Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 99: Medidas Drásticas

Parado no meio da rua, San observava a limusine partir na rua, entrando no meio de outros veículos e sumindo. Mesmo depois de minutos após sumir da sua vista, manteve o olhar.

“Ele tá aqui, veio ver o meu progresso ou tem negócios na cidade? Me disseram que a influência do Eugene por aqui é pequena, os seus negócios deveriam durar alguns dias, não semanas.” Nervoso, os pensamentos de San corriam soltos, deliberando.

Batendo o pé compulsivamente, roía as unhas. Conhecia Eugene por anos, trabalhou desde a sua infância e depois parou, ainda assim, sempre via o seu chefe devido à dívida enorme acumulada.

Por causa de todos esses anos o encontrando de frente e sempre trocando algumas palavras, até as de desagrado, conseguia reconhecer bem o estado dele, e era raivoso.

Poderia esconder bem por trás dos sorrisos, piadas de mau gosto. Contudo, San via a centelha de raiva nos seus olhos, a impaciência. “Meu tempo tá acabando, tenho que roubar rápido aquela esfera.”

Soltando um rosnado de raiva, virou as costas e caminhou apressado na calçada, atropelando pessoas e ignorando os insultos na sua direção. Esse encontro motivou os planos de San a apressarem, e nisso seria obrigado a adotar medidas drásticas.

A primeira foi absorver o poder de eletricidade. O problema foi o resultado de depois disso, podendo ser doloroso ou causar danos. O próprio Sacro o alertou de esperar estar recuperado, isso já era sinal suficiente.

Porém, há uns dias atrás teve uma ideia meio maluca, dolorosa e arriscada. Se desse certo, resolveria dois problemas, errado, poderia chamar atenção demais.

Balançando a cabeça violentamente, tirava a hesitação, os olhos afiados, determinados a pôr em prática esse plano idiota.

Demorou um tempo a voltar a academia Anastasia, os táxis ficaram mais caros, o perigo de um assassino perambular as ruas aumentando seus preços, e ainda que tivesse uma boa quantia de grana, só de encontrar Eugene os seus instintos de pão duro voltaram, preferindo ir a pé.

A poucos passos dos portões da academia, desacelerou a velocidade e ajeitou as costas, acalmando a respiração e relaxando o corpo. Ultrapassando os guardas, acenou tranquilamente, fingindo o humor de algumas horas antes.

O campus continuava na maior parte vazio, alguns alunos tendo até feito férias adiantadas. No entanto, tem umas certas áreas que, independente dos rumores e das notícias, permanecia repleto de gente.

Com a localização na sua mente, usou da sua memória para se orientar, ignorando os prédios das aulas ou os olhares dos mutantes escondidos o observando.

San raramente pensava neles, eram os caras que cuidavam se havia problemas no campus, supervisionando brigas de alunos, idas a lugares proibidos.

O certo seria estarem completamente escondidos, incapaz de mutantes os notarem, entretanto, os sentidos de caçar mutantes tava sempre ativo, sabia deles.

Nesse período na academia, só ignorava, mas agora, observado e sob pressão, teve uma pequena ideia. “Eu poderia ir a um lugar proibido a alunos, atraindo somente um desses, e como eles acham que não sei onde estão, daria pra desferir um ataque, roubando esse poder, seria útil no roubo.”

Franzindo as sobrancelhas, dispersou esses pensamentos à força, negando ter novamente essas ideias, sabendo ser errado, nunca matava gente inocente, só os criminosos.

A pressão de completar o trabalho só piorava seu estado mental, o levando a tomar medidas desesperadas, e pra piorar, só de ter a ideia de matar o vigilante nas sombras, a pulseira no seu pulso começou a tremer, querendo ser usada.

Passando perto de uma parede, bateu o pulso da pulseira, repetindo o gesto, mesmo sabendo ser inútil, a resistência dessa coisa aguentava raios, uma pancada dessas nem arranhão ia deixar.

Em poucos minutos, parou na frente de um prédio grande, um ginásio, as janelas lá no alto abertas, e uma porta de metal amarela de empurrar.

Entrando no ginásio, viu inúmeros alunos treinando, seja seus corpos ou habilidades. O lugar era grande, facilmente suportando o treinamento individual de cada um, obviamente precisando de uma certa ordem para restringir o espaço.

Seus olhos correram entre os alunos. Conhecia uma boa parte deles, e melhor ainda os seus poderes. Participavam das aulas do clube de controle de essência, o dando a chance de orientar e aprender.

Nisso, viu Liz e Jason em um canto, treinando combate livremente, liberando suas capacidades físicas de vampiros. Tinha vários vampiros na academia, e outras espécies, seja de meio animais a dríades.

Mas os dois irmãos gostavam de treinar somente os dois, acostumados desde a infância. San teorizava do seu estilo de combate ser um da grande família, e sabia serem proibidos de compartilhar.

Só de pensar em um estilo de combate dos grandes, abria um sorriso, lembrando do seu próprio ao roubar e estudar o livro na sua cidade natal. A dança da serpente sempre o ajudou, orientando nos melhores ataques vitais.

Infelizmente, depois de treinar por meses, dominar as técnicas e golpes, só se manteve assim, incapaz de prosseguir. Afinal de contas, só conseguiu a técnica devido à bastarda da família serpentum, Sonea, deixar em um cofre, e ele ter a sorte de descobrir a senha.

Tirando os pensamentos irritantes da cabeça, os ignorou, procurando um alvo bom. Em silêncio, observava, recebendo acenos constantes, e os retribuindo sorrindo animado.

Demorando um pouco, via Liz o olhando curiosa. Era irritante a marca no seu corpo dar a habilidade pra ela sentir a sua localização, teria de dar um jeito nisso.

Continuando, finalmente encontrou um alvo perfeito. Max, socando incansavelmente um saco de areia melhorado, feito para suportar a força de um mutante.

O jovem tava nessa a um bom tempo, o suor sendo mínimo e os seus golpes sempre violentamente fortes, como se um inimigo estivesse na sua frente, ouve horas que ele até tentou morder.

Na viagem à base militar, ele ficou na linha de frente, impedindo de monstro chegarem perto do acampamento, e dizem que ele superou até os militares acostumados, destroçando seus alvos.

Desde o dia em que San conheceu Max, ouvia rumores da sua violência, a sua primeira aula de matar monstros tendo o devorado. E só pra causar mais medo, seus poderes são desconhecidos.

O pouco que sabem é: garras afiadas, corpo aprimorado e dentes duros. Devido a sua violência sem controle, atraiu o desagrado de muitos alunos, o evitando e de ir perto.

Por algum motivo, esse jovem gostou de San, provavelmente por no primeiro dia de matar monstros, estourou a cabeça do seu oponente. “Em certo sentido, somos parecidos.”

Respirando fundo, andou a passos calmos até o amigo, nunca demonstrando a dor dos ferimentos no corpo inteiro, um sorrindo sendo exibido.

Parando no seu lado, os olhos brilhantes e afiados do mutante o viram, se animando, cessando seus golpes.

— San! Faz tempo cara.

Retribuindo a alegria, sorria bem grande.

— Verdade, tava resolvendo uns problemas. O que tem feito?

— Ah, o normal. Pegando missões dos mercenários, entrando em grupos legais, comendo bastante. Uns dias atrás até entrei em um ninho, bem legal.

Soltando uma risada forçada, perguntou:

— Sabe, a gente deveria ir em uma missão juntos, seria divertido.

Um sorriso animalesco surgiu no rosto de Max, seus cabelos curtos arrepiaram.

— Sim! Na verdade, tenho uma missão pra ir depois de amanhã, quer vir?

Fingindo pensar, pôs o dedo no queixo, seus olhos vagando e notando os olhares na sua direção. “Perfeito.”

— Ia ser divertido, só tem um problema. Eu desconheço a sua força, nunca nem te vi em uma luta, e é complicado para eu confiar em pessoas nas missões.

Chutando o chão irritado, pensou brevemente e a sua animação voltou.

— Já sei, vamos lutar. Conhecemos as habilidades de ambos, assim podemos ir em uma missão.

“Isso! Finalmente me chamou pra lutar.” Simplesmente chegar nele e pedir ia ser estranho, atraindo certas suspeitas. Porém, o viciado em lutas sugerindo isso é normal.

— Perfeito, quer agora?

Acenando em confirmação, perguntou:

— Quer usar só o corpo a corpo ou poderes?

— Os dois.

Concordando, caminharam até o meio do ginásio e pararam, a longos passos de distância. Os alunos treinando ao redor abriram espaço. Não era regra fazer isso, só uma formalidade, animados de ver lutas entre alunos.

Tendo uma plateia os observando, San os via e acenava, e chegando em Jason, seu olhar era de dúvida e medo, achando que o amigo enlouqueceu. Liz, semicerrava os olhos, irritada, balançando a cabeça em negativa.

De mãos livres, entraram em posição de combate, a essência nos seus corpos circulando apresados, prontos para liberar.

Max era um predador, e um atacante nato. Tendo começado a luta, correu à frente, as mãos abertas, as unhas dos dedos crescendo assustadoramente, ficando tão afiadas quanto lâminas.

Mantendo a calma, deveria agir feito uma luta de verdade, San levaria a sério. Em poucos instantes seu colega estava na sua frente, as garras a centímetros do seu pescoço.

Girando o corpo, desviou por pouco, desferindo um soco acertando no seu rosto, afastando levemente. Levemente surpreso, continuou a lutar, suas garras descendo.

Interceptando o braço, deu um soco no peito dele, impedindo de acertar. Abrindo a palma da mão, ativou poder e disparou, o jogando longe.

Arremessado, rolou no tatame até parar. Mal demonstrando dor, Max voltou a ficar de pé, sua presença mudando levemente. Os músculos da camisa inchando e um rosnado baixo na sua garganta.

De quatro, correu com tudo, a velocidade dobrada. Dando um pulo, se arremessou em San, o derrubando forte. Suas garras caíram, acertando em cheio o peito do alvo.

Uma dor enorme o atingiu, o ar sumiu dos pulmões e por instinto quase ativou a telecinese o forçando a voar, mas se conteve. Vendo as garras voltarem a cair, estendeu a mão livre a milímetros no pescoço de Max.

Uma luz azul começou a brilhar, e pressentindo o perigo, pulou para longe. Fraco devido ao combate da semana passada, ferido, e os golpes no peito, só piorava a sua situação, sentia a consciência querendo sumir.

Resistindo, forçou a sua consciência a permanecer. Ainda recuperando sua condição e sabendo que Max iria se aproximar, tentou uma coisa nova.

Abrindo as duas mãos, apontou os dedos ao oponente. Vendo o rosto surpreso dele, só melhorou seu humor. Reunindo a essência, três balas de energia surgiram nos dedos direitos, indicador, dedo do meio e dedão, imitando uma arma.

Max sabia o perigo desses tiros, e já começou a mover seu corpo. San disparou, os tiros voando a uma incrível velocidade, suas direções sendo diferentes de cada um.

Eram bastantes, no entanto, os sentidos de Max eram bons, poderia dar um jeito. O problema, foi os dedos da mão esquerda brilharem segundos depois, disparando.

Seis esferas de pura energia azul voaram na sua direção. Usando tudo de si, o seu colega tentou ao máximo desviar.

Esticando sua pele e ossos a níveis impressionantes, se contorcia, mas quatro o acertaram, debilitando temporariamente. Desde a sua volta da base militar e relato do Sacro, San treinou bastante, determinado a melhorar.

Atirar por mais de um dedo foi um dos seus focos. Conseguiu parcialmente, ainda longe da capacidade da máscara. A custo de disparar mais, sacrificou o controle sob eles, incapaz de mover no ar, isso até aprender.

Nessa luta, o consumo de essência foi aceitável, tendo um bom estoque, sendo capaz de aguentar. Tendo furos na sua roupa e fumaça saindo, Max sorria na dor.

A animação era enorme, e só seguiu seus instintos, rasgando a camisa, revelando seu peito grande, a parte de cima treinado, os olhos brilhando em amarelo. “Eu tenho certeza de ele ser menor a uns minutos atrás, e por que eu não consegui copiar seu poder?”

Max pisava fortemente, as mãos abaixadas e os dentes crescendo na sua boca. A poucos passos, San dispersou os pensamentos, ergueu a mão, em pose de luta, surpreendendo o oponente. Num sorriso, escolheu entrar no jogo.

Atacando primeiro, usou todo o seu conhecimento e habilidade da dança da serpente, mirando direto nos pontos vitais do Max. O mutante lutava de frente, desviando e revidando sem medo.

A luta prosseguiu em um ritmo acelerado, contudo, o forte de Max era o combate corpo a corpo, e suas garras rasgavam a cada poucos golpes a pele de San, respingando sangue.

Independente da dor e vontade de desmaiar, continuou a bater de frente, vendo a luz nos olhos de Max só crescer, queria mais, terminar a luta, ver San de peito aberto.

Seus golpes pioraram, indo mais fundo, e San só enfraquecia. Por um momento, a pulseira tão preta quanto obsidiana no seu pulso tremeu, e sussurros distantes soaram nos seus ouvidos, suplicando ser usada.

Nessa hora, Max viu a pulseira, arregalando os olhos. Antes de ter tempos de qualquer coisa, um novo par de mãos surgiu na frente de San, impedindo das garras o acertarem.

Jason, recebendo de frente o golpe, teve as mãos cortadas, abrindo um ferimento. Imediatamente Liz surgiu, uma espada de sangue nas mãos brandindo em direção a Max.

Pressentindo o perigo, recuou por pouco, mas Liz ainda atacou, criando um ferimento na sua barriga. Tendo a luta interrompida, os alunos nem sabiam a reação para ter.

Sequer tendo tempo de pensar, San caiu, desmaiando, e uma poça de sangue escorrendo do seu corpo. Ainda assim, sorria, pois o seu plano deu certo.



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