Volume 2
Capítulo 78: Missão de Captura a Águia
O chão de terra, os galhos quebrando a cada passo e as folhas balançando ao vento. Os troncos das árvores fortes e numerosos, incapaz de contar.
San ia atrás de Liz, equipado de uma armadura de metal, a cimitarra na cintura enquanto apoiava o punho no cabo, atento aos mínimos sons da vegetação. Sua armadura pega emprestada, era de aparência diferente do normal, tendo um pano amarelo na cintura, e prendendo firmemente suas roupas, o deixando desconfortável.
O objetivo do grupo: Capturar a águia monstro, uma antiga familiar de um aluno que morreu, a deixando sozinha. No longo período de tempo desde a primeira vez a vendo, San aprendeu muitas coisas.
Um exemplo disso, era o motivo dessa águia continuar na academia, sendo o mesmo do porquê a escola permitia um ser desses vivendo perto: servir de familiar.
Tanto a besta quanto a academia, querem que um aluno consiga a capturar, provar sua força e formar um laço. O problema desse plano, era a dificuldade de derrotá-la.
Monstros não tem um rank de força, são seres de perigos variados. No entanto, tem certas características capazes de determinar melhor a força de um. Sendo o principal, a sua capacidade de falar, pois isso significa que a inteligência dele é alta, ao ponto de criar planos e raciocinar além dos seus instintos.
Qualquer monstro consegue aprender a falar, obviamente, a raça ajuda bastante, um exemplo sendo Garmir, vivo a apenas alguns meses e já formava frases.
A águia, de acordo com Liz, era uma besta comum, até considerada fraca. Foram os momentos de luta e perigos que a ajudaram a evoluir, somando a ter um humano perto influenciando o seu comportamento, se tornou melhor, forte e um caçador excepcional.
Escutando um galho quebrar à sua direita, San virou a cabeça imediatamente e apontou o dedo, já formando um tiro de energia. Imóvel, esperava, e em segundos, Liz balançou a cabeça, confirmando ser apenas um som normal. “Audição aprimorada útil.”
Na sua caminhada por minutos, pararam, fundo na floresta, a luz do sol se pondo, deixando um brilho amarelo na vegetação.
San fechou os olhos por um segundo, sentindo a localização do seu familiar. A vários metros de distância, Garmir aguardava, encolhido em mato.
O motivo: evitar da águia se esconder pensando estar na desvantagem. Duas pessoas que ela já derrotou anteriormente seria tentador.
Confirmando estarem sozinhos, Liz falou:
— Já pode ativar a habilidade da sua espada.
Concordando, segurou o cabo e se agachou, fingindo pegar o poder da arma. Circulando a essência no seu corpo, a movimentou e em minutos, o ar ao seu redor diminuiu a temperatura.
San poderia só liberar o poder e formar uma névoa em uma grande extensão da floresta. Porém, o seu plano era diferente, pensado para não prejudicar a visão da sua companheira e atrapalhar.
Do chão, a névoa veio, igual a líquido. Batendo nos pés, se espalhou, cobrindo os troncos, arbustos e qualquer objeto no chão. Ao invés de subir até o topo das árvores, San forçava a sua essência e a continha.
Demorando o dobro de tempo do que é normalmente, abriu os olhos e soltou um suspiro de alívio.
— Está feito.
Somente no chão, a névoa branca ficava, incapaz de subir e obstruir a visão, tanto uma vantagem, quanto desvantagem, dependendo do ponto de vista.
Liz analisou a sua situação e abriu um sorriso, desembainhando a espada na cintura, perguntou:
— Cadê a águia?
Permitindo sentir cada ser vivo onde a névoa tocava, San concentrou a sua mente e apontou para a esquerda.
— Está comendo um animal. Tem animais selvagens aqui?
Seguindo em frente, Liz respondeu:
— A escola os joga por aqui, e a águia caça.
Acompanhando sua companheira, em minutos, alcançaram seu objetivo. Caído no chão, um javali morto, de barriga aberta e partes faltando.
— Os permito viver, só para voltarem, engraçado. — A voz carregada veio do alto.
Ambos se viraram, armas nas mãos e concentração apurada. Vasculhando o topo da árvore, nada de sinal de vida.
Subitamente, uma presença surgiu na mente de San, revelando um movimento nas suas costas. Girando a espada, deu de cara em um par de garras.
Independente de prender os pés no chão, teve seu corpo arrastado na grama, abrindo buracos. Para a sua sorte, Liz agiu rápido, a espada prateada voando nas costas da besta.
Pressentindo o perigo, a águia abriu voo, fugindo do ataque. Finalmente a avistando inteira, San considerava seguindo as dicas de Michael os melhores lugares de ataque.
A cabeça branca girava freneticamente, suas asas pretas batendo com força no ar, estabilizando. Sem perder tempo, San apontou seu dedo, e disparou um tiro de energia azul.
A bala percorreu em alta velocidade, chegando na frente do monstro rapidamente, e sendo desviado facilmente. Abrindo um sorriso, San forçou a energia em pleno ar a mudar de lugar, voltando.
Contudo, a besta bateu suas asas grandes, indo na direção de Liz. Animada de ter um ataque duplo na águia, a vampira ergueu sua espada, pretendendo cravar nas asas.
Faltando poucos metros de se chorem, o monstro mudou sua posição, voando para a direita, e a bala demorando a acompanhar.
Estendendo a mão assustado, San mobilizou sua essência e parou a energia, permitindo sumir no ar. Mal tendo tempo de se acalmar, os ataques vinham.
Ambos treinaram inúmeras vezes, melhorando seu trabalho em equipe e harmonia em luta, e progrediram bastante, sendo capazes de serem uma boa dupla.
Mas a águia era boa demais, sua velocidade explosiva confundindo sua visão e mente. Numa hora, o monstro tava na sua direita, só para o ataque vir da esquerda.
San ofegava no meio da floresta, as costas apoiadas em Liz, a sua situação em vantagem, devido à capacidade de vampira, só uns cortes já cicatrizava.
— Tá legal, me diz seu plano.
Em silêncio, a mente da vampira funcionava a milhão, tendo ideias e descartando, só para voltar e considerar novamente.
— Eu não sei, a águia é pior do que imaginei. Qual o seu segundo poder? Talvez ajude, é forte?
Petrificado, San engoliu em seco e abriu um sorriso desanimado.
— É forte, e até ajudaria, mas falta o controlar melhor, tô aprendendo.
Mesmo depois do tempo na academia, escondeu o seu segundo poder, o motivo? Ainda tinha de decidir qual seria oficialmente, para usar em público e evitar de atrair suspeitas.
Nessa hora, um vulto veio na sua frente, alertando ambos. Bolando um plano na sua mente, San disse:
— Esse monstro é uma águia, sua maior vantagem é a capacidade de voar. Vamos dar um jeito de restringir isso.
— Diz o plano.
Abaixando os ombros, já odiava a ideia.
— Deixa comigo, a sua preocupação vai ser a derrotar, consegue?
Demorando um pouco, Liz ergueu o rosto, os olhos vermelhos afiados e determinada.
— Óbvio, só me dê a oportunidade.
Concordando, a deixou para trás, caminhando em frente, até parar em uma área livre de árvores, somente a grama no chão e o céu já perto de escurecer. Sabendo a localização do seu alvo, mandou uma mensagem mental a Garmir:
— Ei, amigão, tenho uma ideia péssima, dá pra ajudar?
Demorando um pouco, a resposta veio com um suspirar.
— De novo não.
Na floresta espessa, a águia prendia suas patas em um galho resistente, tirando a casca e impulsionando seu corpo. Prestes a abrir voo, uma aura desceu, a paralisando.
Garmir cravou as suas garras no chão, deixando marcas profundas e deu um pulo, saltando metros no ar, as presas afiadas visando a garganta do seu inimigo.
Recuperando os seus sentidos, a águia abriu as asas e bateu fortemente, criando uma força enorme, os ventos se tornando violentos e desacelerando o cão do inferno.
A águia mudou de galho, e Garmir a observou atentamente. Começando a voar, sumiu, incapaz de um olho comum acompanhar a velocidade.
Por sorte, o familiar acompanhava. Um vulto na sua frente, e em instantes, uma parede de fogo surgiu do chão, forçando a besta a desviar.
Garmir aproveitou a oportunidade e foi na sua direção, e fechando a boca, tudo que sentiu foram penas. Cuspindo no chão, recebeu a localização do inimigo por San, e em cima de uma pedra, a águia tava.
Algumas das suas penas queimaram, outras foram arrancadas, e os seus olhos eram irritados.
— Um cão do inferno, mensageiros e coletores de almas, trabalhando diretamente para demônios. Me diga, como virou o cachorrinho daquele humano? E por quê?
Rondando a besta, Garmir falou:
— Lealdade, salvou minha vida, e eu salvei a dele. Deve ser novo para ti essa palavra.
— Conheço muito bem, fui leal ao meu humano por anos, lutamos e sangramos juntos, para no fim, ele morrer de forma trágica. Acontecerá o mesmo com o seu.
Soltando uma risada, os pelos de Garmir se arrepiaram.
— San sobrevive a tudo, o conheço bem, e estarei do seu lado, o ajudando.
Dessa vez a águia soltou uma risada, mas a dela foi de zombaria.
— É cego demais, aquele humano te mudou, o tornou ingênuo. No fim, será morto por aquelas mãos.
— Ta dizendo que o meu parceiro vai me matar? A solidão te deixou louco.
— Louco não, só me melhorou. Minha visão vê longe, e sei o futuro do garoto. Vejo nos olhos do moleque, a vontade de matar, contida e esperando, só para explodir, e quando explodir, você poderá dizer de verdade que serve a um demônio.
— Cansei, vou te matar logo.
Girando a cabeça em um ângulo torto, a águia encarou Garmir.
— Vê também, e sabe, que em poucos anos, sua força será enorme, o suficiente para enfrentar de frente potências, e sua mente, corrompida, já está começando.
Por um segundo, Garmir desviou o olhar, e a águia aproveitou, usando da sua velocidade para explodir em frente. O lado direito foi acertado, abrindo uma ferida profunda, derrubando uma poça de sangue.
O próximo ataque vinha, e sabendo ser incapaz de vencer, partiu em disparada. A sua velocidade era enorme, entretanto, incapaz de passar ileso.
Os cortes acumulavam no seu corpo, e perto de sucumbir ao cansaço, alcançou uma clareira. Correndo até o meio, relaxou.
San usou toda a sua força, impulsionando seu corpo a frente, e de mãos livres, se bateu com a águia, prendendo firme suas mãos no seu corpo.
Surpresa, o primeiro instinto do monstro foi se afastar, e levantou vôo, subindo bastante.
Exercendo tanta força que os dedos de San esbranquiçaram, manteve o aperto. E a águia, notando a insistência, soltou uma risada, abafada pelo vento.
O monstro continuou voando mais alto, até as árvores não serem nada mais do que um ponto verde. O coração de San batia em uma velocidade enorme, o medo o dominando, nervosismo e a clareza de ter sido um plano péssimo.
Ultrapassam as nuvens em segundos, e San percebeu estar demorando, hesitando. Respirando pesadamente, abriu a mão em direção a uma das asas.
— Meu voo será prejudicado, mas sobreviverei, pode garantir isso de ti? — A voz perto do ouvido de San.
Na respiração trêmula, San sorriu.
— Vamos ver.
A essência da palma da sua mão explodiu, ferindo gravemente o monstro, e o afastando.
Os ventos fortes batiam nos seus ouvidos, o sol prestes a sumir, iluminando o horizonte. A sua armadura tremendo, liberando pedaços da roupa dentro.
Em pleno ar, acima das nuvens, San viu a bela visão, e por um momento, relaxou. “Lindo.” Então afundou.