Volume 2
Capítulo 84: Uma Nova Missão
Sentado em círculo, três homens e uma mulher tinham rostos sérios, jogando olhares rápidos aos parceiros. Em cima de uma bancada de madeira pequena, cartas espalhadas.
Sentado na terra, San cuidava sua carta, a última, e responsável de dizer o vencedor da partida.
— Joga logo moleque. — O soldado da frente, disse ansioso.
Soltando um suspiro longo, enviou a carta em frente, desanimado. Todos mantinham o foco na frente, já esperando ganharem. Revelando o símbolo, era uma espada, o ás de espada.
— Merda!
— Sacanagem.
— Isso!
Um grupo de gritos foi espalhado, uma parte sendo a equipe perdedora e a outra a dupla de San, comemorando a vitória.
— Sempre acreditei em ti moleque.
Sua companheira o trouxe para perto e enrolou o braço em volta do pescoço de San.
— Calma ae Brenda.
Deu tapinhas apressado no braço. Demorando um pouco, foi liberto, podendo respirar novamente. Aconchegando no seu lugar, sorriu observando seus novos amigos.
Brenda, uma soldada novata, magra e cabelo curto, um sorriso grande e de braços erguidos. Ao lado dela sendo um novato também, só o da frente que era experiente, sendo de uma posição alta.
Eric, uma carranca e de sobrancelhas franzidas, o cabelo um pouco grande e algumas cicatrizes na sua mão.
Na última hora, San aproveitou seu tempo jogando cartas com seus novos amigos, ganhando e perdendo, por sorte já conhecia esse tipo, dos seus tempos nas ruas, uns vagabundos adoravam apostar o que não tinham.
No início, foi complicado ser aceito na roda, um novato nem sendo militar, vindo de uma escola cara e mutante, quase o expulsaram. Para a sorte de San, só de bater o olho viu o principal problema, ser um mutante.
Esses soldados eram humanos normais, e devido a isso, os mutantes da base recebiam os créditos da maioria do trabalho pesado, sendo complicado pra eles subirem na hierarquia ou serem importantes.
San só precisou mostrar o seu desagrado, falando mal dos seus companheiros, e depois, perdeu duas partidas, os deixando alegres. Daí pra frente alegria.
Eric pegou as cartas e começou a embaralhar, cuidando a hora para evitar exagerar.
— Me diz San, pensa em entrar no exército?
Pego de surpresa, demorou a responder, considerando se a sua resposta seria prejudicial ou benéfica. Escolheu ser sincero.
— Quero ficar bem longe.
Pequenas risadas vieram de perto, Eric igualmente.
— Esperto, é complicado viver longe da família, sua vida em risco só de sair dos muros.
“Na verdade, se não fosse a minha vingança, talvez eu entrasse, vendo agora, parece divertido, bem parecido com a minha vida antigamente.” Deu de ombros, esperando receber as cartas.
Terminado de embaralhar, Brenda falou apressado:
— Mutante chegando!
As cartas foram escondidas imediatamente, pegaram suas mochilas e fingiram estar arrumando algo, vasculhando e organizando. San, já sabendo que um mutante vinha, permaneceu normal.
A Menos que fosse um professor ou militar importante, poderia continuar ali, claro, talvez sendo dedurado depois e tomando uma punição.
Vindo da esquerda de San, um jovem pálido bonito e com seus cabelos escuros bagunçados parou perto. Confuso da situação, perguntou:
— O que tá fazendo?
Encarando seu amigo Jason, San sorriu, batendo na terra ao lado.
— Quer jogar?
Hesitante, olhou por cima do ombro.
— Terminei a minha tarefa e Liz disse pra te procurar.
— Que coincidência, eu acabei a minha parte, vem vamos jogar. — Sua voz persuasiva, atraindo o amigo.
Jason era um filho de general, conhecedor de regras e a rigidez, mas sempre foi meio rebelde, faltando aulas e fazendo o que queria. Sua irmã o restringia na maior parte do tempo, porém, San o incentivava, e dessa vez foi igual.
Sentando ao lado do amigo, ignorando a sujeira, disse sorrindo, revelando as presas:
— Tamo jogando o quê?
O jogo prosseguiu calmamente, o amigo aprendendo e perdendo bastante, sendo alvo de piadas. Infelizmente, ele aprendeu rápido, e de vingança, decidiu trapacear.
Pegava no pulo quem tentava mentir, escutando os batimentos cardíacos dos companheiros, pegando o jeito facilmente. Pra não deixar chato, San trapaceou um pouco, usando da telecinese para dar as cartas ruins ao amigo.
Em um período de tempo desconhecido, Brenda falou novamente:
— Mutante.
Os mesmos gestos se repetiram, escondendo as cartas e arrumando algo a fazer.
Em instantes, o som de botas batendo na terra ressoou nas costas de San, parando a centímetros.
— Bonito, os dois aqui jogando cartas enquanto nós fazemos seu trabalho.
Reconhecendo a voz feminina, abaixou os ombros em derrota. Levantando a cabeça, sorriu.
— Liz, tudo bem?
Dando as costas e saindo, San olhou de esguelha Jason, e sabiam ter acabado a diversão.
— Mal aí galera, acabou pra gente.
— De boas, passamos muito tempo aqui, vamos tomar uma bronca. — Brenda admitiu em derrota.
— Boa sorte. — Eric torceu.
Logo, a maioria dos novos amigos fizeram o mesmo. Acompanhado de Jason, encontraram Liz facilmente, acompanhada de Bella e irritada, os olhos brilhando em vermelho.
— Me dê uma boa desculpa pra estarem ali.
Abrindo a boca para falar, Jason foi mais rápido.
— San me atraiu, falou ter acabado as coisas dele e tá livre.
Vendo a traição do amigo, disse:
— Tava fazendo amigos, pode ser útil, não sabemos quanto tempo vamos passar aqui.
Recebendo uma bronca de ter matando o trabalho, via o amigo rindo atrás da irmã. Com a missão de vasculhar os muros atrás de falhas acabou, estavam livres por enquanto para almoçar.
Sentados em um canto, San comeu sua porção de comida, aguardando as novas ordens. Desferindo um olhar aos outros colegas, alguns tinham a roupa suja, rostos tampados de terra e os sapatos destruídos.
Nem querendo imaginar o que fizeram, demorou um tempo, e o mesmo soldado responsável de dar as missões voltou, distribuindo as novas tarefas.
Na maioria, continuou igual, coisas chatas. Na hora de San, ele falou:
— Arrumem seus equipamentos, entraram na tarefa de escoltar um grupo até o rio próximo.
Inesperadamente, nem sabiam o que falar, só comemoram, e claro, receberam olhares de inveja. San ouviu atentamente as missões seguintes, notando que alguns tiveram suas missões mudadas.
Limpando sua roupa e indo onde deixou sua mala, passou Cron, na distância dos ombros, o soldado falou:
— Esteja preparado, depois traga seu amigo. Eu e Eric queremos uma partida.
Sorrindo de vitória, disse sinceramente:
— Vai ser um prazer, e vamos apostar dinheiro na próxima.
De volta onde deixou sua mala, Garmir o esperava, entediado e montando guarda. Percebendo os sentimentos alegres do parceiro, esticou o corpo, aquecendo a área perto.
Vestindo sua armadura de metal e cota de malha por baixo, checou as ligações, estado da espada e seu corpo, espantando a preguiça, ansioso de dar uma olhada fora dos muros de madeira.
Tudo terminado, seus colegas equipados e armados foram no portão. O grupo responsável de pegar água tinha um caminhão, tonéis vazios dentro e o veículo velho.
Eram dois, um motorista e o parceiro. O grupo de San iria os escoltar até o rio e deveriam encher os tonéis, trazendo de volta em segurança, escoltando e lutando contra os monstros no caminho.
O motorista, tomando a posição de liderança, deu um passo em frente e falou:
— Sou Jhon, espero uma boa cooperação.
— Liz, e suas palavras são as minhas, nos dê a ordem e obedeceremos.
Acenando em concordância, Jhon deu uma explicação do seu caminho. O caminhão era grande e deveria levar água suficiente para a base inteira, e devido a isso, encheriam todos.
No lado de fora dos muros, a especialidade dos monstros são os voadores e os camuflados, sendo complicados de lutar contra. Eles não deveriam em hipótese alguma se separar do caminhão.
San escutava de longe, decorando as informações e pensando em formas de matar os monstros, Bella preparava seu arco e flechas, Jason esticava seu corpo, e quanto a Liz, de rosto duro e firme, focava no seu objetivo.
Sendo que tem dois lugares na frente e são destinados aos soldados, o grupo entrou na parte de trás, sendo apertado e limitado. Na vez de San entrar, ficou parado por quase um minuto pensando.
— Anda logo, entra. — Jason sendo espremido por sua irmã em um tonel.
Considerando suas opções, agarrou a parte de cima do caminhão e deu um pulo, ficando no teto duro. Sentando confortavelmente, gritou:
— Tô pronto.
O som do motor ligando reverberou, e logo as rodas começaram a girar. O portão da frente foi aberto pelos seguranças ali, dando a oportunidade de San finalmente ver o lado de fora.
O carro saiu da base, e San entendeu os comentários das amigas da floresta. O lugar estava morto, onde um dia já foram grandes e repleto de vida, as árvores morreram, secas igual a palitos, os galhos espinhentos grandes e afiados.
Chão de pura terra, pedras pequenas afiadas espalhadas aleatoriamente, ao longe, montanhas, escondidas pelas nuvens, e nada de sinal de animais, sejam pegadas, rastros, fezes, era praticamente um deserto.
Em uma velocidade constante, seguiu em frente, o vento seco batendo no rosto de San, afastando seus cabelos grandes. Ocasionalmente dava uma olhada para o lado, Garmir acompanhando o caminhão, correndo em alta velocidade e desviando dos obstáculos mortos à frente.
Constantemente San foi obrigado a se agarrar nas laterais, preocupado de cair. A estrada já ruim piorou. Buracos enchiam as ruas, balançando toda hora e as curvas abruptas balançavam os membros do veículo.
Durante duas horas da viagem, diminuíram a velocidade, ao invés de parar, o veículo entrou na floresta morta, abandonando a estrada horrível e entrando em uma inexistente.
Em um ritmo lento, foram em frente, San sendo obrigado a afastar os galhos batendo no seu rosto, que de alguma forma conseguiram crescer até bater nele.
Vinte minutos de incomodação, alcançaram seu objetivo, a fonte de água. O animo de San caiu ao ver a visão, e curiosidade crescendo.
Grande, a largura sendo boa e fundo, pedras nas laterais servindo de apoio e correndo em uma velocidade lenta. Seria perfeito, se não fosse que ao invés de um azul lindo normal, era marrom avermelhado.
O caminhão chegou perto de ré, e finalmente parando, Jhon saiu e declarou:
— Chegamos, fiquem a postos.
Os companheiros de San desceram, espreguiçando seus corpos, tirando a dormência e estalando os ossos. Voltando ao chão, caminhou em frente, ficando na ponta de uma pedra, mantendo o olhar no rio.
Imóvel, olhou de onde a água vinha e ia, imaginando a forma de passarem, porque tomar qualquer coisa desse lugar ia dar uma doença.
Jhon veio ao seu lado, carregando consigo uma mangueira grossa, o seu parceiro no caminhão arrumando o necessário.
— Sei o que está pensando, e sim, é aqui, esse rio.
Semicerrando as sobrancelhas, seu rosto era confuso e até pra ele tinha nojo.
Jhon soltou uma risada ao ver essa reação.
— Mesmo o nosso caminhão sendo uma merda e mal tendo dinheiro de comprar outro, temos um sistema de purificação de água ótimo, acompanhado com mutantes especializados nisso.
Compreendendo, San ainda sentia ruim em beber essa água, praticamente de cor vermelha, tendo seja lá o que nesse rio.
Jhon pôs a mangueira no rio, até o fim, e ligando a máquina, puxou água, passando o caminho inteiro e entrando no tonel.
Perto do seu grupo, estavam vigilantes, incluindo os familiares, em guarda e prontos, só San tava de boas.
Levemente entediado e decepcionado, esperava encontrar inimigos a enfrentar, disse:
— Podemos até jogar cartas, o que de ruim pode acontecer?
O soldado parceiro de Jhon parou e o encarou, levemente assustado e irritado, até acelerou seu trabalho. “Estranho.” San pensou coçando a cabeça.
Longos minutos passaram, até Liz, de visão compartilhada com Levante gritar:
— Monstros!
Todos entraram em posição, pegando suas armas e ativando os poderes. Subitamente, de dentro do rio saíram seres, completamente escamados, sua aparência semelhante a peixes humanoides deformados e segurando lanças feitas de ossos.
Dando um pequeno sorriso, San desembainhou a sua cimitarra, querendo uma luta boa, até receber uma mensagem do seu cão do inferno.
Virando a cabeça, da floresta, a terra era remexida, pedras sendo empurradas e galhos quebrando. Independente de ver o inimigo, Garmir havia confirmando, um segundo grupo vinha.
— Na direita, monstros camuflados.
Pegos de surpresa, demoraram a fazer algo, confusos de quem atacar primeiro.