Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 89: Um Plano Não Tão Bom

Repassando cada ação de Brenda desde que se juntou a expedição de exploração, as peças encaixavam. Foi dado comida normal ao invés de carne dos monstros, recebeu uma barraca espaçosa e confortável, deixaram ele subir no jipe, e as lutas ficaram aos outros.

San via Brenda diferente, essa soldada de alta patente o enganou, queria o usar igual aos alunos da academia, o alimentando, cuidando e oferecendo conforto, semelhante a um animal indo ao abate.

“A sua maldita, quer que eu dê a minha vida afastando os monstros, vai sonhando, não quero utilizar as habilidades da máscara mais.” Se negando a ajudar, olhou as suas costas, vendo os recentes companheiros, pessoas sem escolha ali, sua irmã, prontos para a luta.

Cerrando os dentes, San tinha vontade de acusar Brenda na frente desse povo, a julgar por essa missão extremamente arriscada. Porém, as capacidades dela eram desconhecidas, seus soldados agiam lealmente e poderia dar ruim.

Seguindo em frente, caminharam tranquilamente, a vegetação morta sempre na sua visão, a única diferença do resto da floresta foi as pedras da montanha perto, inclinando seu caminho, atrapalhando levemente.

Em minutos, alcançaram seu objetivo: uma caverna grande, sendo possível até seis pessoas passarem um ao lado do outro. Coberta pela escuridão, um silêncio reinava na porta, e uma sensação esquisita cobria qualquer ser vivo próximo.

Parados a metros dali, San observava a entrada, hesitante de entrar, memórias do seu tempo de mercenário, uma missão em uma caverna resultou em ser um ninho de bestas horríveis, deixando um trauma na sua mente.

Brenda reuniu o grupo em um círculo, prestando atenção aos rostos ali, avaliando seus estados.

— Certo pessoal, vamos entrar em formação, focados e certeiros. San vai dar um jeito de afastar os monstros, e assim, sem escapatória, virão pra cá. Vamos montar armadilhas e o pessoal no acampamento irá dar conta do resto.

Recebendo acenos positivos, Brenda sorria empolgada, a animação de finalmente dar um jeito no problema aterrorizando essa região por anos, sendo resolvida e recuperando a natureza e vida.

Encostado em uma árvore, San escutava atentamente, entendendo as partes cruciais, sendo tirar os monstros da sua toca. Tem uma grande diferença em lutar em uma caverna e no território inimigo a uma área aberta e podendo usar de todos os recursos disponíveis.

Nesse caso, os recursos eram os soldados esperando no acampamento, sendo os principais atacantes dessa missão. Os maiores problemas para San foi o desconhecido, seja do local e o perigo.

Lambendo os lábios secos, disse:

— Vou entrar sozinho, os tiro de lá e depois vocês entram.

Olhares surpresos foram jogados na sua direção. Pra começar, já tá estranho um aluno aparentemente normal, conseguir repelir uma horda de bestas, e entrar sozinho só piorava.

Entre os membros, alguns chegaram a acreditar que San é um monstro disfarçado, querendo ser um humano. Uma teoria criada em piadas, mas ainda sendo suspeito.

Percebendo a reação das pessoas ali, San prosseguiu:

— Os afastar vai ser complicado, necessito estar sozinho. Terminando, volto pra os avisar.

Brenda ponderava o que San falou, considerando as possibilidades, sendo a conhecedora dos perigos em primeira mão. Sabia ser uma idiotice entrar sozinho, no entanto, nas informações da sede, sabia que na missão do caminhão de água, esse jovem mandou todos ali entrar no caminhão para só então ativar o seu estado.

Mesmo querendo negar, o jovem na sua frente tinha o método de facilitar em muito a vida dos seus soldados, as suas vidas eram importantes, e focaria nisso.

Encarando San nos olhos, Brenda disse calmamente:

— Certo, vamos fazer isso. Ao acabar, nos chame ou grite, entraremos correndo.

Suspirando de alívio, San acenou positivamente. De olho na caverna escura, San apertava as amarras da sua armadura, checando o cinto, o fio da sua cimitarra, ferimentos e mobilidades.

Perante ao desconhecido, deve sempre estar preparado para o pior, por isso San criava planos na sua mente, antecipando problemas, sendo de ser encurralado, ocorrer um desabamento ou der errado o uso da máscara.

Seus nervos no limite, a mente funcionando em uma velocidade alta e incontrolável, preocupado de usar os poderes desconhecidos desse artefato amaldiçoado em um espaço tão curto de tempo.

As suas horas de descanso reduziram consideravelmente as marcas no seu peito, contudo, uma pequena parte sobrava, e se isso crescesse ao seu coração? Ter um infarto seria o menor dos seus problemas.

Esticando o pescoço e orientando a Garmir ajudar os membros do acampamento, visando o menor número de vítimas, San virou a cabeça, e quase deu um pulo de susto.

Os cabelos vermelhos amarrados e de soco-inglês afiado, Hana tava do seu lado, observando a caverna junto. Permanecendo quieto, ela falou:

— Você é estranho, seus poderes sendo só um conhecido, é um bom professor, mesmo eu tendo só uma aula, vi os resultados nos meus amigos.

San pensava em uma resposta, e nada vindo na sua mente.

— Sabe, o meu segundo poder. — Hesitante, batia o pé compulsivamente. — Eu consigo sentir qualquer mutante perto, sabendo suas localizações e posição, mas por algum motivo, ele para de funcionar contigo perto.

Petrificado, San mantinha os olhos arregalados. O poder da sua irmã é o mesmo do seu, sabendo dos mutantes perto, e no caso dos dois, não sentiam o outro.

Buscando nas suas memórias, San lembrava das vezes que chegando perto, ela se surpreendia de o ver, o olhando estranho. Soltando uma risada curta, disse:

— O meu caso é confuso, o entender seria complicado e causaria até pesadelos. Só me considere uma incógnita, um fantasma indo e vindo.

Hana exibia um rosto confuso, tentando decifrar essas palavras. San deu um passo em frente, suspirando pesadamente. Ia ser complicado, e maluquice. “Por que eu sempre me meto nessas situações?”

Se aprofundando na escuridão, uma pequena lanterna no seu cinto ascendeu, o permitindo ter um vislumbre do seu caminho e ter as mãos livres.

O chão feito de pura pedra havia várias curvas, estalactites no teto, pingando água, tornando o ambiente úmido. Em nenhum momento houve um segundo caminho, só reto e um silêncio o atormentando.

Sacro no seu pulso permanecia quieto, sendo por meio de preocupação ou só evitando falar. Demorando um pouco, San logo ouviu um barulho, e sendo o único ali, soava enorme.

Focando na sua audição, discernindo o motivo, supôs ser o som de mastigação, consecutivamente e desesperado, nem um segundo de pausa.

Andando em frente, cuidava os sons dos seus passos, só de garantia. Logo, avistou os seres responsáveis do som misterioso, e sua garganta fechou, uma vontade de dar a volta e dizer ter dado errado.

Essa parte da caverna é muito maior da anterior, abrigando um batalhão enorme. As pardes repleto de musgo verde, plantas de aparência completamente novas e flores vindo de um mundo novo.

Quanto ao perigo dali, no mínimo uns quarenta. Esses monstros eram deformados, mãos nos lugares das pernas, dedos repleto de tumores, junto a corpos tendo bolhas de carnes. O que deveria ser suas pernas eram longas e feias, completamente em carne viva e um sangue preto caindo delas.

O motivo do som da mastigação? Devoravam o musgo na parede, flores ou qualquer coisa possível, só mastigando, usando suas bocas anormalmente grandes, os dentes afiados e grudados na cabeça muito pequena pra uma boca dessas.

Só de ver esses seres a cabeça de San doía, e um mal-estar o dominava. Tirando seus pensamentos da frente, Sacro falou:

— Glutões, demônio subsidiário. Comem de tudo, sua fisionomia sendo deformada devido aos seres e matérias comidas, inteligência no mínimo e obedecem facilmente os fortes.

Pondo o braço da frente da boca, San afastava o cheiro ruim cobrindo o lugar.

— Por que estão aqui?

O relógio inteligente pensou por um tempo, sua tela carregando.

— Boa pergunta, e estão comendo a vegetação dessa caverna se já lá por quanto tempo, e continua repleta.

Já tendo notado isso, San batia palmas pra velocidade de crescimento dessas plantas, imaginando o que aconteceria se esses seres não as devorassem. “Cresceriam tanto ao ponto de fazer a floresta lá fora voltar à vida?”

Roendo as unhas de medo, observou a sua pulseira escura tremendo, desejando ser liberta, uma sede de sangue flutuando ao seu redor.

Engolindo em seco, sorriu preocupado. Desembainhando sua cimitarra, caminhou em frente, entrando nesse lugar repleto de monstros deformados.

Demorando uns segundos, as bestas notaram um ser vivo ali, mudando das plantas de gosto cansativo, para carne. Babá caia das suas bocas, e pressionando as pernas repleta de tumores, pularam visando a presa.

No primeiro momento ao entrar, San fechou os olhos e mudou a forma da sua pulseira, virando um líquido semelhante a mercúrio, subindo ao rosto e virando uma máscara sorridente, de dentes afiados, pequenos chifres na cabeça e uma escuridão nos olhos.

Imediatamente uma energia violenta entrou no seu corpo, se alastrando nos mínimos cantos, querendo dominar. San resistiu, e conseguia, sentia estar dando certo, logo a aura iria o cobrir e aterrizar qualquer ser vivo perto.

Porém, antes de dar certo, algo no seu peito pulsou, tirando qualquer força de San, o derrubando de quatro no chão, sua respiração acelerada em uma dor insuportável o dominando, queimando e ardendo.

A horda de monstros vinham rapidamente, estando perto em segundos, sua presa caída, debilitada. A força de San saiu do seu corpo, evaporando, sua mente sumindo.

As bestas pularam em cima de San, o soterrando, os dentes cravando na pele. Ficaram assim por segundos, tentando se espremer mais perto. Em uma explosão, voaram para longe, sangue e vísceras caindo do ar.

No meio disso, um ser sorrindo amplamente, os olhos em uma escuridão assustadora, a aura ao seu redor crescendo, aterrorizante, independente do ser vivo, o medo os atingiu.

Os demônios pararam, petrificados no lugar, seus corpos feios incapazes de se mover. Na sua frente, viam um demônio do pior tipo, o seu olhar congelando esses medrosos.

O mascarado encarou os demônios com desdém, soltando risadas curtas, sinistras, de doer os ouvidos. Seu primeiro instinto seria os eliminar, saciando sua sede de sangue, mas esse era o antigo, o incompleto, sua mente fraca, esse é diferente.

Esticou o corpo, testando os limites, a essência crescente e violenta. A cimitarra nas suas mãos deslizou no ar, em uma velocidade assustadora, causando sons finos.

Dando um passo perto de uma das bestas, desceu simplesmente a espada, arrancando em um golpe a cabeça. Os monstros não moveram um músculo, as cabeças baixas.

Uma risada se espalhou, ecoando. Abrindo a boca repetidas vezes, testava sua voz estridente, semelhante a um quadro sendo arranhado. Pondo a mão na boca, abriu.

— Sacra, nelus exodus.

As palavras fugiam da sua boca calmamente, uma língua desconhecida, complicado de ouvir ou falar.

Repetindo esses gestos, finalmente conseguiu.

— Porcos nojentos. — A voz que saia não era a de San, e sim uma completamente nova.

Ele olhou ao redor, sabendo de cada detalhe do que acontecia, os planos das pessoas lá fora. Rindo histericamente, falou em voz alta:

— Aquele moleque ousou tentar me usar! Eu deveria destruir seu corpo. Ah, infelizmente, ele tem utilidades, estou tão ansioso, só de imaginar me causa calafrios.

Os monstros de cabeça baixa escutavam em silêncio.

— Bem, o matar é inviável, e de um jeito ou de outro, irá recuperar seu corpo. Preciso destruir sua motivação, e o forçar a concordar com os meus termos, como?

Deliberando, andava na caverna, pisando nas cabeças dos demônios, os matando aleatoriamente.

— Claro! É tão óbvio. — virou aos demônios deformados. — Levantem, marchem até a saída e matem os seres vivos ali próximo, principalmente uma mulher ruiva.

Cada um dos seres ali ouviu atentamente. Os demônios levantaram, abandonado seu trabalho de devorar e voltaram no caminho antes seguido por San, obedecendo facilmente, sendo o natural da sua espécie.

O mascarado os seguia atrás, sorrindo e com as mãos nas costas, já pensando em usar a neblina cegando todos ali, eliminando um a um.

Indo embora, seus instintos misturados ao do corpo, se jogou ao lado, e o chão há segundos atrás, explodiu, jogando os destroços no ar.

De pé, o mascarado via a cena, soltando um suspiro longo. Vendo o causador disso, era um ser usando uma armadura completamente preta, as aberturas soltando pus verde gosmento e a carne apertada na armadura implorando ser liberta. Sua espada enorme feita de um metal desconhecido foi levantada, apontado ao ser pequeno.

Soltando um suspiro, o mascarado falou:

— Um demônio de alto escalão, impressionante, e em um lugar desses ainda. Olha amigo, to no meio de um lance, vou te dar dez segundos pra fugir, depois disso, eu te mato.

O cavaleiro parou por um momento, analisando. Em uma velocidade impossível com o seu corpo, avançou atacando com a espada. O mascarado parou o ataque com a sua cimitarra, os olhos escuros na sua direção.

— Bicho idiota.

O ambiente ao seu redor mudou, as plantas morrendo rapidamente e um poder fugindo do corpo.



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