Volume 2
Capítulo 77: Vampira Viciada em Fritas
Michael respirava pesado, os olhos vagando em todo lugar, menos na sua frente. Liz via curiosa, pegando uma batata frita de San e comendo, percebendo gostar do sabor e pegando outra.
Em silêncio, San já pensava: “Conseguiria o colocar na minha lista? O cara tem ligações com criminosos. Complicado, vamos ver.” San ia falar, porém, Michael se adiantou:
— Sua amiga?
Considerando brevemente, respondeu:
— Sobrinha.
— Ah, tendi. — O estado de Michael piorando.
— Sabe, ela é menor de idade. Você disse que tava tentando a chamar pra sair?
— N-não! Foi um engano, piada boba, sou um burro, sempre faço isso.
Encostando as costas no estofado do sofá, soltou um suspiro pesado. Tinha umas ideias caso quisesse o matar, estar relacionado a criminosos só tornava as coisas fáceis. No entanto, ia esperar, já colocando Michael na sua lista de investigados.
— Continue explicando dos monstros.
Um alívio tomou conta dele, caindo na cadeira mole. Prestes a começar a falar, Emma voltou, trazendo um suco de laranja e deixando na frente de San.
Imediatamente, o rosto sério de San mudou para um sorriso tranquilo, caloroso.
— Só pedi fritas.
— Eu sei, esse é por conta da casa, a sua bebida preferida.
— Obrigado.
Indo embora, voltou a encarar Michael.
Dando uma longa mordida na sua carne, pensava: “Esse cara é bipolar. Uma hora tá todo mal e na outra sorridente e feliz.” Engolindo uma boa porção, prosseguiu:
— Eu até poderia tranquilizar o monstro e facilitar a captura. O problema é a academia proibir estranhos fora da família entrarem.
Escutando a conversa dos dois voltar, San concentrou no seu prato. Abaixando a cabeça, metade já havia sumido. Virando ao lado, os dedos de Liz oleosos e a boca suja de mostarda.
Comendo rápido, repetidas vezes a vampira estendia a mão e pegava uma porção, o fazendo competir por partes.
Em meia hora, a conversa acabou, Liz pagou pelas informações e Michael insistiu em pagar a comida. Se despedindo, ele passou a porta e sumiu da visão em instantes.
— Vamos?
Hesitante, Liz lambeu os lábios sujos e falou:
— Poderíamos pedir mais fritas.
— Fritas alimentam vampiros?
Pensando brevemente, balançou a cabeça relutante.
— Exatamente.
Semicerrando os olhos, reconheceu a mentira facilmente. “Lembrando bem, Jason me disse uma vez que sua raça sente os mesmos sabores da comida, só não alimenta, e por isso preferem evitar. Ela deve ter gostado”
Erguendo a mão, atraiu um garçom facilmente.
— Uma nova porção de fritas.
O rosto de Liz iluminou, esperando a comida.
A comida chegou em minutos, e dessa vez deixou a maioria para sua colega, atacando em uma grande velocidade.
Depois de mais da metade do prato ser devorado, a velocidade diminuiu, e puderam conversar.
— Aquela garota, é filha do seu irmão? Tu disse sobrinha.
— Foi um jeito de falar. Eu era bastante amigo do irmão dela.
Considerando brevemente, disse:
— Era? Aconteceu algo?
— Bem, ele sofreu um acidente e ficou bastante machucado.
Preferindo evitar esse assunto, perguntou:
— Tá interessada em ser general? — Puxou da memória o que ela falou a Jason desacordado.
Desviando o olhar, pensou, e demorando, acenou em positivo.
— Um sonho desde pequena. Minha família decaiu na posição por causa de uns assuntos, fomos isolados e nosso poder diminuiu. Quero ajudar os meus pais a subirem.
— Quando diz família, se refere aos Sanguináris todos?
Soltando uma pequena risada depreciativa, seus olhos mostravam irritação.
— Para os grandes, família é só uma palavra bonita. Tem meus pais, eu e Jason, o resto são parentes de sangue isolados. Nos odiamos e detestamos, sabotamos uns aos outros, só para aumentar a nossa posição.
Notando facilmente o clima piorando, San mudou de assunto, conversando sobre matérias na aula, da sua melhora e facilidade após Liz o ajudar.
Depois de quase acabar a comida, San perguntou:
— Que dia vamos atacar a águia?
— Hoje. — Limpou os dedos na boca, saboreando o ketchup.
Paralisado, pensou se ouviu certo, até sorriu.
— Tá zoando.
— Sério. — Falou simplesmente. — Tenho a maioria dos itens enviados por Michael, tô livre de ferimentos, essência cheia e o dia livre. Perfeito.
Apoiando a mão no queixo, San até concordava, só deveria abordar o assunto da marca, adiou tempo demais.
— A sua boca tá suja.
Surpresa, pegou um punhado de guardanapos e passou na boca, espalhando e piorando. Demorando um pouco, e conseguindo, San jogou no ar:
— Esqueci de falar, depois de beber meu sangue, tu deixou uma marca no lugar.
Petrificada, parou no meio do ar, os olhos vagando, e San observando calmo. Em dois minutos, recobrou a consciência e disse em um sorriso:
— Deve ser um engano, eu nunca seria tão descuidada.
— Bem, seu irmão viu e admitiu ser a marca dos Sanguináris. Olha. — Puxou a camisa, revelando a estrela no ombro.
Ao passar os olhos, Liz abriu a boca surpresa. “Parando pra pensar, vai ser realmente ruim essa marca. Ela vai saber a minha localização sempre pra chamar nos treinos, meus dias de paz vão acabar.”
Apertando os lábios, Liz balançava a cabeça.
— Tá, talvez tenha sido eu.
— Foi você.
— Certo, o meu irmão já disse o que é? Os efeitos e essas coisas?
— É, sob risadas e piadas.
— Então sabe que não consigo tirar.
Estalando a língua, San concordou, e a viu estufar as bochechas e pensar nas suas opções, nem uma boa.
— Veja pelo lado bom, os vampiros vão parar de te perseguir.
Desanimado, levantou e foi até o balcão, pagar a conta enquanto Liz o seguia pensativa. Indo à porta, avistou Emma atendendo uma mesa. Só sorriu e acenou, se despedindo.
Chamando um táxi, mandou ir à academia, e em uma velocidade boa, o estado de Liz piorou, em um silêncio profundo.
— Já aconteceu, tanto faz. Diz aí, de forma detalhada, essa marca.
Demorando um pouco, falou desanimada:
— Vou sentir sua localização por uma longa distância e seu cheiro vai mudar. Quando um vampiro deixa a sua marca em um humano, tem duas opções: Eles tem um relacionamento, ou ele é o escravo de sangue.
Arregalando os olhos, San virou o rosto na sua direção assustado. “Aí Jason, vou te bater na próxima vez. Quem esquece essa informação?” Encostando a cabeça no banco, viu rapidamente o motorista ver de relance, assustado.
O carro acelerou e chegaram ao seu destino em minutos. Passando os portões, San soltou um suspiro.
— Arruma seus equipamentos e a poção.
Parando, Liz tentou compreender. A vendo assim, San só disse:
— Vamos matar uma águia, vai ser divertido.
Abrindo um sorriso, concordou e correu para o seu quarto pegar suas coisas. San ficou sozinho, mandando uma mensagem mental ao seu cão do inferno.
Devido a sua armadura estar no concerto, sobrou somente a sua cimitarra. Por sorte, descobriu de Liz, que ela conseguiu o favor do professor responsável de cuidar das armaduras e armas na academia, e permitiu pegar emprestado.
Indo ao domo das suas aulas de enfrentar monstros, a passagem tava aberta, e entrando, foi direto no local das armaduras.
Escolhendo a sua de sempre, uma de metal boa para movimentos ágeis e cota de malha embaixo, escutou um som estranho na arena.
Prestes a dar um passo em frente e ver o motivo disso, hesitou. Seu radar de mutante não apitou, tendo dois significados: Era uma pessoa normal na arena, ou um monstro.
Curioso, decidiu ver o motivo. No fim do corredor longo e escuro, as grades estavam abertas, e no meio da arena, uma jovem se movia, correndo na areia, seus movimentos ágeis e evitando chutar o chão.
Os cabelos vermelhos voavam, os olhos escuros analisavam seu próximo movimento perfeitamente e avançava.
Hana, a irmã de San, em um treinamento diferente. Contraindo as sobrancelhas, pensava: “Como o meu radar não a sentiu? Qualquer mutante é notado por mim, até os escondidos que vagueiam o campus a noite, e seus poderes são ocultação.”
Procurando o motivo na sua mente, viu o treinamento da irmã, parando subitamente e realizando exercícios físicos variados. “O poder dela multiplica sua capacidade física, e por isso, seu corpo deve sempre estar treinado.”
A observando durante longos minutos, uma hora ela percebeu. Arregalando os olhos e tomando um susto, caiu no chão, rolando até parar.
Erguendo-se, recuou, e San sentiu o poder dela se ativar, escondido.
— Oi. Desculpe atrapalhar seu treino, vim pegar uma armadura e escutei um som estranho.
Semicerrando os olhos, duvidava. Após ver a luta desigual desse jovem contra um colega, e a sua forma de matar o monstro, o via como um perigo, uma bomba relógio.
“Por quê tá tão assustada? Sou um cara legal.” Sorriu calorosamente, ficando quieto.
Hana o viu de cima a baixo, procurando perigo.
— É verdade que vai abrir um clube?
Sorrindo divertido, balançou a cabeça.
— As notícias correm rápido.
— É, depende muito do assunto. Por quê?
“Tá bom, preciso de uma resposta boa, gentil e legal. Pelas pessoas necessitadas? Brega. Um tipo de ajuda a alunas que se sintam desconfortável nas aulas daquele professor? Arriscado, considerando a minha reputação violenta.” Sob ideias loucas, relaxou.
“Minto pra tanta gente, até pra minha irmã?” Em instantes, deu a resposta:
— Ganho umas vantagens, e posso faltar umas aulas. Claro, irritar aquele professor é um bônus.
Surpresa da resposta verdadeira, disse:
— E sabe orientar os outros?
— Eu acho. Não… Eu sei que sim.
Curiosa e tendo visto a tranquilidade de San, Hana perguntou:
— Viu meu treino, dicas?
Entrando na arena e caminhando na areia, San falou:
— Sua habilidade multiplica seu físico, e por isso, o treina constantemente, melhorando e aprimorando. Me responda, quantas vezes aumenta sua força?
— Duas. — Respondeu de forma simples.
— Certo, então ao ativar o poder, você tem o dobro de força e velocidade, sempre. No entanto, tem um jeito de aumentar, deixar em três vezes, quatro ou mais.
Roendo as unhas, Hana batia o pé.
— É uma teoria interessante.
— São fatos, sei os melhorar.
— Como?
Parando, encostou as costas na parede.
— Ao ativar o poder, sua essência percorre o corpo inteiro aleatoriamente. O certo, é ir nas partes específicas responsáveis do corpo. É difícil, demorado e entediante.
Hana sorriu e bateu palmas levemente.
— Impressionante. Adivinhou corretamente.
Dessa vez foi a vez de San se surpreender.
— Já sabia.
— Óbvio, é meu poder, tenho desde os quinze anos. E não faria uma pergunta sem saber a resposta.
San se sentia tranquilo, tendo uma conversa boa com a sua irmã, sem brigas ou desentendimentos. Porém, o seu momento passou quando seu relógio apertou.
Abaixando o rosto, viu a hora e as mensagens de Liz. Estalando a língua, falou a Hana:
— Me desculpe, tenho de ir, uma amiga me chama.
— Ok, boa sorte.
San saiu da arena a passos tranquilos e calmos, o sol se pondo e o vento batendo no rosto. De boa, foi até o local marcado com Liz, embaixo de uma árvore alta e isolada.
A vampira o esperava ansiosamente, armadura de metal a cobrindo, uma espada na cintura e de braços cruzados, o encarando mortalmente. Garmir permanecia sentado, as orelhas pontudas captando cada som e o olhar sério.
— Eu sei, tô atrasado. Demorei porque tive que pegar a minha cimitarra em casa. — Mentira, pegou a primeira vista nas armas e armaduras e ia dizer ser a sua.
— Você tem uma casa na cidade?
Deu de ombros e olhou a floresta grande.
— Guardou minhas coisas lá.
Do lado de San, disse:
— Vamos.
Deu um passo em frente, e San de trás, via a animação que tentava esconder.