Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 1

Capítulo 15: Estocada veloz

No pátio militar, o som do aço ressoava enquanto Thorguen, com seus dois machados desembainhados, avançava com fúria em direção a Kreik e Moara. Ambos, com reflexos rápidos, saltaram para lados opostos; Moara para a direita e Kreik para a esquerda.

— Vocês não têm chance contra mim. — Thorguen rosnou, sua voz cheia de desprezo.

O Major lançou um de seus machados em direção a Moara. A maga conjurou um Gaia Wall, e o machado caiu no chão antes de se chocar contra a barreira de terra. Em seguida, ela franziu o cenho, perplexa ao ver marcas de impacto múltiplas aparecerem no muro, que ficou bastante avariado, mas ainda em pé.

“O que tá acontecendo? Ele lançou apenas um machado, mas na minha barreira consta marcas de três machados... Será que ele lançou outros sem eu ver... Não, eu tenho certeza, ele arremessou apenas um...”, pensou Moara, confusa.

Kreik, determinado a atacar, desencadeou sua técnica Flaming Darts (Dardos Flamejantes), mas Thorguen, com um movimento fluido, sacou seu terceiro tomahawk e retalhou os projéteis ígneos com facilidade.

— Poupe-me de suas brincadeiras infantis. Com essa técnica, você não consegue nem me arranhar — zombou Thorguen, sua voz repleta de arrogância.

O Major investiu diretamente contra Kreik, que, impulsionado pelo fogo de sua luva, esquivou-se habilmente. Thorguen atacou com seu machado esquerdo, e Kreik, centímetros antes de ser atingido, desviou novamente, mas não sem sentir dois cortes em sua costela, o que o fez no chão todo desengonçado.

“Como isso é possível? Eu desviei claramente do golpe, e ainda assim fui atingido... e por duas vezes?, Kreik pensou, perplexo.

— Filho do Reich, Morra! — exclamou Thorguen, aproximando-se de Kreik e se preparando para desferir mais um golpe com seu machado.

Entretanto, Thorguen sentiu uma vibração estranha no solo e saltou para trás, evitando um pilar de terra que irrompeu do chão. Ele virou-se para ver Moara correndo em sua direção, pronta para desferir um Gaia Punch. Antecipando o ataque, Thorguen lançou o tomahawk esquerdo. Moara esquivou-se por uma fração de segundo, mas seu ombro direito foi atingido, como se por duas machadadas simultâneas.

“De novo isso? Não faz sentido, é como daquela vez; ele ataca o ar, e ainda assim, sinto o golpe. E não é um único impacto... no muro foram três, agora foram dois.”, pensou Moara, segurando o ombro ferido.

O Major desembainhou o quarto machado, ficando com dois machados na mão e nenhum embainhado, e Kreik, usando o impulso das luvas, lançou-se em um ataque veloz com seus punhos. Thorguen, contudo, desviou com um salto acrobático por cima dele. Moara correu em direção ao Major e exclamou:

— Kreik, vamos atacar juntos. Quero ver se ele aguenta a nós dois.

Thorguen riu, um riso frio e desdenhoso.

— Vocês dois? Poderiam se juntar a um exército, e ainda assim, só restaria a morte para vocês — ele disse, zombando.

Kreik e Moara intensificaram o assalto com uma sequência de socos e chutes. Thorguen, ora desviava, ora bloqueava com seus tomahawks. A dupla acelerava os ataques, mas o Major permanecia incólume. Determinado a contra-atacar, ele desferiu um golpe com o braço esquerdo em Moara. O machado mirava o rosto da maga lutadora, mas errou por pouco, graças a Kreik, que, num gesto rápido, puxou os cabelos de sua companheira, fazendo-a recuar.

Com o outro braço, Kreik lançou mais um ataque de Flaming Darts. Thorguen bloqueou o golpe, erguendo seus machados em um “X” diante do rosto.

— Meu rosto... Espera, eu não fui atingida — disse Moara, passando as duas mãos no rosto diversas vezes, quase sem acreditar que não havia sido cortada pelo machado do Major. — Será que a magia do mequetrefe falhou, ou foi um milagre? Ufa… ainda bem. — Ela ergueu as mãos para o alto e gritou: — Obrigado quem estiver aí em cima, uma cicatriz no rosto não combinaria com minha beleza estonteante.

Kreik, preocupado, aproximou-se.

— Moara, Uji me aconselhou a lutar com inteligência. Força bruta não funcionará contra ele. Precisamos descobrir como sua técnica funciona e o mistério por trás desses machados. Você já viu algum machado desse tipo pelo mundo? — perguntou Kreik, seu tom sério.

— Um machado similar? Você está brincando, não é? Isso não é um equipamento rúnico que se encontra em qualquer lugar. Isso é um equipamento de forja. Esse mequetrefe é um mago da classe forjador.

Kreik franziu o cenho, intrigado.

— Classe forjador? O que é isso? — ele perguntou, confuso.

Moara suspirou, prestes a explicar, mas foi interrompida quando Thorguen, irritado pela petulância da dupla de interromper o combate para conversar, lançou o tomahawk que ele segurava com a mão esquerda. Moara se abaixou rapidamente, evitando o golpe por pouco.

— Ei, seu grosseirão, não seja mal-educado! Estava esclarecendo uma dúvida — repreendeu Moara, irritada.

— Vocês estão à beira da morte e ainda insistem em zombar da situação. Não são apenas arruaceiros, são verdadeiros vermes. Minha paciência está no limite — respondeu Thorguen, com a voz carregada de fúria.

Moara, determinada, pisou forte no chão, fazendo um pilar de terra emergir sob o Major. Thorguen desviou, mas a garota continuava a dar sucessivos pisões no chão, forçando-o a saltar cada vez mais para trás.

— Também estou impaciente. Kreik, fique atrás, eu tenho um plano. — disse Moara, sua voz determinada, enquanto continuava a tentar golpear o seu inimigo com os pilares de terra.

— O que iremos que fazer, Moara?

A jovem sorriu astutamente.

— Vamos tacar o sarrafo nesse mequetrefe — respondeu ela, com um brilho de astúcia nos olhos.

— Ahn? — grunhiu, Kreik confuso.

Enquanto isso, próximo ao penhasco, Tylla e Uji continuavam seu duelo. Tylla assumiu uma postura de esgrimista, segurando com o braço direito sua rapieira em riste ao rosto, acomodando o braço esquerdo atrás de seu corpo, em sua lombar, e posicionando um pé atrás do outro.

— Samurai, vou te fatiar em mil pedaços. Goodspeed, Quick Lunge (Boa velocidade. Estocada Veloz)!

A Capitã deu uma investida com uma velocidade sobre-humana e acertou um golpe com a ponta da espada no ombro de Uji. Surpreso, ele não teve tempo de reagir. Quando se deu conta, o samurai apenas viu a esgrimista já posicionada alguns metros atrás dele, perto de suas costas.

“Esse ataque foi bem mais rápido que os outros. Nem vi quando ela me acertou no ombro. Na minha visão foi como se ela tivesse simplesmente se teletransportado para trás de mim, deixando apenas uma leve brisa como rastro. Vou precisar pensar em algo urgente.”, pensou o samurai, preocupado.

Ela atacou Uji com uma velocidade impressionante, acertando seu ombro. Uji, surpreso, mal teve tempo de reagir.

— O que achou? Gostou da pequena amostra do que posso fazer com você, samurai? Imagine quando eu acertar o seu coração. Hahaha. — provocou Tylla, sacudindo a rapieira suja com o sangue do samurai para limpá-la.

— Não se preocupe, Capitã. Não precisa de outra estocada para atingir o meu coração, basta utilizar sua velocidade com outros objetivos — retrucou Uji com um tom debochado, lançando um beijo no ar para sua inimiga.

Tylla franziu a testa, claramente irritada com o flerte descarado, e gritou, irritada:

— Guarde suas palavras insípidas para outros tipos de mulheres, samurai.

O samurai, com um sorriso indiferente, respondeu calmamente:

— É verdade, Capitã. Não precisa insistir. Você tem que aprender a levar um fora. Mesmo sendo bonitinha, você não faz meu tipo.

— Seu maldito! Sou eu que não te quero. Você nunca teria chance com uma mulher com meus atributos — gritou Tylla, notavelmente irada.

— Desculpe, mas vou guardar minhas palavras para uma mulher que seja realmente charmosa e inteligente — retrucou o samurai com desdém.

— Pode deixar. Minha lâmina vai te mostrar todo o meu charme e inteligência

Tylla lançou outra estocada veloz, acertando o outro ombro do samurai. Porém, dessa vez, sem descansar, ela girou o pé e realizou mais uma estocada visando acertar as costas de Uji. Contudo, ele previu esse movimento.

Mesmo de costas, com sua katana imbuída de aura elétrica, ele deu um golpe como se fosse atingir o próprio corpo, mas desviou a trajetória da lâmina, fazendo-a passar por baixo do seu ombro. Ao fazer isso, a aura elétrica se expandiu para além da katana, e a Capitã viu a lâmina elétrica de Uji se aproximar de seu rosto. Ela cancelou a estocada e girou sua lâmina para se proteger do contra-ataque do samurai.

Ao finalizar seu movimento, Tylla retornou para o mesmo local após sua primeira estocada. Já o samurai fez uma careta descontente enquanto pensava: “Droga, ela desviou. Quero ver quanto tempo ela aguenta até começar a reduzir novamente sua velocidade.”

Uji brandiu sua katana e lançou outro Aokiji, mas Tylla pulou no tronco de uma árvore, esquivando-se da rajada elétrica horizontal. Logo após seus pés atingirem o chão, ela lançou outra estocada veloz, que acertou, dessa vez, a costela do samurai.

— Já estou cansada desta luta. Hora de morrer, samurai! — bradou a esgrimista ao lançar outra estocada veloz, com o intuito de acertar o coração de Uji.

Todavia, antes de ser atingido no coração, o samurai usou seu golpe rotacional, Hien. A magia de velocidade de Tylla novamente a fez capaz de bloquear o golpe, girando sua lâmina antes de ser atingida.

— Esse mesmo golpe não vai funcionar novamente contra mim. — disse a garota, trêmula e ofegante.

“Ela está tremendo e sua velocidade baixou! Quer dizer que os músculos dela estão no limite. Não posso deixar que ela se recupere e lance outro ataque naquela velocidade absurda.”, pensou o samurai.

Uji fez uma investida com sua espada em um corte diagonal da esquerda para a direita, com o intuito de não deixar que Tylla preparasse outro golpe em alta velocidade. A esgrimista bloqueou com sua espada. Uji continuou golpeando incessantemente a Capitã, que ia bloqueando todos os ataques, mesmo se sentindo acuada e cansada.

— O que foi? Cadê sua alta velocidade? Já dizia o velho ditado, quem logo corre, logo se cansa!

— Eu não preciso da minha magia de velocidade para desviar de seus golpes lentos e fracos. É só questão de tempo até eu acabar com você. Posso passar o dia lutando contra você.

Uji desferiu um golpe de espada de cima para baixo, e Tylla bloqueou-o com sua rapieira. Ambos ficaram ali, espadas pressionando uma contra a outra, medindo forças. Tylla começou a ganhar vantagem, empurrando o samurai para trás.

— Está vendo, samurai? Não preciso da minha magia para te derrotar. — exclamou a Capitã, exibindo um sorriso soberbo.

No entanto, sua confiança vacilou ao ver o sorriso malicioso de Uji. O samurai, ainda sorrindo, mirou sua mão esquerda em direção ao peito dela.

— Se você achou que aquele golpe que te dei quando Kreik fugia doeu, imagina esse. Hachikisu (Bico do Beija-flor)!

A mão de Uji começou a emanar uma aura elétrica, que se transformou em uma lâmina elétrica e avançou em direção ao peito de Tylla. A Capitã, rápida como um relâmpago, girou sua espada para desviar o golpe. A lâmina elétrica colidiu com a rapieira, desviando-se ligeiramente e atingindo seu ombro. Ela gritou de dor, mas manteve-se firme.

Aproveitando o momento, Uji tentou um golpe final em diagonal, mas Tylla usou sua magia de velocidade para escapar.

— Droga, errei — murmurou Uji, frustrado.

— Seu maldito, você percebeu meu ponto fraco. — Tylla estava ofegante, mas determinada. — Não importa, vou acabar com essa luta no próximo ataque. Goodspeed. Lunge of the 10 Knights (Estocada dos 10 Cavaleiros)!

A Capitã lançou dez estocadas em uma velocidade vertiginosa, cada uma um pouco mais lenta que a anterior. Uji tentou bloquear instintivamente, mas as estocadas o golpearam, entretanto, em pontos não letais: barriga, ombro direito, perna esquerda, antebraço esquerdo, costela, coxa posterior esquerda, ombro esquerdo, outra costela, coxa interior direita e costas.

Tylla, exausta, ajoelhou-se com a espada fincada no chão. Seus músculos ardiam de dor. Uji, por sua vez, estava coberto de cortes e sangrando profusamente, especialmente nos ferimentos da barriga e das costas.

— Eu te subestimei, samurai. Nunca pensei que alguém da sua laia me deixaria tão cansada. Mas, admito, para vencê-lo terei de ir além — disse Tylla, ofegante, enquanto se reerguia e tirava a espada do chão.

Mesmo exaurida, ela lançou outra estocada veloz em direção ao coração de Uji.

— Agora acabou, samurai! — gritou ela.

Antes de ser atingido, Uji olhou para sua espada e, em sua mente, viu a sombra de outro samurai que lhe falou:

— Não esqueça, Uji, enquanto você empunhar essa espada, eu estarei contigo. A partir de agora, você será o meu legado!

Com sangue escorrendo e ferido, Uji canalizou sua última força, emitindo uma aura elétrica em sua katana e lançou outro Hien. Quando o golpe colidiu com o de Tylla, a rapieira dela quebrou e a lâmina elétrica de Uji atingiu o peitoral da Capitã, fazendo-a cair no chão, inconsciente e sangrando.

Uji, tonto devido ao sangramento na barriga, respirou fundo e fincou sua katana no chão para se apoiar. Mas, inesperadamente, Tylla se levantou rapidamente e o acertou com um soco poderoso. Uji soltou a espada e recuou alguns passos.

— Pensou que eu tinha caído inconsciente, seu desgraçado? Só queria que baixasse a guarda. Agora, sem sua espada, você não é nada! — rosnou Tylla, desferindo mais alguns socos no samurai.

Ela sentia que seus músculos poderiam suportar um último golpe mágico em alta velocidade.

— Chegou a hora de morrer. Diga adeus a este mundo, samurai. Goodspeed Mercury Rush!

Mas então, uma expressão de surpresa tomou conta de seu rosto.

— O que foi isso? Por que não consigo me mover? Que bruxaria é essa que você fez? — perguntou, desesperada.

Uji, mesmo sangrando e lutando para se manter de pé, gargalhou.

— Hahaha. Torikago (Gaiola de Pássaros)! Você caiu na minha armadilha; agora não pode se mover.

— Como assim? O que você fez? — gritou Tylla, tentando se mover sem sucesso.

— Usei minha magia para acumular cargas elétricas na minha katana, gerando um campo de eletricidade estática.

— Eletricidade Estática? Que diabos é isso?

— Esse fenômeno ocorre quando há um desequilíbrio entre as cargas positivas e negativas em um corpo. Neste caso, como gerei uma carga estática no chão, criou-se um campo elétrico decorrente desse desequilíbrio. Dessa forma, os elétrons neste campo passaram a se mover de um lugar para outro, buscando equilíbrio. Portanto, o fluxo de elétrons vai buscar o caminho de menor resistência, que no caso…

— Sou eu, porque estou conectada ao solo — interrompeu a Capitã aflita.

— Exatamente, eu criei um campo de força estático ao seu redor, o que lhe impede de se mover.

— Impossível! Se isso fosse verdade, eu deveria ter ficado imobilizada assim que caí no chão — disse Tylla, cada vez mais nervosa e confusa.

— Embora os elétrons estivessem na lâmina fincada ao chão, esperei o momento certo para eles descerem pela espada e gerar o campo, porque quando você recobrou o poder mágico, a energia gerada pela sua magia potencializou o desequilíbrio elétrico e, consequentemente, a potência do meu campo, evitando que você conseguisse escapar, mesmo que usasse sua magia de velocidade.

— Impossível pensar em tudo isso tão rápido. Goodspeed… Maldição, não consigo me mexer! — Tylla lutava para se mover, mas não conseguia.

— Chega de conversa. Hora de acabar com essa luta antes que o campo estático se dissipe — disse Uji, avançando.

— Espere… Eu desisto. Prometo que deixo você e seus amigos em paz.

— Tarde demais. Uguisu Naki (Chilrear dos Rouxinóis)! — Uji declarou, fazendo suas mãos emitirem auras elétricas e as pressionando contra o peito de Tylla, que gritou ao sofrer uma descarga elétrica poderosa.

Tylla caiu no chão, inconsciente e sem reação. Uji, respirando pesadamente, pegou sua espada fincada no chão e se arrastou até uma árvore próxima, onde se sentou para descansar e tentar estancar seus ferimentos.

A cena final se encerra com Uji, exausto e ferido, buscando um momento de alívio enquanto observa Tylla caída. A batalha do samurai havia terminado, mas a conclusão da missão de contra-ataque estava longe de acabar.

 



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