Volume 2
Capítulo 81: Uma Pequena Exploração
Os corredores na sua frente feitos de puro metal, as luzes escondidas nas aberturas no chão, e um silêncio insuportável o atormentando.
San caminhava calmamente, sempre prestando atenção na sua audição e nos mínimos detalhes estranhos ao seu redor. A sua caminhada durou um tempo, a ansiedade no seu peito dificultando a respiração e animação de finalmente conseguir uma pista.
Há meses procurava essa passagem, preocupado de Eugene decidir fazer uma visita perguntando do progresso, talvez querer velocidade. Porém, depois da demora, o seu chefe criminoso se mostrou bastante paciente.
Isso surpreendeu San, pois Eugene é o tipo de homem que quer resultados imediatos, exigindo o máximo dos abaixo dele. “Na verdade, faz sentido, controlar os criminosos de uma cidade inteira e chegar no seu nível, deve ser esperto.”
Virando a direita, as paredes eram todas iguais, nada mudando entre si, nem a cor ou tonalidade. Em um momento, San ficou preocupado de perder o caminho de volta e alertar a segurança. Por sorte, seu relógio esperto disse ter memorizado a rota, sendo capaz de o guiar, e enquanto procuravam a esfera de Dyson armazenava a rota, criando um mapa.
Durante um bom tempo, preocupado de falar, só espiava de relance e prosseguia, até de repente, o som de passos o alertarem. Paralisado, considerava duas opções: Neutralizar o indivíduo, ou dar um jeito de se esconder.
Em segundos, decidiu manter seu estado em segredo, acreditava ainda demorar a encontrar a esfera, voltaria a explorar esse caminho, e sua presença deveria ser desconhecida.
Os passos vinham, em instantes estaria de frente a pessoa. San deu as costas e acelerou os passos, prestando atenção ao som emitido. Quando o suor frio o atormentava e sentia ter sido visto, entrou em uma intersecção, cobrindo seu corpo.
O som de passos veio novamente, e entrando em lugares desconhecidos, escorou o corpo em uma parede e observou. Rapidamente avistou o dono do som.
Dois metros, constituição forte e carregando uma arma pesada. Vestia uma armadura preta completa, não revelando nem uma pequena parcela da sua pele.
O capacete de visor preto parou, analisando seu redor, e San até prendeu a respiração. Demorando, concluiu estar vazio e voltou a sua patrulha.
Dando as costas, o segurança marchou lentamente, reto, e independente do tanto de peso da sua armadura e armas, nem um sinal de sua respiração.
Finalmente longe, San soltou o ar do seu peito, sua mão tremendo na frente do rosto. “O meu radar de mutante não me alertou. É um humano normal?”
Recuperando seu estado, balançou a cabeça algumas vezes e voltou a andar, indo aonde o guarda veio, procurando qualquer sinal do seu objetivo.
Já calmo e pensativo, ouviu a voz de Sacro do seu lado:
— Esqueça esse seu plano.
Revelando um sorriso nervoso, disse:
— Plano?
— Te conheço bem o suficiente, planeja roubar a armadura do guarda ou o seu próximo poder será invisibilidade.
Surpreso, San ergueu uma sobrancelha. A inteligência artificial acertou na mosca. Os dois métodos na sua cabeça eram nocautear um segurança, o substituindo e roubando a esfera, ou seu futuro poder permanente ser invisibilidade, sendo capaz de evitar passar por perigos desses novamente.
— É uma boa ideia.
— Negativo, os dois darão errado. Pra começar, roubar a armadura é impossível, pois nem humanos são.
Engolindo em seco, San falou:
— S-são mortos?
Só a ideia de mortos estarem caminhando em um local subterrâneo, isolado do resto do mundo e protegendo um item valioso, preocupou profundamente San, e o seu medo de fantasmas atacando.
O relógio demorou a responder, como se aproveitasse da reação do seu dono.
— São robôs. — Falou calmamente.
Soltando um suspiro de alívio, descartou o plano de roubar a armadura, afinal de contas, apostava que só de entrar no visor do guarda, alertaria o lugar inteiro.
— E a invisibilidade vai dar errado por quê?
— Sua tecnologia é avançada, sendo capazes de detectar o mínimo sinal de calor humano. Você perambulando e nervoso na frente deles atrairia a atenção de cada um.
Mesmo discordando da parte do nervoso, San descartou esse plano também.
— Se são robôs, consegue invadir seus sistemas?
— Ao descobrir do seu estado robótico, tentei entrar no seu sistema, porém, na pequena mudança do seu código, alertará os seus parceiros e responsáveis.
Estalando a língua, escutou novamente o som de botas no piso. Dessa vez mais controlado, arrumou um lugar para se esconder, e aguardou o robô sair.
Então, continuou perambulando, atrás do seu objetivo. O problema disso, foi que, mudando de raramente dando de cara em um dos guardas, os avistava ocasionalmente.
Pelo menos, isso resultou na convicção de San ao pensar estar perto, já esperava ver uma porta de metal na sua frente e um robô enorme aguardando.
Falando em robôs, San os analisava sempre, descobrindo uns detalhes interessantes, sendo: São de alturas iguais, carregam armas diversas, pesadas e mortíferas, no percurso inteiro, nem um humano foi avistado.
Vendo que a situação tava ficando meio grave e que tava despreparado para essa situação, recuou, seguindo o mapa holográfico criado pro Sacro, até ver a porta levando a sua sala particular.
Pisando no piso da sua sala, a porta das suas costas fechou, levando consigo o ar frio e o corredor assustador. Encostando em uma parede, deslizou até o chão, cobrindo o rosto, sua mente pensando em inúmeras possibilidades.
Utilizar dos seus poderes e os derrotar estava fora de cogitação, duvidava ser capaz disso, só de ver o estado das suas armaduras e armas, acreditava serem máquinas de matar, especialmente mutantes, e até San, com mais de um poder, perderia, iria precisar de um feito especialmente para o ataque.
Levar um parceiro, fora de cogitação. Iria ter de o convencer a arriscar sua vida, e talvez ser preso, interrogados pelos donos do lugar.
Esse foi um dos maiores medos que San desenvolveu, os criadores, responsáveis de cuidar dali aparecerem, o prenderem e nunca mais ser capaz de ver a luz do sol, preso para sempre e sendo usado de molde para uma armadura daquelas.
Sentado por meia hora, ouviu uma batida na porta. Imediatamente virou a cabeça a parede falsa, preocupado de ser um daqueles robôs. Em um segundo, confirmou o barulho vir da porta normal da sua sala.
Afastando os pensamentos turbulentos, parou na frente e abriu, dando de cara com Ethan, seu professor de história.
Na hora, San pensou: “Ele veio me pegar? Sabe do que descobri?” Apertando a maçaneta, seu professor abriu um sorriso e revelou uma garrafa das suas costas.
— Posso entrar? — Sua voz sendo tranquilizadora, e mantendo o seu sorriso.
Bagunçando o cabelo, abriu caminho.
— A vontade.
Entrando na sala, Ethan sentou na cadeira à frente da mesa do professor e tirou dois copos pequenos do bolso, abrindo a garrafa espumante.
— Meus parabéns, ao seu primeiro dia ensinando. — Encheu os copos, deu um a San e os bateu, fazendo um som de tilintar.
Tomando tudo em um gole, San tranquilizou parcialmente seu estado. O professor, apreciava o sabor refrescante.
— Sabe, virei professor para espalhar meus conhecimentos, senão, seria um desperdício tantas informações na minha mente ficarem guardadas. Contudo, o quanto um aluno aprende, depende dele, e vi vários desperdiçando seu potencial.
Escutando pacientemente, San lembrou de uma frase.
— Aqueles que não conhecem o passado, estão condenados a repeti-lo.
— Exatamente.
Em silêncio, beberam, comemorando o primeiro dia de San, por mais que fosse apenas um clube. Nesse clima sereno, poderia perguntar assuntos relacionados a máscara, habilidades ou pessoas, mas evitou, pelo menos por enquanto.
— O senhor tem filhos?
— Ah, quem dera, eu e minha mulher tentamos repetidas vezes. Com o tempo, aprendi que eu era infértil, resultando do meu poder imortal. — Ethan mantinha seu estado calmo, despreocupado.
Relacionando as palavras, puxou na mente a vez que foi no seu dormitório, um álbum de fotos, e uma mulher aparecia bastante, felizes em lugares estranhos a San.
— Como está a sua mulher? — No momento em que fez a pergunta, se arrependeu, pois lembrou do fato do seu professor ser imortal, e talvez a sua mulher não estivesse mais viva devido à idade.
Invés de receber uma censura ou ver o rosto de Ethan entristecer, o sorriso aumentou.
— Mery, a conheci no começo do caos dos monstros. Me apaixonei imediatamente, e passamos bons anos juntos. Admito, fui insistente, os tempos eram ruins para o amor. — Demorando segundos, terminou. — Morreu aos oitenta anos, eu fiquei sempre do seu lado, cuidando até o final.
Ethan mudou de assunto facilmente, mostrando seu diverso conhecimento, contando histórias a San e lendas antigas, como uma aula particular.
O assunto mudou a pessoas importantes, e San escolheu arriscar.
— Sabe, eu tava pesquisando em sites bem obscuros, e li um nome bem chamativo. Já ouviu falar da soldada Rachel Lunaris?
Franzindo as sobrancelhas, o professor pressionou a testa. San aguardou pacientemente Ethan buscar na sua memória longa. Foi só um chute sem esperança, sua mãe era importante, pois a sua placa de identificação foi feita de Duranium, e só soldados de patente alta tem uma.
Em uns cinco minutos, Ethan estalou os dedos, e seu rosto mostrou animação.
— Claro! Rachel, a conheci em uma missão.
Uma curiosidade irresistível atraiu San, conhecer de verdade sua mãe, esse lado que ela escondeu perfeitamente, até na sua morte.
— Rachel entrou no exército depois dos pais morrerem, realizando contribuições facilmente, seu poder de habilidade físicas multiplicadas atraindo atenção dos grandes.
Parando de falar, buscava as informações fundo no seu subconsciente.
— Trabalhamos em uma missão de matar um monstro horrível. Ela me disse, que entrou nessa vida para nunca ficar parada, a vida normal a entediava, e ambos os seus pais morreram de uma doença lenta, os debilitando e enfraquecendo, por isso, fazia testes ocasionalmente, preocupada de desenvolver, e dizia nunca querer ter esse final.
Um desânimo atingiu San, uma bola se criando na sua garganta. “É, no fim, ela contraiu a doença, e eu a fiz sofrer, morrendo lentamente em um hospital, seu corpo e mente parando de funcionar.” Vendo o professor quase parar, San incentivou:
— Como ela era?
— Muito animada, tirava sorrisos dos sombrios e tinha um brilho ao seu redor. — Os olhos do professor desviaram de San, lembrando. — Falava palavrões descontroladamente, uma calma impressionante no perigo, e ajudava seus amigos.
Desviando o rosto, San disse:
— Sabe por que saiu do exército?
— Ouvi boatos. Diziam na época, que ela encontrou um homem ferido em uma floresta, acabado, destruído, a esperança havia sumido dos seus olhos. Ela Cuidou, o curou e ambos fugiram, abandonando seu posto.
Pondo um dedo no queixo, negava mentalmente a possibilidade de ser o seu pai, mas qual seria a explicação? “Por que ele estava tão ruim na época? A enganou para fugirem juntos?”
Para San, não fazia sentido isso. O devorador de almas, um assassino em série tendo nas suas costas o número de centenas de vítimas, insensível e maluco.
Entretanto, a imagem de um homem capaz de ficar assim veio na sua mente, o mesmo homem que cuidou dele quando se machucou, contava histórias e brincava junto.
Balançando a cabeça, afastou esses pensamentos, os expulsando e trancando.
A conversa prosseguiu de forma boa, e o dia já acabando, dando lugar a noite, terminaram. Nas ruas do campus, lado a lado, se separam, voltando aos seus respectivos dormitórios.
Antes de ir longe, Ethan falou alto:
— Uma dica, esteja cercado de companheiros confiáveis.
Não entendendo o motivo disso, só concordou relutante e se afastou, de volta ao seu quarto. Passando a porta, deitou na cama, encarando o teto.
Seu parceiro de quarto, Jason sumido, provavelmente aproveitando a noite em outro lugar. Seu familiar dormindo na cama, tomando boa parte do espaço.
Prestes a pegar no sono, uma batida na porta o alertou.
Sentando na cama, o radar de mutante apitou. Coçando a cabeça, abriu a porta, avistando Liz fora, os cabelos pretos curtos soltos e seu uniforme sem nem um sinal de amarrotado.
— Oi, dá pra conversar?
Curioso, abriu caminho, à permitindo entrar. Liz olhou em volta, analisando o quarto, seja o lado bagunçado do irmão ou o do San.
— Então, o que te traz aqui?
Mantendo o contado visual, Liz falou:
— Depois da aula, onde esteve?
Achando graça nisso, sorriu.
— Tenho que te falar aonde vou?
— É claro que não, só tava curiosa, pois seus movimentos tavam confusos. Era como se estivesse andando no subsolo.
Subitamente, San percebeu o porquê de Liz perguntar isso. A marca na sua clavícula revelava a sua posição, e o sentindo após a aula, notou a estranheza do caminho dele. “Agora sou rastreado constantemente, deveria ter lembrando, merda!”
Fingindo um sorriso, deu de ombros e respondeu:
— Caminhei por um bom tempo, e explorei as salas dos meus vizinhos, deve ter sido isso.
— Ah, só isso. — Pondo o dedo no queixo e coçando. — Mas, sabe, as salas são trancadas automaticamente, e a segurança é alta, difícil ter passado despercebido.
“Pensa, pensa, pensa. Preciso de uma desculpa razoável. Arrombei a porta? Arriscado, talvez ela vá ver depois daqui. A desculpa deve ser uma forma ruim de investigar.”
Os pensamentos passavam na sua cabeça, e os segundos passavam, tornando suspeito, e a bebida dificultava as ideias.
De repente, lembrou da bebida, e o motivo de ter tomado.
— Tava com o professor Ethan, ele me mostrou as salas aos lados.
Semicerrando os olhos, Liz pensava em formas de refuta-ló, só para saciar a sua curiosidade. Desde que ganhou a habilidade de sentir San, se divertia cuidando aonde ele ia.
Uma luz acendeu na sua cabeça, e prestes a perguntar, o relógio dos dois apitaram.
Abaixando os rostos, foram ver o motivo disso. Na superfície dos relógios, uma mensagem da escola, escrito: “Caros alunos, arrumem suas malas, irão viajar a treinamento.”