Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 91: Um favor

Deitado em uma cama macia, San dormia confortavelmente, sonhando pacificamente, livre de pesadelos horríveis de mortes e corpos, só sonhos comuns de uma pessoa normal, para logo serem esquecidos.

Seu corpo adormecido conectado a aparelhos e máquinas, disparando bipes continuamente e um vento confortável entrando pelas janelas. Em um período de tempo desconhecido, seus olhos abriram lentamente.

Desacostumado à luz forte, virou o rosto, tampando no travesseiro e cobertores. Erguendo a mão, notou fios nela, entrando na sua pele e entrando um líquido transparente.

Estranhando isso, puxou, caindo, e um som de apito soando perto. Ainda desorientado, olhou ao redor, tentando ver onde estava.

Em poucos segundos, a porta branca foi aberta fortemente, entrando dois soldados vestindo armaduras escuras os cobrindo completamente. Os instintos de San agiram imediatamente ao ver os bastões de choque nas suas mãos.

Rolando para o lado, caiu no piso frio, pensando rapidamente, chutou a cama de rodinhas, a jogando nos soldados misteriosos. Sendo atingidos, ele correu em frente pulando e se jogando na cara de um deles.

O derrubando e sabendo ser incapaz de causar danos, avançou em frente, desviou por pouco do bastão elétrico vindo. De pé, moveu a essência no seu corpo, apontando um dedo aos inimigos.

Formando uma bala de energia, escutou mais passos vindo de perto. Virando para ver quem era, soldados marchavam, armados e seu número sendo alto demais.

Semelhante a um animal encurralado, San pretendia ativar todos os seus poderes, causando uma comoção enorme e criando uma oportunidade de fuga.

De repente, do meio dos soldados vestindo armaduras escuras, uma mulher vestindo roupa camuflada deu um passo em frente, seus cabelos castanhos amarrados em um rabo de cavalo, o corpo magro e uma feição dura.

San a reconheceu facilmente, a comandante responsável de transportar os alunos da academia Anastasia naquela nave, tendo poderes de gelo e uma pessoa perigosa.

Ela encarou o jovem na sua frente por alguns segundos e revelou um sorriso fraco.

— Meus parabéns, soldado Lunaris, finalmente acordou.

Confuso, San olhava ao redor, os corredores brancos e pacientes em macas ao redor, vendo a cena confusos.

Sem abaixar a guarda, vasculhava as memórias na sua cabeça, estando confusas e bagunçadas, sendo complicadas de entender.

— O senhor deve estar confuso, passou um bom tempo dormindo e depois daquela luta, é compreensível sua condição demorar a estabilizar. — Sua voz permanecia sempre no mesmo tom, calmo e nada de emoções.

A dor de cabeça de San piorou, como se somente mencionar sobre uma luta piorasse seu estado.

— O que aconteceu?

— Antes de responder, vamos para o seu quarto, devemos checar seu estado.

Sabendo ser a fonte das atenções, acenou concordando, voltando ao seu quarto bagunçado, rapidamente sendo arrumado, a cama no seu canto e os aparelhos levantados.

Preferindo permanecer de pé, as pernas de San vacilavam, a adrenalina diminuindo e revelando seu estado debilitado e fraco, tendo recém acordado seja lá por quanto tempo.

Sentando em uma cadeira perto, cruzou as pernas tampando a abertura da roupa de hospital.

Ficando somente Miller no quarto, San perguntou:

— Quantos dias tô dormindo?

— Duas semanas e meia. — falou simplesmente.

Suprimindo a surpresa no seu rosto, San acenou concordando, engolindo em seco.

— E meus amigos?

— Realizaram as missões designadas no exército e ganharam uma certa fama entre os outros. Seu amigo Jason formou amizade com vários soldados jogando cartas.

“Maldito! Esse era meu plano.” Mantendo o sorriso, esperou o restante.

— Liz mostrou uma boa estrategista, e a convidamos a ficar na nossa central de comando, criando planos nas missões, e a Bella, ela usou das suas habilidades com plantas auxiliando nas plantações.

Soltando um suspiro de alívio, San relaxou seu corpo. Na verdade, esse resultado era óbvio, seus amigos não dependiam dele pra sobreviver ou receberem contribuições, suas habilidades são capazes disso.

Só estava um pouco nervoso considerando as suas últimas duas missões, os casos estranhos envolvendo os monstros e a caverna misteriosa. No mero pensamento de caverna, causava uma náusea.

— E quanto a minha missão secundária, sabe, de afastar os monstros do seu buraco. — San falou normalmente, estaria surpreso se a Miller desconhecesse uma missão dessas, de um grau importante nesse nível.

Miller permaneceu quieta por uns segundos, falando:

— Completa, o monstro responsável de cuidar daquele lugar morto. Me diga, como fez aquilo?

— Aquilo? — O rosto de San sendo a representação de confusão.

Miller cuidou cada expressão, semicerrando os olhos.

— Lembra da operação senhor Lunaris?

Coçando o cabelo, deu um sorriso bobo.

— Foi mal, minhas memórias tão confusas, não me lembro de nem entrar, só de uns detalhes.

Quieta, o ar ao redor de Miller esfriava, seu olhar penetrante no jovem na sua frente. San manteve seu papel de sem memórias, soando envergonhado e constrangido.

— Uma última pergunta. Como afastou os monstros nas suas duas missões?

Hesitando, a mente de San funcionava a milhão, obrigando a suas memórias a funcionar, sabendo que teve uma ideia no seu tempo livre antes da sua segunda missão.

Demorando alguns segundos, lembrou, respondendo seriamente:

— Minha pulseira. — Ergueu o pulso, e a pulseira de obsidiana firmemente presa ali. — É um objeto amaldiçoado, se ligou em mim, e quando eu preciso, solta uma aura aterrorizante, fazendo qualquer um ter medo.

Demonstrando zero surpresa, Miller perguntou:

— De onde veio essa pulseira?

“Achei que aquela ia ser a última pergunta.”

— Comprei no mercado negro, dizia ser uma arma bestial capaz de formar uma armadura no meu corpo. Uma grande mentira, paguei uma fortuna nisso, e tá no meu corpo desde então, independente de jogar longe.

O plano de San era simples: Misturar a verdade e a mentira, criando uma história de difícil verificação, sabendo que dormindo duas semanas e meio no hospital, perceberiam uma pulseira sempre voltando ao pulso de um paciente.

Considerando alguns momentos, Miller concordou. Fez uma posse de contingência, pondo a mão na testa.

— Em nome do exército, agradecemos a sua ajuda na missão secreta, e devo avisá-lo para manter em sigilo.

Imitando a posição da mão dela, San ficou de rosto sério e concordou.

Miller deu as costas e foi embora, deixando o jovem sentado na sua cadeira, os pensamentos funcionando rapidamente, pensando se cometeu algum erro na sua história, o que deveria falar se perguntado de outras questões, por enquanto usaria a desculpa da falta de memórias.

Sua maior preocupação seriam seus itens, analisarem e descobrirem ser uma mentira da sua cimitarra ser uma arma bestial, com poderes de formar uma névoa, e na verdade é uma espada normal.

Poderia atrair suspeitas entre os militares, considerando quais outras mentiras estaria falando, talvez investigando seu passado explicitamente, encontrando transações de dinheiro de uma conta suspeita entrando na sua e o colaborador misterioso responsável da sua entrada na academia Anastasia.

Pelo menos nessa parte ele pode relaxar um pouco, sabendo que pra um criminoso feito Eugene, tendo anos de experiência, saberia ocultar seus rastros, provavelmente já tendo pensando caso isso acontecesse.

Mudando de foco os seus pensamentos, focou no seu corpo, estando perfeitamente curado, nada de veias escuras ou dores residuais.

No meio das suas deliberações, um arrepio veio no seu corpo, e ele sentiu três mutantes na frente da sua porta. Engolindo em seco, disse para entrarem.

Se amontoando na porta, um homem bonito entrou primeiro, vestindo uma armadura de metal, seus cabelos escuros bem penteados e os olhos vermelhos alegres.

A segunda foi uma mulher de aparência adolescente, cabelos verdes, olhos verdes e de rosto preocupado, mas mantendo um sorriso grande ao vê-lo bem.

Por último, uma mulher bonita tentando esconder a preocupação nos seus olhos vermelhos, e ao bater o olhar na sua frente, analisou cada canto do corpo dele, procurando ferimentos.

Esse era seu grupo, Jason, Bella e Liz, perfeitamente bem e alegres, entrando empurrando as coisas e uma saraivada de perguntas enchendo San, dificultando a compreensão.

Para melhorar, um cão entrou correndo com a língua de fora, seu pelo preto limpo e os olhos semelhantes a fogo animados, pulando no parceiro, o enchendo de lambidas.

San relaxou nesse ambiente tranquilo, sabendo que por enquanto, os perigos estavam longe, poderia descansar e conversar, só se preocuparia com as dificuldades depois, merecia uma folga.

Infelizmente, do lado de fora do seu hospital, no prédio perto do seu quarto, um batalhão de soldados se equipava, armaduras resistentes a postos, armas tranquilizadoras e sem exceção, mutantes treinados.

Arrumando seus equipamentos, discutiam a operação planejada, mesmo os detalhes do porquê de estarem fazendo isso serem desconhecidos, só tinha em mente que depois de um grupo de alunos da academia Anastasia sair do quarto, entraria, pegariam seu alvo e o trancafiaram.

Enquanto discutiam, a porta dupla do prédio foi aberta, e um homem entrou calmamente. Seus cabelos castanhos bagunçados, um sorriso no seu rosto mediano. O corpo magro, seja braços ou pernas, nada demais se destacando nele.

Uma pessoa assim nesse lugar seria visto como um civil, no entanto, era só militares e os alunos da academia nessa base, civis são proibidos. Imediatamente os soldados levantaram a guarda, a essência nos seus corpos agindo rapidamente.

O jovem passou calmamente por eles, sorrindo e acenando. Os ultrapassando, chegou em uma porta simples. Indo entrar, uma mão segurou seu ombro.

Virando a cabeça, deu de cara em um soldado vestindo uma armadura escura completa, seu rosto coberto e segurando uma arma na outra mão.

— A entrada aí é proibida. — Sua voz abafada pelo capacete.

O jovem o olhou de cima a baixo e deu uma risada curta.

— Meu jovem, nesses últimos longos anos, não encontrei um lugar que me foi proibido a entrada.

O soldado estranhou o uso da palavra jovem e o jeito desse cara, porém, não fez nem um movimento. Por algum motivo, só de ver ele, uma presença estranha o rodeava, como se estivesse na frente de um velho no corpo de um jovem.

Balançando a cabeça em negação, tirou os pensamentos confusos na sua cabeça.

— Deve pedir permissão, senhor.

O jovem ignorou e avançou, só querendo passar a porta. Vendo isso, o soldado pegou um bastão de choque na sua cintura e ligou, jogando na cintura desse imprudente.

Prestes a tocar na sua pele, o jovem se moveu e saiu do caminho, estando de repente nas costas do soldado, apertando seu pescoço coberto, e em poucos segundos, perdeu a consciência.

Todos ali vinham essa visão petrificados. Sendo mutantes treinados e experientes, sabiam que essa pequena demonstração foi somente habilidade física normal de uma pessoa, nada de poderes ou truques.

Os soldados ficaram tensos, lembrando de estarem na frente de um monstro perigoso. O jovem só sorriu, falando:

— Alguém mais?

Antes de ter tempo de continuar provocando, a porta abriu, revelando Miller de rosto sério, observando brevemente a situação, disse:

— Ethan, professor de história da academia Anastasia, faz o que aqui?

Soltando um suspiro decepcionado, voltou a mesma tranquilidade ao entrar no prédio.

— Soube que está montando uma operação a um dos meus alunos, gostaria de discutir isso.

Miller soltou um suspiro, estalando a língua.

— Certo, vamos conversar. — Abriu caminho.

Ethan só entrou, despreocupado de ter armadilhas ou mais pessoas fortes, andava como se essa fosse a sua casa.

Na sala de tamanho modesto, outras pessoas discutiam a missão, e sob a ordem de Miller, foram dispensados, deixando somente os dois ali. Ethan deu uma passeada na sala, observando os objetos em cima de uma mesa tecnológica, responsável de detalhar os itens ali.

Entre esses objetos, tinha uma cimitarra, armadura destruída, uma placa de identificação escura com o nome de uma mulher, fotos de uma pulseira de obsidiana e um relógio aparentemente normal.

— O que quer falar Ethan?

Se encostando na mesa, olhou a Miller e simplesmente disse:

— Cancele a missão de capturar Santiago, dispense os soldados e devolva os itens ao meu aluno.

Soltando uma risada curta, se surpreendeu da ousadia desse homem de idade desconhecida.

— Sabe o que encontramos nas coisas dele?

Dando de ombros, Ethan disse:

— Espero que nada estranho, independente da época, jovens tem umas manias confusas, é complicado pra um velho como eu entender.

— Uma placa de identificação de uma soldada considerada morta, um relógio impossível de acessar e uma pulseira de origem desconhecida.

— Ah, é só isso?

Ethan deu uma risada, estando completamente tranquilo.

— Aquele jovem é perigoso e seu poder arriscado. Ele matou um demônio sozinho, seu passado é confuso e a sua cidade natal foi destruída.

— E?

Escondendo a raiva desse professor, Miller disse:

— Olha Ethan, sei que ele é seu querido aluno, até o ajudou a formar um clube. Você pode ter amigos importantes, mas vou prender o garoto, os riscos são altos.

— Os riscos são altos?

Pela primeira vez, a foz do Ethan revelou desagrado. Dando um passo em frente, sua postura relaxada sumiu, o olhar sendo igual a de soldados passando anos na guerra, sem hesitar, poderia matar qualquer um.

— Vocês usam essa desculpa há séculos, “é arriscado.” Dizem, então vão lá, prendem, quebram a pessoa e depois devolvem pra sociedade, sua mente um caos, para quando eles matarem gente, só o eliminarem feito um cão.

— Senhor, ganhei permissão do comando, essa missão vai acontecer.

— Nossa, do comando. — Sua voz sendo debochada. — Avisa pra eles, que Santiago Lunaris, está fora de questão. Se ousarem tocar nele, posso garantir que coisas horríveis vão acontecer. Tipo informações de cidades sendo eliminadas com pessoas, assassinatos orquestrados pelo exército.

Dando as costas, andou a porta, parando pouco antes de atravessar.

— Claro, se isso não os convencer, diga que eu pessoalmente farei uma visita a eles.

— Espera!

Virando a cabeça, Ethan viu o rosto de Miller contraindo em raiva.

— Por que fazer isso por um aluno desses?

Pensando um pouco, Ethan deu de ombros.

— Devo um favor ao seu pai.

Então foi embora, e Miller correu fazer ligações aos comandantes mais importantes, detalhando palavra por palavra. Depois de apenas dez minutos, ela saiu da sua sala.

Na frente dos soldados equipados, declarou:

— Cancelem o ataque, considerem isso um treinamento.



Comentários