Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 93: Um Antigo Amigo

Abrindo os olhos calmamente, San olhou ao redor. Seu quarto organizado escuro, as cortinas fechadas firmemente, impedindo da luz de fora entrar.

Do lado oposto ao seu, deitado confortavelmente, Jason dormindo profundamente, o sono pesado e desarrumado. O cão do inferno, já acordado caminhava aleatoriamente, pensando e dispersando sua energia.

San presenciou essa cena por um tempo, imóvel, afastando o sono e aproveitando o silêncio tranquilo da manhã. Levantando da cama, esticou seu corpo, estalando alguns ossos.

Caminhando para o lado do amigo, e sabendo a dificuldade de o acordar, puxou um fio, abrindo completamente a janela, deixando o sol entrar.

Em questão de segundos, o vampiro deu um pulo, se afastando ao máximo da luz e se enfiando debaixo da cama, levando consigo vapor saindo de si.

Abrindo um sorriso, San disse:

— Hora de acordar, temos aula.

Passando o amigo, entrou no banheiro, ignorando os olhares irritados dele. San agia calmamente, tomando um banho, arrumando sua aparência e vestindo o uniforme escuro.

Saindo do banheiro, Jason entrou correndo. Terminado de se vestir, San arrumava sua cama, até de repente, seu corpo arrepiar e uma presença o cobrir.

Virando a cabeça rapidamente, olhou firme para as suas costas, procurando ao redor, cerrando os punhos e um nervosismo tomando conta.

Ficando assim por alguns minutos, confirmou estar sozinho, ninguém dentro do quarto ou seus arredores. Pondo a mão no rosto, respirava com dificuldade, incapaz de se acostumar a essa sensação.

Faz aproximadamente dois meses desde que voltaram do acampamento militar, nada demais acontecendo nesse meio tempo, só aulas entediantes, indo em missões de mercenários e treinos no clube.

O grupo de San melhoraram bastante o seu trabalho em equipe, sendo capazes de lutarem juntos em um campo de batalha facilmente, e uma outra coisa que mudou, foi uma sensação estranha tomar conta de San de vez em quando.

Acontecia do nada, estava escovando os dentes, trocando de roupa, caminhando, então, se sentia observado por algo, sendo alvo de um ódio enorme, querendo tomar a sua vida.

San quase pirou da primeira vez, procurando na academia inteira atrás e nada, e perguntando o seu relógio, foi confirmando estar normal nos seus arredores, seja no quarto, banheiro ou nas ruas.

Isso fazia ele pirar, tendo que considerar se é a sensação estranha ou um inimigo querendo o matar, deixando seus nervos a mil sempre, seus instintos prontos à luta constantemente.

Finalmente tendo acabado de se arrumar, Jason encontrou San e falou:

— Vamos logo, odeio aquela aula, mas nossas faltas tão muito alta.

Concordando, trancaram a porta e foram à sala de aula, caminhando normalmente. Dessa vez, San não recebia olhares dos vampiros querendo provar seu sangue cheiroso, sendo afastados pelo novo cheiro da marca no seu corpo.

Infelizmente isso atraiu rumores de onde veio isso, fazendo com que San ignorasse e fingisse ser surdo, e ao invés disso, recebia acenos e pequenas conversas, devido as suas aulas de controle de essência tendo ficado famosas. Alcançando a sala de aula, voltaram aos seus lugares no fundo e sentaram.

Suas duas amigas na frente, de cabelo solto verde e escuro curto virado pra frente, conversando baixo.

O professor entrou de cabeça erguida orgulhosamente, os cabelos grandes soltos indo até o ombro, sua camisa apertada salientando os poucos músculos dos seus braços.

Ele sorria principalmente para as alunas, dando pequenos acenos aos garotos. Na sua mesa, Bili, o professor de controle de essência, exibia um sorriso grande, ficando assim por minutos.

Limpando a garganta emitindo um barulho alto, declarou:

— Hoje, meus caros alunos, vamos aprender a usar a essência para os seus corpos, os melhorando ainda mais e tornando fortes.

Olhares surpresos foram jogados na sua direção, alegres e ansiosos, já querendo levantar e pedir a fórmula para aprender.

No entanto, uma aluna no meio da classe levantou a mão, perguntando:

— Por que só agora? Poderíamos ter aprendido antes da expedição do exército.

Os alunos rapidamente perceberam isso, dessa vez mudando a animação para suspeita.

Bili deu um sorriso nervoso, recompondo sua postura confiante.

— Pelo mesmo motivo que não espalhamos esse método para todos os mutantes. Pra enviar a essência ao corpo o fortalecendo, primeiro é necessário o fortalecer normalmente, e junto com isso a sua energia, refinando e treinando, só para dar certo, senão, poderiam quebrar ossos ou perder os membros.

Escutando essa explicação, San lembrou do relato do Sacro, contando detalhadamente da luta do mascarado contra o demônio, e uma das partes mais interessantes foi a velocidade impressionante.

San já suspeitava de como foi feito aquele feito sem poderes, porém, uma parte confusa foi o motivo da sua perna permanecer ruim e o mascarado dizer que ele tem sorte dos seus ossos serem resistentes e capazes de aguentar.

Com essa explicação, compreendeu o que aconteceu. Nesses dois meses, ele treinou sozinho querendo aprender, e teve alguns progressos, contudo, era complicado criar um método sozinho.

Os alunos tendo acalmado, Bili começou a explicar, andando pela classe, sua voz reverberando:

— Para começar, vamos impulsionar somente um membro, e alerto a todos aqui, só tentem isso com uma pessoa responsável perto.

Depois disso, Bili explicou a forma da essência espalhar no seu corpo, passando nas veias do membro, e ao invés de usar um poder ou só passar, deveriam dispersar a energia para o membro.

A carne e pele absorveriam a energia e teriam uma melhora. Realizando isso constantemente, manteria em um estado de aprimoramento físico.

O problema mesmo era manter o órgão ileso e o gasto grande das reservas dos mutantes, sendo complicado manter por longos períodos.

No seu canto, San seguia as instruções, focando na sua mão, de acordo com Bili sendo a melhor escolha inicial para testes. Demorando uns vinte minutos para pegar o jeito de liberar a essência, a dificuldade de San foi manter carregado, repetindo o gesto.

A aula prosseguiu por uma hora, e ninguém conseguiu completar o desafio, até San sentindo dificuldade nisso, sabendo precisar de um treinamento extra.

Distraído, San olhou o professor, recebendo um olhar de superioridade e sorriso convencido. “Cara chato.”

Desde as aulas do clube de controle de essência começou, o professor começou a focar no líder e fundador, focando nele. Por sorte San sempre foi bom em usar e aprender sobre a energia, nunca sendo motivo de risadas ou chacota.

Terminado a aula e os alunos arrumando suas coisas indo embora, Ethan falava em voz alta:

— Não fiquem tristes, é complicado a primeira vez, qualquer coisa, posso dar aulas extras depois da escola, só me chamar.

Todos sabiam a quem essas aulas eram reservadas, os garotos nem viraram a cabeça. Caminhando juntos, Jason reclamava da dificuldade, tagarelando.

Longes dos outros alunos, Liz disse:

— É ruim de manter aquele estado, e a melhora depende de quanta essência colocamos. É complicado dependendo do mutante.

San concordava, mas já pensava em formas de agilizar, sua mente funcionando a milhão em teorias. Antes, tinha dificuldade em tentar e descobrir sozinho, agora, aprendido a fórmula, só teve de dar o seu jeitinho.

Bella, sabendo da capacidade do amigo, disse em voz alta:

— Quem bom termos de parceiro o presidente do grupo de controle de essência, vamos ter umas dicas a mais né?

Em uníssono, os olhares foram jogados em um. San só sorriu, achando graça.

— Claro, só me dar o dinheiro e os faço aprender hoje. — Sua voz carregando zombaria.

Liz, prestes a falar, notou um intruso surgindo no meio da roda, agarrando o ombro de San e dizendo em voz alta:

— Tirando dinheiro dos seus companheiros desse jeito meu amigo!

O grupo inteiro deu um passo atrás e preparam para lutar, ativando seus poderes. San, no entanto, continuou parado, reconhecia a voz.

Virando o rosto, um homem adulto. Cabelo castanho-claro desarrumado, um cavanhaque novo, uma jaqueta azul, em baixo uma camisa rosa, bermudas floridas e chinelos de dedo vermelhos.

Reprimindo a vontade de o bater, San respondeu:

— Floki, tá fazendo o que aqui?

San teve de aguentar muito para não mostrar surpresa. Só de ver o antigo dono da loja de antiguidades na sua frente, foi motivo de confusão.

— Visitando meu amigão do peito, sócio e parceiro.

— Coragem a sua vir aqui, principalmente o dinheiro que tá me devendo. — Saiu do aperto e se juntou aos amigos.

Desviando o olhar e sorrindo torto, fez uma cara surpresa.

— Eu? Devendo dinheiro? Deve estar enganando.

O grupo observava curiosos, sem nem saber o que fazer. Liz deu um passo em frente e disse:

— Esse é o campus da academia Anastasia, e tenho certeza que não é um aluno.

— Sério, tá tão na cara assim? Bem é a vida, vocês vampiros tem sorte, jovens por décadas, um cabelo bonitão, ai, esse cabelo.

— Ei, San. — Jason falou um pouco assustado. — Quem é o seu amigo?

Pensando um pouco, fez um rosto surpreso e respondeu:

— Sei lá, um maluco aí, deveríamos chamar os seguranças.

— Ei, ei, ei! Calma, vim discutir de negócios contigo.

Soltando um suspiro, disse aos amigos:

— Vou precisar sair mais cedo, mal aí.

Caminhando ao lado de Floki, seu grupo nem sabia a reação pra isso, só olharam irem embora.

Caminhando nas gramas do campus, San cuidava as ações do visitante, suspeitando um pouco.

Os dois se conheceram em Viridian, Floki viu San matar pela primeira vez, e o subornou para pegar umas flores pra ele na floresta, foi nessa época que Garmir se tornou um familiar e fizeram um acordo.

Pouco antes da cidade ser atacada, saiu da cidade, seus negócios de venda de uma droga alucinógena iam bem e pretendia fazê-lo crescer, transferindo a base em uma cidade grande.

Entrando na floresta, San parou ao lado de uma árvore, esperando o outro lado começar a conversa. “Que merda, se eu pudesse dar um tiro nele, ia ser bem-bom. Infelizmente, tem um poder de teleporte.”

Observando a vegetação e levantando pedras, Floki disse:

— Lugar legal, tem insetos bonitinhos.

— Obvio que acharia insetos bonitos. Tá aqui por quê?

San mantinha o olhar atento, preocupado de ser alvo de outra chantagem.

— Um amigo precisa de motivo para visitar?

— Fala logo ou vou embora.

— Tá, tá. Lembra do meu negócio?

— Vender drogas. — Disse em um sorriso debochado.

— Por aí, meus produtos servem para mutantes de habilidades envolvendo visões, os ajudam.

— Sei, só vende pra mutantes?

Fazendo uma careta, semicerrou os olhos.

— É, umas igrejas, festas, esse tipo de coisa.

Coçando os olhos e cansando dessa conversa, disse:

— Me procurou pra quê?

— Lembra do nosso acordo? Eu te daria uma parte dos meus negócios e quando eu precisasse, me ajudaria.

Incapaz de conter, deu uma risada alta.

— Lembro, em troca, te ensinei a cultivar as flores que brilham. Porém, já faz meses e não vi nem um centavo na conta.

Dando uma tossida leve, respondeu:

— Deve ter me dado o número errado da sua conta.

— Sei.

— Certo, me ajude.

— Coragem a sua vir aqui, principalmente após me enganar.

Deu um passo em frente, chegando perto de Floki e os olhos brilhando levemente.

— Opa, pera, eu tive um motivo pra adiar o pagamento.

— Espero que seja um bom.

— Com certeza. Pretendia te enviar a grana, contudo, chegando nessa cidade, me deparei com imprevistos.

— Explica.

Pensando brevemente, respirou fundo e falou:

— Um peixe grande, criminoso barra pesada quer meus produtos, faze uma venda em massa, recusei e tô sendo ameaçado desde então.

— Isso é problema seu.

Balançando o dedo indicador na frente do rosto de San, declarou:

— Nosso, no contrato dizia que me ajudaria se algo do tipo acontecesse.

— É, e lembro de uma parte dizendo de dinheiro!

Adotando uma expressão séria, Floki ergueu a cabeça e olhou nos olhos de San.

— Eu juro, te pagarei. Esse cara, usa crianças pra transportar as drogas, mata adversários e o pior de tudo, tem contatos importantes, nada pode o encostar. Em resumo, um mutante mau, o seu tipo preferido de caça.

Encostando na árvore, fingiu ignorância:

— Não mato mais gente, parei.

— Há, essa é boa, é como dizer que parou de respirar. Sabe, rumores, são iguais a fogo em grama seca, se espalham em uma velocidade assustadora.

Sentindo uma pitada de preocupação, perguntou:

— O que tá querendo dizer?

— Tão dizendo, que o diabo que ri anda nessa cidade, matando os mutantes ruins e trazendo justiça, até alegam te-lo visto em ação. Investiguei e descobri um pouco. Até agora, já matou doze mutantes, tô certo?

Desviando o olhar, deu um pequeno sorriso.

— Talvez.

— Quantos poderes tem agora? Os permanentes?

Em dúvida se deveria revelar, escolheu falar a verdade.

— Quatro, a maioria dos que eu tenho guardado são ruins, tô esperando um bom.

Isso era verdade. Depois de tanto tempo nessa academia, meses passando, San matou inúmeros mutantes ruins, os eliminando e guardando os seus poderes roubados.

Sempre dava um jeito de esconder os corpos ou dar um fim neles, no entanto, de acordo com Floki, rumores corriam nas ruas, deixando San confuso a sua reação.

No momento, só tava esperando um poder novo e bom vir, já que a habilidade da névoa não tinha muito o que melhorar, seu objetivo de a tornar uma lâmina demoraria bastante.

Para dominar a névoa só precisava fazer a neblina cobrir uma grande parte de um lugar e sentir cada ser vivo de lá. San ainda tava no processo disso, quase conseguindo.

O ruim mesmo era achar uma habilidade boa, havia matado doze mutantes, e os seus poderes eram fracos, inúteis de tomar, só as deixava guardadas, esperando.

— Quer que eu mate esse chefão do crime, pra você ficar no lugar.

Revelando um sorriso, Floki respondeu:

— Exatamente. Ainda terá a oportunidade de ganhar um poder forte e dinheiro.

— Interessante, o quanto já sabem de mim por aí?

Dando de ombros, disse:

— Pouca coisa, dei um jeito de te cobrir, mas uma hora vai a público, então, é melhor aproveitar.

Pensando por um tempo, San perguntou:

— Quero sua ajuda em roubar um item.

— Fácil, só isso?

Pondo o dedo no queixo, considerou seriamente, já ativando seus instintos de caçador.

— Humm, o mais importante, qual o poder desse cara?

— Boa pergunta, o seu principal, é controlar a eletricidade, capaz de fazer sair raios das mãos.

Uma alegria começou a tomar conta de San, incapaz de esconder o sorriso e a animação.

— Olha, tá me convencendo.



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