alguns adornos em suas plumas lembravam um pequeno cocar indígena.

 

 

— Tá vendo, o Bardo é gentil. Vocês só precisam dar uma oportunidade a ele. Ele é só um animalzinho indefeso — falou Moara rindo suavemente.

— Animalzinho indefeso? Isso é um demônio com penas — reclamou Baan, bufando novamente.

Joabe, Rydia e Uji cruzaram os braços e balançaram a cabeça em sinal de concordância.

— Vocês são exagerados, né, meu bebê? Vem para a cabeça da mãezinha — Moara falou com carinho.

Bardo, com aspecto singelo e gentil, voou para a cabeça dela e se acomodou, como se fosse um ninho. Então, olhou para os demais presentes e fez uma careta assustadora.

“Aaah, seu passarinho de merda. Ainda fica tirando sarro da gente. Vou ainda te depenar.”, Baan pensou, cerrando os punhos, notadamente irritado.

O nervosismo de Kreik desapareceu, e ele começou a sorrir com a cena.

— Hahaha. Esse é o Bardo e o Baan. Agora já conheço todos. — disse ele, divertido.

Baan tirou do bolso um lenço branco e, com nojo, limpou o cocô do rosto. Ele olhou para Kreik e depois para Uji, perguntando em seguida:

— Quem é esse moleque ruivo? O que ele faz aqui?

Uji hesitou, buscando palavras.

— Baan, como posso dizer [...] é uma longa história.

Rydia aproveitou a oportunidade para provocar Uji, batendo levemente nas costas dele.

— Vai, Uji, explica aí. O chefe me parece curioso para saber das novidades.

— Muito engraçadinha você — Uji bufou, irritado.

— O que vocês tanto cochicham? Deixe a história desse garoto para lá e me digam se conseguiram as luvas? — Baan arqueou uma sobrancelha e questionou já desconfiado que algo havia acontecido.

Uji coçou a cabeça, envergonhado.

— Bom [...] É uma história complicada. Hahaha.

— Vai ficar enrolando até quando? — Baan cruzou os braços, impaciente. — Conseguiram as luvas ou não?

— Sim, conseguimos — Uji finalmente assentiu e Baan sorriu, satisfeito.

— Ótimo! Sabia que era uma sábia decisão colocá-lo como chefe temporário nessa missão. Cadê elas? — perguntou o líder, dando um leve tapinha nas costas do samurai.

Uji virou-se para Kreik e o chamou.

— Kreik, vem cá, mostra suas mãos.

Kreik levantou as mãos, revelando as luvas acopladas.

— É isso, Baan. Esse garoto teve que colocar as luvas por acidente. Por isso o trouxemos. Agora as luvas são nossas — Uji complementou.

Baan riu, uma risada baixa e perturbadora.

— Entendi, Uji. Agora ele não tem para onde correr. Vamos cortar a cabeça dele e ficar com a invoker, sabia decisão. Muahaha.

Kreik arregalou os olhos, sentindo o medo crescer em seu peito.

— Não, Sr. Baan. Entendeu errado. Uji me convidou para participar da sua guilda. Agora sou um membro da Crossed Bones, claro, se o senhor permitir.

Baan, o líder da guilda, estreitou os olhos, fixando-se em Uji.

— Isso é verdade, Uji? — perguntou Baan, sua voz carregada de autoridade.

Uji hesitou, sentindo o peso do olhar de Baan.

— Bem...

— É verdade, Uji? — provocou ela, rindo abertamente.

— Ei, Rydia, pare de gracinhas. — retrucou o samurai, tentando manter a compostura.

Baan cruzou os braços, impaciente.

— Uji, não respondeu minha pergunta. É verdade? — insistiu Baan, a irritação evidente em seu tom.

Uji respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas.

— Realmente, eu o convidei preliminarmente para a guilda. Hehehe. — respondeu o samurai, claramente desconfortável.

Baan olhou para Uji por um momento, e então, de repente, começou a rir descontroladamente. Uji e Kreik, contagiados, também começaram a rir, seguidos por Moara. Rydia e Joabe apenas observaram a situação totalmente confusos.

— Ei, Joabe, é impressão minha ou perdemos a piada? — perguntou Rydia.

— Pelo visto, sim. Ei, Moara, do que vocês estão rindo? — sussurrou Joabe, cutucando a amiga com o cotovelo.

Moara riu ainda mais, balançando a cabeça.

— Hahahaha. Eu sei lá, só estou rindo também. Hahaha.

Joabe suspirou, irritado.

— Sua idiota! Como está gargalhando sem nem saber o motivo? — reclamou Joabe, frustrado.

Baan, ainda rindo, passou a mão pelo pescoço de Uji, e num movimento rápido, aplicou um mata-leão no samurai.

— Tá ficando doido, Uji? Como tu convida esse mela-cueca para a guilda sem falar comigo antes? Como vamos entregar as luvas para o contratante? Deveria ter pensado antes de trazer um estorvo para nós — verbalizou Baan, sua voz cheia de irritação.

— Foi mal, Chefe. Tá doendo — Uji se contorceu, tentando se libertar.

Kreik, preocupado, tentou intervir.

— Sr. Baan, não quis causar confusão, mas é porque eu não sabia que ao colocar as luvas, elas não sairiam mais. — disse Kreik, seus olhos arregalados de preocupação por Uji.

Baan olhou para Kreik, ainda mantendo o aperto em Uji.

— Pronto, além de fraco, ainda é burro. Uji, seu merda, o que estava na cabeça quando pensou nisso? A burrice da Moara virou contagiosa por acaso? — continuou a gritar o líder, apertando ainda mais o samurai.

Moara bufou, indignada.

— Ei, burro aqui são vocês! — retrucou Moara, ofendida pela acusação.

Bardo, o pequeno pássaro, saiu do topo da cabeça de Moara e, sobrevoando Baan, soltou uma nova rajada nele. Baan soltou o pescoço de Uji, mais irritado do que nunca, e começou a pular, tentando alcançar o passarinho.

— Seu maldito, eu te pego — gritou ele, agitando os punhos no ar.

Joabe observou a cena e suspirou.

— Só tem paspalho nessa guilda. Começando pelo chefe. Por isso não saímos do nível “E” — desabafou Joabe para Rydia.

— Sr. Baan, me dê a oportunidade de entrar em definitivo na guilda. — Kreik, determinado, deu um passo à frente. — Eu não vou ser um estorvo. Eu garanto! — suplicou ele, seu olhar firme e decidido.

Baan parou de perseguir Bardo e olhou fixamente para Kreik. Limpou-se novamente com o lenço, assumindo um tom mais sério.

— Não é o que me parece. Nós partimos em missões perigosas. Não podemos parar nossos objetivos para ser babá de ninguém — afirmou Baan, sua voz firme.

Moara também deu um passo à frente, sua expressão decidida.

— Baan, o Kreiquinho tem razão, ele não vai ser um estorvo. Se não fosse ele, eu estaria morta. Ele conseguiu acabar com um Major. — argumentou Moara.

— O quê? Você derrotou um Major? — perguntou Baan, incrédulo.

— Sim, Baan, ele o derrotou. Tudo bem que, para isso, ele teve que entrar no modo carneiro psicopata de fogo, inclusive quase matando a mim e a namorada dele no processo. Mas mesmo assim, é um grande feito — explicou Moara.

Kreik franziu o cenho, indignado.

— Ei, Moara, não tenho nada de modo carneiro psicopata de fogo, e a Mayumi não é minha namorada — protestou ele.

— Modo carneiro psicopata de fogo? Namorada? Do que estão falando? Uji, você tem que explicar muita coisa — disse Baan, sua confusão evidente.

— Acho que seria bom eu te explicar algumas coisas sozinho, sem distrações — sugeriu o samurai.

— Concordo. — Baan olhou para o grupo, pensativo, e então assentiu. — Pessoal, ficarei aqui com o Uji para entender melhor essa confusão e aguardar a alta hospitalar. Enquanto isso, Moara e o novato, vão comprar comida. Joabe e Rydia, quero que vocês se dirijam à taverna e anotem as coordenadas da próxima missão — ordenou ele.

Joabe deu um passo à frente, curioso.

— Qual a missão? — perguntou Joabe.

— É uma missão relacionada a prestar assistência a trabalhadores e pequenos comerciantes em uma cidade próxima, não me recordo bem o o nome do local... Ah, nçao importa! Apenas falem com a Keya e ela explicará tudo a vocês — orientou Baan.

— Ok! Vamos, Rydia. — chamou Joabe a companheira e a dupla seguiu o seu destino.

— Agora é minha vez. Baan passa a grana. Não estou com nenhum rild para comprar comida — solicitou Moara, com um sorriso travesso.

Baan pegou um saco pequeno de moedas do bolso e jogou para Moara. Ela pegou o saco e fez uma careta ao ver a quantidade.

Rild é a moeda universal de Etérea, pequenas moedas de prata encravadas com o símbolo da GPA, criadas pelas grandes nações. Os reinos livres também aderiram à moeda para facilitar o comércio internacional.

 

 

— Cem rilds? Tão pouco... Não dá para comprar quase nada. Deixa de ser mão de vaca e libera mais — reclamou a garota.

— Isso é tudo que temos. Não vá gastar com besteiras! — advertiu ele.

— Vem Kreiquinho, vamos fazer compras! Hahaha — chamou Moara, saindo do local com o mago ruivo.



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