Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 92: De Olho em Você

O estado de San se mostrou ruim, mesmo depois de duas semanas e meia deitado, repousando. Seu corpo precisava acostumar a mover normalmente, os braços e pernas ter alguma locomoção.

Sendo obrigado a repousar por mais três dias, San recebeu bons tratamentos de habilidades relacionado a cura e comidas deliciosas. Nesse tempo, recebia a visita dos seus amigos todos os dias, almoçando juntos ou só conversando.

Além do grupo que normalmente fica, muitos outros vieram o ver, seja da sua missão secundária ou os poucos soldados amigos, tendo jogado cartas repetidas vezes tirando o seu tédio.

No primeiro dia internado, recebeu suas coisas, a armadura sendo impossível de utilizar e o restante guardado no seu quarto, junto a placa de identificação no seu pescoço.

De pé no seu quarto, San esticava o corpo animado, afinal de contas, esse seria o dia da sua alta, finalmente podendo voltar a realizar missões simples, até sua força voltar e sair de verdade.

Já vestindo uma armadura igual a sua antiga, doada pelo exército, alongava as articulações enferrujadas. Enquanto dava um jeito no seu estado, escutava detalhadamente o seu relógio falando.

— Por fim, depois de desmaiar, os soldados apareceram e o tiraram de lá, nada demais aconteceu nos dias seguintes.

Na verdade, essa foi a quinta vez escutando essa história, sempre entrando em um estado de pensamentos profundos, considerando as suas chances normais contra o demônio e o nível da máscara.

O pior desse relato, foi descobrir que a máscara conseguiu usar melhor as suas próprias habilidades roubadas, criando formas completamente interessantes e muito úteis.

Entre as ideias, a mais tentadora foi melhorar sua espada com a névoa, formando uma arma melhorada e capaz de cortar armaduras extremamente resistentes.

Só faltava a parte de descobrir como fazer isso. Claro, muitas ideias vinham na sua mente, faltando apenas tentar, no entanto, sentia faltar algo, a incapacidade de ter essas ideias, estando lento demais na sua progressão.

Seu desejo era sair desse quarto e corre em um lugar isolado, gastar toda a sua essência só treinando, melhorando. Porém, tinha de esperar, por enquanto, depois do seu show na caverna, o foco estaria nele.

Entre a conversa com Sacro, outra parte interessante foi a hora do seu corpo se mover extremamente rápido, surgindo na frente do monstro. Sua teoria foi que o mascarado usou essência na sua perna para impulsionar a força do seu corpo.

Engolindo em seco, sorria animado, antecipando aprender isso, correr tão rápido quanto um raio e eliminar seus inimigos em simples golpes. Causava arrepios na sua espinha, e principalmente a parte da sua essência só crescendo, o permitindo chances melhores.

Ansioso, andava de um lado ao outro, soltando risadas curtas, e de vez em quando amaldiçoando o professor da escola responsável de ensinar o controle de essência, demorando meses para começar.

Na cabeça de San, já havia decidido, independente daquele professor dar a aula ou não, ao voltarem, ele tentaria aprender sozinho, usando do seu relógio como guia e descobrindo do seu jeito.

Subitamente, a porta nas suas costas foi aberta deslizando. Liz o observava parada, os cabelos curtos soltos e semicerrando os olhos a cena estranha do amigo ansioso.

— Tem ansiedade?

Considerando um pouco, San deu de ombros.

— Sei lá, talvez.

Revirando os olhos, disse:

— Vamos, tem uma missão.

Sorrindo, a seguiu animado pelo corredor branco, de espada na cintura e cabeça erguida. No seu caminho, viu camas simples no chão, mal tendo divisórias, os feridos ali, a mostra e sem privacidade.

“É, eu tive sorte, poderia estar aí.” Assumindo a sua pose de mercenário, agiu calmamente, de rosto sério. Saindo do hospital, caminharam em direção ao portão, e Liz disse:

— Vamos fazer uma patrulha na região da base, verificar se tem monstros próximos ou perigos novos.

Concordando, perguntou:

— Você vai comigo?

Quase no portão, ela virou a cabeça e deu um sorriso:

— Claro, convenci um pessoal a isso, queria conversar contigo.

Hesitante, acenou a cabeça, e passaram sem problemas o portão, pisando na estrada de terra. Por ser uma missão de exploração dos arredores, e teria mais gente nisso, prosseguiram a pé.

Andando lado a lado, San olhava ao redor com um sorriso fraco. Nesses dias enquanto dormia, a vegetação teve uma leve mudança. A cor das gramas mudou fracamente, os galhos antes quebradiços e fracos tinham vitalidade.

Os troncos quase caindo e suas raízes mortas, preso ao chão novamente. As mudanças não foram enormes ou facilmente perceptíveis, teria de prestar atenção.

Mesmo assim, esses pequenos detalhes já mostrava a mudança, e San tava ansioso para ver como estaria essa floresta em alguns meses ou anos.

No meio dos seus pensamentos do futuro, pensou: “Por que será que tinha um demônio cuidando daquela caverna? E aqueles monstros deformados, devorando as plantas. Tantas perguntas.” Ele pensava e pensava, mas encontrar as respostas assim é impossível.

Sua missão simples foi feita facilmente, os monstros na área na sua maioria foram eliminados ou tinham medo de chegar perto da base militar, conhecendo os perigos ali, do tanto de mutantes armados.

Isso foi bom, o corpo de San ansiava uma luta, movimento e um pouco de agitação. Contudo, conhecia seu estado, e sendo sincero, entrar em uma luta assim seria complicado. Agradecia mentalmente ninguém querer puxar briga nesses dias.

Longe da base e confirmando estar livre de monstro, se preparavam para ir embora. Dando um passo para voltar, San viu Liz imóvel no seu lugar, o encarando.

Suprimindo um suspiro pesado, só fez uma careta escondido, revirando os olhos. Sabia que teria essa conversa, mostrou suas habilidades ao público, e Liz era alguém que presenciou o resultado a alguns centímetros de distância, sua visão coberta somente por um pano simples, e havia a águia.

Parados no meio da floresta, San aguardava o momento tão esperado. Liz respirou fundo, lambendo os lábios, hesitava em falar. Demorando um pouco, tomou coragem, começando:

— Seu segundo poder é desconhecido ainda, forte e sinceramente, assustador.

Mantendo uma postura relaxada, San concordava, insultando a máscara na sua mente.

— Quando você disse pra entrarmos e tampou nossa visão, achei que tinha enlouquecido, iria se matar. E depois uma aura horrível cobriu o lugar, afastando qualquer monstro perto.

— É, e acredita que me mandaram fazer isso de novo em menos de um dia? Eu deveria receber uma recompensa. — Tentou uma piada, descontraindo o clima, não funcionando.

Liz o encarava, apreensiva nas próximas palavras.

— Esse poder, pode machucar as pessoas? Porque quando o ativou, me fez sentir uma vontade de matar enorme.

A pergunta pegou San de surpresa, esperando várias outras coisas, tipo o Levante tendo contado detalhadamente, ou compartilhado a sua visão, ao invés disso, mudou completamente dos seus pensamentos.

Considerando, sabia a resposta facilmente. Só conseguiu impedir a máscara de tomar o controle por causa de um plano, na próxima, ela seria mais inteligente.

O motivo desse objeto querer fazer isso era um mistério, podendo ser o prazer de causar dor ao hospedeiro, machucar pessoas, um ritual. Ela queria matar.

— Sim.

Poderia mentir, falar estar tudo sob controle. Entretanto, esse grupo virou seu amigo, e os enganar arriscando suas vidas, isso nunca.

— Mas consegue controlar?

— É complicado, nem eu sei.

A vendo deliberar, com a mão no queixo e batendo o pé, San falou:

— Entendo se quiser me tirar do grupo, é arriscado.

Ficando nessa por minutos, Liz soltou um suspiro, pressionando os olhos.

— Óbvio que não vou te tira do grupo, já que o resultado é simples. Controle isso, faça esse poder te obedecer.

Em silêncio, San tava surpreso, achando essa resposta engraçada.

— Vai ser difícil.

— Por isso tem amigos, pra pedir ajuda. E qual é, somos bem espertos, temos ideias.

Melhorando o humor de San, ela terminou:

— E outra, se eu te tirasse do grupo, provavelmente entraria no do Max, e aquele maluco ia te deixar pior, nem vou imaginar.

No meio de risadas, San relaxou. Terminada a missão, retornaram a base, de humores melhores. “Tá legal, hora de me recuperar e ir em uma missão, e tenho de evitar alguns militares, vai que queiram me dar uma punição do lance do caminhão de água.”

Ultrapassando os portões, a boca de Sam abriu, perdendo o ânimo. No meio da base, naves estacionadas, e alunos entrando com seus materiais, sorridentes e animados.

Incapaz de pensar em palavras, só ficou quieto, e Liz do seu lado, sorria em um pedido de desculpas.

— Foi mal, eu esqueci de falar, acabou o nosso treinamento.

— Já?!

Balançando a cabeça, continuou:

— Deveríamos ficar mais uma semana, no entanto, devido à morte dos inúmeros alunos naquela missão e em algumas outras, a academia foi obrigada a nos transportar de volta.

Indignado por sua experiência ter sido tão curta, contesto:

— Qual é, a academia Anastasia é enorme, poderosa, simplesmente vão aceitar?

— Exatamente, eles são grandes, mas tem os maiores, as grandes famílias, e brincar com eles é arriscado, até meu pai preferiu que eu e meu irmão voltássemos.

Entendendo o motivo, balançou a cabeça, decepcionado, só preferindo passar uns dias, realizar missões e se divertir. Notando o estado do amigo, Liz disse o empurrando para irem pegar suas coisas:

— Esse é só o começo. No nosso segundo ano, vamos virar militares oficiais. A academia tem um acordo, e então, teremos permissão de ir em missões de verdade, podendo liderá-las.

Animado com a ideia, sorriu, se imaginando como um comandante, mandando nas suas tropas. Tirando esses pensamentos da cabeça, sabendo que ainda ia demorar, foi pegar suas coisas.

A alegria era enorme, os alunos correndo rapidamente até a nave, uns se despedindo, agradecendo os ensinamentos a certas pessoas. Devido a logo ir em duas missões, San não dormiu nem uma vez do dormitório, sendo difícil para o localizar.

Só seguindo a multidão, sua mente vagava. Ao entrar na segunda missão e avistar Laurem, um desejo enorme de a matar o atingiu, até formando um plano na sua cabeça.

Poderia dar certo, provavelmente daria. Mas tudo ocorreu tão rápido: a missão da caverna, perder o controle da sua máscara, entrar em um coma por duas semanas.

Muitos dos seus planos foram obrigados a serem adiados, sendo que era uma oportunidade perfeita. Soltando um suspiro cansado, não ficou pensando nisso, teria chances melhores, calmas.

Na verdade, ideias já vinham, só faltava a força para a conceber, checar a do seu inimigo e realizar o trabalho. “Vou dar um jeito, tenho que fazer isso.”

Encontrando suas coisas em cima de uma cama beliche, saiu sozinho, caminhando nas ruas, até escutar seu nome sendo chamado.

Virando a cabeça, Miller, em posição de sentido, o observava, seu rosto impassível de sempre. Dessa vez um pouco tranquilo, San sorriu e se aproximou, imaginando ser uma despedida.

— Minha comandante, é uma pena ter de nos despedirmos tão cedo, queria aproveitar essa experiência.

— Sim, é uma pena, adoraria ver suas habilidades sendo postas em cenários diferentes.

Gostando de ouvir isso, San concordou, já vendo o seu grupo entrando na nave. Miller percebeu facilmente, e terminou dizendo:

— Só queria lhe avisar: Suas habilidades foram impressionantes, e o exército agradece. Estaremos de olhos em você, acredite, você vai trabalhar para nós um dia.

Achando ser um elogio e um tipo de aviso pra o quererem, ou antecipando o seu segundo ano, sorriu e agradeceu, correndo para a nave.

Nas suas costas, Miller o observava feito uma águia, e feito algo raro, abriu um pequeno sorriso, um gelado e assustador.

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Uma nota do autor:

É, eu sei, o capítulo tá um pouco mais curto que o normal. Quero que saibam que o plano era ser maior, dar uns detalhes a mais, essas coisa. Mas, infelizmente, peguei uma gripe das brabas, mal ficando de pé.

Por isso o tamanho reduzido, e também, não posso garantir que vá ter um capítulo na sexta, vai depender da saúde. Então, boa leitura e foi mal ae.



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