Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 75: Clube

Poucos dias se passaram, os mercenários evitaram incomodar San, fazendo diversas perguntas ao seu grupo, e receberam respostas semelhantes, recuando temporariamente.

Caminhando apressadamente no seu quarto na academia Anastasia, San roía as unhas, batia o pé compulsivamente e bagunçava seus cabelos pretos caindo nos olhos.

Deitado na cama, Garmir observava seu companheiro nesse estado, despreocupado e rindo internamente.

Checando as horas no seu relógio, confirmou do seu colega de quarto não vir. Jason passou no hospital após a missão, demorando dois dias para estar curado perfeitamente.

Contudo, recebeu um atestado de três dias, e aproveitou percorrendo a cidade e aproveitando.

Abrindo a porta, passou e caminhou até o elevador, recebendo olhares constantes de vampiros. Estavam curiosos, recuando ao chegar perto e o encarando em dúvida.

“Coisa chata isso, desde a minha volta tão fazendo isso.” Entrando no elevador, desceu. O atestado do amigo terminou ontem, iria voltar às aulas, e sabia disso devido a Bella mantendo contato direto com Liz.

Escutando a música dos pequenos altos falantes em cima, mudava o peso do corpo ansiosamente. “Eu podia tê-lo encontrado no hospital e perguntar na hora.” Essa era uma opção, entretanto, San perdeu duas pessoas importantes no hospital, não gostava de ir.

A porta do elevador abriu e a passos apressados, passou a porta de vidro. No campus, sol bateu no seu rosto cegando temporariamente. Seguindo a multidão de alunos, tava no prédio das aulas.

Os corredores cheios, alunos conversando e discutindo. San passava e abriam caminho, recebendo olhares afiados. “É por isso que eu fiquei no meu quarto durante esse tempo. Vou bater em alguém se continuar.”

Entrando na sala, cumprimentou apressado os seus colegas conhecidos, e olhando no fundo, Jason entediado apoiando o rosto nas mãos.

Seu cabelo escuro bagunçado, o uniforme preto amarrotado e mordendo um palito de doce.

Suspirando de alívio, passou a sala lotada e sentou ao seu lado. Seu amigo imediatamente o notou e sorriu.

— Eae, aproveitou o quarto sozinho? Espero ter levado uma companhia boa.

“Esse cara só pensa nisso?”

— Me diz, sabe alguma coisa de…

A sala ficou em silêncio, o professor Ethan entrando calmamente e de bom humor. Notando de repente ser esse período, San balançou a cabeça e voltou a falar:

— Tenho que te mostrar uma coisa.

— Ah, eu recém voltei às aulas, deixa eu descansar desses assuntos da escola. Tenta na minha irmã.

— Acredite, seria mais fácil. Mas é meio estranho.

Largando o palito da boca, olhou San curioso, se afastando levemente.

Prestes a dar um soco na sua cabeça, virou o rosto e boa parte da turma o encarava, esperando ficar quieto. Engolindo em seco, fechou a boca e adiou a pergunta.

O professor de história parou no meio da sala, pensando na sua aula e passando suas memórias.

— Hoje, o tema será os militares. Me deem suas opiniões.

Demorando, uma mão foi levantada, Laura, o membro das grandes famílias.

— São úteis na proteção dos muros.

— É, cometem uns erros de vez em quando.

— Cuidam dos trens e os reformam. — Noah na frente disse.

As opiniões dos alunos cresceram, a hesitação sumindo e falando abertamente. A maioria é positiva, e uma vez ou outra negativas.

Escutando tudo, Ethan assentiu concordando, e limpando a garganta, falou:

— As opiniões sobre os militares é difícil. Boas, ruins, medianas. Foram um dos principais inimigos dos monstros, construindo bases seguras e dando ajuda. E continuam fazendo isso, é claro, por trás da sua bondade, tem muitos segredos.

O silêncio tomou conta, ouvidos atentos e prestando atenção.

— Fizeram acordos com grandes famílias, como os Blackscars. Formam exércitos enormes e marcham para cidades, alegando proteção. Tem casos de experimentos desumanos em pessoas, e seus altos escalões se mantém em segredo.

Na menção do seu sobrenome, San nem mostrou reação. Nessas aulas do professor Ethan, aprendeu a esconder suas emoções.

— No entanto, essa é a questão: ajudaram bastante na proteção da cidade e no serviço de leis e tantas coisas a mais. O quanto uma organização boa pode fazer de ruim até o povo os odiar? Contrariarem?

O professor ficou quieto, analisando seus alunos. Respirando fundo, em uma expressão triste, disse:

— Tarefa pra próxima semana: Pesquisem o benefício do governo na sociedade.

Erguendo uma sobrancelha, San nunca imaginou isso. Tinha mais que o professor queria falar, porém, escolheu parar. “Suspeito. Será ordens ou o orientaram a parar? Ethan tem séculos de vida, com certeza os grandes sabem tudo dele.”

Enquanto os alunos escreviam nos seus hologramas, Sam viajava nos seus pensamentos, considerando perguntar discretamente. Preferiu adiar isso, já tinha uma pergunta a fazer, e duvidaria receber a verdade.

Quando a aula acabou e os alunos levantaram, indo até a próxima sala, San já planejava arrastar Jason e conversarem. No entanto, ouviu seu nome sendo chamado.

Abaixando os ombros em derrota, apertou o maxilar e cerrou os punhos. Virando, falou:

— Sim, professor.

Ethan aguardou os alunos saírem até sentar na sua mesa.

— Como tem estado ultimamente?

— Bem, por quê?

— Curiosidade.

Ethan coçava seu cabelo o desarrumando e disse:

— Lembra do início das suas aulas, aquela briga com o aluno fera?

— Brevemente.

— Certo. Eu tava pensando, a minha punição foi muito leviana. Afinal de contas, um aluno se feriu gravemente, e de tão fraco que te castiguei, nem lembro qual era. — Semicerrou os olhos em divertimento.

San engoliu em seco, sabendo odiar o rumo da conversa.

— Por isso, vou aumentar a punição. Quero que forme um clube na escola.

Confuso, San demorou a entender, considerando ter escutado errado.

— Clube?

— Exatamente. Nessa escola, é possível formar clubes para certos objetivos. Por exemplo: Esgrima, luta, defesa, esportes e aí vai.

San andou na sala, observando o sorriso do professor. Encostando em uma mesa, perguntou:

— Que tipo de clube tá pensando?

— Ótima pergunta, e é simples: Controle de essência.

Girando a cabeça, San disse:

— Já temos uma matéria dessa.

Rindo de deboche, confessou:

— Fala daquele professor só focando nas alunas bonitas?

— É, esse aí.

Dando um pulo da mesa, Ethan parou na frente de San.

— Veja, Bili é um merda. Seus métodos ruins e a personalidade de um animal. Você, meu caro aluno, é mil vezes melhor.

— Sou um jovem sem educação e to há poucos meses nessa academia, e diz que sou melhor comparado a um professor?

San realmente odiava as aulas daquele cara, o seu modo e personalidade irritantes. Mesmo assim, dizer ser melhor era exagero.

— Ainda não, falta experiência. O jeito dele é focado em mutantes usando suas habilidades normalmente. No seu caso, é em batalhas, onde a sobrevivência é o foco. E ouvi falar da sua velocidade de evolução, impressionante.

San treinava constantemente o uso da essência, e é verdade no seu caso, a velocidade, tendo dominado o seu primeiro poder em semanas. Só melhorou ao decorrer dos meses passando, melhorando seus métodos.

A questão era: Como o professor sabia tanto? “Leu minha ficha? É possível, o cara é um professor há anos, e vivo há tanto tempo, tem seus métodos.”

— O que ganharia nisso?

— Permissão de sair durante as aulas, andar em lugares restritos, fazer amigos, notas melhoradas e umas vantagens.

“Lugares restritos, interessante.” A oferta melhorou, suas vantagens tentadoras. No entanto, o principal problema nisso era arrumar confusão com o professor responsável de executar aulas de controle de essência.

Ter uma pessoa desse escalão seria problemático. Por outro lado, teria a ajuda do Ethan, com certeza mais respeitado.

— Sabe, sou considerado um cara de reputação ruim, violento e meio maluco. Gente vindo pedir ajuda é difícil.

— Dou um jeito. — Deu de ombros.

Em minutos de consideração, San pesava os prós e contras, até sorrir animado.

— Feito.

Erguendo os braços em comemoração, o professor soltou um suspiro. Tentava insistentemente expulsar Bili do seu cargo, o denunciando e sugerindo aos reitores da academia.

Nunca dava em nada. Bili é um membro importante das grandes famílias, filho inútil enviado para ser um professor. Vários dos alunos de Ethan tiveram problemas no controle de essência, algo essência de aprender, principalmente com missões arriscadas fora do campus chegando.

Aproveitando estarem sozinhos, San abriu o holograma no seu relógio e estendeu ao professor.

— Me diz, já viu essa máscara?

A imagem de uma máscara preta sorridente e olhos escuros apareceu na frente. Ethan arregalou os olhos e puxou o braço de San, analisando o objeto ilustrado, revelando um rosto sério.

— Onde viu isso?

— Pesquisando na internet, me deparei em um blog estranho, falando de um assassino vestindo a máscara.

Já tendo pensado em uma mentira anteriormente, nem hesitou.

Ethan largou seu braço e recuou, pressionando os dedos no queixo e pensando. Em uma carranca, demorou e explicou:

— Esse é um objeto amaldiçoado horrível. Criado no início dos monstros surgirem. Humanos normais queriam uma forma de proteção, e arrumaram isso.

Revelando os dentes em raiva, os olhos de Ethan escureceram.

— No mínimo dez vidas para criar uma dessas. Os portadores teriam as habilidades físicas aprimoradas, e causam medo só de caçar uma presa. Porém, claramente teria consequências. Os usuários, lentamente perderiam a sanidade, se tornando violentos, obscuros e verdadeiros monstros.

— E-era reversível? — A voz de San vacilando.

— Raramente. Após o primeiro uso, em dois meses perderiam o controle. Os mutantes da época encontraram todas e destruíram. Só para garantir, aniquilaram uma cidade, evitando a fórmula de criação se espalhar.

“Dois meses? Uso isso há quase um ano, é uma falha o meu, ou tô perdendo algum detalhe?” San pensava nos usos, a vontade de matar os seus alvos aprimorada, e uma sede de sangue.

— Espero ser só uma ilustração, retirada de templos antigos. Senão, tenho pena do dono.

— O que vai acontecer ao dono? A parte ruim. — San conteve a vontade de gritar por ajuda.

— Sua mente dominada aos poucos, a vontade de matar aumentando, seu corpo e mente se corrompendo até virar uma besta louca.

San ficou pálido, uma vontade de vomitar crescendo. Nos últimos dias, utilizou de Sacro para pesquisas, e não encontrou nada, como se apagassem da face da terra a informação. “Me venderam isso, o antigo dono deve saber.”

Se despedindo do professor, acelerou o passo. Nos corredores, sua cabeça girava, ofegava e procurava ar, usando a parede de apoio.

Por sorte, era horário de aula, o deixando sozinho.

— Isso é preocupante, contudo, o seu caso é diferente. — Sacro tentou o consolar e animar.

Concordando, San levantou em um pulo, as ideias crescendo na sua cabeça. “Meus poderes são estranhos, armazeno as almas dos mortos, roubo seus poderes e utilizo a vontade. Um caso único pra máscara, devo estar a suprimindo. Só tenho de tomar cuidado ao usar aquele modo de desmaiar.”

Decidido, San bolou uma teoria. Só dizer não a sugestão da máscara, a expulsar da sua mente e com isso, aproveitando as vantagens. “Claro, é uma teoria, devo testar.”

Melhorando um pouco, parou na frente de uma porta, aguardando a aula acabar.

Em meia hora, avistou Jason caminhando, rindo, contando a sua experiência de enfrentar um monstro.

Agarrado subitamente, San o puxou nos corredores, o tirando do prédio de aulas e indo nas gramas, isolados dos alunos.

Embaixo de uma árvore, Jason reclamou:

— Eu tava no meio de uma conversa legal, qual é.

San observava seus arredores, e confirmando estarem sozinhos, falou:

— Tá legal, vou te mostrar uma coisa, é sério, você é uma das minhas últimas esperanças.

Recuando, Jason hesitava em ver.

Relutante, San puxou sua camisa, revelando o local do ferimento das garras do lobisomem, levemente abaixo do pescoço. Ao invés de uma cicatriz ou a pele normal, uma marca.

Era confusa, uma estrela riscada, em um vermelho vivo e hipnotizante. Vendo a marca, o rosto de Jason ficou sério, e dando um passo em frente, analisou atentamente.

— Eae?

Considerando, afastou alguns passos e fechou a boca, seus olhos vagando da marca ao redor. Soltando um suspiro longo, murmurou:

— Faz sentido, senti um cheiro familiar, achei ser de conviver comigo por tanto tempo.

Sem paciência, San o agarrou nos ombros e balançou:

— Fala logo!

Organizando as palavras, explicou:

— Essa é a marca da minha família, cada vampiro tem uma, serve para identificar um membro e outras coisas.

— Continua enrolando e te dou um soco.

— Tá. Minha irmã sugou seu sangue, e sem querer, deixou uma marca. Agora, você é considerado uma propriedade da família Sanguináris, mais precisamente, da Liz.

Paralisado, San fazia uma careta.

— Tá zoando comigo. Tira.

— Sobre isso, é impossível, só um vampiro adulto e poderoso pode tirar.

Tampando o rosto e soltando um grito abafado, viu Jason desviando o olhar, apreciando a árvore.

— Me explica em detalhes o que essa marca faz.

— Bem, ela consegue te sentir, determinar se está vivo. — Ficando quieto, desviou o rosto e escondeu a risada com as mãos, murmurando. — Também pode ser considerado uma aliança.

Virando a cabeça, viu o dedo de San brilhando e um tiro de energia vindo.

Acertando na cabeça, desorientou Jason, e San falou:

— O próximo vai doer mesmo. Se ela me sente, por que não falou nada?

Coçando a cabeça quente, Jason respondeu:

— Demora uns dias até formar uma conexão.

San escutava as risadas de Jason e olhava o céu, pensando: “tenho muitas tatuagens.” Lembrou da tatuagem de corvo no ombro, a marca do familiar no pulso e agora uma estrela.



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