Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 1

Capítulo 23: Aula de geografia

Os protagonistas estavam caminhando por uma estrada que atravessava paisagens variadas, saindo do território do reino de Ekala e adentrando no reino de Byron. Seu objetivo era apresentar Kreik ao líder da guilda, Baan Maverick, para que ele pudesse obter a aprovação final e se tornar um membro oficial da Crossed Bones.

A estrada por onde caminhavam era pavimentada com pedras antigas, desgastadas pelo tempo. De cada lado, arbustos densos e grama alta criavam uma barreira verde natural. O caminho era movimentado; pessoas de todos os tipos passavam a pé, a cavalo ou em carroças, cada um seguindo seu destino. A cidade de Madrad, onde Baan Maverick os aguardava, estava a cerca de três horas de caminhada.

Kreik, animado e cheio de energia, não conseguia conter seu entusiasmo:

— Nem acredito que agora sou um membro oficial. Mal posso esperar para sairmos em missões e explorar o mundo.

— Ei, garoto, não vá se empolgando tão facilmente. Lembre-se que Uji fez apenas um convite preliminar. A aprovação do Baan é necessária para que você seja oficialmente membro da Crossed Bones — lembrou Rydia, com um olhar sério e cauteloso.

— Tenho certeza de que o Baan vai me aceitar. Moara já viu minha força, não é verdade?

Moara, com um sorriso travesso, comentou:

— Sim, Kreiquinho! Mas, sobre seus golpes... jab, direto, uppercut. Aquilo não é coisa de amador. Na verdade, você os executou com bastante técnica. Onde os aprendeu? Duvido que ensinem isso na escola. — Ela deu uma risada leve.

— Meu mestre me ensinou — Kreik respondeu de forma direta.

Todos pararam de andar, surpresos, e falaram em uníssono:

— MESTRE?

Joabe, perplexo, retrucou:

— Por acaso você mentiu sobre sua história? Eu me lembro de você dizer que todos na vila te odiavam.

Uji, com uma expressão pensativa, acrescentou:

— Também não me lembro de você ter falado alguma coisa sobre ter um mestre. Duvido que eu tenha ficado desatento sobre essa informação.

— Eu não menti, podem ficar tranquilos. Ele não era da vila. Era um viajante que sentiu compaixão por mim e passou a me treinar durante um curto período de tempo. Depois seguiu viagem — Kreik respondeu, visivelmente defensivo.

Moara, curiosa, perguntou:

— E quando foi isso, Kreiquinho?

— Foi logo após a minha mãe falecer. — Kreik olhou para o horizonte, lembrando-se do passado. — Eu estava fazendo orações em frente ao túmulo dela, e umas pessoas do vilarejo foram até lá para zombar de mim e dela. Eu explodi de raiva, mas era muito fraco, apenas apanhei. Até que esse viajante apareceu e me ajudou. Ele acertou uns golpes naquelas pessoas malvadas que eu nem pude acompanhar. Após ouvir sobre o meu passado e o motivo do ódio que sentiam de mim, ele decidiu me treinar.

Moara, com os olhos brilhando, exclamou:

— Incrível, Kreiquinho! Ele deve ser bem forte.

— Sim — Kreik assentiu e continuou. — Ele me disse que era ex-militar da GPA e que, há pouco tempo, havia desertado da organização.

— Qual era a patente dele? — perguntou Joabe, intrigado.

— General ou algo assim — respondeu Kreik, com um tom de inocência.

Todos se entreolharam e pararam de andar, atônitos com a informação. Em seguida, falaram, empolgados:

— QUAL O NOME DELE?

— O nome dele... deixe-me ver se eu lembro... — Kreik, desconcertado, coçou a cabeça. — Acredita que ele não me falou e eu nem perguntei? Hahaha. Que loucura! Nunca tinha parado para reparar nisso.

Joabe, irritado, explodiu:

— Sua anta! Como é que um ex-general te treinou e tu não sabe o nome dele? Acho que isso é o cúmulo da idiotice.

— Outra coisa, se realmente um General lhe treinou, você deveria ser bem mais forte, tanto em aptidão física quanto mágica — comentou Rydia, claramente desconfiada da veracidade do relato.

— O treinamento durou apenas três meses. Ele não quis me ensinar magia. Pelo contrário, disse que me ensinaria só o básico de uma luta, apenas o essencial para que eu pudesse defender a mim e ao meu avô.

— Eu tenho certeza de que esse cara não é normal — Rydia balançou a cabeça, incrédula, tremendo uma das sombrancelhas. — Ninguém pode ser burro a esse nível. Ser treinado durante três meses por um General, sem aproveitar a oportunidade dele para te ensinar sobre magia e o pior, sem nem saber o nome dele. Afinal, como vocês se comunicavam? Tu chamava ele de militar fujão e ele te chamava de moleque burro?

— Eu o chamava de mestre e ele me chamava de garoto. A nossa comunicação fluía bem. Respondeu Kreik, com a voz singela e calma.

— Sério, Kreik! — Rydia revirou os olhos e suspirou. — Essa história não dá para acreditar.

— Qual o motivo de vocês terem ficado tão estranhos com o fato de um General ter me treinado? Afinal, General é algo muito forte? Ele chega a ser mais forte que um Major? — perguntou o mago ruivo, confuso.

Uji, com uma expressão de incredulidade, respondeu:

— É sério que tu tá perguntando se um General é mais forte que um Major? Tu só pode tá zoando com a gente? Fala a verdade, é uma pegadinha.

— [...]. Estou falando sério. — Kreik balançou a cabeça. — Não sei como funcionam as patentes na GPA.

— Antes de saber das patentes, me fala uma coisa: Rydia suspiru profundamente — você sabe sobre como funciona as forças militares da GPA? Antes disso, como surgiu a GPA? Não, algo mais simples, você sabe ao menos o que significa a sigla GPA?

Kreik, envergonhado, balbuciou, batendo seus dedos indicadores entre si:

— Bom... Não sei nada disso.

Uji suspirou profundamente, como se estivesse arrependido de ter convidado o garoto para a guilda; Rydia pôs a mão direita no rosto, sentindo vergonha alheia; Joabe só balançava a cabeça em sinal de negação. Moara, por sua vez, parou de andar e gritou estridentemente, como se tivesse visto um fantasma.

Uji, assustado com o grito, bateu a mão no peito e perguntou:

— O que foi, Moara? Aconteceu alguma coisa?

— Finalmente entendi o real objetivo do pai do Kreik quando destruiu a biblioteca — respondeu Moara, com um olhar determinado.

Kreik, esperançoso, com os olhos brilhando, colocou os braços sobre os ombros de Moara e perguntou:

— Sério? Qual era o objetivo do meu pai?

Os demais olharam atentamente para Moara, curiosos sobre o que ela havia descoberto. Moara então respondeu, com um toque de ironia:

— Achou que o pai do Kreik destruiu a biblioteca para que... Todas as crianças de Lakala não pudessem estudar e ficassem burras.

Com exceção de Kreik, que ficou perplexo, todos arregalaram os olhos e bocas, estupefados com a fala da garota.

— Você está ficando doida, sua cabeça de vento? — Uji, deu um cascudo na cabeça de Moara. — Como você faz uma brincadeira dessas com um assunto tão sério? Ainda nos quase matando de susto com aquele grito!

— Tenho certeza que ela nasceu com o cérebro nos punhos, amassando-o para longe depois de dar o primeiro soco na vida — Rydia, murmurando, acrescentou.

— Outra brincadeira sem graça e arranco a sua língua. Assim teremos um pouco de sossego — ameaçou Joabe, ainda mais irritado.

Rydia, mais calma, argumentou:

— Moara, essa brincadeira não foi legal. Feriu os sentimentos do garoto. Essa piada foi pesada até mesmo para um cara frio como o Joabe.

Após a fala de Rydia, Moara percebeu que Kreik estava desconfortável com a piada e correu em sua direção, apertando-o por trás com força:

— Desculpa, Kreiquinho. Eu só queria fazer graça, mas às vezes passo do ponto. Me perdoa.

Kreik, com os olhos quase saltando do rosto pela pressão do aperto, respondeu:

— Tá tudo bem, Moara. Estou tranquilo. Só me solta antes que eu morra.

— Você me desculpa mesmo? — ainda o apertando.

— Sim, sim. Até que foi engraçado. Agora me solta — respondeu Kreik, quase sem fôlego.

Moara, soltando Kreik do abraço, provocou os outros:

— Viu seus idiotas, ele achou mais engraçado que vocês.

Uji, tomando a liderança, sugeriu:

— Acho que essa loucura da Moara é fome. Falando nisso, é bom fazermos uma pausa para comer. Eu vou preparar o almoço. Moara e Joabe me ajudam. Rydia, que tal dar uma aula de história e geografia para o nosso novo integrante?

— Certo, vem comigo, Kreik — Rydia concordou, apontando para uma árvore próxima. — Tem uma árvore aqui perto. Lá na sombra, vou explicar algumas informações básicas.

Enquanto Uji, Moara e Joabe preparavam o almoço, Rydia e Kreik se dirigiram à sombra de uma grande árvore. Rydia abriu sua mochila e começou a vasculhá-la, procurando algo. Finalmente, ela encontrou um mapa, colocou-o na grama e perguntou ao garoto:

— Vamos começar do início. Segundo o que você nos narrou antes de prepararmos o ataque contra o Major, sua mãe sempre lia para você um livro sobre o conto dos heróis. Então, me fala resumidamente o que você sabe sobre esse período.

Kreik, com um brilho nos olhos, começou a contar:

— Os arcanos escravizavam os humanos, mas um ferreiro chamado Muramasa aprendeu a aprisioná-los em objetos chamados invokers. Com medo dos humanos dominarem o controle do mundo, os arcanos criaram um ser supremo chamado Infythos, mas este aniquilou os demais arcanos e buscou destruir toda a vida do planeta. Então, Muramasa criou cinco espadas lendárias e deu a cinco heróis que destruíram o monstro e trouxeram paz aos homens.

Rydia assentiu e perguntou se Kreik conhecia o nome dos cinco heróis, ele respondeu prontamente:

— Sim, são eles: Norvírio, Orestes, Lestério, Sudarium e Enjioh.

A maga atiradora sorriu, em ato contínuio, perguntou o que os cinco heróis fizeram após derrotarem Infhytos. Kreik explicou com confiança:

— Cada um foi para um local diferente no mapa para assegurar que não houvessem outros arcanos vivos e para ajudarem os humanos a povoarem a terra.

Rydia, apontando para o mapa, continuou:

— Exatamente. Este mapa que estou te mostrando é o mapa político de todo o planeta de Etérea. Primeiramente, vamos focar nos continentes. Observe que há quatro continentes: um no norte, outro no sul, outro no leste e outro no oeste. Além disso, existem dois arquipélagos, um a nordeste e outro a noroeste. Por fim, temos uma ilha central.

 

 

— Nossa, não sabia que o mundo era tão vasto! Bem que Mayumi havia dito! — exclamou Kreik, fascinado.

Rydia sorriu e prosseguiu:

— Hehe. É realmente vasto. Cada herói foi povoar um local diferente. Cada porção de terra foi nomeada com base no nome do herói que prestou auxílio lá.

— Incrível!

— Norvírio foi para o continente do Norte, chamado Norvig; Orestes foi para o Oeste, formando Eureste; Sudarium foi para o Sul, criando o continente de Sudária; e Lestério, ao leste, nomeou o continente de Lestarus, onde estamos agora — explicou a jovem.

— E Enjioh? — Kreik, curioso, perguntou.

— Calma lá. Deixaremos Enjioh por último. Primeiro, vamos falar de Muramasa. O arquipélago a nordeste, entre Norvig e Lestarus, foi o local onde o ferreiro Muramasa seguiu viagem após o embate com Infythos. Por isso, ficou conhecido como o arquipélago de Muram.

— E o outro arquipélago? O de Enjioh? — questionou Kreik, ainda mais intrigado.

— O arquipélago a noroeste, cuja localização fica mais afastada, próximo a Eurestes e Norvig, foi o local para onde Enjioh viajou. Contudo, aconteceu algum problema e ele saiu de lá, viajando para a ilha central, onde esta acabou se tornando sua residência e ficou conhecida como a ilha de Enjoa.

— Espera, que problema fez Enjioh sair do arquipélago?

— Ninguém sabe ao certo — Rydia explicou com um tom de mistério. — Esse arquipélago é hostil, com fortes correntezas, monstros marinhos, tempestades, alagamentos e furacões, ninguém sabe como entrar lá. Além disso, dizem que lá é uma região pobre, inadequada para a agricultura. Talvez as condições geográficas o tenham afastado.

— E, já que nenhum dos heróis fixou residência lá, o arquipélago ficou sem nome?

— Não, não. Devido à extrema dificuldade de acesso, ele é conhecido como o arquipélago da Água Negra.

— Entendi, Rydia. Quatro continentes, dois arquipélagos e uma ilha central. Tudo certo. — Kreik, com braços cruzados, assentiu com a cabeça. — Mas como surgiu a GPA nesse contexto?

Rydia, animada com a pergunta, começou a explicar:

— Esse período, até a derrota do Infythos e as viagens dos heróis, foi chamado de “A Era dos Heróis”. Agora, surge uma nova era: “A Era dos Reis”. Foi nesse período que a população, inicialmente sob a tutela dos heróis, prosperou. Comunidades se formaram, depois assentamentos, cidades e, por fim, reinos.

“Muitos desses reinos eram liderados por governantes habilidosos em magia... Dos mais diversos reinos criados, doze ganharam muito destaque, os quais foram chamados de Grandes Reinos, tanto pela sua expansão territorial quanto pelo seu poderio econômico e político.

“Já os demais reinos, foram chamados de reinos menores, e, atualmente, são classificados em duas categorias: Reinos Livres e Reinos Províncias. Mas não se preocupe, depois lhe explico o motivo. Antes quero te mostrar cada Continente individualmente. Vamos lá!

 “Em Norvig, temos Reinos Províncias, Reinos Livres e, como grandes reinos: O Reino de Bram e o Reino de Zoen.

 

 

“Em Sudária: Tem-se as Grandes Nações de Hanggarden e Frost Garden, além disso tem-se Reinos Livres e Reinos Províncias, contudo, um Reino Livre merece destaque, Cristálida, um reino alvo de conflitos militares pelas duas Grandes Nações do continente.

 

 

“Em Lestarus: Veja, Mahala, Guns Canyon e Endo, que é o local de origem do Uji, são as três Grandes Nações deste Continente. Além disso existem vários Reinos Províncias e Reinos Livres.

 

 

“Por fim, em Eurestes: Tem-se as Grandes Nações de Suna, que é o lar de Joabe, Bastille, a República de Acadis e a Teocracia de Radiantia. Entretanto, neste continente somente há Reinos Províncias, com exceção desses dois, que são Reinos Livres.”

 

 

Kreik, com sua curiosidade característica, perguntou:

— Entendi... os reinos de Kaazordan e Nova Starlladia são  Reinos Livres. — Kreik passou a olhar para o mapa velozmente, como se estivesse procurando por algo. — Espera um pouco... 1, 4, 8, 11. Rydia, você me disse que existiam 12 Grandes Naçoes, mas em seu mapa só há onze. Cadê a décima segunda?

— A décima segunda é Starlladia, só que ela não mais existe. No seu lugar, surgiram esses dois Reinos Livres que te falei, Kaazordan e Nova Starlladia. Eles guerreiam entre si pelo controle da região. Mas deixa que isso eu te explico melhor.

— Ok! E os dois arquipélagos, nesses lugares surgiu alguma grande nação? — continuou a perguntar o jovem ruivo.

— Boa pergunta! — Rydia olhou para o companheiro com um olhar cheio de sagacidade. — No arquipélago de Muram, como no Arquipélago da Água Negra tem apenas Reinos Livres — ela continuou, apontando para os dois arquipélagos respectivamente.

 

 

 

— E a ilha de Enjoa? Há algo lá de importante.

— Sim, há algo muito importante lá, talvez este seja o local mais importante do mundo — Rydia explicava com tom misterioso, enquanto Kreik arregalou os olhos, curioso em saber o que havia no local — Enjoa é apenas o local mais protegido do planeta. Lá é onde se localiza a sede da GPA, o Palácio da Concórdia.

 



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