Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 87: Entrando em Outra Briga

O plano inicial era ficar de longe e observar, se necessário, interferiria e ajudaria sua irmã, para no fim, ir embora, caminhando de volta a base e receber sua punição.

Porém, ao ver Laurem, sabendo que ela estaria em mais lutas e livre de qualquer proteção, San teve uma nova ideia, arriscada, e na sua opinião, emocionante.

Caminhando em frente, a vista de todos, entrou no campo de batalha, espada em mãos, rosto erguido e analisando cada um dos inimigos próximos.

Os cães sem pelos de tamanho humano lutavam ferozmente, as presas afiadas batendo de frente contra lâminas e poderes, suas velocidades sendo altas e a resistência incrível.

Normalmente, San teria dificuldade em enfrentar essas bestas, encontrar o ponto fraco e testar para saber os outros, contudo, no campo de batalha repleto de corpos, avistou os motivos das mortes de inúmeros, aprendendo em segundos.

Um dos cachorros, atacava um mutante, claramente em vantagem, suprimindo o humano à sua frente. Utilizando do seu peso, jogou-se no jovem, o derrubando, perto de morder a garganta dele.

Em passos calmos, San ficou no seu lado, e em um movimento rápido, cravou a espada bem no olho da besta, nem dando tempo de reagir, convulsionando e perdendo a vida.

Retirando a sua espada e procurando uma nova presa, o aluno nas suas costas disse:

— Obrigado.

Virando o rosto, San viu a expressão do cara mudar de alegria a confusão, buscando na sua memória esse indivíduo.

Na sua frente, três enfrentavam um desses cachorros, lutando bem, o matariam em alguns minutos. San acelerou o passo e os ultrapassando, se jogou no chão, derrapando na terra e de espada levantada.

Sua lâmina curvada atravessou a carne da barriga, cravando e abrindo ao meio, tornando este monstro um morto repleto de entranhas espalhadas.

Indo em direção a um novo, repetia esse tipo de gesto, de novo e de novo, atraindo a atenção de qualquer um, e criando a dúvida de quem era esse cara.

Caminhando ao seguinte, um monstro o avistou, e decidiu atacar. Sendo o alvo principal dessa vez e sem ajudantes perto, San focou inteiramente no inimigo, sabendo estar sendo observado.

A besta correu em uma velocidade surpreendente, de boca aberta e a baba voando, os olhos sedentos de sangue visando o humano de cheiro estranho.

Sabendo que seu estado era ruim demais para desviar, o cansaço já o dominando, San deixou o ataque vir. O cachorro enorme encurtou o espaço entre si e de boca bem aberta, mordeu no ombro coberto da armadura.

A dor veio imediatamente, despertando a raiva de San nesse alvo. Forçando seus pés na terra, criando um rasto no solo, desacelerando a velocidade do cachorro.

Cerrando os dentes, segurou fortemente sua espada e sacou sua faca de sempre, guardada junto a si. Em um movimento, cravou ambas as armas no pescoço do monstro, abrindo um ferimento grande, jorrando sangue.

Nos breves momentos de vida restante da besta, abriu a boca querendo ficar longe. San negou isso, indo na sua direção, usou as duas mãos segurando sua cabeça, e forçando ao máximo, o derrubou.

Em um baque grande, a fera caiu, morrendo em segundos. Sequer revelando seu cansaço, pegou suas armas e procurou um novo inimigo, até ver Laurem sendo visada de dois simultaneamente, sozinha.

Forçando seus pés tão cansados a acelerar, ultrapassou o campo de batalha e interceptou uma boca tentando fechar na cabeça dela, reunindo a essência no seu dedo, disparou um tiro de energia, desnorteando a besta, dando a oportunidade a Laurem de os matar.

Sim, queria ela morta, igual seu amigo, no entanto, tem uma enorme diferença em Laurem morrer por suas mãos e na boca de um monstro. San já decidiu há tempos, ele iria a matar, até lá, ninguém teria o direito de tentar.

Desviando o olhar, abriu um sorriso pequeno. Hana junto a seu grupo enfrentava um bando de cachorros, ferimentos claramente nos seus corpos, as armas no limite e lascadas.

Lake, de olhos afiados e seu cabelo antes loiro, tingido de vermelho do sangue dos inimigos, lutando ferozmente, sua espada brilhando constantemente, disparando energia e cortando os cachorros.

Maria, os cabelos pintados de rosa soltos, sujos de todo tipo de coisa, ficava de longe, usando seu chicote pegando fogo, acertando na barriga ou rosto das bestas, as distanciando e ferindo bastante. 

Quanto a Hana, a real preocupação de San, tinha os cabelos vermelhos longos amarrados, substituindo suas luvas de ferro a socos ingleses afiados, distribuindo ataques violentos, eliminando as bestas rapidamente.

Vendo de longe, San confirmou estarem passando por dificuldades, enfrentar esses cachorros tava complicado, e isso só melhorou seu plano feito às pressas, chamar atenção e provar seu valor seria de essencial importância.

Soltando um suspiro cansado, sabia das dores que enfrentaria quando tudo acabasse, exagerando sua condição, forçando repetidamente.

“Isso vai gastar uma boa parte da minha energia.” Estalando os ossos, correu em frente, pegando impulso suficiente, deu um pulo alto, entrando na batalha do grupo da sua irmã.

Aterrissando, sacou sua faca e jogou a direita, no olho de uma dessas bestas, que deu um grito estridente. Não perdendo tempo, sua espada cortou o perto de si, atravessando a mandíbula e atingindo sua cabeça, e a mão livre, criou um tiro de energia, disparando aleatoriamente.

A bala voou em alta velocidade, entrando na boca de um e saindo por trás. Forçando sua mente e essência restante, a moveu no ar, eliminando mais dois, se dissipando no ar e evaporando.

Oficialmente, sua essência acabou. Tirando a espada da boca do cachorro, virou ao grupo e deu um sorriso.

— Eae, tão fazendo o quê?

Surpresos, ficaram paralisados, considerando se isso era uma ilusão. Pra começar, já foi surpreendente demais o presidente do grupo de controle de essência eliminar quatro em segundos, vindo do nada, sendo que seu grupo deveria estar em uma missão longe.

Lake hesitou, querendo estender a mão e tocar o colega, pra confirmar ser real. Hana segurou sua mão e perguntou séria:

— Por que tá aqui?

— Fiquei entediado no meu grupo, e depois de terminarmos, vim pra cá.

Erguendo as sobrancelhas, Hana pensou brevemente e disse:

— Seu supervisor concordou tão fácil?

— É, por aí.

Hana abriu a boca prestes a falar novamente, entretanto, foram interrompidos por três cachorros enormes vindo nas suas direções, raivosos e querendo os matar.

O grupo entrou em posição de batalha, e San só observou de perto, fingindo estar bem, para na verdade sua condição ser péssima. A essência esgotada, corpo cansado e a cabeça girando.

San atingiu seu limite há tempos, só continuava a lutar piorando seu estado. Se os seus ossos não fossem tão resistentes, já os teria quebrado várias vezes, nem ficar de pé daria.

Os monstros atacaram o grupo, pulando violentamente. Lake agiu rapidamente, condensando uma lâmina de energia e disparando, retardando a primeira besta.

Hana junto a Maria focaram em um, com uma atacando de frente e a outra auxiliando utilizando o chicote pegando fogo, demonstrando um trabalho em equipe bom.

O último sobrou a San, um bem raivoso e as garras manchadas de sangue. “Agora ferrou.” Esgotado, até lutar só no corpo a corpo seria impossível de vencer.

Abrindo um sorriso nervoso, deu um passo atrás, coçando seu peito.

— Desculpa aí cara, acabei matando seus companheiros.

Recebendo um rosnado de resposta, considerava se o entendiam. O monstro pressionou suas garras na terra, deixando marcas profundas.

Em movimentos ágeis, deu um pulo, de boca aberta e garras querendo ir no pescoço do seu alvo. San permaneceu calmo, soltando um suspiro cansado.

No meio do caminho, o monstro foi interrompido, algo se jogando nele, batendo contra e derrubando na terra. Dessa vez a luta mudou de mutante contra monstro de familiar contra monstro.

Garmir o encarava, os olhos brilhando feito fogo, a temperatura aumentando e rosnando, exibindo suas presas.

Ambos se rodearam, soltando latidos. O cachorro gigante era maior, sua falta de pelos pronunciando as cicatrizes da pele e rosto feio intimidando qualquer um.

Contudo, Garmir era um cão do inferno, jovem e impulsivo, e na frente desse ser, que ele considerava inferior, disparou o atacando.

Entraram em uma briga enlouquecida, rolando no chão, mordendo freneticamente e empurrando, sendo incapaz de qualquer um de fora interferir e ajudar, dependendo apenas dos dois ali.

Em alguns segundos nessa briga, Garmir foi suprimido, sendo empurrado contra a terra, cortes no seu corpo crescendo e a fadiga das lutas anteriores surgindo.

Mesmo assim, continuou a lutar, e sendo suprimido, permitiu da sua energia subir, e um fogo surgiu do seu corpo, o cobrindo completamente e afastando o inimigo.

Sem dar tempo de descanso, o cão do inferno avançou, coberto de fogo, suas garras mudando de cor e finalmente conseguindo atravessar a pele resistente do seu oponente.

Os ferimentos do cachorro gigante cresciam, o forçando a recuar, e vendo seus companheiros morrendo um por um, sabia estar em apuros. Dando as costas, correu apressado, fugindo dessa situação.

Garmir, vendo isso, rugiu de raiva, e abrindo bem a boca, disparou um jato de fogo, acertando a parte de trás dele, o derrubando, sendo consumido, perdendo suas forças.

Batendo palmas silenciosamente, San elogiava seu familiar, nem sabendo dessa habilidade de disparar fogo. “Truque legal.” Indo ao lado de Garmir, observou o campo de batalha, vendo o estado.

As lutas diminuíram após San e seu familiar entrarem, reduzindo os ferimentos e baixas, dando um tempo para respirarem e tratarem os machucados.

A batalha continuou por dez minutos, San sempre perto do seu familiar, ajudando quem precisava. Finalmente tendo chegado ao fim, os cachorros foram mortos, os corpos empilhados e o cheiro de sangue sendo grande.

Recuperando o fôlego, San enxugava o suor, respirando pesadamente no seu canto, encostado em uma árvore, amaldiçoando a falta de folhas para tapar o sol.

Olhares eram jogados constantemente para si, alguns sendo alunos de San do clube de controle de essência, curiosos do motivo dele estar ali, e entre essa gente, tinha aqueles que o viam admirados, tendo presenciado seus combates ou recebido sua ajuda.

E nos seus cantos, os isolados, escondidos da multidão, seus rostos petrificados, os olhos nublados, vendo o nada, ignorando qualquer movimento na sua frente ou até tendo seus nomes chamados.

Esse eram os alunos da academia Anastasia, e o motivo de estarem assim, foi devido a luta. Todos estudaram monstros, batalharam contra em lugares preparados e venceram, sendo elogiados e tendo ganhado notas boas.

O problema foi que esse ambiente protegido os prejudicou na hora de enfrentar de verdade essas bestas, o perigo selvagem, a loucura desenfreada.

No campo de batalha, um movimento errado, e estaria morto, as aulas, notas boas e elogios sendo inúteis, só palavras que sumiram no ar, e isso aconteceu com seus companheiros.

Muita gente da academia morreu, tendo seus corpos cortados ou nem sendo possível reconhecer seus rostos, deixando seus amigos pra trás, e um gosto amargo na boca.

San evitava olhar essa gente, o lembrava ele quando perdeu seu amigo. Perdido, cansado, só desejando que acabasse o pesadelo, odiava esse seu lado, as memórias dessa época.

Focando em recuperar suas energias, uma soldada caminhou na sua direção, ereta, cabelos loiros ultrapassando os ombros e mancando levemente, por baixo da sua armadura, bandagens manchadas.

Ela parou na frente de San, o rosto sério e o analisando da cabeça aos pés, incluindo o cão do inferno sentado ao seu lado, montando guarda. Acenando em confirmação, demonstrou uma pitada de aceitação.

— Soube que abandonou sua missão original.

Já tendo esperado um interrogatório desses, San respondeu:

— Terminamos a nossa missão, e o meu familiar encontrou vocês em uma luta. Meu supervisor negou, e fui contra, vindo sozinho.

— É, eu soube, recebi uma mensagem da base. Sua equipe enfrentou alguns monstros no seu caminho, mas chegaram em segurança.

Sorrindo levemente, esperou a pergunta da soldada e responsável dali.

— Por que achou ser certo vir sozinho e após uma luta acirrada?

— Estavam passando por problemas, pessoas morrendo, e me recusei a desviar o rosto e deixar pra lá, até mandei Garmir os ajudar até eu vir.

Concordando, lembrou dos relatos que pegou depois do fim da batalha, detalhando a ajuda do cão pegando fogo, auxiliando em ataques e salvando vidas.

— Eu deveria o mandar de volta à base para receber sua punição, entretanto, soube que é um guerreiro experiente e habilidoso, matou muitos dos inimigos, então, tenho uma proposta.

Prestando atenção, San suprimiu o desejo de roer as unhas.

— Fará parte da equipe de exploração, sob as minhas ordens, e se for bem, o ajudarei quando voltarmos à base, talvez reduzindo o que vai sofrer.

Mantendo o rosto impassível, San comemorava internamente, tendo acertado a sua previsão. Vários do seu grupo morreram nesse ataque, reduzindo seu poder e força.

Ter San, alguém que se mostrou ótimo em lutas, junto ao seu familiar, era um triunfo, só deveria ser usado certo, dando um alvo, e o mandando eliminar.

 A quantidade de tempo dessa missão de exploração era desconhecida, San tava ferido e cansado, e independente dos problemas a resolver, tipo a consequência de usar o poder da máscara, a olhou nos olhos e sorriu de canto.

— Claro, vai ser um prazer trabalhar juntos. Uma pergunta, tem comida aí? Tô morrendo de fome.



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