Luvas de Ifrit Brasileira

Autor(a): JK Glove


Volume 1

Capítulo 13: Contra-ataque

O sol mal havia nascido quando uma explosão retumbante sacudiu o posto militar, quebrando o silêncio da madrugada. Soldados confusos e apreensivos correram para fora do prédio, apenas para serem recebidos por uma segunda explosão, seguida rapidamente por uma terceira. Uma série de detonações reverberou pelo local, e uma névoa azulada começou a se espalhar, envolvendo tudo ao seu redor.

Os soldados que inalavam essa névoa caíam desmaiados um a um, como se um feitiço invisível os atingisse. O Capitão Zanzo, percebendo o perigo iminente, saiu rapidamente para o exterior. Com movimentos precisos, ele esticou seu quimono, transformando-o em um chicote que girou pelo ar, dissipando a névoa azulada em seu caminho.

O Capitão observou atentamente as pétalas de flores marrons que flutuavam no ar e avistou Kreik, auxiliado por Uji, lançando bombas do alto de um penhasco próximo.

“Flores belladinas...”, pensou Zanzo, reconhecendo imediatamente o tipo das flores. Ele imediatamente compreendeu que as bombas eram feitas dessas flores, cujo propósito não era destruir, mas sim induzir um sono profundo nos soldados.

Dentro do posto militar, o Major corria pelos corredores, ouvindo relatos confusos de seus subordinados:

— Que diabos está acontecendo aqui? Quem está nos atacando? Alguém pode me dar uma simples explicação?

Um soldado, visivelmente tenso, respondeu:

— Senhor, alguém está lançando explosivos no prédio. Eles não têm grande poder destrutivo, mas estão criando uma névoa que faz os soldados desmaiarem. A maioria já está inconsciente.

— Tylla! Chamem a Capitã Tylla imediatamente!

A Capitã Tylla apareceu apressada, com uma expressão de preocupação:

— Major, me chamou?

— Capitã, encontre uma solução para essa névoa e faça com que meus soldados parem de cair como frutas de uma árvore.

— Senhor, como devo proceder?

O Capitão Zanzo, que havia retornado ao prédio, explicou:

— Aquele samurai loiro arruaceiro está preparando as bombas, e o moleque com as luvas está lançando-as. Se quisermos acabar com os explosivos, precisamos lidar com os responsáveis por lançá-los.

— Capitão Zanzo, como eles estão fazendo os soldados caírem inconscientes com essas bombas? O gás que estão liberando é letal? —Tylla, ainda confusa, perguntou.

— São explosivos à base de flores belladinas. Quando aquecidas, essas flores liberam um gás sonífero que faz qualquer um que o respire cair em um sono profundo. O moleque ruivo aquece as bombas com suas luvas e depois as lança, liberando o gás.

— Filho do Reich, sue maldito! Deveria tê-lo matado assim que assumi o comando deste posto militar avançado. Droga! — o Major, irritado, gritou enquanto socava a parede ao seu lado, quebrando-a com a força do impacto.

— Por que ninguém atirou nele ainda? — Tylla tentou manter a calma, mas a tensão era palpável, até que ela olhou para Zanzo e o inquiriu, tentando procurar um culpado. — Ou melhor, Capitão Zanzo, você viu os arruaceiros e não fez nada... Por que você não o atacou com seu quimono?

Zanzo balançou a cabeça, indicando a dificuldade da situação:

— O penhasco onde ele está é inacessível. Parece que eles pensaram em tudo. Apesar de serem uma guilda de nível “E”, não são amadores. Estranho...

O Major se virou para Tylla com uma expressão de determinação:

— Tylla, você é a mais rápida entre nós. Use sua magia de velocidade e acabe com aqueles dois. Tome cuidado desta vez. Bote na cabeça que provavelmente eles prepararam alguma armadilha, portanto, não os subestime. Não vou mais tolerar erros, Capitã!

— Entendido, Senhor! — respondeu Tylla, assentindo com a cabeça e engolindo a seco, sua face demonstrava seu medo diante das palavras do Major.

Ela correu para o pátio exterior e começou a se aquecer, alternando saltos nos pés e esticando os braços, seu medo das palavras do Major havia passado. Assim que se sentiu pronta para a ação, ela assumiu uma pose de corredora e invocou sua magia:

— Goodspeed. Mercury Rush!

Com a magia ativada, Tylla disparou em alta velocidade em direção ao penhasco, segurando a respiração para evitar os efeitos da névoa sonífera.

Enquanto isso, os poucos soldados restantes se refugiavam dentro do prédio, buscando proteção contra a névoa azulada. No meio do caos, dois deles corriam pelo interior da base, com um objetivo claro em mente. Eram Rydia e Joabe, disfarçados com os uniformes dos soldados adormecidos, prontos para libertar os reféns.

Minutos antes, enquanto trocavam de roupa, aproveitando as vestimentas de soldados desmaiados, Rydia havia repreendido Joabe:

— Você tá brincando comigo, Joabe? Como vai se disfarçar com essa máscara cobrindo nariz e boca? Tire logo essa merda da tua cara.

— Droga, Rydia! Para as pessoas do reino de Suna, não usar máscara é como estar nu. Ninguém pode ver meu rosto.

Rydia suspirou, frustrada:

— Se você usar essa máscara, vão saber imediatamente que somos infiltrados. Não vi nenhum soldado usando máscara neste posto. Esqueça isso, a missão é mais importante que os costumes estranhos do seu país.

Joabe bufou, mas acabou cedendo:

— Droga! Eu te odeio! Vou tirar e guardar no bolso, mas não importa o que aconteça, não olhe para o meu rosto, senão arranco seus olhos.

— Tudo bem, faça como quiser. — Rydia sorriu, um pouco aliviada. — Eu não vou olhar para sua “nudez labial”. — Ela complementou, zombando do amigo, fazendo sinal de aspas com as mãos.

De volta ao presente, a dupla corria pelos corredores, tentando passar despercebidos. Ao virarem uma esquina, passaram pelo Capitão Zanzo. O ombro de Joabe esbarrou no do Capitão, e ele seguiu em frente sem dizer uma palavra, mantendo a cabeça baixa para esconder o rosto. Rydia, nervosa, parou e, abaixando a cabeça, cumprimentou o Capitão:

— Desculpe a falta de educação do meu companheiro, Senhor Capitão. Isso não se repetirá.

Zanzo examinou Rydia de cima a baixo, seu olhar frio como gelo. O silêncio era opressor, e Rydia começou a suar frio, seu coração batendo acelerado. Ela pensou desesperadamente: “Droga, Joabe, esse cara vai descobrir nosso disfarce. Tudo isso por causa dessa sua máscara idiota.”

Joabe, agora um pouco à frente, percebeu a tensão crescente. Preparou-se para um possível confronto, mas o Capitão apenas pôs a mão no ombro de Rydia e, com um sorriso que não alcançava os olhos, disse:

— Tudo bem. O importante é acabar com esse ataque e eliminar aqueles arruaceiros. Conto com vocês para isso.

— Sim, Senhor — respondeu Rydia, aliviada.

Zanzo perguntou, ainda com um tom inquisitivo:

— A propósito, para onde estão indo?

— Recebemos ordens para escoltar e proteger os prisioneiros. O Major está preocupado que algum inimigo possa tentar resgatá-los — respondeu Rydia rapidamente.

O Capitão acenou com a cabeça, aparentemente convencido:

— Boa estratégia. Continuem o trabalho. — Zanzo ergueu o braço, apontando para a direção contrária para onde a dupla seguia se caminho. — Ah, outra coisa, vocês estão indo para a direção errada. A sala das celas fica para aquele lado. Na segunda sala à esquerda.

Rydia acenou com a cabeça em concordância, afastou-se do Capitão e se aproximou de Joabe. Ela deu um leve soco no ombro dele e sussurrou, sem olhar para o rosto do garoto:

— Você quase estragou tudo, seu idiota.

— O que importa é que deu certo.

A dupla correu em direção ao local indicado pelo Capitão, mas quando chegaram, encontraram um grande depósito. Rydia franziu o cenho, desconfiada.

— Onde aquele militar nos mandou? — perguntou Joabe.

Uma voz fria respondeu por trás deles:

— Para o túmulo de vocês.

Era o Capitão Zanzo. Ele havia os seguido e agora usava seu quimono como uma arma. As mangas do quimono se esticaram e se moveram rapidamente em direção a Rydia, mas Joabe, com reflexos rápidos, a empurrou para fora do caminho, salvando-a do golpe.

Rydia, levantando-se com a ajuda de Joabe, falou com seriedade:

— Subestimamos a astúcia dele. Esse homem é esperto. Tenha cuidado!

Zanzo, com um ar de superioridade, zombou:

— Vocês acharam que esse disfarce tosco me enganaria? Nem se deram ao trabalho de prestar continência ao seu superior. Amadores.

Rydia deu uma rápida e sútil olhada no ambiente ao redor, como se procurasse um ponto para tentar uma fuga, mas sem sucesso.

— Estava fácil demais para ser verdade — ela comentou, ciente de que não havia outra alternativa senão o confronto direto.

Joabe, ajustando sua máscara com um sorriso sádico, adicionou:

— Na verdade, eu agradeço ele ter percebido a farsa. Sair daqui sem lutar seria entediante. Mal posso esperar para ver esse almofadinha sangrar.

Enquanto isso, Mayumi corria em direção às celas dos prisioneiros. Chegando lá, abriu a cela de Gurren e disse com urgência:

— Sr. Gurren, Kreik e os amigos dessa garota estão atacando a base. Vamos aproveitar a confusão para garantir sua fuga. Não permitirei que uma pessoa inocente sofra pelos caprichos do Major — disse ela, determinada, enquanto ajudava o idoso a se levantar.

Antes que pudessem sair da cela, uma voz irreverente interrompeu:

— Ei, Moranguinho, não se esqueça de mim! — gritou Moara, com sua habitual irreverência.

— Moranguinho? — Mayumi virou-se, confusa. — De onde tirou isso? — perguntou, arqueando uma sobrancelha.

—Do seu cabelo rosa. Hahaha! — respondeu Moara, zombando da expressão surpresa da tenente.

— Isso é sem sentido. Meu cabelo é rosa e um morango é vermelho!

—Tem razão... — disse Moara, fingindo refletir. — Talvez cabelo de algodão-doce ou pluma de flamingo sejam mais adequados... Mas são nomes muito longos. Se bem, o morango quando se mistura com leite fica rosa... — Ela bateu o pé no chão e apontou o dedo indicador na direção da Tenente — Vai ser Moranguinho e pronto! Agora, pare de enrolar e me tire daqui também, Moranguinho. Ainda tenho que arrancar uns dentes da cara desse Major de araque! — contiuou ela, com um brilho de desafio nos olhos.

Mayumi manteve a compostura, respirando fundo antes de responder:

— Não confunda as coisas, sua debochada. Você é membro de uma guilda e, portanto, criminosa. Este homem é um civil comum, logo, não merece sofrer por um crime que não cometeu. Se quiser fugir, faça por conta própria ou peça ajuda aos seus amigos criminosos. — E, sem mais delongas, saiu da sala com o idoso.

— Ei, Moranguinho, volta aqui! Não me deixe sozinha. Droga! — protestou Moara, mas suas palavras foram ignoradas.

Moara continuava a protestar, mas suas palavras foram ignoradas. Quando Mayumi saiu da sala e chegou ao corredor principal, viu soldados à sua direita. Instintivamente, recuou alguns passos, posicionando-se defensivamente enquanto o idoso se escondia atrás dela.

— Ei, pessoal. Calma. Este homem é inocente. Vocês sabem disso. Não sejam cúmplices dos atos horrendos do Major. Cumpram a lei! — apelou ela, com a voz firme.

Antes que pudessem reagir, uma presença ameaçadora surgiu por trás dela. O Major Thorguen, acompanhado de mais soldados, falava com a voz grave e cheia de autoridade:

— Neste local, Tenente, eu sou a lei!

O coração de Mayumi disparou. Ela virou-se bruscamente e, segurando o idoso pela roupa, tentou puxá-lo na direção oposta. Mas Thorguen foi mais rápido.

Com um movimento ágil e brutal, desferiu um soco potente na lateral da cabeça de Mayumi, lançando-a contra a parede. A dor explodiu em seu crânio e, ao cair no chão, sentiu a bota pesada do Major esmagando sua perna fraturada. A dor era insuportável, e lágrimas brotaram em seus olhos.

—Tenente, já cansei de você. É hora de colocá-la em seu devido lugar. Você acredita estar acima dos outros, mas vou mostrar sua real insignificância — disse Thorguen, com um sorriso cruel.

Gurren, vendo a tenente em apuros, tentou atacar o Major, mas Thorguen o parou com uma joelhada precisa no estômago, deixando-o inconsciente em questão de segundos. A coragem de Mayumi emergiu, e, mesmo sentindo a dor lancinante, ela se ergueu com dificuldade.

— Thorguen, isso não acabou! Forja básica… — Antes que pudesse completar sua magia, Thorguen girou e desferiu um golpe nas suas costelas, quebrando-as e lançando-a contra a porta das celas dos prisioneiros.

A força do impacto foi tamanha que, ao bater com as costas na porta, esta se quebrou, e a garota rolou pelo chão até bater com o ombro na parede inferior da sala das celas, bem próximo ao local onde Moara estava presa.

— Matem essa traidora sem hesitar. Aquele que a matar será promovido a tenente em seu lugar — ordenou Thorguen, arrastando o idoso pelo colarinho em direção ao pátio exterior.

Moara, ainda presa, observou a cena com um sentimento de preocupação.

— Nossa, tudo isso foi só um soco daquele infeliz?! E agora, Moranguinho, vai me soltar ou prefere morrer? — provocou, sorrindo desdenhosamente.

— Cale a boca, sua arruaceira. Depois da Tenente, você será a próxima a ser executada — respondeu um dos soldados, apontando sua arma para ela.

— Cale a boca você, seu mequetrefe. Assim que a Moranguinho me soltar vou acabar com vocês — retrucou Moara, balançando o torso, buscando se libertar, embora continuasse algeamada com os braços para trás.

Mayumi, mesmo debilitada, levantou-se, reunindo suas últimas forças.

— Forja básica: Arco da Promessa!

A Tenente materializou um arco branco com detalhes dourados, que brilhava com uma luz suave. Ela apontou o arco para os soldados, seus olhos fixos e decididos.

 

 

— Moranguinho, acha que vai derrotar todos eles sozinha, sem ajuda e nesse estado? Está brincando? — zombou Moara, começando a ficar nervosa, já que um confronto ia iniciar e ela, incapacitada de utilizar magia, estava com medo de ser pega no fogo cruzado.

— Tenente, não nos subestime. Não é porque não nascemos com a habilidade de manipular magia que seremos derrotados. Temos um trunfo: armas rúnicas — disse um dos soldados, brandindo uma espingarda com runas gravadas.

Mayumi, ao ouvir isso, franziu o cenho. Armas rúnicas eram perigosas, elas são capazes de canalizar magia vindo de um mago ou de uma runa, permitindo, neste segundo caso, que até mesmo aqueles sem habilidades mágicas possam manifestar poderes mágicos, enquanto durar o poder da runa acoplada.

“Preciso tomar cuidado. Não sei nem que tipos de runas eles trouxeram. Não queria ter que fazer isso, mas não me resta outra alternativa. Perdoe-me, mamãe e papai, é por um bem maior”, pensou Mayumi, seus olhos analisando todas as possibilidades enquanto a tensão aumentava.

Sem hesitar, Mayumi mudou a direção do arco, apontando para Moara e disparou uma flecha. Moara não esperava a flecha e ficou nervosa, com medo de acertar sua barriga.

— Sua, idiota, espera eu me vi... — gritou, Moara, tentando se virar para a flecha atingir as algemas, ao invés dela.

Todavia, a flecha foi mais rápida, atravessando as barras de ferro, a barriga de Moara e, por fim, quebrando as algemas. Em resposta, os soldados dispararam balas imbuídas de chamas com suas armas rúnicas na direção da Tenente.



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