Volume 2
Capítulo 129: A Tão Esperada Noite
Em quatro dias, as coisas não mudaram muito. A academia continuava a procurar seu culpado, explorando os mínimos cantos do seu campus e prédios.
Nisso, tentaram descobrir a forma de terem entrado e saído. Vasculharam em qualquer sala, atrás das suas passagens secretas, levando para o labirinto.
O problema disso, é descobrir as passagens. A academia sabe como as localizar, encontrando facilmente, contudo, a localização de cada uma é demais.
Poderiam ter registrado as passagens em um banco de dados, em papéis ou pessoas, mas tinham medo, medo de inimigos descobrirem, roubarem essas informações.
Só tendo essa ideia em mente, até proibiram de registrar qualquer assunto envolvendo a esfera de Dyson, sabendo da ganância humana por querer isso.
Quanto ao motivo da academia Anastasia ter uma fonte de energia tão grande guardada, foi por sua cooperação com os militares.
Os dois tem uma parceria ótima, pois uma grande parte dos alunos são enviados para missões dos militares, e em troca, podem realizar seus estudos.
A esfera foi guardada para isso, descobrir uma forma de enviar sua energia para outros lugares extremamente distantes, até a replicar.
Quanto ao método da original ter sido feita, poucos sabem a forma, sendo um segredo, e somente os pesquisadores sabendo o motivo.
Longe de qualquer problema e suspeitas, San mantinha os olhos fechados e em uma posição de meditação, concentrando no seu interior.
Passaram-se poucos dias desde o roubo, e reunia o máximo de essência possível para voltar ao seu ápice.
Infelizmente, o tempo tava passando e foi incapaz de recarregar completamente. No estado atual, poderia dizer ter menos da metade.
Seria considerado um reservatório normal de essência por mutantes comuns, nem tão grande ou pequeno. Entretanto, o tanto de habilidades de San o desgasta muito, sendo insuficiente.
Abrindo os olhos, pensava nos seus passos, o que teria de fazer e plano formulado. Passou somente cinco dias, e enquanto caminhava nos campus tão vazios, sentia a pressão no ar.
A academia queria a sua esfera, e vendo estar sem opções, iriam revelar ao público, ou faze algo parecido. Quando fazerem isso, Eugene irá descobrir, ordenando a sua entrega.
Por isso, iria completar a sua vingança nessa noite. Foi forçado a planejar as pressas, pedindo favores e torcendo para dar certo.
De pé, checava a sua armadura, confirmando estar inteira e perfeita para o trabalho. Sacando a sua fiel cimitarra, focou na rachadura no meio, o incomodando.
Queria a substituir, e dessa vez, por uma melhor, uma arma bestial. O problema desse desejo seria comprar.
Sim, San tem dinheiro para uma, conseguindo uma mesada de Eugene e uma parte do dinheiro da venda de drogas do seu parceiro de negócios, por mais estressante que foi conseguir.
Só falta uma parte para comprar a sua arma, e isso sendo oportunidade e esperar as coisas se acalmarem. Enquanto a academia e seus alunos tão preocupada por tudo acontecendo lá, a cidade é diferente.
Passou pouco tempo desde a última aparição do diabo que ri, e o povo o viu, teve um vislumbre. O achavam um herói, principalmente depois de ter matado um criminoso liberado.
Devido a isso, independente de ser dos bairros pobres ou ricos, procuravam o assassino, os motivos mudando muito.
E uma pessoa procurando comprar uma cimitarra iria atrair atenção indesejada, possivelmente dos caçadores de mutantes.
Arrumar uma no mercado negro seria complicado também. Até eles tão querendo descobrir quem é, já que foi oferecido uma recompensa enorme por qualquer informação.
Caso San comprasse a sua arma, seria a oportunidade perfeita para Íris arrumar uma desculpa e o investigar. Ela é a líder da investigação, uma posição alta, e sabe da identidade do San.
Porém, depois de um certo agente deles ter torturado um dos seus suspeitos e ter sido revelado, decidiram ser exigentes.
Íris, a parceira de um torturador, solicitando a investigação por um simples alunos só por ter vindo da mesma cidade do assassino seria problemático.
Por isso, arrumando a desculpa de comprar a cimitarra, o poder de dispara tiros de energia e outras coisas, aí sim iria colocar todos os caçadores de mutantes na sua cola.
Caminhando no apartamento lotado de itens, San tinha de forçar caminho para passar, tendo se acostumado um pouco com isso.
Ultimamente, tem passado uns dias na casa do Floki, preocupado dos seus experimentos na esfera. No dia seguinte ao roubo, o parceiro quis fazer “testes” na esfera de Dyson.
San ficou bastante preocupado, com medo de acontecer um erro e revelar a posição deles, e consequentemente do seu item roubado, fazendo com que a academia os procure e Eugene descubra.
Obviamente San queria recusar, mas Floki foi de enorme ajuda, e o proibir de mexer no objeto em que os dois roubaram seria ruim, sendo capaz de trazer desavenças.
Arrumando suas coisas para essa noite, escutou um grito animado vindo de um dos quartos. Sabendo ser de quem é, caminhou na sua direção e foi ver.
Entrando no quarto grande, repleto de equipamentos e materiais, avistou Floki sentado em uma cadeira enquanto analisava um monitor repleto de números e uma imagem holográfica da esfera.
Havia um sorriso enorme no seu rosto, os olhos brilhando enquanto analisava as informações obtidas. Vendo essa cena, San lembrou que nem uma vez o viu dormir.
— Alguma informação boa?
Girando na cadeira, Floki ficou de frente a San e disse:
— Bem, eu descobri uma forma de usar a esfera e te manter em escondido, e um pouco dos segredos dela.
Contagiado pela animação, San batia o pé compulsivamente, aguardando as notícias.
— Certo, vamos nos mais importante primeiro. Criei um dispositivo capaz de formar um domo invisível ao redor de um lugar, impedindo da energia se espalhar e revelar a localização da esfera.
De boca aberta, San ergueu os braços em comemoração. Uma das piores partes do seu plano seria o tempo extremamente curto para usar a esfera, antes de serem descobertos e mutantes serem enviados na sua localização.
Dessa forma, poderia realmente conseguir lutar, capaz de derrotar o oponente e ainda fugir.
Suprimindo a sua animação, pensou um pouco, e logo perguntou:
— Se conseguimos fazer isso, daria para passar a esfera em outra caixa, prolongando o tempo para a guardarmos.
— Sim e não. Depois de desativar a barreira, a energia dentro vai ser dispersada, alertando os radares da academia, e por isso, vão falar para todos do roubo, alertando Eugene. Poderíamos trocar a caixa, mas vai ser desnecessários se darmos para outra pessoa depois.
Entendendo isso, ao menos ficou feliz de saber ser capaz de ter uma luta de verdade e depois ainda conseguir fugir, conseguindo completar a sua vingança.
— E quanto ao segredo?
Dessa vez, a expressão de Eugene foi complicada, mudando entre animação e um pouco de seriedade.
— Sei do que é composta a esfera.
— Interessante, talvez conseguimos fazer uma réplica.
Balançando a cabeça em negativa, explicou:
— Sinceramente, é extremamente estranho a composição, e para piorar, o método de a criar, sendo impossível para mim. Uma coisa que eu descobri, é o motivo de conseguir formar energia e a guardar por tanto tempo.
San escutava atentamente, tendo um enorme interesse, só por curiosidade.
— De alguma forma, dentro da esfera, tem resquícios de essência, e misturado a isso, a analisando no computador, tem sinais confusos, como se fossem pensamentos.
Uma parte de San começou a entender, e tendo uma ideia, e ainda assim, preferindo descartar, seria loucura.
— Vai direito ao ponto.
Engolindo em seco, Floki disse:
— Foi usado humanos para a criar. Aqueles com poderes de eletricidade, ou algo similar. Os destruíam e fundiram na esfera, criando isso.
Realmente confuso, San só perguntou:
— Como?
— Bem, a minha teoria é que o governo descobriu uma forma de fazer isso. Enquanto trabalhava pro seu pai, ouvia umas histórias sinistras, e o exército realmente é ruim, fazendo experimentos desumanos, até pra mim.
Tendo uma breve compreensão, Sam observou a caixa em cima da mesa, um arrepio passando na sua espinha.
— Estão vivos?
— Boa pergunta. É complicado discernir isso, e se estiverem, bem, seria um inferno.
Engolindo em seco, cerrou os punhos, amaldiçoando o exército, e preferindo ficar o mais longe deles, com medo de ser um boneco de testes.
Tirando esses pensamentos da cabeça, falou:
— Vou agir essa noite, o lugar tá pronto? Os dois?
— Tudo perfeito, e olha, foi complicado arrumar os itens. Vai se divertir hoje.
Revirando os olhos, saiu do quarto, esperando a noite chegar, para finalmente, completar a sua vingança tão esperada.
Os minutos passavam de forma lenta, e as horas, nem se fala. Observava o sol baixar, sumir entre os prédios, e a sua luz iluminando as ruas.
Depois desse trabalho, seria livre. A raiva guardada no seu peito solta, as pessoas que matou valendo a pena, o roubo, a violência, tudo com um propósito.
Quando quase o sol sumiu, lembrou da sua conversa com o pai, dele falando de uma parte da sua alma sendo corrompida a cada morte, mudando a pessoa.
Estalando a língua, soltou uma risada de escárnio. San não acreditava nisso, continuaria sendo ele mesmo.
Finalmente, anoiteceu, com as sombras tomando conta do lugar. Indo até o quarto de pesquisa do Floki, avistou a caixa, junto a um objeto em cima.
O dono do lugar, sumiu, arrumando uns itens solicitados. Agarrando a caixa e analisando o item em cima, o virou de todos os lados.
Esse era o responsável de esconder a energia e salvar San de ser descoberto. Pequeno, cabendo facilmente na palma da mão, com uma aparência tecnológica, e tendo apenas um botão no meio.
Na verdade, sendo bem simples, e ainda assim, sentia o tanto de tecnologia dentro devido ao seu radar de eletricidade.
Torcendo para dar certo, guardou a esfera dentro da sua roupa e foi embora, caminhando nas ruas do bairro pobre.
Em um longo caminho, o coração batia a mil, as mãos suando. Andava sempre nas sombras, escondendo qualquer equipamento chamativo.
Foi um pouco demorado, mas chegava perto. Os prédios começaram a diminuir, as casas sendo poucas.
A cidade é enorme, isso é uma verdade para todos. Contudo, tem certas partes que são abandonadas, devido a muitos fatores, sendo doenças que saíram do controle, altos índices de crimes, gangues.
E atualmente, San caminhava em uma dessas partes, sendo controlada por uma organização criminosa grande e violenta, afastando os cidadãos, até mendigos.
Para a sua sorte, Floki, tendo virado um criminoso grande, conseguiu pedir um favor, esvaziando o lugar.
Quase no lugar marcado, avistou uma silhueta nas sombras, até o sentindo, sabendo ser um mutante.
Virando a cabeça para lá, um homem vinha na sua direção, com os cabelos espetados, dentes afiados a mostra e os olhos brilhando em amarelo.
Max, o seu amigo assassino e lobisomem, parou na sua frente, tendo o sorriso sádico de sempre estampado no rosto.
— Conseguiu?
— Qual é, aquela garota tá desesperada, e já tentou pedir minha ajuda uma vez, só precisei a enganar concordando e mandando me encontrar aqui.
Acenando em concordância, deu um passo em frente, e nessa hora, Max o agarrou no ombro.
— Espero que aproveite o meu presente, e não se esqueça, tá me devendo uma.
Odiando isso, se soltou e seguiu em frente. Só de imaginar ela, a raiva dentro de San borbulhava, chegando a ranger os dentes e seus olhos brilharem em um vermelho vivo.
Finalmente, chegou no seu objetivo, e ali estava ela, impressionantemente equipada para a batalha. Laurem, achando que iria se encontrar com um monstro para matar outro.
Não conseguindo se conter, San começou a assobiar, uma melodia lenta e longa, um tipo de chamado, algo que faz antes de matar.