Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 123: Fuga

Correndo no meio da rua deserta daquela parte queimada da cidade, San considerava todas as suas opções, sendo poucas e ruins, e uma preocupação começou o dominar.

“Eu vou morrer? Gabriel é forte, tem suporte, e seu poder é incrivelmente poderoso. Serei capturado, trancado. Farão experimentos em mim.”

O medo tentava sufocar a sua mente, a respiração aumentando sob tanta pressão. Virando a cabeça constantemente, procurava em cada canto Gabriel, sabendo da sua velocidade assustadora.

Parando um pouco, controlava a respiração, fazendo desacelerar, voltar ao normal. Nada adiantava, o medo crescia no seu interior.

Durante todo o tempo desde que desbloqueou os seus poderes, nunca enfrentou um oponente tão poderoso.

Teve aqueles desafiadores, onde precisou de estratégias, artimanhas, planos estranhos, e deu certo, no fim, era San que continuava vivo.

A diferença, era que dessa vez, San caiu em uma armadilha, sendo obrigado a agir sob pressão, considerar o que fazer e cuidar cada passo.

“Minhas vítimas se sentem assim?” Balançando a cabeça, forçava a tirar esses pensamentos inúteis. Tinha de pensar em uma forma de se livrar disso.

Indo começar novamente a sua corrida, seus pés continuaram parados. Abaixando a cabeça, via gelo o tampando, cobrindo.

Passos vieram na sua frente, e lá estava Gabriel, com seus cabelos cacheados arrumados, a armadura perfeita e um sorriso.

— Você corre demais.

Em um instante, Gabriel avançou, sua velocidade assustadora indo diretamente ao encontro do seu alvo.

Parando na sua frente, um soco veio diretamente no seu rosto, causando um som oco de madeira sendo acertada.

Ficando desorientado, a cabeça de San girava, os pensamentos confusos. Quando viu novamente, um chute vinha de lado.

Pondo o braço na frente, foi acertado em cheio, o som de metal batendo contra metal alto, e um formigamento no seu corpo, se sentindo cada vez pior.

Sem descanso, Gabriel atacava incessantemente, seus golpes pesados, rápidos e poderosos, incapacitavam San de atacar, sendo obrigado a só defender.

Cada parte do seu corpo doía, e nem queria ver o estado. Enquanto isso, sentia um frio subir, piorando ainda mais os seus movimentos.

Olhando para baixo rápido, e recebendo um soco em troca, o gelo crescia, já alcançando a sua cintura.

Sabendo ser perigoso ficar completamente paralisado, viu um soco querendo atingir a sua cabeça, e nessa hora, agiu.

Sendo acertado em cheio, suportou a tontura e gosto de sangue, e abriu a boca, os dentes afiados expostos.

Fechando em um instante, cravou no braço de Gabriel. Pela primeira vez, escutou um sinal de dor vindo do seu oponente, um grito.

Insistindo em manter os dentes presos, San recebia ataques, fortes e querendo que o solte.

Aproveitando a oportunidade, usou o poder de telecinese e desacelerou o ataque um pouco. Abrindo a mão na frente do seu peito, uma explosão acertou Gabriel.

Sendo arremessado para longe, rolou no chão, e sua mão mutilada, boa parte da pele rasgada.

Sendo complicado, San se libertou. No primeiro passo, suas pernas tremiam, perdendo as forças.

Cerrando os dentes, amaldiçoava ser incapaz de lutar contra a sensação térmica do gelo.

Cambaleando, ia em frente do Gabriel, desembainhando a sua espada. Durante o seu tempo de surra, teve uma ideia.

Gabriel até pode ter uma regeneração rápida, contudo, teria de estar vivo para funcionar. Um golpe no lugar certo, e fim, acabou os seus problemas, e de brinde, um poder novo.

A poucos metros do seu alvo, o viu começar a se levantar, sua mão já regenerando, estando completamente curada.

Voltando a ficar de pé, abria e fechava o punho, testando a mobilidade. Erguendo a cabeça e vendo o diabo vindo na sua direção, e se recuperando facilmente, teve uma ideia.

San ainda duvidava do que fazer vendo ele bem, mas continuaria com o plano de o matar.

Gabriel estendeu a mão, e dela, surgiu uma lâmina feita de gelo, afiada e longa, irradiando frio, soltando vapor.

Hesitante, San pensava no que fazer. “Voltar a fugir? Arriscado, vou me cansar enquanto Gabriel continua o mesmo.”

Amaldiçoando ele, ergueu a cimitarra, pronto para entrar na luta.

Parados, ficaram se encarando, analisando a posição do seu oponente, considerando o que fazer.

Gabriel agiu primeiro, abaixando a espada em golpe forte. San defendeu posicionando a espada na frente, sentindo o braço fraquejar da força.

Cerrando os dentes, usou a sua força para o empurrar, conseguindo um pouco. Cortando a barriga, o som de metal raspando contra metal ecoou.

Esperando ao menos um corte e arranhões, San arregalou os olhos ao ver a armadura ilesa, e o pequeno arranhão, sumiu facilmente.

Tendo demorado demais, Gabriel fez o seu movimento, jogando a espada no ombro de San.

Um frio tomou conta de San, a espada de gelo tocando na sua pele, esfriando a carne, deixando o membro duro.

Chutando Gabriel para longe, forçou as pernas a permanecer de pé. Verificando o ferimento, confirmou ser leve, a armadura bestial conseguiu aguentar uma grande parte.

Gabriel também notou isso, virando a cabeça em confusão.

— Impressionante, a sua armadura conseguiu aguentar os meus golpes físicos, e agora os cortes. Deve ser feita de um material forte.

Voltando ao combate, os dois se bateram de frente, os dois estilos de luta diferentes sendo utilizados ao máximo, os músculos de um lado fraquejando, implorando descanso, e sendo negado.

Desviando de um corte vindo a sua garganta, San devolveu um, mirando diretamente no rosto de Gabriel, e errando.

Esse embate pôs questão a técnica da dança da serpente, sendo muito útil, salvando a vida de San uma grande parcela de vezes.

A questão, é a técnica do seu oponente. Independente de quanto tentasse, a espada de gelo conseguia defender, e logo em seguida, devolver em uma força monstruosa.

Nesse embate, durando um tempo, estava claro qual era a parte em vantagem. O caçador de mutantes estava ileso, a sua armadura intocada e nem uma gota derramada.

O diabo que ri, cortes abrindo em fissuras da armadura, e principalmente em partes desprotegidas, deixando o seu sangue derramar na armadura.

Respirando pesadamente, seus olhos começaram a desfocar, dificultando para ver direito.

Independente da sua técnica, o quanto a tenha treinado, praticado em alvos vivos, os calos adquiridos disso, perdia.

A questão nem era se Gabriel era melhor, e sim do seu corpo poderoso, e a regeneração capaz de curar qualquer coisa.

Vendo ser incapaz de vencer essa luta, San verificou os seus estoques de essência.

Infelizmente, reduzia em uma velocidade horrível. Tendo adquirido tantos poderes, a sua reserva de essência aumentou consideravelmente, sendo muito difícil encontrar um mutante capaz de se igualar.

No entanto, antes mesmo da luta começar, disparou inúmeros tiros de energia, gastou a sua eletricidade correndo por aí, assustando Jairo.

No começo da luta, teve de continuar a gastar, fugindo, e no seu ataque mais forte, sem se conter, o oponente continuou bem. E de complemento, usou a telecinese para desacelerar a espada de Gabriel várias vezes.

Com tudo isso, San foi obrigado a racionar, algo que fazia tempo ser necessário. Além da essência, havia a parte de quanto de eletricidade sobrava no seu corpo, e, de novo, pouco.

Na sua quantidade atual, não poderia manter a sua forma de completa eletricidade, e estava guardando para a sua corrida de fuga.

Em resumo, San tava na merda.

Vendo estar cada vez mais fraco, usou uma parte do seu estoque e ativou o passo rápido, fugindo de novo, pegando uma grande distância.

Ao menos, Gabriel era incapaz de o comparar nessa velocidade, dando um pouco de tempo.

“Tá legal, hora de começar o plano B.” Indo diretamente para um dos mutantes o cercando, pensava na sua opção.

Sabia que até para um mutante, Gabriel era forte demais, tanto fisicamente quando o seu poder, e a resposta só poderia ser os mutantes o ajudando.

Entre eles, teria de ter um responsável de formar a barreira protetora. O encontrando, e dando um jeito em o derrotar, resolveria os seus problemas.

Aí começa o segundo problema, sendo encontrar o cara, e arrumar uma forma de contornar Íris.

Durante a sua fuga, descobriu até ser incapaz de fugir, a barreira o incapacitando.

Parando em uma casa destruída, recuperava o fôlego, encostado em uma viga fraca.

Sabendo ter pouco tempo, fechou os olhos e desativou o restante do seu poder, transformando o ar quente ao redor em frio, e em poucos segundos, uma neblina começou a formar.

Ela começou a crescer, espalhar entre a área inteira, obstruindo a visão e sentindo o lugar de cada uma pessoa.

Uma grande parcela de essência do San foi usada, quase o esgotando. Ainda assim, seria importante, teria de fazer isso.

Sentindo a localização de cada um dos mutantes protegidos, tentou uma nova coisa, tocando a sua névoa nas barreiras.

Mesmo de longe, sentia uma energia estranha no ar, saindo dos corpos deles.

Prestando atenção detalhadamente, tentava busca na memória de onde lembrava, e nem demorou.

As energias no ar, eram as habilidades sendo usadas. Para uma pessoa ou mutante comum, seria praticamente impossível discernir entre cada uma.

Normalmente, só se interage com o seu poder, ignorando os outros e a energia de cada uma. Porém, para San, tinha de descobrir todas.

Isso era para ajudar na hora de copiar um poder ou até roubar, e estando em uma academia repleta de pessoas com poderes, descobriu uma grande parcela.

Explorando cada uma das barreiras, identificava os poderes. Dois eram desconhecidos, entretanto, lá estava o seu objetivo, o dono de fazer as barreiras.

Com isso, também sabia que Gabriel tava perto, encurtando o espaço facilmente.

Desativando a sua névoa, a sua essência tava perigosamente baixa, e teria de fazer isso, o seu plano criado as pressas.

Correndo do prédio, ia em direção ao seu alvo. A encontrando, era uma mulher de olhos fechados, vestindo igual aos parceiros, uma civil.

Acelerando com tudo na sua direção, sentia Íris perto, sabia que iria o impedir, ou tentar.

Desembainhando a espada, concentrava a essência nas pernas, esperando. De repente, um jato de fogo foi jogado na sua frente, tampando sua direção.

Olhando para Íris, abriu um sorriso enorme, e pulou.

Incapaz de ver o rosto surpreso dela, entrou nas chamas, sua visão sendo completamente obstruída. Tanto faz, só precisava seguir o seu radar.

Dentro das chamas, seu corpo inteiro ardia e aquecia, mas não queimava ou doía.

O motivo disso, simples, Garmir. Seu familiar é um cão do inferno, controla chamas poderosas, e tendo compartilhado um elo entre os dois, San adquiriu uma resistência ao fogo.

Na verdade, San descobriu isso por causa de Íris. Ainda na cidade antiga, ela o pôs fogo sem querer, e depois fugiu, sem saber direito o que aconteceu com ele.

San teve poucas oportunidades de usar essa habilidade, fogo é bastante raro de ter mutantes. Para a sua sorte, Íris é uma.

Usando toda a sua força, ativou um poder copiado, capaz de ver as partes fracas de lugares, encontrando o seu objetivo, e reforçando os seus braços, desferiu um golpe certeiro na barreira.

Forçando ao máximo, gritava, e a atravessou, cortando a parte do lado da barriga da mulher, a fazendo abrir os olhos em espanto.

Todas as barreiras evaporaram, e o fogo começava a diminuir. Olhando para trás, Gabriel em um rosto confuso corria na sua direção, e Íris assustada tentava o deter.

Erguendo a mão, acenou em despedida.

Ativando o último resquício de poder e eletricidade, sumiu do lugar, voltando a um lugar seguro.

Conseguindo pegar uma boa distância, corria com tudo, sabendo que continuavam o perseguindo, porém, já pensou nisso.

Usando das suas capacidades de escalada, subiu em um prédio, e esse prédio era especial, pois é a delegacia.

No alto de todos, sua figura foi avistada, e as pessoas na frente da delegacia pararam de gritar, o encarando.

Sob tantos olhares, San sorriu, soltando uma risada alta, ecoando nas ruas.

— A polícia e os caçadores de mutantes tentaram me pegar hoje, libertando uma escória da terra. — Gritava a plenos pulmões. — Eu eliminei aquele homem, e o que recebo em troca? Ataques.

San esperou, vendo os rostos confusos de tantos.

— Tentaram me enganar, e consegui os vencer, sair da sua armadilha. Para provar a vocês, meu povo, não matei nem um daqueles que queriam o meu mal.

A animação no povo começava a crescer, sorrisos vindo de baixo.

— Não permitam que os subjuguem, lutem! Seja fortes, e quando precisarem de mim, eu estarei lá!

Uma grande comemoração veio de baixo, e aproveitando o alto barulho, caos, San pulou do prédio para outro, repetindo até encontrar um beco vazio.

Tirando todos os seus equipamentos, guardando a máscara, entrou na multidão comemorando, gritando, os imitando.

Em poucos segundos, Íris e Gabriel apareceram, procurando em todo o lugar o seu alvo. Ao serem avistados, as pessoas nas ruas começaram a gritar contra eles, jogando coisas.

E San, no fundo, ria, igual uma criança, a animação enorme no seu peito.



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