Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 80: Aula do Clube

No seu apartamento no bairro pobre, San concentrava a sua essência, circulando no seu corpo. Focado à frente, em cima de uma cadeira, um copo de plástico.

Estendendo a mão, uma barreira azul cobriu o copo o tampando, protegendo com uma cor forte. Abrindo um sorriso, pegou uma almofada e jogou.

Acertando facilmente, a cadeira caiu no chão, e o copo dentro foi junto, mas a barreira continuou o cobrindo. “Interessante, a barreira vai seguir o alvo, e independente das circunstâncias externas, a barreira o protegerá.”

Criando uma anotação mental, guardou bem na memória. Desativando a habilidade, organizou sua sala. Na frente da sua estante, abriu a passagem secreta atrás, entrando no seu quarto.

Na parede, as armas eram várias, seja adaga, foice pequena, soco-inglês e umas a mais. “É, minha coleção tá aumentando a uma boa velocidade.” Ajeitando seus papéis na parede, já considerava seu próximo alvo e o dia.

Fechando a passagem, parou no meio da sala novamente, e pegando uma energia no seu cérebro aleatoriamente, ativou. Desferindo o olhar a torneira, a água explodiu em uma torrente, enchendo a pia.

 Controlando mentalmente, diminuiu a intensidade, mudou sua forma, e na tentativa de levantar no ar, dependia da força base. Se a pressão for forte o suficiente, atravessa metros, e fraco, mal estende centímetros.

Erguendo uma sobrancelha, diminuiu a pressão ao máximo, e estendendo uma mão, ativou o poder de telecinese, levitando o líquido. Em pleno ar, usou dos dois poderes os moldando, modificando e testando.

Cansando, desativou tudo e sentou no seu sofá macio. O principal motivo de San fazer isso, gastando suas habilidades copiadas, foi aprender a controlar melhor suas limitações e capacidades.

Desde a semana passada, na queda do céu, usando desesperadamente a levitação e chegando perto da falha, entendeu algo que negligenciou bastante: Tinha de aprender a usar esses poderes.

Devido ao seu talento natural e instintos, sempre conseguiu utilizar sem preocupações. Porém, isso era sorte, confiava demais no destino. Decidido, no seu tempo livre, testava suas capacidades, as limitações e suas utilidades.

Apresentou resultados ótimos, a movimentação de essência no seu corpo mudava a cada escolha, e teria de se adaptar. Isso também ajudaria nas suas aulas de controle, entendo o estado e formas de explicar melhor.

E claro, nesse tempo, aprimorou sua habilidade roubada de neblina, compreendendo a adaptado a si.

Prestes a repetir o treino, um alarme soou no seu pulso.

— As aulas do seu clube irão começar daqui a pouco, o certo seria o professor ser o primeiro a estar lá.

Bagunçando o cabelo, trancou sua casa e chamou um táxi, pretendendo ir direto na academia, seria um dia cheio, principalmente se tudo desse certo.

Demorando um pouco, parou na frente da entrada, os muros enormes na sua visão e os guardas na porta, firmes e retos. Os passando, o campus tava calmo, alunos de camisas escuras com detalhes vermelhos percorrendo calmamente.

Caminhando em frente, procurou por um tempo, percorrendo ruas confusas, prédios diversos de aulas e dormitórios. Já pensando em desistir, a avistou.

Sentada em um banco de madeira, conversava tranquilamente com os alunos ao seu redor, sorrindo sempre e sendo gentil. Os cabelos castanhos soltos, o uniforme apertado exibindo seu corpo atlético e expressão serena.

Laurem, a assassina do seu melhor amigo. Suprimindo a raiva, só observou de longe, prestando atenção aos mínimos detalhes. Ela agia normalmente, nunca revelando o seu real lado.

Quieto e escondido, San ficou, já tendo perdido as contas de quantas vezes fez isso, procurando qualquer sinal da mulher que viu na última cidade, a maldade e perversidade ao trair o seu amigo.

O seu objetivo real, ao invés de roubar uma esfera de energia ilimitada, passar na academia ou formar amigos, era matar ela, ver a mesma dor que viu no seu amigo.

Uma oportunidade, San só tinha esse pedido, e ignorando as consequências, agarraria. No entanto, uma aluna sumir de dentro dos muros da academia Anastasia, misteriosamente, geraria suspeitas, iria começar buscas e os mutantes especializados nisso a procurariam, podendo levar a San.

“A levar fora dos muros resolveria esse problema, só que ela é esperta, e esconde a sua verdadeira habilidade. Só sei de coisas básicas, da força elevada, velocidade e garras. Irritante.” Permanecendo na vigília, o seu relógio alertou:

— Está atrasado.

Estalando a língua, demorou um pouco, e desviou o rosto. Ignorando o atraso, sua caminhada tava tranquila, os pensamentos da sua cabeça uma bagunça, tantos objetivos e a ansiedade o pressionando a agir.

“O professor Ethan disse que as salas dos clubes são diferentes das normais. Em tempos turbulentos, seu uso era para conter os perigos de fora, e por isso as passagens são confusas, resistentes e escondem segredos, mas não especificou o motivo. Tô sentindo, tem alguma coisa lá, e vou descobrir.”

Entrando no prédio destinado aos clubes, percebeu a clara diferença da escola. Para começar, os corredores bastantes espaçosos, capaz de um grupo entrar e ter espaço para lutar. As portas feitas de metal, uma viseira na parte dos olhos, para ver o lado de fora.

Observando as placas em cima, teve uma ideia dos clubes diversos: Esgrima, karatê, judô, estudo de lendas, análise das armas bestiais e umas a mais.

Não encontrando a sua, avistou uma escada indo para baixo, no subsolo. Descendo, ficou frio, as luzes brancas penduradas por fios e o ar pesado. “Gente morreu aqui.” Deduziu facilmente. Encontrando a sua sala, a placa em cima dizia: Controle de essência.

Segurando a maçaneta, empurrou, entrando. Sendo a primeira vez ali, passou os olhos no lugar inteiro. Grande, capaz de armazenar veículos pesados. As paredes reforçadas por ligas metálicas, uma mesa no canto, e de resto, vazio. Tirando os inúmeros alunos o encarando, esperando.

Realmente os vendo dessa vez, havia trinta, em posições diversas, escorados ou desanimados. “Devem querer estar em outro lugar, bem o professor disse ter um jeito de convencer uns a virem.”

Dentre essas pessoas, avistou seu grupo de amigos de sempre, contendo Liz, Jason e Bella, perto da mesa o aguardando. Atrás, isolados, o grupo de Caleb, com Noah e Nicole. Um tempo atrás, San fez uma aliança no treino de matar o monstro, e soube criar uma estratégia derrotando o inimigo. E sendo isolado, condenado ao ostracismo, Max, sorrindo.

Em outro lugar, Hana, tendo trazido seus companheiros dos treinos de matar monstros.

Um cara ajeita de cabelos loiros, olhar sério e conversando com Hana, acompanhado de uma garota com cabelo pintado de rosa, analisando de cima a baixo San.

“Oh, trouxe os amigos, legal os conhecer.” Parado no meio da sala, sob tantos olhares, esperou os sussurros diminuírem, até a sua voz ser a única possível de ouvir.

Limpando a garganta, falou em voz alta:

— Alguns aqui vieram sem realmente querer, outros, curiosos, e uma pequena parcela, sabe que eu posso ajudar.

Recebendo os olhares curiosos, caminhou até a mesa no canto e puxou ao meio, sentando em cima.

— Para começar, esqueçam as aulas do professor Bili. Seu objetivo é o uso para fins mais de exibição, porque gastam bastante da essência. Em uma luta de verdade, cada gota da sua energia conta, e não vai querer desperdiçar só pra sair bonito.

Um aluno de trás, hesitante, ergueu a mão e perguntou:

— Isso significa que você sabe a técnica de aumentar a capacidade dos nossos corpos?

Congelando, escondeu imediatamente.

— Óbvio, mas é complicado e primeiro devem aprender o básico.

Uma clara mentira. Essa técnica, é um dos motivos das academias serem famosas, pois com isso, move a essência no corpo, melhorando a capacidade física.

É complicado de aprender, e por algum motivo, estão demorando para ensinar. Essa era uma das aulas mais esperadas por San, já que tem um corpo normal.

— Vamos começar, prestem atenção.

San explicou o começo do uso da essência, só retomando. Avançando, detalhou os caminhos nos nervos necessários para a melhor distribuição. Claro, isso depende do motivo da pessoa usar o poder, seja disparando fogo, aumentando a força ou só treinando.

De pouco em pouco, enquanto as palavras de San eram jogadas no ar, os alunos ali mudaram suas opiniões do colega. Devido ao caso da briga com um aluno no seu primeiro dia de aula, recebeu uma reputação péssima, e só piorou ao matar o monstro explodindo a sua cabeça.

No entanto, ao ouvirem a explicação detalhada e fácil de entender, mudaram a visão. Terminado de dar a ideia, San falou:

— Se separem e testem. Qualquer dificuldade, me chamem.

Obedecendo, os alunos abriram espaço entre si, fácil, pois a sala era grande. Diversos sons surgiram, felizes, surpresos, raivosos. Focando no seu objetivo, San perambulou a sala, cuidando os mínimos cantos, analisando, procurando passagens.

Infelizmente, seu nome foi chamado repetidas vezes, sendo obrigado a mudar sua explicação para vários alunos. Parando do lado de Jason, os observava.

Seu amigo carregava um litro de água, modificando a água e a movendo, testando repetidas vezes.

— O controle de água envia a essência do seu corpo ao líquido, energizando e alterando. São pequenos pontos, tocando facilita, de longe, deve ter um objetivo em mente, senão, é só desperdício.

Mudando foco a Bella, que tinha o rosto sério segurando suas sementes na mão, esperava. Considerando brevemente, disse:

— A sua essência força o crescimento das plantas de uma forma violenta, as deixando fracas e fácil de quebrar. Tenha um objetivo a crescê-las, e só, ignore o resto, as sobras e o restante, tanto faz, irão murchar.

Na hora de Liz, San pensou e sorriu.

— Já te dei a tua dica, continue tentando.

Na missão de caçar o Levante, a águia, deu dicas a ela, orientando para facilitar.

Repetindo isso, de aluno em aluno, explicou facilmente, uma parte sendo por experimentar os poderes, e outra sendo suposição. Na hora de Max, disse ter entendido e ia testar sozinho.

Chegando em Hana, sorriu gentilmente e a cumprimentou.

— Precisam de ajuda?

— Sei o meu processo, já os meus amigos. — Estendeu a mão aos dois do seu lado.

O homem loiro de um passo em frente, peito estufado e os olhos afiados.

— Meu nome é Lake, consigo disparar energia das minhas armas.

Pensando, San falou:

— Passe a essência em linha reta do seu corpo a arma, e na hora que for liberar, exploda.

Essa foi fácil, só teve de ajustar modificando o tiro de energia. Vendo no caso da garota de cabelos rosas, esperou.

— Maria, controle o fogo.

Utilizando Garmir de base, formou uma ideia na mente e explicou:

— Ao criar suas chamas, tenha de foco só queimar, espalhando o dano em toda parte, e se for lançar um ataque direto, condesse o fogo e exploda.

Ambos ficaram de rostos pensativos, considerando os usos e planos nas suas mentes. Indo embora, San permaneceu nessa umas três horas, só ensinando.

Nesse tempo, também aprendeu bastante dos poderes dos outros, já querendo testar. Contendo-se, aguardou e no fim da aula, os dispensou recebendo elogios e inúmeras perguntas da próxima sessão.

Sozinho na sala enorme, confirmou da porta estar trancada, e começou a andar no lugar, passando a mão na superfície, puxando lugares, empurrando e até falou palavras aleatórias, num chute de ser uma palavra-chave.

Coçando o queixo e criando teorias na sua mente, até considerou não ter nada, contudo, após explorar muitos lugares dessa academia, essa era sua última opção.

Estalando a língua, moveu sua energia e ativou seu poder, reduzindo a temperatura do ambiente, uma névoa surgiu na sala, se espalhando completamente.

Em longos minutos, de olhos fechados, aguardou, só focado na névoa. Já desistindo, percebeu algo estranho.

Andando até o fundo da sala, no canto, uma pequena parte da sua névoa saia por uma fissura minúscula. Estendendo a mão, concentrou o seu poder na fissura, querendo atravessar.

Conseguindo, confirmou ter algo do outro lado, grande. Desativou imediatamente a sua habilidade, com medo de alertar alguém. Engolindo em seco, conteve a ansiedade, poderia ser só um erro, uma caverna criada a anos atrás e esqueceram de tampar.

Do seu lado, tendo um objetivo, usou os dedos na fissura, puxando fortemente, os machucando e deixando doloridos. Apontando o dedo, hesitou de disparar um tiro de energia.

— Sacro, pode me ajudar nessa?

— Estava esperando. — Sua voz robótica veio rapidamente.

Batendo o pé compulsivamente, o relógio calculava e até pediu para criar uma análise em 3d da parede.

Roendo as unhas, a voz de Sacro veio:

— Observe.

De olhos bem abertos, cuidava dos mínimos detalhes.

— Abre-te Sésamo.

Entrando na parte de cima, a parede sumiu, revelando um corredor longo, as luzes saindo de pequenas aberturas do chão.

Levantando as mãos, deu um pulo, comemorando alegremente.

— Como? É uma palavra secreta?

— Foi uma piada. Demorou bastante invadir os sistemas disso, tomar controle e passar despercebido da segurança, e não estou me exibindo quando digo: É realmente complicado.

Sorrindo tranquilo, perguntou:

— Agora tem o controle?

— Sim, os sistemas de detecção de seres vivos na abertura estão desativados e as armas escondidas desarmadas.

Nessa hora, notou o perigo que evitou. Provavelmente atrairia a academia inteira entrando.

— Certo, vamos nessa.

Dando o primeiro passo, sua visão foi preenchida por corredores metálicos longos.



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