Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 83: O Começo dos Dias no Campo

A viagem prosseguiu calmamente, Miller esqueceu ou simplesmente preferiu adiar a conversa, deixando San no seu grupo.

Sentado na sua cadeira macia, escutava com tédio.

— Devemos considerar o terreno e tipo de inimigos lá, também o nosso trabalho nisso, claro, tem os nossos colegas e os soldados, talvez tenhamos de trabalhar em grupo com os outros.

Liz criava várias estratégias, compartilhava com o grupo pedindo a opinião e dicas, mas só a sua amiga ajudava, um estava morrendo de medo no seu banco, de olhos fechados e tentando manter a calma, e o último tava entediado, jogado na sua cadeira.

Tentada a assustar o irmão, desferiu o olhar a sala dos familiares, preocupada do Levante. Sua águia era orgulhosa, difícil de trabalhar junto e violenta.

Independente das inúmeras coisas ruins, era forte, inteligente e na hora da luta, seria um parceiro maravilhoso, e junto às habilidades extras ganhas devido a se tornarem parceiros, ficou fácil certos tipos de lutas.

De olhos fechados, Jason abafava os sons ao redor, concentrando somente nos seus pés, a estabilidade e sensação do cinto nas suas mãos. Esse medo de altura o acompanhava há anos, o superar seria complicado.

Mantendo a calma, Bella escutava atentamente a sua amiga, decorando a maior parte dos planos, se preparando. Desde a última missão em grupo, o a aparição do lobisomem, ela mudou seu modo de pensar nas missões, levando a sério e treinando esforçadamente, obedecendo às dicas de San nas aulas e melhorando seu poder.

Quanto a San, só deu de ombros, considerava suas habilidades o suficiente em qualquer tipo de terreno, misturado a seu cão do inferno forte, sua preocupação virou Miller querendo o interrogar. “Devo esconder a placa de identificação? Nem, ela vai perceber a vai suspeitar.”

Em pensamentos na sua situação, sua única solução era se manter o mais longe possível dessa soldada, evitando confusão, atraindo atenção indesejada.

Na verdade isso foi bom, San queria um descanso, estava fazendo tantas coisas nesses dias, seja treinando as habilidades copiadas, procurando a passagem da esfera para a encontrar e descobrir ter uma segurança alta.

No momento, só queria focar suas ideias no principal objetivo, pegar a esfera de Dyson despercebido, de forma a manter sua vida tranquila e em segredo.

Sentindo uma vontade de roer as unhas, pensava: “Queria estar na cidade, estaria caçando um alvo e poderia me acalmar melhor.” Esticando seu corpo, implorava a nave acelerar e acabar essa missão.

Longas horas passaram, os relógios marcavam madrugada, e muitos alunos pegaram no sono, a animação da viagem diminuindo e os nervos acalmando.

Imitando os colegas, San pegou no sono, livre de sonhos, aconchegado e tranquilo. Em um período de tempo desconhecido, abriu os olhos assustado, a nave sofreu um solavanco.

Olhando ao redor, ninguém sabia o que acontecia, esperando a resposta vir da pesada porta de metal.

Acordado em um pulo, sendo limitado nos cintos, Jason virava a cabeça freneticamente, pálido e preocupado.

— O que tá acontecendo?

Não se contendo, San manteve o rosto mais sério possível, olhou na direção do amigo e disse:

— A nave tá caindo.

A visão de um vampiro naturalmente pálido ficando mais pálido era surpreendente, e a reação de Jason foi essa, junto a arregalar os olhos, abrir a boca em descrença.

Aguardando o grito fenomenal, dos altos falantes veio uma voz:

— Estamos chegando no nosso objetivo, apertem os cintos.

Chegando perto de um desmaio, Jason levantou a cabeça aliviado, enquanto Liz olhava de canto de olho a San, descobrindo esse lado brincalhão meio estranho.

— Eu tenho camomila se quiser. — Bella disse a Jason.

Enjoado, só acenou concordando. 

A nave inclinou, pequenos gritos foram soltos e um som veio das hélices parando. Imóveis, estavam parados, silenciosos. Dois minutos depois, a escotilha foi aberta, e em uníssono, as cabeças viraram.

A luz do sol fraca entrou, atingindo os rostos dos alunos. Os vampiros até soltaram reclamações em voz alta. Ignorando ter que esperar até o chamado para se soltar, San desprendeu o cinto e levantou do banco.

Sob os protestos de Liz, deu um passo em frente, tampando o sol, e finalmente viu o objetivo da viagem, o local que passariam seja lá quanto tempo.

O chão de terra pura, as pedras esmagadas. Construções de concreto não passando de dois andares, velhas e desgastadas, barracas verdes espalhadas, soldados caminhando constantemente carregando armas no corpo, e alguns mutantes, espalhados.

Querendo sair e ver mais, pois a visão era limitada, parou ao ver na sua frente, Miller, o quepe embaixo do braço, permitindo ver o seu cabelo castanho amarrado em um rabo de cavalo e o rosto sério.

Nas suas costas, dez soldados em posição, esperando ordens. Preocupado, San ia dar um passo atrás, quando, atraídos por seu gesto, alunos avançaram, petrificados de medo a ver a soldada.

— Forme uma fila! — Sua voz alta e ressoando no lugar.

Todos obedeceram facilmente, a pequena demonstração anterior os convenceu de evitar provocar essa mulher.

Junto dos seus amigos, San entrou em uma fila, os olhos vagando enquanto saia. Um por um declarava seus nomes e recebia suas coisas, incluindo o monstro familiar.

Na sua vez, San pegou as duas malas e sentindo a conexão com Garmir, o viu irritado sentado na terra, a cabeça erguida e orelhas pontudas. Suprimindo um sorriso, observou Liz procurando Levante, erguendo o rosto.

No meio do céu, uma águia voava ao redor da base, soltando gritos. Caminhando em frente, e vendo a hora, sendo o começo do dia e com o sol fraco, as pessoas naturais dessa base comiam o café da manhã.

Quando todos os alunos receberam suas coisas, Miller ficou na frente e declarou:

— A escola nos emprestou vocês para ajudar nessa base militar. Estamos isolados da maioria da civilização, as tecnologias são ruins e a comida pior ainda. Iremos dar provisões pela parte da manhã, tem meia hora e depois começarão a ajudar aqui.

Uma mulher perto forçou nos peitos ou mãos um saco verde. Muitos alunos receberam em desgosto, nem imaginando o gosto. Sendo liberados, se separaram.

Jason apreciava o solo, respirando bem fundo e passando a mão no chão, rindo de forma estranha. O rosto de Bella era feio, odiando esse tipo de terreno seco.

Mirando o olhar nos muros de madeira da base, San pensava em como era o lado de fora, a vegetação e limites. Como se lesse a sua mente, Liz falou:

— As árvores estão mortas, pedras espalhadas e riachos secos.

Bella concordou, vendo seu olhar focado nos muros.

— Algo aconteceu na floresta daqui.

As encarando em uma pequena surpresa, as duas o viram e explicaram:

— Levante compartilha a visão comigo, me deu uma boa base do lugar.

— Sinto a vegetação no geral.

Entendendo, abriu o saco plástico na sua mão, curioso da forma de comer. Pondo a boca no furo, sugou, o gosto era… curioso, uma pasta entrando na sua boca e dissolvendo.

“Já comi pior.” Deu uma risada nas comparações feitas do seu tempo de pouco dinheiro. Perdido em pensamentos, ouviu pequenas risadas, e procurando, uns soldados sentados riam.

Acompanhando seus olhares, os alunos da renomada academia Anastasia faziam cara de nojo, afastaram a comida e tinha até aqueles que escondiam ou jogavam fora escondido.

Dando uma risada curta, os observou também, comendo a sua porção e desfrutando da visão, incluindo sua irmã.

Hana forçava a comer, o rosto determinado e convencendo os amigos a seguirem o seu exemplo.

Os amigos de San, até eram tranquilos. Jason e Bella receberam o sangue artificial e se acostumaram há tempos, Bella comia principalmente plantas, e seu gosto mudou bastante nisso, até gostando do sabor.

A meia hora passou rapidamente, e ao invés de Miller os designar tarefas, um soldado veio. Barba por fazer, um cabelo preto curto que nem o vento balança, e os braços grandes treinados.

Limpando a garganta, chamou nome a nome, e dizendo o que deveriam fazer por enquanto até receberem novas ordens.

— Eu me chamo Cron, e João, Pedro, Caleb, Noah. Organizar os mantimentos.

Os alunos esperavam logo receber missões de explorar fora dos muros, entrar em batalhas emocionantes ou discutir estratégias, e não é surpresa que ficaram bastante decepcionados ao receberem o trabalho de limpar os banheiros ou recolher sujeira.

Um aluno, irritado, deu um passo em frente. O cara era grande, orelhas de felino e rosto irritado. “Há, é o meu amigo, bati nele já.” San lembrou facilmente desse cara, Brian, sendo o seu primeiro saco de pancadas nos seus dias iniciais.

“Ele já tá arrumando confusão, fazia um tempo desde a última vez. Onde será que esteve?” Brian ficou de frente ao Cron, peito estufado e se achando.

— Ai o soldadinho, espero receber uma tarefa legal.

Cron, sendo mais baixo que o homem fera, levantou e deu um sorriso tranquilizador. Em um simples movimento, deu um soco no meio da barriga no aluno arrogante, potente o suficiente para derrubar e fazer ficar de joelhos.

Agarrando seus cabelos, falou bem alto:

— Escuta aqui, seu merdinha, sua família pode ser uma enorme e poderosa, mas aqui, no campo, ela é inútil, e você vai aprender isso, de uma forma ou de outra.

Derrubou o rosto do Brian na terra. Mantendo o sorriso, abriu seu holograma novamente e continuou lendo os nomes, recebendo só concordância.

“Esse cara só aparece pra apanhar? Bem, merecido.” San aguardava o nome de um dos membros ser chamado, sua mente vagando nesse lugar, e gostando da sensação.

— Liz, San, Bella e Jason, checar aberturas nos muros.

Sendo filha de um general e querendo ser uma, Liz só concordou em um rosto sério e puxou seus companheiros, com Jason reclamando do trabalho chato.

O tempo passou assim, Caminhando ao redor dos muros feitos de madeira, e tendo recebidos suas armas, equipados, com Liz de armadura e mantendo o irmão firme.

San de cimitarra na cintura, ficava encostado na madeira, Liz os dividiu para agilizar, ao invés disso, olhava como era o local. Em uma palavra, organizado. Todos ali tinham seus objetivos e obedeciam às ordens dos seus superiores, risadas vinham de vez em quando e armas espalhadas.

Batendo de leve na madeira nas suas costas, supôs ser de uma grossura boa, e em minutos, recebeu uma confirmação de Sacro.

— Caminhou vinte metros, e até agora, a estrutura está ok.

Sorrindo de ter a sua inteligência artificial confiável, realizava seu trabalho facilmente. Ocasionalmente pensava de onde veio Sacro, tendo o recebido de aniversário do pai.

O relógio disse ter sido feito especialmente para San, o obedecendo e seguindo suas ordens. Independente de saber de onde veio, sabia ser útil, e mesmo odiando admitir, se tornou dependente de umas regalias, facilitando sua vida consideravelmente.

Terminando sua parte do trabalho, e entediado dali, queria sair, dar uma exploda lá fora, igual aos alunos na sua maioria. Porém, sabia ser uma ideia ruim, o governo tava fazendo os alunos obedecerem essas trabalhos para ver quem seria o mais adequado, só teria de aguentar, então, daria certo.

Claro, isso era só uma teoria de San, na verdade, poderiam só ter feito um sorteio e mandando um grupo lá fora. Qualquer coisa, ele já planejava dar uma fugida no meio da noite, seria punido com o quê? Limpar algo.

Sabendo que daqui a pouco Liz aparecia o mandando a um novo local, procurou ao redor e encontrou um lugar interessante. Sentados ao redor de uma fogueira, um grupo de soldados discutia e ria, tranquilos.

Levantavam a cabeça a cada poucos segundos, cuidando se ninguém viria, escondendo suas cartas rapidamente.

Passos em frente, os alcançou, e olhares foram jogados nele, hesitantes, curiosos ou de raiva.

— Eae galera, tão fazendo o quê? — O sorriso na sua boca sendo grande.



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