Volume 2
Capítulo 94: Atrás de Drogas
San caminhava calmamente, nuvens pesadas enchiam o céu, tampando o sol facilmente. Bocejando, passou os guardas protegendo os portões da academia e continuou.
Descendo até alcançar a rua repleta de carros, esperou pacientemente. Em poucos minutos, um parou na sua frente, de cor amarela forte, antigo. Abrindo a porta, um rangido irritou seus ouvidos, e hesitante, entrou.
A parte de dentro era repleta de decorações bregas, bichos de pelúcia, enfeites, etc. O motorista, tão estranho quanto o carro, segurando forte o volante e sempre sorrindo, Floki.
— Pra onde chefe?
— Já te mandei a localização, e pega leve na velocidade. — falou puxando o cinto, descobrindo ser só de enfeite.
— Peraí, cadê o cinto de…
O veículo acelerou em uma velocidade assustadora, o empurrando contra o banco. Cravando as unhas no estofamento, arregalava os olhos e seu corpo ficava tenso.
Floki ria alto ao seu lado, aumentando a música e pisando no acelerador. Cada curva, as rodas cantavam, San precisava agarrar na porta para se manter no lugar.
Na frente, viu uma sinaleira, a cor vermelha, sinalizando aos carros pararem. Invés disso, acelerou, independente do tráfego na frente.
— Floki, tá vermelho, para!
— Hahaha, é assim que fica divertido! — Sua risada soando igual a de um louco.
Demorando segundos, o veículo chamativo chegou na sinaleira, repleta de outros passando, intrometendo o caminho. San até tentou agir como corajoso, mas vendo um carro na sua direita faltando pouco a acertá-lo, gritou.
Conseguindo passar vivos, raspando na lataria, San relaxou, derretendo no banco e torcendo sobreviver.
A viagem continuou, o que deveria demorar dez minutos, acabou em cinco, chegaram no objetivo.
Abrindo a porta do passageiro, San tremia, os joelhos fracos e seu corpo duro de tanta tensão. Sobreviver a monstros, mutantes malucos e aventuras insanas era uma coisa, entrar em um carro com Floki foi pior.
Recuperando o fôlego, o motorista levantava a cabeça, encarando o prédio à sua frente.
— Lugar legal, sua casa?
Levantando o polegar, deu o primeiro passo, subindo as escadas, Floki tagarelava sobre o estado do lugar e elogiando seu carro.
— Me responde, por que um mutante capaz de teletransportar precisa daquilo lá fora? — Sua voz carregando irritação.
— Bem, gastar essência assim seria burrice, e gosto da minha máquina.
“Lembrete mental, nunca, na minha vida, deixar Floki dirigir de novo.” Na frente da porta do seu apartamento, destrancou e entrou. O quarto continuava o mesmo, limpo, organizado e simples.
Caindo na cadeira, relaxou um pouco. Contudo, seu acompanhante perambulava curioso, mexendo nas gavetas, abrindo armários.
Revirando os olhos, levantou e parou na frente da sua estante, revelando o quarto secreto. Antes de dar um passo dentro, Floki já havia teleportado, animado.
— Uma passagem secreta!
Analisando as fotos nas paredes, reconhecendo os criminosos, exclamou:
— Espera, uma sala da morte, isso sim é legal.
Sua animação diminua ao encontrar a coleção de armas de San. Durante seu tempo cursando a academia Anastasia, realizou alguns “abates”, encontrando os mutantes que se safaram de punições, no total, matou doze pessoas.
Preso a sua parede, suas armas: Uma adaga, soco-inglês, espada curta, machadinha, foice de mão, e muitas outras. Parado, observava as armas, lembrando a forma de as conseguir, revelando um pequeno sorriso.
Floki se aproximou hesitante, às analisando de cima a baixo. Engolindo em seco, perguntou:
— Troféus?
Inclinando a cabeça, pensou por um momento, considerando a forma de as chamar.
— Prefiro o termo: Lembranças.
— É, nem um pouco sinistro. Sabe, seu pai evita ter recompensas, ao invés disso, prefere ter um almoço ou jantar antes de matar.
Semicerrando os olhos, San fingiu desinteresse e perguntou:
— Interessante, o que mais sabe?
— Pouco, o ver pessoalmente é difícil.
— Alguma ideia da sua localização?
Erguendo a cabeça, seu rosto adotou uma expressão pensativa.
— Humm, quando cheguei na cidade, nos vimos. Tava de passagem, só sei disso.
Cuidando as ações de Floki, a forma de falar, mexer o corpo, etc. San supôs estar falando a verdade.
— Tanto faz, por enquanto, me diz do seu criminoso.
Virando imediatamente, procurou no quadro repleto de matérias, as lendo em segundos e mudando de direção. Sua velocidade era surpreendente, e nisso, achou. Apontando o dedo, disse:
— Esse é o cara.
A matéria era curta, nem foto tinha. A descrição sendo: “Mutante responsável de cartel de drogas é liberado ajudando a polícia.”
Sentando na cadeira de madeira, lia e relia a reportagem, considerando se deveria concordar em o matar.
— Me dê motivos para eu dar um fim nele.
Mal precisando pensar, respondeu:
— Assassinato, extorsão, suborno, intimidação e demoraria bastante terminar essa lista. Claro, o principal é criar drogas.
O encarando nos olhos, respondeu:
— Se o seu maior argumento é criar drogas, eu não deveria te matar também?
Dando uma passo atrás involuntário, estufou o peito.
— As minhas são alucinógenas, criadas para mutantes com habilidades de visões, inofensivas. As de Francis, deixa o usuário maluco, violento.
Apoiando o punho no rosto, pensava: “Um cara desses é perigoso, poderoso, deve ter soldados o protegendo e armas, devo me arriscar?”
— Me diga dos seus homens.
Mordendo o lábio, Floki permaneceu em silêncio, desviando o olhar.
— Na sua maioria, crianças.
Abrindo a boca e arregalando levemente os olhos, disse:
— É sério? — Sua voz mudando de tom, irritado.
Quando ouviu isso na floresta da academia, ainda desacreditava, pensando ser um exagero de Floki para o atrair ou mentira.
— Crianças não vão presas, fáceis de manipular e a demanda é alta. Soube que são treinados em nunca denunciar seu chefe, até sob ameaças de vida recusam a revelar a verdade.
Cerrando os punhos e rangendo os dentes, acenou a cabeça.
— Tá legal, vou o matar.
San podia ser um assassino, capaz de fazer de tudo para cumprir seu objetivo. No entanto, uma regra, enraizada no seu ser, dizia explicitamente, mexer com crianças é proibido, resultado de experiências ruins na sua infância.
A animação cresceu dentro de Floki e sorriu.
— Legal, vamos se preparar.
Prestes a falar, dar uma explicação do Francis, San falou:
— Me responda, Floki, em que lado está. — Sua voz era calma, como se a raiva anterior sumisse.
Paralisado, confuso, procurava na mente uma resposta.
— Dá pra explicar?
Levantando da cadeira e dando dois passos, parou na frente dele, a poucos centímetros. Estendendo a mão esquerda, uma adaga da parede voou a sua mão.
Em um segundo, estava no pescoço de Floki, encostando sua pele, pressionando, derrubando um rastro de sangue.
— Epa, epa, meu amigo, dá…
— Dois lados, um é o devorador de almas, o outro o diabo, deve escolher.
Engolindo em seco, seu sorriso diminuia.
— San, eu conheço o seu pai… — Pressionado ainda mais a faca, o fez mudar as palavras. — Conheço o Dean há anos, e me ajudou bastante. Você também é um homem incrível, forte e temos um acordo, mas me forçar a escolher, é errado, impossível.
Pensando um pouco, seu aperto sempre firme, disse:
— Na verdade, é simples. Eu te ajudei a pegar as flores estelares, ensinei a cultivá-las, tô ajudando agora. E ele, some por anos, o deixa no escuro, sozinho.
Abaixando os ombros, Floki pensava desesperadamente em uma resposta, imaginando o que aconteceria se dissesse errado. Para sua sorte, San abaixou a adaga.
— Odeio aquele homem, se o visse, o mataria na hora. Me recuso a não saber onde sua lealdade está. Tem até eu matar Francis para decidir. Me escolha, continuaremos a trabalhar juntos, do contrário, vamos roubar aquele item e então me esquece.
Guardando a arma na parede, abriu a porta, orientando Floki a sair, iria descobrir por conta própria seu alvo. Relutante, obedeceu, indo embora de cabeça baixa.
Abrindo o guarda-roupa, tirou uma jaqueta preta rasgada e suja, camiseta desbotada e calças velhas.
Andando nas calçadas, seus passos eram desengonçados e cambaleantes, o cabelo sujo de terra e o rosto empoeirado. Se misturar foi fácil, tantos viciados e moradores de ruas.
Cambaleando até um beco, um grupo de homens estendia as mãos a um tonel de metal usado de fogueira, suas aparências desarrumadas e horríveis, os dentes caindo e o fedor emanando.
San simplesmente se aproximou e parou ao lado de um, aproveitando o fogo. Na verdade, era um dia com o clima na média, não havia necessidade de uma fogueira.
O motivo disso, é a falta de drogas, deixa o corpo frio e fraco, delirantes, achando ser frio. San mantinha silêncio. De repente aparecer e começar a perguntar sobre drogas seria motivo de ser esfaqueado.
Demorando vinte minutos, escutou um deles reclamando:
— Eu mataria por uma dose. — Sua voz rouca e de doer os ouvidos.
Em uníssono, balançaram a cabeça. San, aproveitando a oportunidade, disse:
— Soube de uma nova nas ruas, é forte e das boas.
Um senhor a sua direita pensou e respondeu:
— Pois é, bagulho bom, tem umas crianças vendendo.
Indeciso se deveria estar feliz da informação de Floki ser verdade ou triste de crianças venderem, perguntou:
— E onde eu compro?
Demorando a responder, uma crise de tosse o afligiu, necessitando apoiar na parede. Seus companheiros ignoraram, concentrados na chama.
Recompondo brevemente, limpou a baba e falou:
— Os vendedores têm um pano vermelho em volta dos braços, pescoço, sei lá. É um pouco caro, mas vale a pena, a brisa é boa.
Voltando às ruas, dessa vez tinha alvos. A verdade, é que encontrou vendedores facilmente, a cada esquina, um esperava, na sua maioria, crianças em grupos. Os panos vermelhos espalhados nos pescoços, braços, testa, tanto faz.
San cuidava um grupo há minutos, quatro adolescentes, suas roupas desarrumadas e levando sacos ao redor da cintura, os clientes iam até eles naturalmente, comprando e fugindo apressados.
Era um típico grupo valentão, debochavam abertamente dos clientes, dava tapas fortes nos com pouco dinheiro e até espancavam.
Pensando em um jeito de os atrair, a sorte sorriu. Uma garota vestindo roupas grossas rondava a área, analisando e esperando, no momento certo, trombou no maior, pediu desculpas e continuou seu caminho.
Cerca de dois minutos depois, o vendedor notou a falta do produto e, sabendo a direção da garota, avisou seus companheiros e começaram a correr.
San os seguiu de trás, cuidando dos movimentos. Na corrida, notou um detalhe importante, o garoto maior, de cabelo curto e uma bandana na testa, era um mutante.
A sua velocidade de movimento e resistência de correr atrás de uma pequena garota no meio de multidões, o denunciou, San sabia ter um mutante no grupo, na verdade, o curioso, era em grande parte dos grupos ter um.
“Entendi, é preciso ter ao menos um contendo habilidade para venderem, a questão é: tá tão fácil assim contratar mutantes?” Emboscando a garota, a arrastaram até um beco isolado.
Jogando no chão, raspou os joelhos. O garoto grande junto ao seu grupinho sorria maliciosamente, uns estalando os dedos, outros lambendo os lábios.
— Ora, ora, uma drogada.
Desviando o olhar e fazendo cara feia, respondeu:
— Eu não sou drogada…
Dando uma risada alta, o líder mutante disse:
— Claro, rouba pra jogar fora.
O moleque ao lado, a analisando de cima a baixo, falou baixo:
— Invés de a espancar, podemos vender a ela, só que ao invés de dinheiro, ganhamos outra coisa. — Terminou soltando risos.
Ouvindo isso, seu rosto empalideceu e rastejou se afastando. Vendo essa reação, o líder revelou um sorriso sádico e a agarrou pelos braços.
— Sai! Me solta!
Em meio a gritos suplicantes, uma voz de trás veio:
— Isso é meio clichê, sabe, parece aqueles filmes antigos, porém, ouviram a moça.
Surpresos, paralisaram por um momento. Virando os rostos, deram de cara em um homem vestindo trapos, de mãos nuas e uma máscara sorrindo no rosto.
San podia resolver esse assunto usando seu rosto normal, arriscar usar a máscara de dia era arriscado, contudo, de acordo com Floki, esses garotos, independente da intimidação, manteriam a boca fechada, teria de apelar.
Dando um passo em frente, anunciou:
— Eu só vim conversar, tenho umas perguntas. — Sua voz estridente e horrível de ouvir.
O líder encarava o intruso de olhos frios, peito estufado e ao contrário dos seus companheiros, mostrava coragem.
— Vaza, ou vamos te cortar.
Um parceiro ao lado, sussurrou:
— Tá louco, cara? Esse é o diabo, assassino de mutantes, você escutou os rumores.
— Exatamente, e segundo os rumores, ele só vem à noite, e tamo no meio do dia. É uma farsa.
Pondo as mãos na cintura, San já imaginava o resultado dos futuros eventos.
— Some! Tamo no meio de um assunto.
San coçou o pescoço e largou a atitude amigável. Sua expressão corporal mudando, os ombros estendidos e as costas eretas. De trás da poça de escuridão nos olhos, dois pontos começaram a brilhar em vermelho.
— Tem sorte, moleque, não mato crianças, no entanto, dar uns tapinhas ainda vai.
Dando um passo em frente, um garoto ao lado avançou, os punhos levantados, mirando na cabeça. Abaixando o corpo, chutou o pé do oponente fortemente, derrubando de cara no chão.
Finalizando dando um golpe na parte de trás da cabeça, uma perna vinha mirando nas suas costas. Virando imediatamente, agarrou, e olhando nos olhos do garoto, torceu o membro, um som de estalo espalhando.
— Dois já foram, sai daqui.
Tremendo de medo, tirando o líder, o último dos lacaios tremia e tinha uma cara de enjoo, dando uma sensação de querer vomitar.
Irritado da ação do subordinado, deu um soco no seu rosto, o fazendo bater na parede e desmaiando e finalizando o último covarde.
— Sou só eu e você diabo. — Ele sorria, dessa vez preocupado.
— Pois é, prefiro assim, contudo, ainda tem a garota nas suas costas.
Dando uma breve olhada, respondeu:
— Deixa, depois de eu o matar, vou me divertir um pouco.
Em um movimento ágil, desferiu um soco, pretendendo acertar na barriga. Desviando facilmente, conteve a vontade de revidar, e um segundo golpe veio.
E novamente, desviou. Os ataques eram rápidos, livres de técnicas ou estratégia, só a violência. San nem suou na briga simples, o seu nível atual já nem considerava um novato desses oponente.
O motivo de só desviar, era medo, não do jovem mutante, medo de exagerar, machucar tanto o adolescente que o mataria. Ultimamente, tem conseguido melhorar seu controle nas lutas, treinado junto a Liz, Jason e Bella.
Porém, são só treinamentos. Em brigas de verdade, sentia a adrenalina percorrer seu corpo, o cheiro de sangue no ar, o risco de morrer, ou matar.
Desviando novamente de um chute, subitamente sentiu uma força puxando seu corpo. Surpreso, deixou e levou o chute na barriga, agachando levemente.
Em seguida, uma joelhada ia no seu rosto. A raiva crescia, e preferindo atacar dessa vez, impulsionou a cabeça, acertando em cheio o joelho do jovem.
A máscara era capaz de suportar golpes de mutantes fortes, um desses seria facilmente defendido. Aproveitando a dor do oponente, deu um soco rápido no plexo solar, uma parte abaixo das costelas, tirando o fôlego do oponente.
Finalizando, agarrou o pescoço dele e o empurrou contra a parede suja, pressionando seu pescoço, apertando, o impedindo de respirar, só deixando o sentimento dentro dominar.