Volume 2
Capítulo 125: Entrando no Labirinto
Caminhando de um lado ao outro na sua sala de aula no subsolo, San pensava em tudo que poderia dar errado, os riscos, perigos e muito mais.
Os dias acabaram, finalmente chegou a hora, iriam realizar o assalto. Na hora de planejar, é uma coisa, suposições, ideias. No ato, aí sim põem em prova cada planejamento.
Olhando seu relógio constantemente, suprimia a vontade de roer as unhas, criando desculpas na sua mente. Floki, o parceiro do crime e uma parte importante, tava atrasado.
“Tá só um pouco atrasado, daqui a pouco tá aqui.” Nem sabia o que teria de fazer caso desse errado.
Tentando tirar seus pensamentos desse pequeno problema, focava em assuntos diferentes. Facilmente lembrou da sua essência.
Precisando concentrar brevemente, sentiu o seu interior, procurando a energia. Conseguiu curar a maioria dos seus ferimentos, deixando umas partes roxas para poupar de se gastar demais.
Ainda assim, teve pouco tempo para encher o seu reservatório. Na melhor das hipóteses, estaria com metade de essência, e teria de ser suficiente, por mais que tivessem criado uma estratégia considerando estar cheio.
Checando o seu equipamento, a armadura resistente presa perfeitamente no seu corpo, uma capa o cobrindo, tampando o restante.
“E se ele não vier?” Balançando a cabeça forte, negava essa possibilidade, esse dia seria importante.
Subitamente, a porta foi batida, semelhante a um corpo pechando nela. Instantaneamente, após isso, o som de punhos contra o metal foi ouvido, apressados e fortes.
Correndo para perto, abriu, e avistou o parceiro de crime, em uma das poucas vezes com seu rosto assutado.
Abrindo espaço, entrou na sala, ofegante e curvado, recuperando o fôlego. San pôs a cabeça para fora, procurando algo, qualquer perigo que seja.
— Fecha essa porta e fica tranquilo.
Relutante, San trancou a porta, e começou a analisar Floki.
Durante todos os meses que se conhecem, diversas visitas um ao outro, conversas e muito mais, San nunca viu se vestir com as mesmas cores combinando.
Da cabeça aos pés, um traje preto o cobria, auxiliando a usar as sombras de cobertura. Nas costas, uma mochila grande.
Esperando ele recuperar o fôlego, procurava sinais de ferimentos ou algo parecido, só por garantia.
— Cara, essa segurança tá complicada.
Erguendo uma sobrancelha, San respondeu:
— Como assim?
— Fui entrar na porta da frente da academia, usando o teleporte e bem de longe. Achei estar tudo certo, até sentir uma presença perto. Viajei durante o campus inteiro.
Engolindo em seco, San temia que as próximas palavras dele fosse ter sido descoberto.
— Por sorte, tive certeza de passar despercebido.
Soltando um suspiro de alívio, apoiou-se na parede. “Essa me pegou, quase tenho um infarto.” Voltando ao seu normal, adotou uma postura calma, e falou:
— Estamos prontos, vamos?
De pé normalmente, Floki enxugou o suor, e encarou o parceiro nos olhos.
— Eu tô pronto.
Concordando, foram para a parede nos fundos da sala. Abrindo a escotilha, avistaram os corredores de metal, longos e silenciosos.
Entreolhando, acenaram em concordância, iriam fazer isso.
Entrando na parte secreta da academia, a porta nas suas costas fechou. Juntos, caminharam naqueles corredores espaçosos, cuidando os mínimos sons suspeitos.
Quietos durante um longo tempo, percorriam o caminho um pouco aleatório e uma parte guiada. Sacro analisava os corredores, e falava os já percorridos.
Isso reduziu consideravelmente o tempo de viagem, pois ao invés de andarem em círculos, algo que quase aconteceu repetidas vezes por um teimoso desacreditando no relógio.
Em seu caminho, novamente Sacro os ajudava, desativando qualquer detector de os ver. Nesse subterrâneo depois de tanto tempo, San via o lugar com novos olhos.
Antigamente, só teve uma breve caminhada, avistou um daqueles robôs grandes e foi embora, assustado e preocupado de ser descoberto.
Dessa vez, era tudo novo. Devido ao seu sentido de eletricidade, sabia a localização de cada uma tecnologia ao seu redor, e engoliu em seco ao descobrir o tanto.
As paredes revestidas, o chão coberto, impossível de evitar caminhar. Realmente, era uma sorte ter Sacro o ajudando a desativar, senão, nem sabia o que seria necessário.
Talvez nem apagando a energia da academia inteira resolveria, já que ela usa a esfera para isso.
Na metade do caminho, escutaram o som de passos, pesados, ecoando, alcançando os seus ouvidos e gelando a espinha.
Agindo imediatamente, Floki tirou de dentro de um dos seus bolsos um tipo de gancho, e grudando nos seus pés, atirou para cima.
Facilmente, seu corpo foi impulsionado, chegando até o teto, o prendendo lá e permanecendo escondido.
A cada segundo San sentia a localização do robô, vindo para a sua direção. Suprimindo o nervosismo, respirou fundo, deu as costas e correu, entrando no grande labirinto.
Passando por corredores, agindo o mais quieto possível, cobriu seu corpo contra uma parede, usando a audição para saber a localização do guarda.
Antes, no início do plano, era para os dois subirem até o teto. Floki com a sua tecnologia de gancho e roupa, San usando um poder.
Os planos tiveram de mudar para poupar energia, e o criminoso traficante de drogas disse não ter outro gancho e roupa dessas, fazendo San correr.
Passos foram aumentando, e prestando atenção sobrada, escutava o barulho das engrenagens funcionando, os rangidos dos braços.
Soltando todo o ar, manteve a calma, notando que isso não era nada comparado as suas antigas experiências de ser encurralado, matar ou de tentarem o matar.
Caso o descobrissem, aí sim seria motivo suficiente para ficar preocupado. Por enquanto, agiria perfeito para a missão.
Sequer olhando para ele, o robô foi embora, se afastando. Voltando para onde saíram, Floki caiu no chão, um pequeno sorriso no rosto.
San só o observava de canto, invejando a roupa. Notando isso, o amigo deu de ombros e disse:
— Deveria ter economizado a sua essência.
Revirando os olhos, prosseguiram, e quanto mais caminhavam, pior foram ficando os sensores ao redor, forçando os dois a parar por um segundo, para Sacro dar um jeito.
— Sabe, depois disso, não tem volta. — Floki falou baixo, encostado em uma parede.
— Acredite, já fiz coisas ruins demais, um roubo é pequeno em comparação a tantas mortes.
— Verdade, isso se fosse um simples roubo. Estamos falando de uma fonte de energia enorme, conseguindo armazenar eletricidade infinitamente, uma maravilha da tecnologia. O que Eugene fará com isso?
Balançando a cabeça antes desses pensamentos o dominar, focou na missão. Já teve essas ideias, e teria de aguentar, independente do motivo do criminoso, acordo é acordo.
— Sei lá, talvez energize a sua casa, soube que é bem grande, e a conta de luz tá vindo caro ultimamente.
Demorando quase uma hora de caminhada, só para evitarem os perigos, despistando robôs, alcançaram o fim.
Engolindo em seco, avistaram um par de portas enormes, quatro robôs na frente, desarmados, as mãos livres, e parados. Essa parte do labirinto era diferente do restante.
Havia só uma entrada e uma saída no corredor, e na frente das portas, dos guardas, um círculo grande, cabendo facilmente duzias de pessoas.
Tendo certeza de ser ali, pensaram no que fazer, considerando as suas opções.
Recuando levemente, Floki sussurrou:
— Cada um cuida de dois.
— E se mandarem um sinal para a academia? Um exército vai vir.
— Bem, o seu relógio consegue tomar conta né?
Abaixando a cabeça para Sacro, aguardou uma resposta.
— Posso impossibilitar de mandarem seus sinais, contudo, só naquela área. Por algum motivo, não tem sensores ali, e por isso consigo focar só nos seguranças.
Compreendendo, San concordou. Explicando a Floki a ideia, ele considerou brevemente.
— Estranho, por que será?
— Sério, focamos no roubo primeiro, charada depois.
Acenando em concordância, se preparam para ir. Consideraram qual ficaria com qual, e o melhor método para evitar altos barulhos.
Prestes a ir, San parou de repente, os pelos na sua nuca arrepiando. Pondo a mão na frente de Floki o impedindo, viu o seu rosto ficar em dúvida.
Girando o corpo em um rápido movimento, desviou por pouco, uma lâmina passando cortando a bochecha, escorregando um traço de sangue.
Avançando, encurtou o espaço, e agarrando a garganta do seu inimigo, forçou contra a parede, batendo forte.
Na sua frente, um dos guardas, humano, a cabeça livre e expressão assustada, forçando para sair.
Floki agiu em poucos segundos, tampando a boca do segurança.
San pensou nas suas opções, e sussurrou para Floki:
— Faz ele desmaiar.
Parado, o parceiro mantinha uma expressão séria.
— Floki, anda logo!
Fazendo uma cara complicada, soltou um suspiro.
Foi tão rápido que San mal teve tempo de reagir. Só viu Floki tirar uma faca de algum lugar, e cravar diretamente no peito do segurança.
Sangue começou a pingar no chão, o corpo perder as forças, e escorregar dos braços de San, para cair morto, junto a um grito abafado, desesperado.
Petrificado, viu suas mãos manchadas de sangue, completamente vermelhas.
Cerrando os punhos, ao ponto de cravar as unhas nas suas mãos, agarrou o cabo da sua cimitarra, encarando irritado o parceiro.
Floki só limpou a adaga, indiferente a tudo.
— Ele era inocente. — Essa foi a única palavra de San.
— Verdade, e viu nossos rostos. Só precisaria procurar um pouco para te descobrir, e depois a mim. Fiz um favor.
— Você matou um inocente, uma pessoa aleatória.
— Pois é, e para eu ficar livre, faria de novo.
Sentindo a essência correr no seu corpo, querendo ser liberta, os dois ficaram se encarando, armas em mão.
Antes de poder fazer qualquer coisa, um som de passos foi escutado, alto. Mal precisaram procurar, pois vinha diretamente da porta, mais precisamente de um dos guardas robôs.
Descartando qualquer pensamento inútil, seja do porquê de um humano estar no subsolo, se seria um motivo para se preocupar ou que mais apareceria, tinham de focar em frente.
Sabendo ser arriscado serem descobertos, pois a maquina iria enviar um sinal para o restante da academia, Floki agarrou o ombro de San, e em um piscar de olhos, apareceram dentro do círculo a frente da porta enorme.
Sacro começou a agir imediatamente, obstruindo o sinal, e deixando todos ali isolados do restante do mundo.
O segurança robô sequer agiu diferente por ter sido bloqueado de enviar uma mensagem. Erguendo o braço grande, se transformou na frente dos dois.
Formando um canhão de energia, uma luz azul começou a energizar, e em segundos, tava cheio.
Nem foi preciso se falarem, os dois sabiam que seria ruim ser atingido por isso, e infelizmente, o canhão era grande.
Floki sumiu, teleportando para longe, quando a San, sabendo ser incapaz de correr, ativou a essência nas suas pernas, aumentando a velocidade.
Correndo para longe, fugiu o máximo que pode, e em poucos segundos ao sair de perto, uma forte explosão foi sentida, tremendo o chão inteiro.
Quase perdendo o equilíbrio, manteve de pé, fugindo.
— Esse é seu, eu cuido dos outros dois.
San gritou ao sair o máximo de perto, já vendo os três robôs restantes começando a se mexer e ganhar vida.
Amaldiçoando por ter falado tarde demais, Floki virou para os dois inimigos, que por coincidência ou não, eram iguais, e começaram a formar canhões.
Longe deles, San sacou sua espada, entrando em uma pose de luta, ficou de frente aos seus dois oponentes.
Os robôs pararam por um segundo, e as suas mãos começaram a mudar. Ao invés de um canhão, viraram espadas de energia.
“É, isso vai ser complicado.” pensou ao avançar, agradecendo por combater espadas ao invés de canhões.