Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 76: O Especialista

San, encostado em uma árvore, ignorava as risadas do amigo perto, pensando no seu estado atual: “Em missões, essa marca é útil, nos encontraríamos facilmente e o perigo diminuiria. O ruim, é ela saber a minha localização sempre, sem eu saber ou controlar.”

Soltando um suspiro, perguntou a Jason:

— Por que os vampiros têm me visto de forma estranha pra mim?

— Simples, seu cheiro mudou, notamos esse tipo de coisa. — Respondeu facilmente.

“Então vão evitar me atacar.” Já tendo feito suas perguntas, só restava falar com a causadora da marca.

Deixando Jason pra trás, caminhou nas gramas, considerando um jeito de abordá-la e revelar a tatuagem. De volta na calçada do campus, procurando Liz nos seus contatos, sentiu um toque no seu ombro, pesado e firme.

Virando o rosto, uma cabeça tava do seu lado, os cabelos espetados escuros o incomodando e os olhos amarelos animados vagando.

— Max?

O soltando e ao seu lado, o jovem sorria divertido.

— Eae cara, de boa?

— Ah, sim.

San tava surpreso, seu radar deveria ter alertado de um mutante perto. Max permanecia o mesmo, uma aura fria o cobrindo e sempre animado, só seu cabelo mudou, tendo o cortado e deixado curto, ainda espetado.

— Sabe, esses treinamentos da escola de matar monstros é chato, facilitam demais, quer ir em uma missão de verdade comigo?

O interesse de San cresceu. A vontade de ver a habilidade do seu novo amigo era imensa, tendo ficado famoso por ter devorado o monstro na sua aula.

— Foi mal, tenho assuntos marcados já, e recém voltei de uma missão, meus equipamentos tão consertando.

A tristeza veio do rosto de Max, logo dissipada e acelerando o passo até ir à frente de San.

— Tá, quando ficar bom, vamos em uma missão, já até encontrei um pessoal legal.

“Pra ser legal na visão dele, devem ser fortes.” Acenando, se despediram e separaram, San já animado em seus equipamentos serem consertados e terminar a conversa com Liz.

Abrindo seu holograma e iniciando uma ligação, esperou pacientemente. Em segundos, atenderam, e uma voz veio do outro lado:

— San! Que coincidência, ia começar a te procurar.

Ao invés de responder, San olhou ao redor. A voz no holograma foi duplicada, e poucos metros na sua frente, em uma esquina, uma garota de cabelos escuros falava em direção a um relógio.

“É uma coincidência?” Desligando a chamada, viu Liz de costas inclinar a cabeça confusa, para logo a tocar no ombro.

Tomando um susto, Liz deu um pulo e avistou San. Soltando um suspiro de alívio, disse:

— Tá livre?

Confuso, concordou.

— Eu queria falar contigo.

— Bom, eu também, vamos, temos planos pra hoje.

Decisiva, deu um passo em frente, guiando o caminho na calçada. Apertando os olhos, San só a seguiu.

Seus passos eram apressados, os braços balançavam, a cabeça erguida e sorrindo. Em minutos, saíram da academia, indo nas ruas repletas de carros.

Erguendo a mão, chamou um táxi. San semicerrava os olhos, confuso de onde estarem indo e o motivo. Dando de ombros, entrou no táxi e esperou.

O veículo percorreu uma boa velocidade, e sob o som do rádio tocando, Liz disse:

— Arrumei um especialista em monstros, vamos o consultar e buscar informações.

— Informações de quê?

Liz respondeu simplesmente:

— O familiar na floresta, a água grande lembra?

Batendo na testa, só concordou. Fizeram esse acordo de trabalhem juntos em busca de derrotar a águia a tempos. Tiveram de adiar devido a San melhorar suas notas e atividades da escola.

— Pra que um especialista? Só derrotar o monstro de pegar a marca de ligação.

Ao dizer marca, uma coceira o incomodou no ombro. Afastando a pergunta, preferiu depois de terminarem a entrevista do especialista.

Liz mostrou um rosto confuso, perguntando:

— Tem vários passos para ter um familiar, desse jeito, mataríamos a água. Como conseguiu o Garmir?

— Salvei a vida dele ainda filhote, e depois de umas coisas, fomos forçados a viajar juntos, formando uma ligação.

Desviando o rosto, Liz murmurava: “Sortudo.” Esperando o carro alcançar seu objetivo, San sorria de leve, lembrando do seu tempo na clareira repleta de flores, os seus dias calmos, Garmir filhote animado e correndo enquanto a sua mãe cuidava.

Gradualmente, a expressão de San piorou, escurecendo o rosto. “No início, Garmir era tão animado, alegre e aventureiro, incluindo quando sua morreu e fomos na cidade.”

A mente de San lembrou um trecho de conversa com Sacro enquanto esperava Leo agir naquela época. Seu relógio o avisou que familiares mudavam de acordo aos sentimentos do seu dono, sua personalidade e jeito sendo moldados.

“Hoje em dia, ele é bem diferente. Sério, raivoso nos seus inimigos e violento nas caçadas. Eu fiz isso? Meu estado mental o influenciou?” Afastando esses pensamentos, preferia esquecer.

O carro parou, Liz pagou e San saiu, observando seus arredores. Era os bairros pobres, crianças nas esquinas esperando a oportunidade de roubar e mendigos nos becos, seus olhos cansados e drogados vagando.

Liz abriu um mapa no seu holograma, e ativando a opção de GPS, aguardou sincronizar.

— Tem certeza de ser aqui esse especialista?

— Absoluta.

Acelerando o passo, consultava seu mapa. San atrás, notava os olhares direcionados nos dois. Ganância, inveja, raiva e até desejo. “Ela foi enganada.” Essa foi a primeira ideia de San.

No lado de Liz, notava as ações dos moradores. Aos poucos, perdiam o medo de se aproximar, e começavam a ir atrás, formando pequenos grupos.

Engolindo em seco, já ia usar seu poder ao ouvir um som de brigas perto. Procurando rapidamente, em um beco próximo, um homem apanhava de três outros, caído no chão.

Só de estarem perto, a multidão foi afastada, evitando essas pessoas. Finalmente achando ter sorte no dia, ia puxar Liz para longe, incapaz ao vê-la indo na briga. “Qual é, nem ela é tão ingênua assim.”

Correndo a querendo impedir, ouviu a sua voz, forte e decisiva:

— Larguem esse homem.

Tendo a alcançado, os homens pararam e a encararam, surpresos. Suas roupas pretas sujas de sangue combinando e feições duras.

— Tá doida? São criminosos, deixa quieto. — Sussurrou.

— Não dá.

— Por quê?

Hesitante, respondeu:

— Esse cara, apanhando, é o especialista.

Os homens se recomporam da surpresa rapidamente. Afinal de contas, uma mulher bonita e claramente com dinheiro é raro vindo nesse lugar.

A analisando de cima a baixo, abriram sorrisos sinistros, já esquecendo o homem no chão e dando um passo em frente.

Liz, notando isso, deu de ombros. Esse tipo de gente seria facilmente derrotado, as técnicas de luta resolveriam facilmente.

Prestes a avançar, San puxou seu ombro, caminhando com uma mão no bolso e bagunçando o cabelo. Conhecia esse tipo de gente, vestiam roupas iguais, afastaram uma multidão só da sua presença, eram membros de gangue.

— Olha isso, o cara quer nos enfrentar. — O criminoso da frente riu alto, sacando uma faca. — Vaza, e deixamos tu viver.

Os olhos de San estavam desanimados. Odiava lidar com gangues, essa gente é chata e quer resolver tudo na violência.

— Vamos fazer assim, vazem daqui, e vocês vivem.

Confusos, pararam, e entendendo, deram risadas altas.

Tirando a mão do bolso, os fez parar e prestarem atenção. Vendo estar vazia relaxaram, no entanto, San pegou e puxou a manga da sua camisa, revelando o ombro, sua tatuagem de corvo, as asas abertas.

Instantaneamente, os olhos deles se arregalaram e recuaram alguns passos. No mundo do crime, independente da cidade, a tatuagem de corvo era destinada aos criminosos de verdade, os merecedores, e já tendo feito coisas horríveis,

San ganhou a sua de Eugene na adolescência, e odiava usar. Um silêncio tomou conta do lugar, enquanto os valentões na frente pensavam.

O da frente ergueu a cabeça, o medo nos seus olhos sendo claro.

— É falsa.

San deu uma curta risada, já esperando isso.

— Quer arriscar? Sabe, se for verdadeira, você morre bem fácil. — Nessa hora, os olhos de San brilharam em um vermelho vivo. Combinado isso ao sorriso, causou um grande medo neles.

Em questão de segundos, os homens recuaram, e saíram de perto, olhando uma última vez a sua presa no chão, indeciso de deveria ficar feliz ou triste por perder ele.

Sozinhos, San tocou no cara caído, confirmando estar vivo. Liz, a poucos passos, demorou um pouco, tentando entender a situação.

— O que foi isso?

— De onde eu venho, tatuagens de corvos dão medo nesse tipo de gente. — falou levantando o especialista e dando um tapa forte na sua cara. — Só preciso os enganar e deu.

Uma clara mentira, as tatuagens têm símbolos secretos nelas, se tentam a falsificar, o mentiroso é morto rapidamente, perdendo qualquer proteção.

— Poderiamos ter os derrotado facilmente.

— Verdade, porém, seriamos marcados pela gangue, e ná proxima vez, uma grande parte viria nos enfrentar. — falou dando um segundo tapa.

O homem abriu os olhos subitamente, zonzos e confusos. Se afastando, deu espaço. O especialista era alto, os cabelos escuros sujos do lixo perto caindo no rosto, um rosto simples e olhos verdes. Uns trinta anos.

Recobrando a sensatez, olhou ao redor confuso. Liz assumiu e disse:

— Senhor Michael, sou Liz, nos falamos por telefone.

Piscando repetidamente, Michael lembrou, e soltou um suspiro de alívio.

— Obrigado, quase morri.

— Por que te espancaram? — San perguntou ainda suspeitando desse cara.

— Ah, peguei um dinheiro e esqueci de pagar.

Pondo força nos pés, levantou, tirando a sujeira da sua camiseta azul e das calças rasgadas.

— Certo, planejava conversarmos na minha casa só com Liz, é uma surpresa você meu jovem.

— É, que pena. Mas vamos na sua casa, tô curioso de onde mora.

Seu sorriso sumiu, escolhendo não revelar sua casa a um cara assustador desses, principalmente ao ver a tatuagem de corvo enquanto fingia estar desacordado.

— Tive uma ideia! Um restaurante, é bem publico e comemos algo. Conheço um bom.

— Certo, nos guie. — Liz disse ansiosa.

Michael caminhou na frente, saindo do beco e na calçada, disparando olhares por cima do ombro constantemente.

— Para com isso. — Liz falou sorrindo.

— O quê?

— Tá com o mesmo olhar de caçar um monstro.

Nem notando, San relaxou os músculos faciais.

— Ele é estranho, pode estar te mentindo.

— Acredite, eu fiz pesquisas, e se tiver mentindo, é só darmos uma lição nele. — Seu sorrindo revelando as presas afiadas.

O percurso foi rápido, logo, saíram dos bairros pobres, e alcançaram um restaurante caro, de boa aparência e o cheiro gostoso no ar.

San revelou uma expressão alegre ao ver o restaurante, já conhecia bem o lugar.

Passando a porta, o som de constantes conversas e pratos sendo espalhados encheram seus ouvidos. Michael escolheu a mesa mais ao canto, e tendo vindo antes, cochecia bem. Constantemente conversava com garçonetes, as elogiando e soltando cantadas.

Sentando na mesa, Liz foi primeiro, do lado de San, que estava na ponta, enquanto Michael do lado oposto, analisando o cardápio.

— Adoro esse lugar, as garçonetes são ótimas.

Fazendo seu pedido, ofereceu aos seus dois convidados. Liz dispensou, e San pediu batatas fritas.

Sozinhos e isolados, Liz começou:

— Queremos caçar uma águia, antiga familiar. Forte, garras afiadas…

— Voo super forte, controle do vento, e muito mais, conheço. — Michel disse puxando na sua memória mais. — O melhor elemento para a deter é eletricidade, tão rápido quanto ela.

Liz abriu seu holograma anotando as informações.

— Devido a já ter sido um familiar, complica na hora de tentar o fazer ser um.

— Como eu faço o ritual?

— Vou te enviar uma lista de ingredientes, os dois devem tomar a poção. Antes, o monstro deve estar ferido e debilitado, senão vai falhar.

A discussão deles continuou por um bom tempo, San, no fundo escutando pacientemente, já querendo ir embora.

Nessa conversa entre os dois, San confirmou algo: Michael era realmente um especialista. Usava somente da sua mente e conhecia fraquezas do monstro, armadilhas, alimentos preferidos e muito mais.

Finalmente chegando a comida, Michael viu a garçonete de longe, e falou:

— Aí vem ela, a minha preferida! Tô tentando a chamar pra sair faz semanas.

Uma jovem trouxe os pratos, pondo na frente dos donos. Seus cabelos eram loiros, caindo sob o ombro. Olhos castanhos e vestindo um uniforme branco.

— Olá, minha querida, bom te ver.

— Ah, sim, prazer. — falou claramente desconfortável.

— Tá brincando comigo.

A voz de San veio alto, atraindo atenção de todos na mesa, incluindo a garçonete, que ao vê-lo, arregalou os olhos e abriu um sorriso.

— San! Nem te vi aqui.

— É, eu também, Emma.

San conhecia bem esse restaurante, afinal de contas, já veio várias vezes, já que Emma, a irmã de Leo trabalhava nesse lugar.

San levantou e aceitou o abraço. Tendo uma conversa simples, se despediram.

Quando sentou novamente na mesa, encarava Michael seriamente, ficando frio ao seu redor e os olhos mudando de cor levemente.

Na sua frente, o homem tava pálido, pondo as mãos embaixo da mesa para esconder os tremores. Engolindo em seco, tentava falar, para as palavras morrerem na garganta.



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