Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 85: Um Exército

Dois grupos de monstros vinham de lados diferentes, os do rio e da floresta, seus graus de dificuldade variando e os da floresta o número sendo desconhecido, devido a sua camuflagem.

Imóvel, a mente de San agiu rapidamente, já tendo bolado uma estratégia, porém, virou a cabeça em direção a Liz, querendo saber a ideia dela.

Liz tava parada, os olhos arregalados percorrendo o campo de batalha, incapaz de falar, uma pitada de medo no seu rosto. Estalando a língua, San gritou:

— Liz, comigo nos dá floresta. Os dois protejam o caminhão e impeçam os monstros aquáticos de quebrarem algo.

Um plano feito às pressas, San só pensou que a melhor escolha pra lutar com os aquáticos seria Jason por sua habilidade de controlar a água, preocupado das bestas terem o mesmo poder, e Bella, capaz de florescer as plantas os impedindo de destruírem os equipamentos.

Quanto ao seu lado, ele tem seus métodos de identificar inimigos, seja sua habilidade de névoa, o olfato de Garmir ou os radares de Sacro. Liz pode aproveitar seus sentidos aguçados os ouvindo, cheirando e talvez, notando o sangue dentro dos inimigos, claro, os ventos de Levante seriam úteis.

Ninguém discutiu, a voz de comando de San foi forte, e correram rapidamente nas suas posições.

De espada desembainhada, San prestava atenção nos detalhes da vegetação, seja galhos sendo pisados, folhas esmagadas, o cheiro pútrido batendo no seu nariz e pequenos rosnados na sua direção.

O principal problema seria descobrir o tamanho desses seres, suas resistências e fraquezas. Liz, os olhos brilhando em vermelho, avançou primeiro, de espada erguida e raivosa.

Encurtou o espaço entre seu inimigo em poucos passos, abaixando a espada em um movimento rápido, parou o ataque no meio do caminho e derrubou seu corpo, quase alcançando o chão.

Apontando a espada para frente, perfurou a carne, e dentro do inimigo, subiu ao máximo, espalhando um rastro de sangue, o abrindo e matando, já partindo ao próximo.

Tendo visto a batalha rápida da sua companheira, San presumiu que os monstros tinham entre um metro e noventa. Membros longos, bons ao ataque e não eram tão rápidos.

Dando um passo em frente, ouviu um estalar de galho à sua direita. Balançando a espada, sentiu o impacto de ter acertado, e soltou um esguicho de sangue.

Pretendendo avançar e o eliminar, escutou o vento sendo empurrado, e uma dor veio do lado direito da sua barriga. Incapaz de resistir, voou na floresta, acertando uma árvore morta e caindo no chão.

“Merda, esqueci de considerar a opção dele me atacar ao invés de recuar.” Ficando de joelhos, apertava o local acertado, sendo uma dor grande, amassando uma parte da sua armadura.

Nem tendo tempo de descansar ou pensar, sons de passos vieram na sua direção, de lados diferentes e variados. Preocupado de ser encurralado e espancado feito um cachorro, concentrou a essência no seu corpo, a movimentando.

O ar ficou frio, e facilmente, uma neblina se espalhou, atingindo somente os pés dos seres ali, permitindo da visão continuar e as lutas não serem atrapalhadas.

Pontos surgiram na mente de San, o alertando do local dos seus inimigos. Um estava bem na sua frente, já escutava os passos a poucos metros de distância, e mesmo assim, ficou parado, localizando os outros.

Eram vários, e cinco o cercavam. Acalmando a respiração, estendeu o dedo, criando uma esfera de energia. Levantando, supôs ser a cabeça, ou quase, e disparou.

O tiro saiu feito uma bala de arma silenciosa, acertando o seu inimigo, e um som de baque nas folhas mortas, confirmando sua queda, no entanto, a bala não parou aí.

Dando uma ordem antes do tiro perder seu poder, mudou de direção no meio do ar, virando a direita. O ponto na cabeça de San mostrou o monstro tentando desviar, sabendo do perigo. Independente da sua posição nova, a bala o perseguiu, atravessando e ceifando a sua vida.

O tiro de energia atingiu três no total, seus corpos caindo e espalhando sangue nas gramas mortas. Sobrando dois perto de si, San pegou a espada e avançou.

O inimigo mais perto tava a uns quinze passos, forçando San a dar uma pequena corrida, e quando chegou na sua frente, ele tinha recuperado seu estado, vendo a falta da esfera de energia.

Sabendo sua localização dessa vez, San usou da parte curvada da lâmina no seu pé, puxando, desequilibrando-o, caindo de costas. Pulando em cima, perfurou até atingir o chão.

Sem descanso, tirou a espada e rolou ao lado, caindo e ouvindo o corpo da sua última presa sendo esmagado, as partes da sua pele jogando nos seus cabelos.

Sabendo a posição da sua última presa, cerrou os dentes, se levantando e cortando, mirando na cabeça ou pescoço. A espada perfurou facilmente, no entanto, foi raso. “Acertei o braço.” Deduziu.

O braço foi balançado, levando a espada consigo. Sabendo ser um erro perder sua arma, San continuou segurando, tendo seus pés levantando no ar.

Esperando que sua espada desprendesse, permaneceu no braço do monstro. O som do vento sendo cortado veio, e San estendeu a mão, utilizando a sua telecinese, diminuindo o ataque do segundo membro.

E em um movimento, criou um tiro de energia na ponta do dedo, disparando. O tiro atravessou a pele, mas o monstro não morreu, ergueu a mão da espada e derrubou, com San sendo jogado no solo.

O ar saiu do seu peito, e independente disso, forçou os pés no braço invisível, puxando. A lâmina foi liberada, e rolando, ficou de pé, avançando novamente,

O ataque do braço bom veio, porém, San diminuiu sua velocidade telepaticamente, e o ultrapassando, cravou no ponto mais alto, finalmente dando um fim no seu inimigo.

Respirando pesadamente, a essência de San saia do seu corpo em uma velocidade assustadora, e com razão. Em uma luta, utilizou de três poderes diferentes, de gastos variados.

A névoa gastava uma quantia grande só de manter ligada, a telecinese depende do peso e força do alvo, e o tiro de energia gasta uma boa quantia, piorando ao mover no ar.

Também é por isso que San evita usar várias habilidades ao mesmo tempo, senão em todas as lutas ativaria o seu arsenal e só atacaria o alvo.

Os pontos da sua cabeça brilharam, sinalizando os seres vivos perto. Erguendo a cabeça, tinha ao menos seis vindo na sua direção, os passos sendo pesados e vibrantes.

Soltando uma risada curta, sabia estar sozinho. Seus companheiros tinham seus problemas, incluindo Garmir entrando na floresta atrás da base desses seres.

Tampando o rosto com a mão, murmurou:

— To vendo que vou ficar sem essência.

Estalando uns ossos, entrou em posição de combate, decidido a vencer, seus olhos mudando de cor.

Do lado oposto, perto do rio e dos tonéis de água, Bella e Jason atacavam os homens peixes, os forçando a recuar e deixar protegido a água.

Jason permanecia de poder desativado, acumulando ferimentos, utilizando das suas habilidades de luta boas e corpo aprimorado.

Quanto a Bella, já ofegava. As flechas na sua aljava acabando, os inimigos vindo um atrás do outro. Observando a situação do companheiro, eliminando os seus inimigos em movimentos firmes, se sentia um peso no campo de batalha.

Todos ali lutavam de cara no perigo, a poucos passos da morte ou ferimentos horríveis, e ela longe, segura e bem. Por isso nos últimos tempos tem dado tão duro nos treinos, estudando mais e melhorando suas habilidades.

Só para nunca mais ver a visão de um dos seus companheiros caído, perto da morte e sozinhos. Iria melhorar, ficar forte e ajudar.

Apertando o arco nas suas mãos, usou a mão livre nos bolsos do seu cinto, tirando um punhado de sementes.

Uma ideia que gasta da sua energia, contudo, boa em eliminar os inimigos desprevenidos.

Atirando no ar, o vento espalhou, aterrissando aleatoriamente. Sacando uma flecha, puxou a corda ao máximo e mirou em um homem peixe problemático, de quase dois metros de altura, a sua lança de osso afiada grande.

Disparando a flecha, o monstro mal se importou, acostumado a desviar esses projéteis os cortando ao meio. Chegando perto do seu rosto, de repente perdeu o equilíbrio, incapaz de se mover, a seta o acertando na cabeça e dando um fim na sua vida.

Abrindo um sorriso, Bella dispersava as plantas nas pernas da fera, já visando o seguinte.

Cercado de inúmeros inimigos, Jason avançava igual uma máquina, a lança cortando sem piedade, o sangue respingando no seu rosto e corpo, obscurecendo a visão.

Parando por um segundo, limpou os olhos, e a primeira visão foi um objeto branco vindo. Desviando da lança inimiga, teve a bochecha cortada, abrindo um ferimento grande.

Recuando alguns passos, uma saraivada de ataques vinham, e até a sua constituição vampírica aprimorava chegava ao limite. Seguindo uma dica de San, deixou seu poder de absorver danos a segundos de ser ativado, sempre impedindo de conseguir.

Era uma forma de encurtar o tempo na hora que realmente quisesse ativar, o principal problema sendo o gasto de energia constante e a pressão mental. Entretanto, dessa vez deu certo, e ativado, uma barreira transparente o cobriu.

Jason é um preguiçoso por natureza, sua família o advertia e brigava, mas nada dava certo, é um cara mulherengo, gosta de matar tempo e se divertir.

E mesmo assim, é um guerreiro excepcional, habilidoso na lança e seus sentidos ótimos na luta. Muitos acham que é talento. Nada disso, foram meses de treinamentos, isso desde a sua infância, ao descobrir não ter os poderes de controlar o sangue, sabendo ser excluído entre os seus parentes, visto um fraco e decepção nos olhos dos avós, primos, tios.

Como se estivesse no começo da luta e carregado de energia, cerrou os dentes, suas presas de fora e os olhos em um vermelho vivo. Acompanhando o vento, cortou o peito de um na sua direita, esmagou a cabeça nas suas costas com o cabo, aproveitou a mão livre rasgando a garganta na esquerda.

Independente da incrível velocidade de matança, os números aumentavam, as armas o acertando e curando.

No meio da floresta morta, Liz de espada quebrada, substituiu a lâmina por uma de sangue, aproveitando seus sentidos aguçados localizando os inimigos, desviando facilmente e os matando.

Ela estava de péssimo humor, criou tantos planos e orientou seus companheiros, para no fim, ficar paralisada na situação surpresa, incapaz de comandar.

Precisou San gritar e a tirar do seu estado. Por isso, descontava sua raiva eliminando os monstros invisíveis, já criando um pequeno rastro de corpos no seu caminho.

Um golpe veio da sua direita, e Liz dobrou a cabeça, esquivando e agarrando o braço, o esmagou, destruindo o osso, para a espada acertar a cabeça.

O cheiro horrível e os movimentos pesados facilitavam bastante no combate, o estranho foi que vinha cada vez menos inimigos na sua direção, mas o som da luta de San era constante, enquanto ela podia até descansar.

Levante preso em um galho nem focava o olhar nela, observando San, quieto.

Tendo acabado do seu lado, compartilhou a visão com a águia, querendo ver o estado do companheiro, curiosa. Em segundos, arregalou os olhos, petrificada.

Os olhos antes azuis, em um puro vermelho brilhante, sangue flutuava no ar, caindo, cobrindo montes de cadáveres, e uma névoa os tampando, flutuando. San coberto de restos, espalhados nos cabelos, rosto e armadura.

Encostado em uma árvore, a respiração de San era acelerada e complicada. Uma dor se espalhava no seu corpo inteiro, resultado de ser acertado inúmeras vezes, repetidamente, e forçar o seu corpo a continuar.

As pilhas de corpos ao seu redor criando montes, e mesmo assim, sabia que mais vinham, muitos. Garmir alcançou o ninho deles, e seguindo os rastros, encontrou um batalhão marchando na sua direção, destruindo os obstáculos à frente.

E devido à névoa, sentia uma parte dos problemas no rio, só aumentando e cercando seus companheiros.

“Tamo perdido, são muitos.” Sua mente já lenta, o gasto de essência o consumindo. Prestes a desativar sua névoa, parou, concentrando em outro lugar, longe.

Orientando Garmir, o mandou verificar, e em instantes, alcançou o lugar. A muitos metros, um grupo de humanos lutava contra bestas, e ouvindo atentamente a descrição vindo do cão do inferno, San os reconheceu, a equipe de exploração, responsáveis de determinar os perigos ao redor.

Estavam com dificuldades, e entre os membros do grupo, tinha aqueles que San reconheceu, mas os ignorou, focando em uma só, Hana.

Petrificado, sabia estar em uma posição ruim, com seus problemas seria impossível abandonar os companheiros. Desativando a névoa, sobrou um pouco de essência, alguns tiros de energia restante.

Imóvel, o som de passos pesados se aproximavam.

— San, inimigos perto. — Sacro tentou o alertar.

Respirando fundo, apertou firmemente o cabo da sua espada, uma raiva o dominando e odiando a ideia vindo.

Dando as costas, correu de volta ao caminhão, atraindo os monstros. Passando Liz em alta velocidade, falou:

— Vamos voltar, são muitos, tenho um plano.

Nem discutindo, concordou e o acompanhou de volta ao rio, repleto de mortos e homens peixes saindo da água. San viu a cena, encheu o peito, gritou:

— Eu tenho um plano! Vai espantar ou matar esses monstros, preciso que sigam minhas ordens!

Olhares foram jogados na sua direção, os soldados hesitantes, preocupados de estarem arriscando suas vidas. Seus amigos, só concordaram, sabendo da capacidade do amigo.

Hesitando, San mandou:

— Entrem no caminhão, agora.

Confusos, obedeceram. Os soldados foram na parte da frente, e o restante entrando atrás. As bestas vinham de todos os lados, e quando a equipe inteira entrou, San ficou de fora.

— Não saiam de dentro, nem espiem, é sério, só temos uma chance. — Sua voz alta o suficiente alcançando os soldados.

Ninguém entendia, só concordavam. San deu um pulo e puxou o pano de cima do caminhão, tampando a visão da sua equipe, os deixando no escuro.

Sozinho, os monstros vinham marchando, invisíveis ou visíveis, queriam o seu sangue. Hesitando por um momento, pensou se sua irmã estava passando por esse problema.

Tirando os pensamentos inúteis, focou no seu pulso, a pulseira de obsidiana preso, vibrando constantemente.

— Tomara que dê certo.

Em um pensamento, moldou a forma da pulseira, a revelando de verdade.



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