Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 95: Uma Nova Parceira

Os olhos do meliante se arregalaram, estendia suas mãos tentando alcançar San, desesperado e o medo estampado no seu rosto, mudando de coloração para vermelho.

San sentia uma vontade dentro de si crescer, simplesmente dar um fim no traficante e ir direto ao criador, o matar e roubar o poder, por que não? Investigar e fazer o trabalho de detetive era demorado, entediante e cansativo.

Observando os movimentos do traficante vacilar, abriu um sorriso, e a máscara acompanhou, tremendo no seu rosto e sua essência ficando violenta. De repente, escutou um movimento à sua esquerda.

Virando o rosto, a garota ladra o encarava, assustada e tremendo no canto, evitando os mínimos movimentos, como se estivesse de frente a um animal selvagem.

O aperto de San enfraqueceu, e a culpa cresceu. Desde o início, ao receber esse poder e matar pela primeira vez, havia feito regras, o impedindo de virar um assassino impiedoso.

E a poucos segundos, iria matar um garoto, ruim, contudo, um adolescente. A sua mente voltava à normalidade, os pensamentos alinhando novamente. Investigava, porque era necessário, é demorado e entediante diversas vezes, mesmo assim, o objetivo de descobrir realmente se a pessoa merecia a morte, merecia esse tempo.

Deixando o garoto cair no chão, fechou os olhos por um segundo, pensando: “Tem algo errado, eu ia o matar sem mais nem menos, simples assim.”

Balançando a cabeça, falou em direção à garota:

— Vaza.

Tropeçando nos próprios pés, levantou e correu, virando no beco e sumindo de vista.

Concentrando na tarefa à sua frente, esperou seu alvo recuperar o fôlego, seus movimentos retornando e a cor normalizando. Levantando a cabeça, ao invés da coragem de minutos atrás, o medo crescia.

— Tá legal, tenho umas perguntinhas. Me fale de Francis, e é claro, seu nome.

Hesitando, o delinquente lutava para revelar informações, no entanto, a experiência de quase morte, o deu um medo de ter de repetir.

— Pedro. — A sua voz soou fraca. — Francis é o líder e distribuidor, nos manda em lugares e devemos vender.

— Os seus soldados são tudo crianças?

— Só os traficantes, para trabalhos envolvendo violência, morte e sua proteção, adultos treinados e mutantes experientes.

Assentindo, San confirmava as suas teorias, até o momento, as peças se encaixavam. Um criminoso desse tipo, com certeza teria soldados adultos.

— A droga, me diz um pouco.

Balançando a cabeça apressado, dava olhadas apressadas aos seus soldados caídos.

— Os efeitos são malucos, cara, animação, uma euforia enorme, energia capaz de correr uma maratona. Isso é, durante o efeito, depois, são alucinações, fraqueza, sono durando dias, raiva descontrolada.

— Certo, e sua base? Onde fica?

Desviando o olhar, fechou a boca e manteve silêncio. San soltou um suspiro longo, e os olhos começaram a brilhar em um vermelho vivo.

Dando um passo em frente, disse:

— Pedro, vamos lá, me diz, e pode ir embora, sumir da minha vista e te esqueço.

Engolindo em seco, suas mãos tremiam e o suor descia no seu rosto.

— Ele vai me matar, eu só sei por causa de um trabalho lá, é segredo total.

— Bem, deixa eu te contar um segredo então. Francis, vai cair, apunhalado diretamente no coração. Seus homens leais, fugirão de medo, e no fim, serei eu em cima do seu corpo.

Estranhamente, a aura ao redor de San mudou completamente. As sombras ficando mais escuras, os sons diminuindo e a respiração lenta e trêmula de Pedro enchia o beco.

— P-prédio Viter, um clube de luta.

Segurando o ombro de Pedro, San disse:

— Obrigado pela sua colaboração, e deixa de vender drogas, senão, eu te acho, belê? — A sua voz soou distorcida e de doer os ouvidos.

Assentindo e, sob a permissão de San, correu, saindo do beco e voltando às ruas.

Escorando na parede, tirou a máscara e soltou um suspiro trêmulo. “A sensação, eu queria o matar, ansiava isso. A vontade tá crescendo, em um ritmo grande, a violência também tá piorando, talvez eu devesse dar um tempo.”

Coçando os olhos, arrumou sua roupa e saiu do beco fedorento, voltando às horríveis ruas do bairro pobre. Decidido a retornar ao seu apartamento, notou uma movimentação nas costas.

Dando uma olhada de canto, tinha certeza, tava sendo seguido. O nervosismo cresceu no seu peito, teorias malucas penetravam a sua mente: “Policial? Soldado do Francis? Alguém descobriu de mim?”

Virando uma esquina, manteve-se imóvel, encostado e esperando. Em segundos, o perseguidor surgiu, vestindo roupas velhas, uma touca de lã e mechas do cabelo castanho saindo. A garota ladra, abrindo a boca e recuando.

Um alívio o preencheu, contudo, durou cinco segundos, e voltou a sensação de nervosismo. “Ela sabe quem sou, minha identidade, rosto. Devo a eliminar antes de contar a outros.” Forçando seus pensamentos a pararem, respirou fundo e tentou de novo: “Devo a convencer estar errada, um engano.”

A ladra tava tensa, os ombros erguidos, pés prontos em fugir e atenta a cada lugar de fuga. Desnecessário, considerando estarem no meio da rua, repleto de civis, mas o medo e apego a vida é assim.

— Por que tá me seguindo? — A voz saindo mais ameaçadora que o esperado.

Dando um pequeno pulo, disse:

— Meu nome é Clara… sou uma fã.

Inclinando a cabeça, suspeitou seriamente dessa garota.

— Fã? Os ídolos de hoje em dia são estranhos, um mendigo como eu sendo idolatrado, nossa.

— Entendo preferir manter a identidade em segredo, principalmente de uma desconhecida, porém, ainda tá vestindo as roupas de dez minutos atrás, seu físico é igual e a forma de andar.

“Merda, tá me complicando.” Abrindo um sorriso nervoso, respondeu:

— Deveria parar de usar drogas, mexe com a mente.

Virando e apressando o passo, se afastou, o lado esperançoso torcendo tê-la convencido.

Infelizmente, Clara o seguiu, acompanhando seus passos. Balançando a cabeça, procurou ao redor e avistou uma cafeteira. Passando a porta de vidro, sentou numa mesa no canto, a garota sempre perto.

Clara do lado oposto da mesa, deixava seus olhos vagarem no estabelecimento, procurando rotas de fuga. Uma garçonete veio em seguida e anotou dois cafés.

A analisando de cima a baixo, via uma garota de, no máximo, dezesseis anos, roupas velhas e furadas, uma touca cobrindo seus cabelos castanhos, sujeira de terra de baixo das unhas e ansiosa.

Tendo certeza de decorar suas rotas desesperadas, disse de repente:

— Tá atrás do Francis, né?

Estalando a língua, respondeu:

— Quem?

Revirando os olhos, sussurrou:

— Já deu, tá ficando chato.

Se inclinando na mesa, falou no mesmo tom:

— Bem, você me viu lá no beco, sabe do que sou capaz, e ainda vem aqui.

— Te segui pra conversar.

— Ótimo, fala.

Respirando fundo, revelou:

— Quero te ajudar.

Levantando uma sobrancelha, a viu com novos olhos. No início, imaginou que iria ser ameaçado, extorquido, ao invés disso ela quis ajudar.

— Nem pensar.

— Qual é, eu posso ser útil. Sou rápida, conheço as ruas e pessoas.

Chegando as xícaras de café, bebeu um gole.

— Te conheci agora, realmente acha que vou aceitar simples assim?

Concordando freneticamente enquanto bebia uma boa dose, disse:

— Verdade. Meu nome é Clara, nascida e criada nos bairros pobres, ladra em tempo integral.

— Olha, valeu por isso, se oferecer assim, mas eu to bem, me viro sozinho, e por que iria querer me ajudar?

Sua ansiedade diminuiu, abaixou a cabeça e respondeu:

— Minha mãe, é uma viciada em todo tipo de droga, e eu preciso a ajudar roubando. E você, vai matar Francis, meu sonho.

— Ainda não é suficiente, como me conhece?

A animação voltou.

— Seu nome tem ganhado fama: o diabo que ri, assassino dos mutantes criminosos, protetor dos fracos. Até criaram uma história: vem a noite, no silêncio das ruas e escuridão das casas, trazendo uma névoa e o assobio sinistro sob o luar. Surge de repente, dando um fim no alvo e esperando o próximo.

Recostando na cadeira, repetia essas palavras. Sabia, que em algum momento, as pessoas saberiam das suas atividades extracurriculares, na antiga cidade, ficou conhecido. Entretanto, imaginava dar medo nos outros ao invés de atrair admiração.

— Muitos sabem de mim?

Considerando brevemente, respondeu:

— Por enquanto, é só uma lenda, fraca e pequena, mas tem se espalhado, crescendo e ganhando forma, vários torcem ser verdade, e eu aqui estou, na sua frente.

San preferia a recusar, mandar embora e esquecer. O problema, era sua identidade revelada, teria de a manter perto, pelo menos até ter certeza dela ser confiável.

Nesse meio tempo, poderia a usar, talvez realmente seja útil. Uma ideia formava na sua mente, promissora e perigosa.

— Certo, vamos ver se é realmente boa.

Indo em frente, chega ao ponto de seu corpo inteiro ficar em cima da mesa.

— Faço de tudo.

— Investigue Floki Matos, suas atividades, negócios, rumores, esse tipo de coisa. Me manda uma mensagem ao acabar.

Uma animação cresceu na sua expressão, mal contendo suas emoções e acenando ansiosa. Agradecendo constantemente e fazendo promessas de conseguir, trocaram os números e saiu da cafeteira apressada, deixando a conta para San.

A observando sumir nas ruas, pagou a conta e caminhou nas ruas, a muitos metros de distância, cuidando Clara caminhar, saltitando alegre.

San queria a testar, a usaria por enquanto, contudo, ainda teria de confirmar o quanto era verdade, e por isso decidiu a seguir, tomando cuidado.

Independente da sua animação, a garota de rua ainda cuidava seus passos, vigilante de perigos ao redor tentando a emboscar ou sendo seguida, obrigando a San se esconder.

Isso foi irritante, complicado e um pouco entendiante. Depois de finalmente meia hora, tendo passado na mesma rua duas vezes, passado por caminhos diferentes, a viu entrar em um apartamento de três andares.

A observando subir as escadas, San permaneceu do lado de fora, desconhecendo os perigos e preocupado em ser descoberto. Vendo de fora, confirmou ser quartos pequenos, duvidando ser capaz de da moradia para muitas pessoas.

Já sabendo onde fica a casa da sua nova parceira, San retornou, decidido a realizar outras investigações, só por garantia.

Dessa vez, voltou a sua casa, cuidava sempre suas costas, tendo certeza de estar livre de perseguidores.

Abrindo a porta do apartamento, levantou as sobrancelhas. As paredes, antes um cinza fraco, mudou para azul forte, e um cheiro de tinta entrava nas suas narinas.

— Floki! — Sua voz era raivosa.

Saindo da cozinha, revelando os pingos de tinta no seu rosto e as mãos enluvadas sujas, disse:

— Opa, chegou cedo, deixa, acabei.

— Me responde, por que meu apartamento tá azul?

Dando de ombros, respondeu:

— É uma boa cor, tava entediado e peguei essa tinta.

Respirando fundo, só deixou, conter esse maluco é demais. Sentando no sofá, pressionou as sobrancelhas.

— Confirmei a sua história do Francis.

— Finalmente. Sua decisão?

Permanecendo quieto, relembrou o sentimento de apertar a garganta do traficante, o sorriso repentino na sua face, a alegria de o ver fraco.

San achou que queria parar, mas não sabia de verdade, era bom nisso, encontrar as pessoas certas, dar um fim, livrar a escória da humanidade.

No entanto, matar pessoas ruins é uma coisa, gostar é outra, e bem pior. Talvez devesse parar, se contentar no que já tem. E depois? Eugene o atormenta atrás do seu item de energia, as grandes famílias podem o achar e matar, e pior, o medo o dominava.

Medo de ser fraco, deixar um amigo morrer novamente, ver a vida de alguém importante esvair nos seus dedos, igual à areia. “Não, sou um assassino, um monstro, capaz de machucar qualquer um, e só assim, ninguém mais vai morrer.”

— Vou o matar, e, independente de escolher o meu lado, vai me dar nomes, de criminosos grandes, poderosos.

— Muito bom, tá no papo.

Floki agia animado, descontraído. Mas, na verdade, cuidava as ações de San, movimentos, gestos, a fala. “Então ele aceitou quem é, perfeito. O que é o filho, se não a extensão do pai? E o garoto, com certeza é capaz de o superar, e talvez, eu consiga o convencer de matar por mim.”

— Vamo sair? Beber e festejar?

— Vou me preparar, afiar a espada e ter certeza de estar no meu cem por cento.

— Ai, boa sorte.

Caminhando na direção da porta, San encarava de olhos frios as costas de Floki. “Ele é útil, inteligente, capaz e forte, te-lo de aliado seria uma maravilha. Contudo, se escolher o lado do meu pai, vai virar meu inimigo, e os inimigos devem ser eliminados quanto antes, estou realmente curioso da sua escolha.”

Trancando a pota, caminhou até o seu quarto secreto e permaneceu imóvel, observando sua coleção de armas, imaginando qual seria a próxima.



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