Lorde sem Olhos Brasileira

Autor(a): Sr. V


Volume 1

Capítulo XII: "Fumaça"

Aku e Torne foram acordados pelo som estridente de trombetas ao longe. Levantaram as presas, Aku parecia um pouco desorientado.

“O que está acontecendo?”

Finalmente avistou ao longe um grande navio que vinha em sua direção. O qual possuía velas vermelhas imponentes, com uma bandeira contendo um símbolo estranho do que pareciam dois dragões:

 “Navio no deserto? Pera, um navio em meio a areia?!”

Aku não podia acreditar no que via, achou ele que seus olhos o pregavam mais uma peça. Foi quando olhando para Torne o percebeu nenhum pouco surpreso, na verdade, parecia animado.

— Um navio?! Mas estamos em pleno deserto, como é possível?! — disse ele.

— Se ainda não viu nada amigo! — Respondeu Torne sorrindo.

Aku estava boquiaberto e impressionado com aquela situação, mal podia conter sua empolgação, parecia mais um garotinho em uma loja de brinquedos do que um herói escolhido. 

O navio logo os alcançou, ancorando e parando na frente deles. O soar das trombetas deram passagem a uma pergunta, uma voz rouca e assustadora que disse:

— Auto. Quem vem lá?! Sé identifiquem!

— Keith! Pare de palhaçada e desse logo a prancha. — disse Torne sem cerimônia.

De repente uma prancha desceu, várias criaturas assustadoras desceram em seguida por ela. Homens Tubarão, homens lagarto e alguns elfos negros, todos com expressões sinistras e cicatrizes pelo corpo. Sem contar as roupas clássicas de piratas e armas de tais, as quais fizeram os olhos de Aku brilhar.

Eles desciam se aproximando de Torne. Uma elfa negra por vez o vendo, abriu um sorriso e correu em sua direção o pegando em um abraço apertado.

— Capitão!! Nosso capitão está vivo!!

Mais algumas elfas e meia-humanas correram até ele o abraçando. Elas o abraçavam e o beijavam em suas bochechas, Aku por vez disse:

— É... Bem… Ei Torne, são seus amigos?

A presença de Aku enfim foi notada por eles, que rapidamente puxando suas espadas e mosquetes, o cercaram. Um dos homens tubarão, engatilhou sua arma na boca de Aku, o qual estremeceu.

Ele por vez disse o encarando nos olhos.

— O que temos aqui…? Um humano. Irei entregar suas entranhas ao único e verdadeiro deus, Nórs! Deus dos mares!!!

Já puxava o gatilho quando parou abruptamente. Todos estavam imóveis agora, alguns arrepiavam o cabelo enquanto tremiam, embora, todos demonstrasse o mesmo olhar assustado.

Um frio repentino na garganta, descendo e percorrendo suas entranhas, desespero tomando sua mente. Enfim, Torne se mostrou sendo o responsável por tal presença ameaçadora, ele emitia uma aura negra esmagadora.

— Se quiser ver Nórs mais cedo, então puxe o gatilho! Quem encostar um dedo em meu amigo, irá ver sua cabeça se separando de seu corpo.

Todos logo voltam a si enquanto a aura era dissipada. 

— Amigo? Amigo do capitão?!

— Se é amigo do capitão, é meu amigo também! Hahaha!! — disse o tubarão.

Retirando a arma da boca de Aku e a guardando em seu coldre. Os demais também guardaram suas armas e mudaram suas expressões rapidamente, parecendo mais amigáveis agora. 

Torne logo explica para seus companheiros a situação, as garotas abraçaram Aku o agradecendo e algumas até tentavam seduzi-lo, o qual ficou vermelho.

— E então o que achou da minha tripulação? — disse Torne o segurando no ombro.

— Seu desgraçado sortudo. Porque não me disse que tinha um harém?! 

— Hahaha!! Você é engraçado. Não pense bobagens de mim, está bem?

— Não prometo nada! Mas enfim… Você era o capitão então… Por que não estou surpreso com isso?

— Hehehe, pois é! Sabe qual o segredo para fugir de uma prisão? É ficar louco. Faça todos terem medo de você, só assim eles sempre vão te apontar a saída. Sabe, ninguém gosta de malucos insanos! — Abriu um sorrisinho pretensioso.

Quem é esse que virou amigo do nosso capitão? Quem é esse que pode fazer ele sorrir? Tenho que tomar cuidado, esse humano deve ser forte!” Esses eram os pensamentos de todos que encaravam Aku.

— Cadê ela?

— A vice-capitã está dormindo! Passou a noite tentando tirar a gente de em meio uma tempestade de areia.

— Entendo… É uma pena! Eu ia te apresentar a minha irmãzinha Aku. Sério que não quer vir com a gente?

— Eu tenho meus motivos. Embora estejamos nos separando hoje, sei que um dia nos veremos, eu sinto isso!

Era hora da despedida, Aku e Torne deram as mãos. Torne logo entrou no navio e antes de partir disse:

— Esse é o meu presente de despedida! — Jogou algo para ele. — Boa sorte em sua jornada, Aku, o desconhecido herói com capa de lobos!!

Aku agarrou o presente, era uma adaga em uma bainha feita a mão. Retirando-a da bainha, viu a lâmina negra que parecia brilhar com a luz, uma runa estava entalhada nela, um símbolo estranho mas bonito de seu modo.

— Vê se não morre!!! — Gritou Torne já distante. — Que as entidades te guie para um bom lugar!!!

E assim os dois se despedem, uma despedida preciosa para ambos. Os dois agora seguem caminhos diferentes, caminhos que seguiram separados, e que um dia se encontraram. 

Pois o destino é brincalhão e doente, ama fazer piadas ruins em momentos inoportunos e sombrios.

— Então você está vivo? Achei que finalmente iria virar a capitã, irmão-zinho.

— E eu achei que iria ganhar um genro. Foi acordar logo agora?

— Do que está falando?

— Corra até a proa, talvez dê de vê-lo ainda!

Ela correu, se aproximando da proa avistou Aku que ainda acenou em despedida. Ele não pode ver, mas deixará uma moça envergonhada quando seus olhos se cruzaram. A linda moça de cabelos longos e ruivos, olhos verdes e orelhas fofas de urso marrom, sorriu para ele.

***

Os sóis ainda estavam quentes, Aku cobre então seu rosto com sua capa, continuando sua jornada em meio ao deserto. 

De algum modo está feliz, pois fez um amigo tão diferente neste lugar. Mas também estava por algum motivo impaciente, queria descobrir mais coisas desse mundo, queria conhecer mais lugares e viver ainda mais aventuras, saber de ainda mais histórias.

“Droga, estou sozinho novamente!”

“Pelo menos ganhei uma garrafa com água… e um saco com biscoitos.”

“Valeu mesmo Torne!! Espero me encontrar um dia com você novamente.”

Parou por um momento, já podia avistar bem adiante uma enorme floresta. Sem demora apressou seu passo rumo a o que quer que o esperasse naquele lugar. Já anoitecia quando enfim chegou, respirando fundo sentiu o cheiro suave das folhas, grama e fumaça.

— Fumaça? — disse ele olhando mais adiante.

Aku ficou apreensivo, mas tomando coragem caminhou adentrando o lugar. Quanto mais ele andava, mais se sentia o cheiro da fumaça no ar, até que ele podia notá-la. 

“Estou com um mal pressentimento.”

De longe avistou um brilho estranho em meio às árvores.

— Socorrooo!!

Escutou alguns pedidos de ajuda. Sem pensar muito, correu, a luz ficava cada vez mais forte e a fumaça se tornava mais presente. O clima começou a abafar, e já podia escutar melhor os gritos e a grande correria mais a frente.

E saindo ele de em maio as árvores, se deparou com um vilarejo que por sua vez, as casas estavam em chamas.

Havia meio-humanos e seres humanóides como goblins, homens lagartos, minotauros, gnomos, anões e draconatos os e que corriam para apagar as chamas que consumiam tudo. 

Aku então notou os corpos ao chão, em meio as pessoas que corriam por suas vidas. Alguns caídos ainda vivos ao chão, eram esmagados por aqueles que corriam sem olhar para baixo, estavam muito assustados para notar os demais.

— GARRRRR!!!

Um ser enorme e assustador apareceu, era um Troll grotesco. Grande e forte, com olhos amarelos e pele verde, vestido com uma saia de pele de urso, usando algumas placas de metal pelo corpo, como uma armadura improvisada.

A criatura pulou para cima de um minotauro o esmagando contra o chão, pisando nele com uma força absurda e brutalidade.

Outros como ele apareciam de todos os lados, todos bem armados com armas improvisadas feitas a mão. Alguns homens lagartos brandião suas espadas contra eles, gritando em fúria.

Um dos trolls por vez, com uma clava de madeira esmagou dois inimigos ao mesmo tempo. Mas foi pego de surpresa por um meio-humano que fincou sua espada, atravessando sua cintura.

— Argh!! Seu verme!

Disse enquanto agarrou o rapaz, que ainda lutou por sua vida, mas foi dividindo ao meio ali mesmo. O Troll se banhando de sangue e vísceras gritou, essa cena brutal fez Aku recuar, seus olhos estavam cheios de medo e suas pernas tremiam.

Aku então avistou um deles que estava montado em um leão vermelho, este por vez tocou uma trombeta de chifres, o sinal de retirada. Onde todos os Trolls partiam satisfeitos, pois seu ataque foi efetivo, levavam sacos com moedas e alguns itens, além de capturarem alguns moradores.

A vila estava um caos, fogo, morte e destruição. Aku encarava tudo aquilo em choque, estava diante de seu primeiro desafio, e não sabia o que fazer, seu corpo apenas não o respondia.

Foi quando avistou uma garotinha coberta por um pano, a qual gritava por sua mãe. Uma casa que pegava fogo desabava aos poucos, bem atrás dela, os escombros caíram em sua direção.

Aku vendo aquilo teve seu corpo tomado por um pico de adrenalina repentino, quando voltou a si, estava com a criança goblin nos braços e corria de em meio os destroços que caiam logo atrás deles.

O pavor que havia sentido antes, simplesmente não sentia mais. Ainda estava apavorado, mas seu corpo se movia por conta própria agora.

— Tá tudo bem fofinha… Vai dar tudo certo! Eu cheguei para ajudar.

— Glinka! Glinka!! — gritou a mãe correndo até sua filha.

Aku entrega a criança para a mãe, que agradecia sem parar. Ela chorava e abraçava sua filha bem feliz, Aku vendo isso se sentiu melhor.

— Não precisa disso tudo senhora! Vá, saia daqui o mais rápido possível. Avise aos outros que devem ir a um lugar seguro! Vão logo!! Vão! Vão!

Ela saiu às pressas com a criança em seus braços, Aku virando as costas adentrou ainda mais a pequena vila. Ele estava com sua capa, a qual ajudava a esconder um pouco de seu rosto, por algum motivo não sentia tanto calor, embora estivesse próximo às chamas.

Um grupo tentava convencer uma mulher a fugir, mas ela de joelhos chorava muito enquanto repetia o nome de alguém.

— O que está acontecendo?! Por que ainda estão aqui?! — disse Aku se aproximando.

— Meu bebê está lá dentro!! Meu bebê! Ela havia acabado de nascer!! Alguém ajuda ela… Por favor, ajudem meu bebê!!! — disse derramando ainda mais lágrimas.

— Ei! O que pensa que está fazendo?!

Ela então pode ver, o rapaz com um capa esquisita que correu em direção às chamas, não demorando para adentrar a casa sem sequer hesitar. 

“Merda! Por que sempre dou uma de herói nessas horas?! Qual o meu problema?!”

“Estou com tanto medo. Mas por que meu corpo está se movendo sozinho? Ele não está assustado também?!”

Dentro da casa, estava cercado por chamas. Mesmo assim continuou, subiu as escadas seguindo o som do choro do bebê, entrando em um quarto, lá estava o recém nascido em um berço. 

Aku o pegou, enrolando-o em lençóis e cobrindo ambos com sua capa, saindo às pressas do quarto. Tudo desmoronava em chamas logo atrás deles, o que fazia ele correr contra o tempo. 

Chegando às escadas já a descia, quando ela desmoronou aos seus pés, sem tempo de pensar pulou atravessando a muralha de chamas que surgiu em sua frente. 

— Ahhhh!!

Caiu ele em pé, sentindo uma dor insuportável subir de seus pés até seus joelhos. Mas não podia parar, se obrigou a continuar, os escombros caíram em sua frente, e logo atrás dele a parede de chamas surgiu. 

Estava agora cercado pelo fogo, procurava uma saída, mas não via um caminho de fuga.

— Merda. Por onde agora?! Não tem saída!

Um som repentino o fez olhar para cima enquanto alguns escombros caíram. Aku por vez se encolhe no chão protegendo a criança com seu corpo, se preparando para dar sua vida novamente se fosse preciso.

Continua…



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