Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 98: Uma Visita do Seu Chefe

Em uma posição de meditação, San mantinha os olhos fechados, a essência dentro do seu corpo percorrendo o seu ser inteiro, energizando as veias.

Permanecendo assim por um longo tempo, sua respiração era controlada, e, novamente, mandou sua energia ao braço, usando o caminho ensinado e tendo o modificado levemente.

Demorando alguns segundos, sentiu seu braço mudando, como se ficasse mais forte, melhor. Controlando, abriu os olhos, encarando o membro.

Do lado de fora, zero de diferença, dentro, a essência circulando constantemente, rondando e potenciando a força. Suprimindo a alegria, ficou de pé, a sua concentração ininterrupta.

Virando a parede, impulsionou o punho, arremessando fortemente. Acertando, um som forte ecoou, mas nada de quebrar ou sobrar marcas.

Segurando sua mão, San respirava pesado. Independente dos seus ossos serem tão duros quanto ferro, a dor ainda ocorria. Demorando um pouco, pensou: “Dispersei a energia faltando pouco para acertar. Tenho que consertar isso.”

Esticando o membro, decidiu adiar o treinamento por enquanto. Na última semana, só isso ele focava, fazer a sua essência aumentar a força do seu corpo.

Depois de repetidas tentativas e algumas modificações, pegou o jeito, ativando no seu membro. Porém, faltava usar de verdade em uma luta, e isso ainda demoraria um pouco.

Espreguiçando, tomava cuidado, querendo evitar abrir os ferimentos. Desde a sua luta com Francis, evitou de ir aos médicos da academia, preocupado de suspeitarem, deixando curar sozinho, permitindo dos machucados ficar.

O bom nisso era só ter de se preocupar com a pele cicatrizar, e acontecia em um ritmo rápido. Quando diminuísse o suficiente para ninguém suspeitar, iria ao hospital do campus procurar ajuda.

Parado no meio da sala do seu apartamento, deliberava, considerando absorver o novo poder. Na noite do assassinato, conseguiu dominar o poder da névoa lutando enquanto sabia a localização de tanta gente ao mesmo tempo.

Seu próximo poder era óbvio: Controle de eletricidade. Só hesitava devido aos ferimentos, preocupado de algo ruim acontecer, e preferia evitar riscos desnecessários, afinal de contas, os dias tavam tranquilos, tinha tempo.

Comendo uma comida simples, trancou seu apartamento e andou pelas ruas dos bairros pobres, completamente despreocupado de usar o uniforme caro da academia.

Claro, o motivo da sua despreocupação era além de ser capaz de derrotar qualquer morador de rua ou ladrão querendo suas coisas. Enquanto andava nas ruas, estavam calmas, nada de ladrões, drogados nos cantos ou por aí.

Isso alegrou bastante San, gostando desse bairro atualizado. O porquê de estar tão calmo: a notícia que se espalhou feito um incêndio em grama seca.

Um assassino anda nas ruas dos bairros pobres, atrás de mutantes ruins, os eliminando na calada da noite, trazendo consigo um assobio de gelar os ossos, e se não achasse ninguém, pegaria um ladrão na rua.

Variações desse rumor cresceram bastante, e fora dos bairros pobres também. Todos dessa cidade enorme sabiam de um assassino em série perambulando, despreocupado de ser visto.

Chamando um táxi, entrou e foi direto a academia, sorrindo calmamente. Sabiam que oficialmente o diabo que ri estava na cidade, realizando suas atividades extracurriculares. Contudo, pouco se importava.

Parando na frente dos portões, acenou aos guardas montando guarda e entrou. Passando os olhos nos alunos, notou o pequeno número deles no campus.

Contendo seu sorriso, ainda lembrava do dia seguinte ao ter matado Francis. Muita gente o gravou, e os canais de notícia pegaram e postaram. Foi por pouco tempo, logo o governo bloqueou.

No entanto, muito já tinham visto, e uma academia repleta de mutantes arrogantes, aterrorizou vários, ficando dentro dos seus dormitórios uma boa parte da semana.

Tinha que conter o riso ao ver essa gente se borrando, pois querendo ou não, estavam com medo por algum motivo, então fizeram algo de errado.

Subindo ao seu quarto, o amigo vampiro deitava de boas na sua cama, as cortinas do seu lado fechadas, e uma expressão de tédio no seu rosto.

Garmir igual, deitado na cama do parceiro, entediado de passar tanto tempo trancado, incapaz de caçar. Vendo o estado dos dois, San soltou um suspiro.

— Qual é, tá um dia lindo lá fora, deveriam aproveitar.

Murmurando, Jason disse:

— Meus pais me proibiram sair do campus, e fizeram Liz garantir isso.

Um pequeno rosnado veio de Garmir.

— Trancaram os portões da cidade, proíbem qualquer um de entrar ou sair, até os animais.

“É, a cidade tá realmente querendo pegar o diabo, o ruim pra eles é que pretendo ficar quieto por enquanto, me recuperar, fortalecer e melhorar.” Vendo o estado dos dois, San foi embora, indeciso do que fazer no seu dia lindo e de folga.

Pegar uma missão nos mercenários seria impossível considerando a sua condição, treinar só pioraria seus ferimentos ou revelaria, estudar era entediante. Caminhando nos corredores, entrou no elevador e subiu até o andar das garotas.

Escutando a música calmante, entrou no corredor dos dormitórios femininos, sendo a primeira vez a fazer isso. Não vendo muita diferença, deu de ombros e caminhou em frente.

De vez em quando algumas alunas passavam por ele, mal desferindo um olhar, na maioria das vezes sendo de curiosidade. A academia permitia os alunos irem nos dormitórios dos outros, inúmeros alunos já eram adultos.

Contudo, ainda atraia uma certa atenção. Ignorando esses olhares, bateu em uma porta, esperando pacientemente.

A porta foi aberta por uma garota da sua idade, a pele incrivelmente pálida, os cabelos curtos soltos e de cara feia. Liz nem demonstrou reação, sentindo onde San tava na maior parte do tempo.

— Por que tá aqui? — Perguntou levantando uma sobrancelha.

— To entediado, Jason quer dormir o dia inteiro e meus outros amigos tão ocupados estudando pras provas. Vamo faze alguma coisa.

A vampira o encarou, e por algum motivo desconhecido a San, ficou irritada.

— Obrigado por ser a sua última escolha, mas eu também tenho coisas a fazer. Até.

Antes de conseguir falar qualquer coisa, a porta fechou em uma batida forte. Estalando a língua, San deu um tapa leve na cabeça. “É, eu devia ter falado a verdade, que ela foi a primeira escolha. Ah, deixa pra próxima.”

Descendo o andar, no saguão, deu de cara com Kaleb, o nerd amigo de San, um mutante de poder relacionado às máquinas e tecnologia. Ele andava de cabeça baixa, focado no vídeo a frente.

Curioso, San ficou no lugar, e em segundos, Kaleb bateu de cabeça no seu peito. Assustado, pediu perguntas imediatamente, e levantando o rosto, viu amigo sorrindo, relaxou.

— Caraca, tomei um susto.

— Olha por onde anda. — Olhou ao redor, o pequeno número de gente ali. — Tá olhando o quê?

Kaleb hesitou previamente, entretanto tirou isso da cabeça e mostrou. Era na sua maioria um borrão, pixels na tela e o áudio sendo de gritos e vozes complicado de ouvir.

Notando o rosto confuso do amigo, Kaleb explicou:

— Esse é o vídeo do diabo que ri, foi postado e ocultado pelo governo. Eu e um grupo tamo tentando decifrar, revelar a verdade.

Erguendo as sobrancelhas surpreso, San sabia do amigo ser inteligente, mas superar o programa do governo foi uma surpresa.

— E como tá indo?

Desviando o olhar, Kaleb escondeu a vergonha, coçando a bochecha.

— Tá complicado, pegamos somente uns áudios confusos. Teorizamos ser a voz do diabo, porém, é estranha, distorcida e ruim de ouvir. Ainda deve faltar arrumar.

“A meu amigo, deve tá certinho, essa parte vocês já passaram, foquem na imagem.” Sabendo que dar essa dica ia ser suspeito, ficou quieto, sorrindo.

— Boa sorte pra ti.

Agradecendo, voltou o foco em decifrar a verdade, movido pela curiosidade de um segredo do governo, principalmente depois de ter trabalhado no banco de dados da base militar na viagem da academia.

Sem nada a fazer, San caminhou na cidade, apreciando as vitrines, comprando umas bugigangas, presentes pras Emma e Emile, esse tipo de coisa.

Floki ainda demoraria um pouco para assumir o controle dos negócios, obviamente teria mais traficantes na cidade, e teria de firmar o seu poder antes de crescer.

Caminhando tranquilamente, as ruas sempre repletas diminuiu consideravelmente. “Interessante, isso me lembra na minha antiga cidade. Só de saberem que o devorador de almas tava lá, todos se esconderam, fechavam as lojas e ninguém saia nas ruas. O meu efeito foi menor.”

Comendo uma pipoca comprada na rua, de repente um carro parou do seu lado. Uma limusine grande, os vidros completamente escuros e bem perto dele.

Sentindo ter quatro mutantes dentro, circulou a essência no seu corpo, pronto para disparar qualquer uma das suas habilidades.

Lentamente, a janela abriu, revelando o interior luxuoso e o homem ali. Qualquer sentimento de luta dentro de San sumiu ao ver aquele rosto gordo infeliz.

Estava sério, usando um terno apertado no seu corpo grande, olhando irritado ao seu trabalhador. Eugene, o rei do crime de Veridian, a cidade natal de San, e o seu contratante de roubar a esfera capaz de energizar uma cidade inteira.

— Entra. — A sua voz controlada, forte.

Engolindo em seco, pensou: “Retiro o que disse, preferia meus dias chatos.” Jogando o saco de pipoca no lixo, abriu a porta e entrou, tendo o vislumbre do interior caro.

Bancos macios, detalhes na limusine, e mutantes o analisando friamente, suas mãos em armas, aguardando a ordem o seu chefe.

Eugene o encarava de cima a baixo, e ficando nessa por um minuto, sorriu, revelando o dente de ouro na boca.

— Está em boa forma garoto.

— Ah, eu tento, é a genética.

Abrindo um sorriso, o criminoso disse:

— Sim, a genética. Você puxou ao pai, e a sua irmã, ah, a cada dia que passa se parece mais com a mãe. Daqui a alguns anos talvez eu tente conversar com ela. O que acham homens, sou velho demais?

Um coral de vozes veio negando, somente um soldado careca permanecendo em silêncio, o braço direito de Eugene.

Sumindo o sorriso no rosto, San cerrava os punhos, escondendo a pulseira tremendo no seu pulso, e seus olhos mudaram de cor levemente, chamando a atenção de todos.

De repente, tão rápido que mal teve tempo de reagir, os homens pularam na sua direção, a velocidade assustadora e treinamento posto em prática.

Em segundos, uma faca tava no pescoço de San, na sua cabeça, uma arma apontada e o homem careca imóvel feito uma estátua.

A lâmina pressionava o seu pescoço, tirando sangue, e o homem responsável disso com o rosto sereno. San se considerava forte, sabia disso, do contrário, já estaria morto faz tempo.

No entanto, contra números tão grandes era demais, e ainda em um lugar apertado, limitando suas possibilidades, seja fugir ou usar habilidades, a maioria foi impossibilitada, e para piorar, só Eugene e o motorista eram normais, o resto mutante.

Engolindo em seco, manteve a boca fechada.

— Viu só garoto? Se eu digo que quero falar com a sua irmã, então, você só acena e concorda, entendeu?

A qualquer momento podendo ter a sua vida tirada, San ouviu aquela voz que ele tanto odiava, e falando aquelas palavras. Trincando o maxilar, respondeu:

— Pode até ser meu chefe, mas esquece a minha irmã.

Os homens perto dele até levantaram as sobrancelhas surpresos.

Em pouco tempo uma risada veio de Eugene, e mexendo a mão, dispersou os homens, ordenando a voltar aos seus lugares.

Eugene riu mais um pouco e disse:

— É isso aí que eu gosto, um cara sem medo da morte. Admito, fiquei com medo de ter amolecido, aqueles moleques mimados inúteis.

Limpando o sangue, San só respondeu:

— Isso eu posso garantir, continuo sendo eu, o mesmo desgraçado que espancou um cara no primeiro dia de aula só por me olhar feio.

Sorrindo, Eugene bateu palmas fracamente.

— Bom, muito bom. Vim para a cidade passar umas semanas, e queria saber do progresso da sua missão.

Abrindo os braços no estofado macio do banco, esclareceu:

— Encontrei a esfera. — falou simplesmente.

Os olhos do seu chefe brilharam de animação, lambendo os lábios, como se a esfera de Dyson fosse um prato de comida na sua frente.

— Ótimo, pegue.

— Eu queria, de verdade, mas to passando por uns probleminhas, sabe, seguranças em cada esquina, mutantes fortes e um sistema de segurança do mais complicado de passar.

Estalando a língua, o rei do crime tava irritado. Controlando seus sentimentos, balançou a cabeça.

— Quanto tempo acha que vai demorar?

— Complicado saber, tô dando um jeito de passar os seguranças.

Eugene o encarava, rangendo os dentes, ansioso.

— Espero que se lembre das duas garotas, vivendo em um apartamento bom e um trabalho decente. Posso acabar com tudo isso estalando os dedos.

San abandonou a pose relaxada e se inclinou à frente, atraindo a hostilidade dos seguranças. 

— Eu vou pegar essa maldita esfera e te entregar. Mas saiba de uma coisa, Eugene, toque num fio de cabelo delas, e nosso acordo acaba, e vou pessoalmente te pegar.

Os seguranças já tavam prontos pra partir, matar esse mutante ousado, porém, o chefe ergueu a mão os acalmando, e abrindo um sorriso.

— Esse é meu garoto, um assassino de sangue-frio, corajoso ao ponto de ameaçar um dos grandes. Lembre dessa raiva, ela te dá força, e vai precisar pro que vai vir.

Estacionando o carro, abriu a porta. San saiu, ficando parado no meio da calçada.

Eugene se despediu dando o seu endereço, caso San quisesse discutir algo.



Comentários