Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 96: Traficante Irritante

Chuva, uma forte e repleta de trovões, as poças d'água espalhadas nos buracos de ruas, o vento forte empurrando janelas e umidade no ar.

Encharcado da cabeça aos pés, San caminhava, passando os becos e mendigos tremendo. Seus cabelos jogados para trás, impedindo de grudar no seu rosto e atrapalhar a visão.

A armadura de metal, independente do clima, permanecia silenciosa, junto a cimitarra na sua cintura, embainhada e afiada. O manto escuro cobria suas armas, escondido da visão.

Parando na rua, analisava um prédio, dois andares e as janelas brilhando, a base do Francis. San deu a volta duas vezes, confirmando pontos de fuga e a segurança.

Nas portas, guardas armados cuidavam da entrada e saída, janelas reforçadas e revistas rigorosas. Entrar vestindo desse jeito seria impossível.

Para confirmar e querer completar o processo para dominar seu poder, San espalhou a névoa ao redor de prédio inteiro, somente na altura dos pés, atraindo um pouco de estranheza.

Os inúmeros pontos piscavam na sua cabeça, sabendo a localização de cada um, sendo um pouco complicado saber certo.

No entanto, descobriu uma passagem melhor. Nos fundos a seguranças era pior. Em um beco longo, dois homens fumavam protegidos da chuva, rindo e conversando, sua fonte de iluminação sendo uma lâmpada pequena no teto. San, aproveitando as sombras, aproximava lentamente, cuidando suas ações.

Nas costas de um, um raio iluminou o céu, revelando seu corpo ao homem da frente, arregalando os olhos e deixando o cigarro cair. Instantaneamente, a lâmpada explodiu, os deixando sem visão.

Rapidamente, San pulou a frente, agarrando o primeiro e o arrastando as sombras e apertando o pescoço, tirando seu ar. Coberto pela noite, o parceiro hesitou, olhando ao seu redor, tudo sendo tão rápido que mal teve tempo de reagir, cego pela noite e o medo dominando.

Desmaiando o primeiro, agiu rápido, receoso do cara fugir e avisar os companheiros. Se esgueirando, acertou a parte de trás do joelho dele, o derrubou no chão e tirando sua consciência.

Confirmando estar sozinho, arrastou ambos a uma viela e os deixou, jogando lixo em cima para os confundirem de mendigos. Abrindo a porta enferrujada, o som de trovões sumiu, substituído pela música alta.

Pessoas dançavam animadas, pulando a batidas fortes, ignorando completamente o visitante vestindo uma armadura.

Demorando, San deixou a porta levemente aberta, permitindo da sua névoa entrar, cobrindo as pernas do povo. Se espremendo no meio da multidão, era empurrado e mulheres iam na sua direção. Desviando da maioria, percebeu marcas de agulhas nos seus braços. “Drogados, a maioria tá assim.”

Conhecendo brevemente da estrutura e as localizações, sabia que Francis estaria em outro lugar. No meio de gente dançando e bebendo, encontrou uma porta de vidro. Atravessando, a música sumiu e deu de cara em uma segunda multidão, dessa vez gritando, comemorando.

Espremendo seu corpo, viu o motivo da felicidade: uma arena de luta, uma mulher e homem brigando, seus rostos ensanguentados e cansados.

O homem desferiu um soco no queixo da adversária, e acertou, só para ter seu braço agarrado e torcido. Em um movimento ágil, a lutadora agarrou sua cabeça e virou o pescoço, trazendo um som de osso estalando.

Os gritos aumentaram, jogando bebidas e pedindo o próximo competidor. Em cima da arena, San viu as janelas de um escritório, e um homem sorrindo segurando um copo.

Sua altura era normal, os cabelos loiros penteados e o terno caro servindo perfeitamente sob a camisa branca. Virando as costas, sumiu de vista.

Empurrando os torcedores, demorou até ver a escada levando ao escritório, o problema era os dois seguranças na frente.

Franzindo o cenho, pensou e teve uma ideia rápida. Esperou, observando brevemente as lutas.

Duas pessoas entravam e uma só saia, a recompensa de matar o adversário era uma caixa de madeira repleta de injeções, a droga cobiçada.

As batalhas eram desorganizadas, pondo mutantes e normais contra, ignorando a quantidade de violência, sangue espalhado e sujeira. Virando o rosto, já deu, podia usar seu plano.

Na frente dos dois guardas, um grupo acompanhado de garotas e homens bebiam, animados esperando a próxima disputa, quando de repente, um segurança deu um tapa na bunda de uma mulher.

Uma discussão iniciou, o guarda pedia desculpas e o parceiro ao lado apoiava. Quase dissipando a raiva, a mão de um dos membros levantou e o atacou.

Uma briga generalizada começou, abrindo espaço para um intruso passar e subir as escadas.

Pulando os degraus, San sorria orgulhoso. O motivo da briga iniciar era por conta de usar a sua telecinese, movendo seus corpos de leve, provocando e incitando, incapaz de apaziguar a raiva.

Subindo a um corredor luxuoso, pingava no carpete vermelho bonito. Admirando o cômodo, levantou as sobrancelhas. “Tráfico realmente dá uma grana.”

Em um minuto, avistou a porta do escritório, contudo, tava protegida. Uma mulher alta, braços do tamanho do tronco de uma pessoa, os cabelos amarrados e rosto duro. “Por que tanta segurança?”

Engolindo em seco, hesitou um segundo. Balançando a cabeça, controlou sua pulseira e montou a máscara no seu rosto, cobrindo completamente. Dando um passo em frente, seu sentido não apitou, significando ser uma humana normal.

Entrando na linha de visão, a mulher o estudou de cima a baixo, prevendo as chances do jovem estranho à sua frente causar incômodo.

Nutrindo esperança, San disse:

— Boa noite, tenho uma reunião marcada, o Francis deve tá me esperando. — Sua voz modificada de doer os ouvidos.

Mantendo o semblante sério, a segurança evitou mostrar surpresa da sua aparência, acostumada a clientes importantes que gostava de manter a sua identidade em segredo, respondeu:

— O senhor Francis tá ocupado, volte de manhã. — Sua voz grossa, até demais.

— Qual é, chama ele, marquei há semanas.

Semicerrando os olhos, pensou brevemente, deliberando. Cedendo, virou em direção à maçaneta. Utilizando sua alta agilidade, San deu um pulo e jogou um chute em direção ao queixo da guarda.

Acertando com força, abriu um sorriso e, prestes a atacar novamente, notou o sorriso dela, nem revelando sinal de dor. Um instinto dentro o alertou, e saiu de perto em um movimento apressado.

Um soco esmagou o chão de segundos atrás, as madeiras quebradas saindo. Engolindo em seco, suspeitou do seu instinto de mutante estar funcionando certo. Superando o desconforto e leve nervosismo, lembrou a si: “Sou um mutante, matei monstros piores, vamo lá cara!” partiu pra cima, visando novamente seu rosto.

A brutamontes resistiu ao golpe, socando de volta em uma força monstruosa, movendo o ar junto. Desviando facilmente, San notava os pontos fortes e fracos dela.

Força e resistência elevadas, e velocidade ruim. Tendo um plano nebuloso em mente, deixou vir na sua direção, desviando e revidando fracamente.

Um chute ia ao seu peito, e San virou o corpo, segurou sua perna e levantou, a desequilibrando, derrubando de costas no carpete macio.

Prestes a levantar, San pisava no seu peito, incapaz de a impedir de se mover, mas o dedo apontando a sua cabeça brilhando sim.

— Vai doer, e talvez nem lembre dessa briga amanhã.

Disparando uma bala de energia no meio da testa, a desmaiou. Voltando a frente da porta, respirou fundo, sabendo que seu plano estava funcionando perfeitamente até lá.

Para melhorar, sentia uma diferença no seu poder da névoa, espalhando na pista de dança, o tanto de gente sendo detectada incomodando levemente, contudo, se acostumando.

Abrindo e fechando a boca, sentia a máscara replicar, os dentes pontudos e o sorriso enorme. Juntando os lábios, um assobio longo e agudo reverberou no corredor, e girando a maçaneta, entrou.

A sala era grande, uma mesa perto do vidro, ao fundo prateleiras repletas de decorações estranhas, um tapete macio de pele no chão e no canto, um sofá atrás de uma mesa de vidro, onde o dono bebia.

Francis, ao ver o visitante inesperado, franziu as sobrancelhas, os ombros ficaram tensos e o copo vacilou na boca.

Mantendo silêncio total, San andou até a frente do homem, cuidando os mínimos movimentos, uso de habilidades ou armas. Confirmando estar desarmado, disse:

— Francis, criador de uma droga viciante e efeitos colaterais horríveis, assassino, manda crianças traficarem e os machuca. — A voz distorcida, um som de doer os ouvidos.

Abrindo os braços, ainda desconfiado, adotou uma postura relaxada e admitiu:

— Verdade, você fez a lição de casa diabo. Ouvi uns rumores por aí de um assassino em série sedento por mutantes.

Escondendo a raiva, respondeu:

— Não sou assassino em série. Seus guardas tão incapacitados e com o barulho lá fora, ninguém vai ouvir os seus gritos.

Soltando uma risada alta, disse:

— Ainda nega ser um assassino. Eu sei do barulho, testei isso pessoalmente. Me diga, quer um emprego?

Demorando a responder, imaginou ser uma forma de ganhar tempo.

— Sério, essa é sua forma de sobreviver?

— Qual é, eu pago bem, te dou os mutantes que me devem e todos saem ganhando.

Achando o cara estranho, disse:

— To bem, vamos acabar isso.

— Opa, dá uma acalmada, lutar comigo vai ser o pior erro da sua vida.

— Vamos ver, sou…

Incapaz de terminar a frase, a pequena mesa de vidro voou na sua direção, o acertando e derrubando. Estilhaços caíram na sua máscara, incapazes de entrar nos olhos, e suas mãos sendo cortadas.

Levantando rapidamente, o copo de vidro com bebida o acertou, quebrando no rosto. Balançando a cabeça, a raiva crescia e um soco de Francis o acertou facilmente, forte e doloroso.

Desorientado brevemente, desviou do próximo e revidou, acertando seu queixo, o afastando.

Ao invés de ir direto ao ataque, demorou a recobrar completamente seus sentidos. Francis sorria no canto do escritório, seus braços abertos.

San deu um passo em frente, já pensando em usar o tiro de energia, até de repente sua cabeça girar, seu senso de equilíbrio arruinado, o forçou a ajoelhar no chão. Reconhecendo ser o uso de uma habilidade, pensava nos requisitos de sair desse estado.

Em um segundo, Francis tava no canto, no outro, a sua frente, dando uma ajoelhada no seu queixo e o derrubando. Usando seus braços para se levantar, suas forças eram baixas.

Francis de um chute neles, fazendo cair. Pisando no seu peito, ria alto.

— O diabo está sob meus pés!

A raiva crescia dentro de si, o mandando lutar, enfrentar esse maldito, e nisso sentiu a máscara no seu rosto apertar mais, e rapidamente sua mente voltou ao normal, focando novamente.

Estendendo a mão inteira, deixou um feixe de energia sair, jogando com tudo Francis na prateleira, derrubando a decoração. Levantando, girou o pescoço e segurando uma garrafa de vidro, encarando sua presa recuperar-se.

Em um movimento, San disparou um tiro de energia, acertando a mão segurando a garrafa, fazendo estilhaçar e voar. Arregalando os olhos, Francis tava assustado, seu poder era ineficaz.

San abriu um sorriso de orelha a orelha, e estendendo a mão, reuniu grande parte da sua essência, fazendo os cacos de vidro nas suas costas flutuar no ar, apontado ao novo alvo.

Francis mostrou raiva e levantou os punhos. Em um pensamento de San, os vidros voaram na sua direção, cortando, raspando e cravando, os pequenos, grandes e serrilhados.

Sua constituição de mutante o ajudava bastante, reduzindo os danos e de entrar em órgãos. Respirando pesado, Francis revelou o rosto sangrando e o sorrindo sumindo.

— Vamos ver se o diabo está sob seus pés? — San disse irritado.

Levando a mão a bainha, Francis deu um passo em frente, sua velocidade assustadora, mal sendo capaz de acompanhar com os olhos, do nada na sua frente do seu inimigo, e trazendo consigo um rastro de raios voando no escritório.

Um soco veio na barriga de San, e recusando ser arremessado, prendeu os pés no chão e derrapou até a parede. Tentando puxar a espada, Francis voltou o atacando.

A velocidade era enorme, nem dando oportunidade de desviar. Incapaz de sacar a espada, o socou no rosto, errando. Pressionado por golpes, concentrou sua essência na telecinese e o afastou.

Recuperando o fôlego, sentia dores no corpo inteiro, seus ossos só continuavam bem por conta da habilidade de os deixar melhores. Levantando o dedo, disparou um tiro.

Virando a cabeça, Francis desviou em uma velocidade surpreendente, e um segundo voltou à frente do diabo. Contudo, já a centímetros de San, o tirou lá no fundo mudou de trajetória e acertou as costas do alvo, incapacitando por um segundo.

San desferiu um soco usando toda a sua força, mal ferindo de verdade, tendo de continuar a atacar desesperado.

A luta continuou por minutos, San atacando e Francis desviando, revidando em uma força monstruosa. Tendo prolongado demais a batalha, ambos os corpos imploravam descanso.

No meio da sala, Francis respirava pesado, cansado e machucado, San agachado, uma rachadura no lado direito da máscara, curando sozinho.

— Desiste, eu te mato de uma forma indolor, faz esse favor. — Francis disse.

— Digo o mesmo.

“Essa vai doer.” Sabendo que perderia em velocidade e força, para piorar, o oponente sempre aparecia quando tentava sacar a espada, San só tinha uma opção, ser maluco. Perto o suficiente, gritou e correu a Francis, o acertando na barriga.

Utilizando o máximo de si, o empurrou e o tirou do chão, escutando um grito assustado, e nos gritos em conjunto, bateram contra a janela no fundo da sala, a estilhaçando.

O escritório ficava acima da arena, e em uma boa queda, repleta de gritos, bateram contra o chão, se separando e rolando. A arena silenciou, curiosos do que acabou de acontecer, teorizando ser um acidente ou evento especial, principalmente pela arena estar vazia ao caírem.



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