Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 82: Começa a Viagem

Um silêncio tomou conta do quarto, San e Liz petrificados, encarando seus relógios, atônitos, surpresos. Nessa posição por um tempo, abriu um sorriso enorme.

Correndo a porta e abrindo, já no corredor, disse de forma apressada:

— Rápido, arruma suas coisas e vamos, vou achar Jason e te encontro no lugar marcado.

Saiu apressada, deixando a porta aberta. San mantinha os olhos no relógio, um suor frio o atormentando. Após a mensagem na sua frente ser substituída por instruções, Sacro falou em voz alta:

— Tudo bem?

Ignorando a voz do relógio, pensava: “É muita coincidência, no mesmo dia que eu entro na sala subterrânea e exploro um pouco, mandam essa mensagem. Será o seu jeito de me mandarem longe e mudarem a localização da esfera?” San considerava se deveria pegar o objeto de energia na hora, fugindo.

Porém, descartou imediatamente essa ideia. Entrar em um lugar perigoso completamente despreparado seria burrice, e seria caçado pela academia inteira, seu rosto seria procurado e nunca mais teria uma vida.

E também, mandar os alunos a uma excursão para mudar a localização da esfera de Dyson seria um exagero, sendo que só um aluno sabe. “Na verdade, talvez, enquanto estivermos explorando, ocorra uma ‘acidente’ e eu morra.”

As teorias vinham na sua mente em uma velocidade enorme, considerando as probabilidades, chances e suas oportunidades. Por um momento, pensou em recusar ir. Jogou fora essa ideia, seria praticamente só ele na academia, sozinho, facilmente sendo emboscado.

Percebendo o estado emocional de San, Garmir levantou, os pelos arrepiando, e as presas à mostra, aguardando instruções. “Espera, é só uma teoria eles terem me descoberto. Agi em segredo, Sacro me monitorou a cada segundo e teria me alertado caso qualquer coisa acontecesse.”

Não descartando a possibilidade de ter sido descoberto, acalmou levemente a mente. Esticando o corpo tenso, estalou os ossos e virou a cabeça ao seu familiar.

— Vamos viajar amigo, se prepara.

Um traço de raiva veio na mente de San do seu cão, a irritação de entrar em uma gaiola novamente.

Abrindo a mensagem no seu relógio, leu atentamente, pegando as informações importantes e já sabia o que levar.

Deveriam aguardar em uma área isolada e grande da academia, os transportes os pegariam ali. Os alunos poderiam levar suas armas e armaduras, junto do familiar. Nas malas, é permitido levar o que quiser, considerando os diferentes usos nos poderes das pessoas.

Pegando sua mala debaixo da cama, guardou um par de roupas comuns, calçados, e indo embora, parou vendo a caixa de música na sua cabeceira, a madeira desgastada e perdendo a cor.

Hesitante, pôs dentro e foi embora. Os corredores da academia inteira estavam uma bagunça, alunos correndo apressados, chamando nomes, cobrando gente e discutindo.

Passando, Garmir o seguia perto, recebendo constantes empurrões, até rosnar alto e afastar o seu redor. San mandou o cão esperar no lugar demarcado, até ele pegar suas coisas.

Demorou um bom tempo, San teve de entrar em um táxi e correr na sua casa, guardar a armadura em uma mala separada e a cimitarra na cintura, presa firmemente.

De volta a academia, nos portões, as ruas tavam desertas, nem os guardas escondidos no radar de San. O silêncio reinava e as luzes nos quartos apagadas.

Estando atrasado, acelerou o passo, sentindo a localização do seu familiar. No meio do caminho, um som de turbinas encheu os ouvidos de San, e levantando a cabeça, uma nave passou.

Estupefato, arregalou os olhos. Já havia escutado rumores desse tipo de naves. Meios de locomoção destinados aos militares, duas turbinas de alta força, capaz de erguer toneladas, blindagem da mais resistente e velocidade surpreendente.

Engolindo em seco, correu, passando as gramas secas, a animação do seu peito crescendo, ansiedade de ver o novo e explorar. Sabia pouco das outras cidades, e independente dessa viagem ser a um local isolado, seria interessante.

Em minutos, avistou uma multidão esperando na grama reta, naves aguardando de escotilha aberta, e alunos entrando. Seguindo sua intuição, foi até o seu cão, onde uma porção de pessoas girava a cabeça freneticamente, sendo os primeiros a ver San sendo Garmir e Liz.

— Eu sei, eu sei, tô atrasado, foi mal, tive de passar na minha casa na cidade, pegar as minhas armas.

— De boa, é até melhor sermos os últimos a entrar. — Jason falou nervosamente, exibindo um sorriso torto.

Bella arrastava os pés na grama, como se despedisse da natureza, uma mala grande nas suas costas e de uniforme manchado de terra. Liz na sua frente observava a multidão entrando, um sorriso grande na boca e nada da sua bagagem.

— Vamos? — San perguntou curioso.

O grupo concordou. Bella deu o primeiro passo, dessa vez nos seus olhos havia determinação, de queixo erguido. Jason trousse consigo suas bagagens, uma sendo da sua irmã. Liz olhava ao redor, na direção da floresta.

Eles entraram em um tipo de fila. Os responsáveis da nave liam hologramas na sua frente. Quando um aluno aparecia, teria de dizer seu nome, e depois de confirmar ser o aluno correto, permitiam a entrada.

Chegando na vez do grupo de San, falaram seus nomes, e já entrando, San conteve o passo, vendo Liz, o rosto nervoso cuidando a floresta.

Para a sua sorte, um vulto voou em alta velocidade, passando a noite, pousando ao lado dela. Levante, sua águia mantinha a cabeça orgulhosamente, analisando de baixo os humanos perto.

O militar de roupa camuflada recuou alguns passos, causado pela pressão da águia. No entanto, um outro militar veio, todos de roupa semelhante e chapéus, era difícil os diferenciar, contudo, a sensação de estar perto desse soldado foi completamente nova.

“Um mutante.” San pensou mantendo a tranquilidade, preferindo evitar puxar briga, pela primeira vez em um bom tempo, sentiu que lutar contra esse cara ia ser complicado.

O soldado analisou Levante e Garmir.

— Familiares ficam em celas, ordenem nos seguirem e serem obedientes.

Tanto cão quanto águia revelaram sua raiva, a presença perto mudando, um vento quente atingindo o lugar. O soldado só as encarou de cima, e toda a anormalidade sumiu, mantendo o rosto impassível.

Engolindo em seco, San mandou uma mensagem mental a Garmir, e sob rosnados, obedeceu, semelhante a Levante, esse pisando fortemente no chão, prendendo deixar marcas no chão. Em vão, a blindagem resistente demais, nem riscando.

— Nos entreguem suas armas, devolveremos no pouso.

Dando de ombros, deu sua espada, e livres para entrar, San observou ao redor. A nave era grande, devido a ser uma destinada a transporte, o compartimento tendo dois andares, bancos nas paredes, e uma pesada porta levando a cabine do capitão, e outra aos familiares.

Surpreso, permaneceu parado. Soldados caminhavam obedecendo ordens, alunos sentando junto a seus respectivos grupos, ansiosos. Procurando brevemente, avistou Hana no seu lugar, seus amigos perto, sorrindo.

Sendo puxado de repente, virou a cabeça, e Liz o levava, igualmente admirado na nave, mas escondendo bem. Sentando no banco incrivelmente macio, prendeu os cintos no seu corpo.

— Tá frouxo, me deixa!

Vendo o motivo da discussão do seu grupo, Liz reclamava com Jason, dizendo que o cinto dele estava muito apertado.

A divisão de assentos da direita para a esquerda era Bella, San, Liz e Jason. Sendo aleatório. Inclinando seu corpo a amiga de cabelos verdes, perguntou baixo:

— Jason tem medo de altura?

Contendo o sorriso, Bella concordou, dizendo.

— Ele disse que uma vez, um tio o jogou no ar quando criança, de brincadeira, e quase caiu no chão. Desde então tem medo de lugares extremamente altos.

Sorrindo, San lembrou da sua experiência no ar, caindo de cima das nuvens, e sobrevivendo por pouco, tendo a sorte do seu lado.

Os assentos perto foram preenchidos, e em quase uma hora, terminou. Professores foram colocados juntos aos militares, atrás da porta de metal pesada.

A escotilha na direita fechou lentamente. San manteve a visão até o final, e focando na audição, o som das hélices soou. Sem precisar pegar impulso, seguir em linha reta ou demora, subiu ao ar.

Experimentando a sensação estranha, San queria tirar o cinto e caminhar um pouco, entretanto, só poderia fazer isso quando a nave estabilizasse, recebendo a permissão dos militares.

— Por que não tem janelas? Podemos cair e nem perceber.

Jason falava em voz alta, e sua preocupação foi espalhada aos de pouca coragem perto, causando uma pequena comoção.

“É, uma janela ia ser legal, ver o lado de fora durante a viagem.” Subitamente, a porta de metal abriu, e uma soldada saiu. O corpo treinado no uniforme camuflado, cabelos castanhos presos sendo restringidos por um quepe.

No peito, seu nome preso, exibindo: Miller. A solada observou a nave inteira, os alunos sentados, e as vozes começaram a diminuir, até sumir.

— Esse ano, os alunos são bem frouxos. — Sua voz alta e forte.

Imediatamente as reclamações vieram, indignadas. Antes de crescerem e perderem o controle, um frio atingiu todos, até a respiração ficando complicada.

Um passo em frente, as mãos nas costas.

— Vai ser assim, seus pestinhas. Irão seguir as minhas ordens sempre, não reclamarão ou incomodarão, senão, congelo vocês.

Franzindo as sobrancelhas, San inclinava a cabeça em confusão. A mulher falou de congelar tão facilmente, confiante e em voz alta, despreocupada dos seus companheiros militares ouvirem, significando que ela é de uma patente maior ou temida.

Um aluno, membro das grandes famílias, abriu a boca para falar. Antes da primeira palavra, abaixou a cabeça assustado, notando a dormência nos pés.

Uma camada de gelo cobria seus tênis, subindo até a perna. Seu rosto perdeu a cor, e começou a tremer, Miller nem desviou o olhar.

— Esqueci de falar, odeio que me interrompam.

O medo cresceu nos alunos, e escolheram manter as bocas fechadas. Confirmando estar no controle da situação, Miller voltou passando a porta.

Quando sua figura sumiu, um suspiro de alívio coletivo veio, e o frio indo embora. O aluno de pernas congeladas ativava seu poder, com grande esforço, soltou seus membros.

Checando o estado dos seus companheiros, Bella continuava normal, rosto sério. Liz não se importava com as regras, até apoiando, e Jason, extremamente preocupado, afinal de contas, ele fazia tudo que era contra.

San também se preocupou um pouco, odiava obedecer regras que discordava, e para piorar, seu temperamento complicado poderia atrair brigas, só dificultando sua reputação já ruim.

A viagem prosseguiu calmamente, após meia hora, permitiram dos alunos tirarem os cintos e andarem na nave, limitados somente ali, proibidos de passarem a porta de metal.

Sentada no seu banco, Liz formava teorias das suas futuras atividades, e criando uma formação dependendo do terreno do lugar. Bella escutava os murmúrios da amiga atentamente, e Jason cuidava de seu cinto.

Caminhando na nave, San olhava as partes trancadas, perambulava com os alunos curiosos, dando pequenos toques no metal e alguns teorizando quantos socos aguentaria até quebrar.

San saiu de perto desses, sabendo que era inútil atacar esse metal resistente, preocupou de ter seu corpo congelado. Caminhando um pouco, avistou a porta responsável da sala dos familiares, guardada por um militar armado.

Dando poucos passos, atraiu sua atenção, e disse:

— Oi, quero ir ver o meu cachorro.

O homem o analisou de cima a baixo, e manteve silêncio, o olhar em frente. Escondendo a irritação, continuou insistindo, e sabendo ser inútil, começou a falar com o cara, dessa vez só para o irritar.

Passando uns vinte minutos nessa, sentiu um toque no seu ombro, firme e frio. Virando a cabeça lentamente, Miller o segurava, sua expressão séria de sempre e trazendo o ar frio consigo.

— Proibimos a entrada dessa sala por enquanto, é arriscado um familiar causar problemas.

Na frente da soldada, dessa vez realmente na frente dela, olho a olho, San só sorriu e balançou a cabeça concordando.

— É claro, entendo.

Saindo a passos apressados, escutou a voz vindo de trás:

— Um momento.

Parando no meio do caminho, San movia a essência no seu corpo, só por garantia.

— Algum problema? — Se virou tranquilamente.

Miller o encarou por um tempo e falou:

— Já serviu? — Seus olhos vidrados na corrente ao redor do pescoço de San.

Considerando rapidamente, respondeu:

— Não, é só uma bugiganga que comprei na internet, achei que ia ser legal.

— Ah, tá bem, pode me mostrar?

Petrificado com o sorriso, sua mente corria. “Ela vai identificar o material, o nome também? É arriscado, idiotice, merda!”

— Até mostraria, mas é feio, dá até vergonha de mostrar uma falsificação dessas na frente de uma oficial.

— Deixa disso, só mostra.

A insistência de Miller era grande, o sorriso frio sempre no seu rosto e vendo de cima San.

Prestes a dar outra desculpa, houve uma comoção na sala dos familiares, os monstros começaram a gritar, e som de jaulas sendo atacadas foi ouvido.

Miller virou o rosto e entrou a passos pesados, o olhar ficando sério e esquecendo o aluno na sua frente.

Dando as costas e fugindo dali, agradecia mentalmente Garmir. “Te devo uma amigão, valeu por começar uma confusão.” De volta no seu lugar, entrou na discussão da estratégia, cuidando sempre Miller.



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