Volume 2
Capítulo 128: Suspeitas
Deitado em um sofá, San tinha os olhos bem abertos, aproveitando a luz do sol o atingindo, aquecendo seu corpo e em um estado tranquilo.
A noite passou rapidamente, e devido à energia remanescente no corpo, dormir foi um verdadeiro desafio. Seus pés batiam no chão, sempre, querendo andar, os pensamentos correndo solto e só tendia a piorar.
San sabia disso ser temporário, uma hora ia passar, e poderia dormir, dando o descanso tão merecido ao seu corpo. Infelizmente, teria de agir rápido, e sabia ter pouco tempo.
Por causa disso, fez uma escolha arriscada, de causar medo a qualquer um: pediu uma das poções de Floki, para o ajudar a dormir.
O amigo ficou mais que feliz em ajudar, corria por aí ansioso, mexendo em frascos, misturando itens e mudando a cor de líquidos.
Só de ver essa cena, San considerou se realmente foi uma boa ideia. Após uns minutos, o parceiro terminou a sua poção, entregando.
Bastante relutante, tomou em um gole, sentindo um gosto estranho descendo na garganta, o forçando a revirar os olhos e quase vomitar.
Esperando acontecer algo estranho, pensava no que fazer, isso até, estranhamente, a energia dentro de si começou a diminuir, e sem isso, gastado de essência, pegou no sono fácil.
Tendo acordado há uma meia hora, permaneceu deitado, pensando em tudo que fez, o quanto teve de machucar pessoas e arriscar a sua vida, para finalmente conseguir o objetivo, a esfera de Dyson.
Olhando para o lado, em cima de uma mesa, um tipo de caixa guardava o objeto, com tanta energia capaz de manter uma cidade.
Só de lembrar o poder da noite anterior, causava arrepios em San, e uma vontade enorme de testar novamente.
Na ocasião, sua essência tava baixa, o forçando a limitar sua capacidade total, e por isso, sabia que poderia ter feito muito mais com tanto poder.
Com tempo, até derrotar todos os soldados seria possível, e as possibilidades de aprender com a esfera o chamavam. Carregado de tanta energia, deu ideias para San usar o seu poder.
Infelizmente, a esfera tem um dono, por mais ruim e sádico Eugene seja, fizeram um acordo. “Preciso cumprir a minha parte? Com esse poder, eu poderia o matar na hora.”
Esses pensamentos o incomodavam por um bom tempo, e sempre os dispersava, afastando até o fundo da sua cabeça.
Sentando no sofá, esticou o corpo, escutando os ossos estalando, e um pouco de dor incomodando, suportável.
Olhando ao redor, sabia essa ser a casa do Floki, um lugar grande e bem bagunçado.
Caminhando no lugar, tava realmente surpreso de estar bem, as dores sendo bem poucas. Surgindo da cozinha, o parceiro tomava uma bebida em um grande copo, exibindo um sorriso enorme.
Vestia suas roupas de sempre, uma camiseta rosa com um desenho no peito de um animal rosa, bermudas de leão e sapatos sociais. Vendo o amigo testando o corpo, falou:
— Gostou? Tava pensando em uma forma de sermos menos dependentes de mutantes curativos, e criei uma poção especial, visando acelerar a recuperação. Claro, tá em fase de testes.
Lembrando do segundo poder do Floki, sendo um alquímico, era complicado de entender como funcionava. “Espera, ele disse estar em testes?”
Abrindo a boca para falar com ele, Floki interrompeu:
— Viu as notícias?
Pego de surpresa, abriu o seu relógio, procurando qualquer notícia sobre o roubo da esfera, e talvez os suspeitos.
Procurando por um tempo, franziu as sobrancelhas, confuso. Independente de quanto procurasse, não havia informações do ocorrido.
Inconformado com isso, pediu para Sacro fazer uma pesquisa geral, e facilmente a inteligência artificial falou que nada foi solto.
Virando para Floki, aguardou.
— Bem, a minha suposição é que eles suprimiram qualquer informação, achando que o suspeito pudesse estar na academia ainda, e por isso nem abriram os portões.
Colocando uma mão no queixo, começou a considerar. Na verdade, fazia sentido acreditarem ser uma pessoa de dentro, até um aluno.
Isso explicaria o motivo de estarem tão quietos, afinal de conta, é uma fonte de energia enorme, isso faria as pessoas falarem.
Pensando melhor, na verdade, isso só melhorava para a sua segunda parte do plano. Eugene ainda não sabe do roubo, e por isso, vai deixar San quieto por enquanto.
Só facilitaria para o que planejava, contudo, teria de ter certeza que tudo daria certo, incluindo o alvo.
— E quanto aos alunos?
— Existem membros das grandes famílias lá, e seria complicado os prender. Por isso, deixam os alunos sair, mas proíbem de sair da cidade por enquanto.
Acenando em concordância, uma animação começava a crescer, e um sorriso abria, antecipando os próximos passos.
Olhando para baixo, na direção do pulso, lembrou da máscara amaldiçoada. Depois de tanto tempo de paz, chegou a esquecer desse detalhe.
Desde o selamento dela, ficou com raiva muitas vezes, e nem uma vez o demônio ameaçou tentar o dominar. Até os seus sonhos ficaram melhores, sem os pesadelos tão traumatizantes.
Infelizmente, sendo um arauto de más notícias, Floki avisou:
— É uma pena termos tão pouco tempo, senão daria para fazermos experimentos.
Levemente confuso, San falou:
— Pouco tempo?
— É. Montar uma caixa capaz de suportar tanta energia, que tenta sempre fugir, é complicado, e nem eu consegui isso. Temos alguns dias até ela ser destruída, e revelar a sua posição a todos.
Isso, complicou os planos.
— Então vamos substituir a caixa perto de quebrar, simples.
— Ah, quem dera fosse tão fácil. Quando tirarmos a esfera, os sensores da academia vão apitar, dizendo de onde vem tanta força.
Quebrando a cabeça, San procurava uma forma de ter a esfera por mais tempo, criando umas ideais malucas, teorias e planos ruins.
— E se fizermos uma caixa maior que a antiga, e colocar a pequena dentro?
Mudando de expressão, uma leve animação começou a crescer em Floki. Falando sozinho, formava uma ideia de colocar em prática.
Logo, sua expressão afundou, ficando triste novamente.
— Se mantermos por mais tempo a esfera na caixa, ela vai quebrar, e nessa hora, destruir tudo ao redor. A sua ideia daria errado, pois o material usado é bom para aguentar a fonte de energia, porém, ruim contra impactos fortes, e na hora da explosão, seria complicado.
Soltando um suspiro, San só balançou a cabeça. No fim, teria de resolver o seu problema em poucos dias, isso enquanto recuperava a essência perdida.
Ficando na casa do amigo por um tempo, San pensava no que fazer. Sabendo ser ruim andar por aí com a esfera, decidiu deixar por enquanto na casa de Floki.
Caminhando nas ruas da cidade, sua mente corria, distraída com o que tem que fazer em tão pouco tempo, e no melhor dia para fazer isso.
Inconscientemente, caminhou de volta para a academia, vendo aqueles portões enormes.
“Dizem que o culpado sempre volta para a cena do crime, talvez seja verdade.” Seguindo em frente, sabia precisar fazer uma aparição e ver o estado das coisas.
Um aluno sumindo e evitando academia poderia ser motivo para suspeitas, e tendo feito tantas coisas ruins, San já tinha de resolver problemas demais por enquanto.
Ao chegar perto dos portões, descobriu uma pequena escotilha na parte debaixo, sendo para as pessoas passarem. Como sempre, os guardas usando suas armaduras protegiam o lugar.
Passando perto, os viu, as suas expressões de preocupação, até medo. Fazendo o de sempre, San deu um aceno para os dois.
E diferente de tantas vezes, dos guardas retribuíram. Um deles, hesitante, perguntou:
— Passou a noite fora, foi em algum lugar especial?
Duas coisas estranhas acontecendo, uma sendo eles falando, e a outra perguntando da vida pessoal. San deduziu ser uma ordem vindo de cima.
— Ah, vocês sabem, encontrei uma garota, uma coisa levou a outra, e tô voltando agora.
Os dois só acenaram, e logo esqueceram a presença de San, o deixando passar.
No primeiro passo, San notou o peso no ar. Pouquíssimos alunos caminhavam nas calçadas, e os que faziam, iam de rosto baixo.
Enquanto caminhava, sentia os mutantes nas árvores, os seus números sendo assustador.
Dobraram a segurança, e independente de onde um aluno fosse, eles estavam.
Parando na frente da porta dos dormitórios, deu uma olhada para o lado, na direção da floresta. Sentia presenças correndo. “Pensam que alguém se escondeu?”
Ignorando, entrou, subindo de elevador na música calma. No seu andar, as portas permaneciam fechadas, e um ar frio passando no lugar.
Chegando no seu quarto, San destrancou e abriu, ficando surpreso com as pessoas ali.
De pé no seu quarto, um certo grupo de pessoas conversava. Jason escutava sentado na sua cama, em um rosto entediado, as roupas desarrumadas e querendo dormir.
Bella sentava elegantemente em uma cadeira e dava a sua opinião, discutindo, entretanto, dava para ver na sua expressão um medo, tentando ser escondido.
Por fim, Liz, sentada na cama de San, sendo a principal faladora do grupo. “Devem estar conversando por um bom tempo.”
Fechando a porta nas suas costas, Jason e Bella viraram para ver, estando claramente surpreso. Liz só viu na sua direção, nada surpresa. A marca no corpo de San revelava a sua posição.
— San! Caramba, você tem estado bem sumido ultimamente. — Jason disse retomando a animação.
Dando de ombros, San caminhou a frente.
— Tenho resolvido uns negócios. — sentou na sua cama, ficando de perto de Liz. — O que tá rolando?
— A academia tá maluca! — Bella falou alto, claramente irritada. — Ontem a noite entraram em todos os quartos, procurando alguma coisa, e destruíram várias plantas no processo.
Fazendo a melhor expressão possível de surpresa, perguntou:
— Por quê?
— Pois é, por que estariam fazendo isso? — Liz perguntou olhando para San.
Mantendo o olhar, encarava os olhos naturalmente vermelhos da amiga.
A relação dos dois tavam melhorando, com San indo junto mostrando comidas para Liz, conversando muito, e foi convidado para visitar a casa dela.
No entanto, depois daquela conversa deles, sendo do diabo que ri, e possivelmente San, ficou estranho depois disso, se afastando.
Por enquanto, Liz não tinha cem por cento de certeza se San realmente era aquele que ela achava ser, mesmo tendo uma conversa grande desse assunto.
A vampira preferia negar, dizer ser apenas uma teoria da sua cabeça, insistir nisso. Contudo, depois do que tem acontecido ao seu redor, só reforçava essa ideia.
— Ei, faz um tempo que não saímos para caçar, poderíamos fazer isso. — Jason deu uma sugestão, querendo tirar a preguiça do corpo.
— Esqueceu que proibiram de sair da cidade?
Ouvindo isso de Bella, Jason argumentou:
— Tá, mas nós vamos voltar depois.
— Independente, estamos proibidos.
Em pouco tempo, começaram uma conversa, falando dos assuntos da noite anterior. San descobriu umas informações interessantes, sendo a academia estar realmente desesperada para encontrar a esfera, na verdade, sendo bem óbvio.
Revistaram cada quarto, mantendo segredo, e com isso, atraindo a curiosidade de todos os alunos, com fofocas sendo espalhadas por aí.
Quanto ao assunto do Diabo, foi abafado na academia, tendo esquecido dessa parte.
Perto de San, Liz dava olhadas nele de vez em quando, atraindo a atenção dos dois amigos, preferindo ficar quietos.
Os dois compartilham uma ligação, a marca no corpo de San. No mundo dos vampiros, o humano marcado com isso, seria considerado uma propriedade de um vampiro, sabendo a sua localização.
Eles seriam a fonte de sangue para o vampiro, o seu protegido. Claro, Liz bebeu o sangue do amigo uma vez só, em uma situação desesperadora.
Devido ao sangue estranhamente saboroso de San, o marcou sem querer. Uma coisa que preferiu manter segredo, por achar estar invadindo a privacidade do amigo, é que não é só a localização que ela sabe.
Sendo reconhecido como um banco de sangue, os vampiros têm que os deixar bem, e se precaver para caso algo aconteça, e por isso, eles sentem as emoções do seu marcado.
Instruindo o irmão a manter em segredo, o convencendo falando que San se sentiria ruim por se revelar tanto, foi concordado.
Desde que colocou a marca em San, descobriu que o estado dele é bem confuso. Enquanto interage com os amigo, ele se sente tranquilo, sorridente e alegre.
Sozinho, longe de todos, mesmo sendo enfraquecido essa ligação, as emoções de San eram nubladas, forçadas a ficarem calmas. De vez em quando, uma animação maluca, e outras, raiva.
Virou um tipo de passatempo sentir as emoções. Por exemplo, na frente do pai, San era realmente estranho, irradiando tristeza. Perto dela, ele ficava alegre, gostando de conversar.
E ali, tão perto dele, sentia a ansiedade, sendo camuflada na conversa.
Decidida a fazer um teste, falou:
— Vocês souberam? Muitos alunos têm evitado vir na academia por enquanto. — Liz começou a falar muitos nomes, e notando as reações de San, até um o atingir. — Laurem.
Nesse nome, a expressão de San escureceu, para logo ser escondida. Entretanto, no seu interior, uma raiva crescia, queimando cada parte dele, e além disso, animação.
“Por quê? Tem que ter um motivo, e quero descobrir. Talvez eu de uma investigada.”
Escolhendo ficar quieta, a conversa prosseguiu. San, ficando um pouco em silêncio, sorria sinceramente, tendo uma ideia do que fazer nos próximos dias.