Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 66: Pegando Uma Missão

Aluno por aluno sentado nas arquibancadas, encaravam o corpo caído no chão, a cabeça faltando, espalhada ao redor. E a garota nas arquibancadas, Laurem, por um momento nos seus olhos pode se ver medo.

San virou a cabeça na direção do professor, esperando a sua avaliação.

— Método de luta bom, estratégia interessante e a forma da morte foi… inesperado.

— Alguma coisa para corrigirmos? — San perguntou.

— Humm, tá tudo bem.

“Tirando a parte de ter prolongado a luta e o sofrimento do monstro, mas isso eu posso deixar passar.” O professor pensou vendo o grupo voltar.

San guardou a sua armadura e esperou. O grupo animado, falava a hora sobre a luta, o quão incrível foi e elogiando um ao outro.

— É sério, eu senti meu poder de telecinese melhor, foi estranho. — Nicole falava incrédula.

Abrindo um sorriso, San foi na sua direção. Iria guardar a verdade de a habilidade estar melhor, porque misturou o seu ao dela.

— Certo pessoal, valeu por seguirem minha ideia.

— Sempre, meu amigo, podemos até combinar de sair por aí. — Noah falava o bajulando.

— Ah, é. Tô indo, vou resolver uns assuntos.

Despedindo de todos, caminhou no corredor. Sozinho, tendo somente a sua mente de companhia, finalmente pode organizar tudo. A raiva quase o fez vacilar, a atacar no meio de tanta gente.

Ainda planejava a matar, é claro, isso nunca mudaria. Porém, por enquanto iria manter a calma, encontrar uma oportunidade e a usar. Depois da luta, por qualquer motivo, sentia sua mente livre de interferência, podendo pensar melhor e raciocinar.

Voltando nas arquibancadas, passou alunos, nisso escutou pedaços de conversas:

— Maluco…

— Cara violento…

— Outro Max, ótimo…

Ao passar por todos, foi até os fundo e se isolou, cuidando a arena, ver os poderes das pessoas assim era útil demais, depois de acabar isso, poderia simplesmente a tocar e copiar.

Revisando os pedaços ouvidos, San estranhou uma coisa. “Outro Max? Como assim?” Sem saber quem seria esse, decidiu ignorar por enquanto.

As lutas continuaram, violentas e sangrentas, fazia sentido essa aula usar um dia inteiro, os alunos precisam descansar, se recuperar de ferimentos e no dia seguinte voltar a rotina normal.

Ignorando, demorou para perceber um grupo indo na sua direção. Nem o radar de mutantes ajudou, apitava a cada poucos segundos.

— San! Quanto tempo.

Sentindo um arrepio percorrer seu corpo, um sentimento de raiva cresceu dentro de si. Respirando fundo, se esforçava muito manter a calma.

Olhando de onde veio a voz, encontrou o grupo de Liz inteiro, incluindo Laurem, que sorria fingindo felicidade. O pessoal se surpreendeu pela interação.

O cercando, Laurem continuou:

— Quem iria imaginar te ver aqui, fazendo um show.

— Se conhecem? — Liz perguntou em nome dos curiosos.

— É claro, faz um tempo desde a última vez e as circunstâncias eram ruins, né?

— Exatamente, aconteceu muita coisa. — San falou, sempre evitando contato visual. Já era difícil controlar a raiva ao falar, ver sua expressão pioraria.

Jason abriu um sorriso e foi ao seu lado, segurando seus ombros, dizendo:

— Esse cara, esqueceu de nos falar.

— Espera, verdade! Por pouco esqueço, zumbi.

Rangendo os dentes, San focava sua mente em outros lugares, odiava esse apelido.

— Zumbi? É tipo um apelido de amigos? — Bella perguntou.

— Quem dera, o povo da cidade deu esse apelido ao sair de uma missão super perigosa.

— Missão?

— Exatamente, sabe, os mercenários.

Cada um deu uma olhada em San, entendendo um pouco da forma de matar o monstro e mesmo sendo sua primeira aula, continuar bem, tanto mentalmente quanto fisicamente.

Pondo um dedo no queixo, Laurem pensou por um tempo e disse:

— E quanto ao nosso amigo? Como se chamava?

Antes de terminar a frase, San levantou da cadeira e disse:

— Tenho assuntos a resolver, falamos depois.

A passos largos, deixou o grupo pra trás, curiosos do motivo. Passando o corredor, restringia sua raiva, ultrapassando alunos e saindo do prédio e chegando na área comum da academia.

Caminhou por um longo tempo, o sol brilhava forte como sempre, era meio-dia, o restante do dia seria livre, poderia fazer o que preferir.

No seu quarto, pôs a cabeça dentro e disse em direção a Garmir:

— Vamos sair.

O cão do inferno achou curioso. Independente disso, abanou o rabo rápido e o seguiu. Ambos passaram a academia inteira e saíram, percorrendo a cidade movimentada.

Garmir ainda entendia o motivo do seu parceiro de repente agir assim, só sentia raiva emanando e tristeza, por isso escolheu permanecer quieto.

San podia chamar um carro e o levar, no entanto, caminhar o ajudava a pensar, e demorando um tempo, chegou no seu apartamento no meio dos bairros pobres.

Subindo as escadas, pulando de dois em dois degraus, pressionou o dedo na maçaneta e abriu a porta, permitindo um pouco de ar entrar no lugar abafado. Dando uma olhada momentânea, confirmou estar do mesmo jeito de semanas atrás.

Indo à estante e puxando a parte esquerda, revelou o quarto secreto. As paredes repletas de fotos e artigos espalhados, uma adaga encostada no canto, esperando ser usada.

E a cimitarra embainhada ao lado da adaga, limpa e bonita. A pegou, prendeu envolta da cintura e deu uma olhada na parede. Sua vontade crescia a cada segundo de ir atrás dessas pessoas.

Porém, escolheu deixar para outro dia, estava no meio do dia, a hora para caçar seria a noite, as sombras o cobrindo e a facilidade de despistar curiosos.

Saindo da sala secreta, ambos voltaram ao bairro rico. Demorando um pouco de tempo, avistou uma loja focada em mutantes. Mandando Garmir esperar, entrou e viu armas misturadas a armaduras espalhadas.

Mutantes procuravam equipamentos em cada parte, analisando minuciosamente, perguntando aos atendentes e questionando. San procurou por um tempo e achou uma armadura.

Feita de metal, cobria o corpo todo, sobrando espaço suficiente para realizar movimentos ágeis e uma boa defesa. Esse era o mesmo tipo utilizado na aula.

Levantando a etiqueta presa, sentiu uma dor no coração. Recebia um bom dinheiro de Eugene e conseguia economizar, mas também gastou uma grande parte no apartamento. Gastar oitocentos créditos em armadura o deixaria em uma situação complicada até o próximo mês.

Hesitando por um momento, comprou, e uma cota de malha em baixo, só para garantir a sua segurança. Voltando a rua, San chamava atenção. Mutantes podiam se vestir do jeito preferido, no entanto, esse tipo de vestimenta no meio de tanta gente rica e bem vestidas era chamativo.

Recebendo olhares nada discretos, ignorou, só focado em seguir a orientação de Sacro vendo um mapa.

Dessa vez pararam na frente de um prédio bem maior, feito de tijolos, pessoas usando armaduras e segurando armas entravam e saiam a cada momento, essa era a base dos mercenários.

Passando a porta junto a Garmir, olharam ao redor, admirando pela melhora comparado a última cidade. Mesas em uma parte, destinadas a comer, beber e formar grupos. Na parede à esquerda, um quadro enorme, repleto de panfletos exibindo desenhos e descrições de monstros.

A principal diferença dessa base da antiga cidade, era a qualidade de tudo, tanto do prédio quanto das pessoas. De cinco mutantes, três tinham armas bestiais, feitas diretamente da parte de um monstro.

San recobrou o foco e foi ao quadro de missões, às analisando e decidindo uma a fazer. Recentemente, havia parado com isso, tantas preocupações tomavam seu tempo e dinheiro não fazia falta.

Dessa vez, voltou só para desestressar, focar a sua mente em um problema simples. Lendo os panfletos, considerava entre carniçais ou formigas guerreiras.

Considerando a dificuldade, iria escolher as formigas, poderia treinar o uso da cimitarra. Pegando o panfleto, outra mão agarrou antes.

Virando o rosto, viu a pessoa. Uma mulher de pele bronzeada, olhos incrivelmente verdes, cabelos lisos presos em um rabo de cavalo e nas costas, duas cimitarras.

A olhando por poucos segundos, a reconheceu. Seu nome era Sonea, a dona do livro da dança das serpentes e uma lutadora extremamente habilidosa.

San pode ver uma demonstração quando a cidade foi atacada, sozinha, derrotou um grupo enorme de monstros, os matando em golpes rápidos e mortais.

Virando o rosto, ia se afastar, mas teve a mão segurada e ela disse:

— Eu te conheço?

Fazendo uma cara de dúvida, respondeu:

— Não.

Chegando perto do rosto dele, o observou por um tempo, e olhando abaixo, avistou uma cimitarra igual a dela e Garmir no lado.

— Ah, já sei, em Viridian, a gente se falou na porta da base!

Sem escapatória, fez uma cara surpresa e deu um tapa leve na cabeça.

— É claro, faz tanto tempo, tinha até esquecido. Sininho né?

— Se preferir pode me chamar assim, meu nome é Sonea, e o seu é… Zumbi!

— Ei, ei, sou San, esquece esse apelido.

— Ah, é legal. Bem, ia fazer essa missão? — falou balançando o pedaço de papel.

Ouvindo isso e a observando sorrir, lembrou brevemente de um diálogo quando se conheceram, dela sugerindo treinarem juntos e irem em uma missão. A ideia é péssima, pois San roubou o estilo de luta de uma das grandes famílias, se descoberto, poderia morrer misteriosamente.

— Só tava vendo, na verdade, ia pegar essa. — Agarrou um panfleto aleatório e puxou.

Sonea aproximou o rosto e leu, murmurando e mostrando desagrado.

— Tá, boa sorte. Alguma hora podemos trabalhar juntos.

— Seria divertido.

— Ótimo! Tenho o seu número ainda, te mando uma mensagem.

Nem lembrando de ter dado o número, concordou e foi em direção ao balcão, Sonea o seguindo com os olhos e sorrindo. A atendente, uma mulher usando o uniforme, cabelos loiros e um sorriso treinado, o comprimentou e disse:

— Sou Marta, posso ajudar?

— Vou pegar essa missão.

Antes de entregar, deu uma olhada, só pra saber o que faria. Tava escrito: “Um grupo de fantasmas tem atormentado o cemitério da cidade, investigar e relatar o motivo, se os afastar, a recompensa será dobrada.”

Mordendo o lábio, San esperou a moça anotar e organizar a missão. Um minuto após, ela disse:

— Pode me dar sua identificação de mercenário?

Tirando um cartão do bolso, a entregou. Lendo por um tempo, levantou a sobrancelha e mandou uma olhada a San.

Digitando no seu computador, demorou um tempo e uma pequena fila se formou atrás de San e reclamavam continuamente. Três minutos depois, Marta disse:

— O senhor é da cidade de Viridian, certo?

— Exatamente.

Soltando um suspiro, disse:

— Sinto muito, soube do ocorrido, a cidade sendo invadida e o chefe dos mercenários de lá entrou em coma, é uma pena.

Acenando a cabeça, só deixou passar, o fato do chefe da última cidade estar em coma já era conhecido, sua relação com Mercer era de chefe e soldado, teve poucas conversas e só, o suficiente para dizer: “É uma pena.” Mais reações seriam um exagero.

Ainda vendo o monitor do seu computador, Marta disse:

— Tirando isso, parabéns, de rank D subiu ao C.

Estranhando, disse:

— Tem certeza?

— Claro, nos nossos registros, foi dito que durante o ataque na cidade, você matou vários e enfrentou um lobo enorme, permitindo de pessoas entrarem no hospital e receber tratamento.

“Só fiz isso para as garotas e Leo passarem, os outros tanto faz.” Dando de ombros, respondeu:

— Bem, valeu, posso fazer a missão?

Levantando um pouco a sobrancelha, a atendente achou curiosa uma reação tão sem emoção, o comum seria a pessoa abrir um sorriso enorme, chamar os amigos, gritar.

Acenando a cabeça, terminou dizendo:

— Sim, pode ir.

Voltando ao Garmir, o viu no chão recebendo carinho de Sonea.

— Já tá indo? — perguntou soltando o cão do inferno.

— Isso, até outro dia.

Passando da porta, teve uma vontade de virar, porém, sentia um par de olhos o encarando. Foi uma sensação estranha, nem conseguia explicar o sentimento, não tinha hostilidade, e sim curiosidade.

“Só devo agir normal, ser um cara usando uma espada torta querendo chamar atenção, logo vou ser esquecido.’’ Sussurrando a Sacro, perguntou:

— Onde fica o cemitério dessa cidade? E por favor, me diz que conhece um jeito de enfrentar fantasmas.



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