Lana – Uma Aventura de Fantasia Medieval Brasileira

Autor(a): Breno Dornelles Lima

Revisão: Matheus Esteves


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 29: A sala de armas

Enquanto a família real festejava o retorno do príncipe Rafael, Edmundo que também era conhecido como o sagaz passeava por áreas menos nobres do castelo em um edifício ao lado da grande torre, ele adentrou por longos corredores escuros que eram precariamente iluminados por algumas lamparinas.

Ao termino de uma escadaria Edmundo abriu a porta de madeira que se encontrava a sua frente. Ele entrou, aguçou a visão e correu os olhos pelo local. Era a sala de armas. O enorme depósito do exército real era composto basicamente por grandes e largas espadas, machados de todos os tamanhos e formatos e uma infinidade de escudos. As armas estavam dispostas em suportes, todas alinhadas e limpas.

Havia um homem sentado numa cadeira e na mesa a sua frente uma enorme papelada. Era o inventário do depósito. O oficial numa guerra particular contra o sono se esforçava em registrar item a item naquela infinidade de objetos daquele depósito.

Edmundo parou na frente do homem por alguns segundos, esperava que sua presença ali fosse o suficiente para tomar a atenção daquele que em momento algum desviou o olhar. Por um breve momento ele se indignou, este então pigarreou e lançou o olhar ao teto dissimulando naturalidade.

O homem sequer moveu a cabeça, apenas lançou um olhar desinteressado e então voltou a sua atenção ao inventário.

Irritado Edmundo estufou o peito, mas antes que reclamação alguma fosse feita, o homem respondeu:

— O que quer? Não vê que estou ocupado, ou vai ficar o dia inteiro aí plantado na minha frente? Tenho certeza que há vistas melhores.

Edmundo apenas concordou:

— Certamente há. Sabe do armeiro?

O homem deitou a pena na mesa, respirou profundamente e lançou um olhar ao redor da sala.

— Não está aqui, tem minha palavra — respondeu o homem retornando ao trabalho.

— Ora…

— Ele costuma ficar na forja — continuou o sujeito.

— Isto eu também sei.

— Para o homem de confiança do supremo você anda devagar demais. Por acaso você não é o sagaz, o habilidoso, aquele que decide e resolve? Seu julgamento anda prejudicado.

— Isso já é um insulto! — disse Edmundo jogando o florete na mesa em cima da papelada do homem.

Os dois então se encararam.

— Estou ocupado, não tem ninguém aqui além de mim! Não me faça perder a conta! — disse o homem exaltado.

— Só quero saber do velho armeiro! Preciso lhe entregar uma encomenda urgente!

— Ele não está!

— Então onde posso encontrá-lo?

— Aposentado! Foi para o Porto Arpoador!

— O quê? Quando foi isso? — perguntou Edmundo surpreso com a notícia.

— Mês passado, ou retrasado, não sei.

— E sabe se ele volta?

— Como eu vou saber? Sabe muito bem que ele responde diretamente ao supremo. Já terminou?

Edmundo pegou o florete novamente não sem antes de espalhar a pilha de papel do homem pelo chão da sala.

— Sim, agora eu terminei.

Enquanto subia as escadas Edmundo começou a sorrir ao ouvir os gritos nada elogiosos que ele ouvia vir da sala de armas.



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