Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 122: Encurralado

Durante o momento de absorver o poder para seu corpo, San entra em um estado de euforia, uma energia subindo no seu corpo e a mente sendo repleta de sensações novas.

Por causa disso, grande parte dos seus sentidos são suprimidos, focados somente na boa sensação. Durante uma luta prolongada e sabendo ser capaz de matar muito mutantes, é capaz de deixar para lá e ignorar.

Os poderes seriam absorvidos de qualquer jeito, só a boa vontade sumiria. Para San, não havia motivo para perder essa chance, afinal de contas, estava sozinho em uma parte da cidade queimada.

No entanto, com sua cabeça livre de qualquer influência, San pode sentir tudo ao seu redor, incluindo o tanto de gente ao seu redor.

Até onde o radar pegava, sete mutantes de energias fortes, e nesse pouco tempo em que San ficou distraído, o cercaram completamente. Claro, a distância entre cada um era distante, e San nem podia os ver.

Focando a frente, encarou os dois no seu campo de visão. Íris usava uma armadura de metal, cobrindo o seu corpo, sendo bem resistente e de boa qualidade.

Observando o seu olhar, via determinação, e uma pitada de pena ao ver o mascarado ao lado do corpo.

Quanto ao homem de cabelos cacheados, mantinha o olhar diretamente em San, sempre tendo um sorriso no rosto. Igual a sua parceira e líder ao lado, usava uma armadura, a sua cor sendo preta, o camuflando com a escuridão da noite.

Os dois lados permaneceram em silêncio durante um tempo, analisando, cuidando o movimento do oponente, quem iria atacar primeiro.

Nisso, a mente de San funcionava a milhão, sabendo exatamente o que aconteceu: caiu em uma armadilha, e nem uma das boas. Se tivesse usado a sua cabeça, poderia pensar melhor e descobrir esse plano bobo.

Íris sabia ser San o diabo, e por causa disso, com um pouco de investigação, deve ter sido fácil para ela descobrir sobre Jairo, e a clara raiva sentida.

Utilizando da sua influência e sendo uma caçadora de mutantes, um rank alto ainda, ordenou a sua liberação.

O que o surpreendeu foi eles saberem do estado de San após matar, sendo um dos únicos momentos onde a sua mente tava distraída, podendo vários mutantes se aproximarem.

A única suposição na sua mente sendo terem usado as informações tiradas do devorador de almas, obviamente funcionando para capturar San, e no seu caso seria claramente mais fácil.

Suprimindo a vontade de bater o pé ou apertar os punhos, San tentava agir o mais calmo possível, até relaxado.

— Eu admito, estou impressionado. Decidiram sacrificar um homem assim, o mandando para a morte. — San falou, a sua voz alterada, e ainda assim, era ouvida uma pitada de risada ao fundo.

Mantendo a sua posição firme, Íris falou em voz alta:

— Foi feito uma investigação em Jairo, dos seus crimes anteriores e atuais, e a lista é longa. O tribunal decidiu a pena de morte. Para a nossa sorte, a influência dos caçadores é grande, podemos decidir a forma da sua morte, e decidimos ser do seu jeito.

Virando a cabeça, procurava os atacantes, preocupado de ataques a distância. Só conseguindo sentir, uma leve preocupação queria tomar conta.

— Queiram me desculpar, mas a minha hora já deu, e tenho que ir.

Dando um passo para trás, sentiu algo o impedindo. Vendo de canto de olho, notou uma parede aparecendo de repente nas suas costas, irradiando frio.

Sem saber que controlava o gelo, San teria de improvisar.

— Na verdade, eu peço desculpas. Tenho de insistir no senhor ficar.

O homem de cabelos cacheados deu um passo em frente, mantendo um sorriso grande no sorriso.

— E você seria?

— Ah, me desculpe. Sou Gabriel, o mutante enviado diretamente da sede para o pegar.

“Isso significa que o seu poder é forte, e o treinamento especializado em me derrotar. Já devem saber de grande parte das minhas habilidades. Pra piorar, estou cercado.”

Soltando um suspiro longo, San balançou a cabeça em negativa. No fundo, conseguia escutar Íris falando, provavelmente sendo para ele se entregar.

Tirando todos os pensamentos distraídos da sua mente, flexionou as suas pernas e avançou, para a direita, longe dos dois.

San não era burro, cercado e na frente de um mutante enviado para o derrotar, claramente a melhor ideia é fugir.

Em alta velocidade, ultrapassou as casas destruídas, pulando nos escombros e usando das paredes de cobertura.

Mudando de rota constantemente, usava do seu radar mutante para descobrir o melhor caminho do seu cerco.

Longe do restante dos outros mutantes, San começou a abrir um sorriso de vitória.

Subitamente, todos os pelos do seu corpo arrepiaram. Só obedecendo aos seus instintos, ergueu um braço, pondo na frente do seu corpo.

Só conseguiu ver uma perna o acertando, a força sendo enorme, e uma enorme dor no membro.

Sendo arremessado, ultrapassou duas casas até parar, soterrado de madeira.

Permanecendo parado por um segundo, uma dor crescia do seu braço, bastante complicado de o mover.

Tirando os escombros da sua frente, foi avistar o seu ferimento. A pele começava a inchar, e a cor mudando para roxo.

Engolindo em seco, tinha certeza: se não fosse a armadura, agora com um grande amassado, teria quebrado o osso.

“Impossível, tenho a habilidade de ossos de ferro, são extremamente resistentes.” Foi a primeira vez de San nesse tipo de situação. Desde que adquiriu o poder, pode tirar as suas preocupações relacionadas a ossos.

Ficando assustado da força desse cara, sabia ser incapaz de ganhar. De pé de novo, deu o primeiro passo para ir embora.

— Estou um pouco decepcionado, esperava mais força.

Virando a cabeça, avistou Gabriel encostado na parede, tendo um sorriso na boca.

Todos os instintos de San falavam para ir embora, independente do custo. Infelizmente, seria complicado.

Girando o corpo, desferiu um chute em Gabriel, mirando na cabeça.

O oponente só viu o golpe vir, e levantou um dedo. Um pilar de gelo subiu do chão, impedindo o golpe, rachando ao meio.

Recuando, o sorriso na máscara havia sumido, e o rosto escondido por trás só revelava medo.

— Vamos lá, lute sério, esperei isso durante tempos.

Apertando o maxilar, San liberou o poder de eletricidade, subindo no seu corpo inteiro. Em um movimento muito mais rápido, atacou.

Dessa vez, Gabriel se moveu, indo em frente. Desviando facilmente, mirou um soco na barriga de San.

Tendo os reflexos melhorados, deu um pulo para trás, e sequer tendo tempo de tocar no chão, Gabriel surgiu na sua frente.

Colocando toda a sua energia nos pés, recuou o máximo possível, ultrapassando a parede e parando no meio da rua.

Abaixando a cabeça, no peito da sua armadura uma camada de gelo a cobria, soltando vapor.

Ignorando isso, manteve o olhar a frente, na casa de dois andares e o seu inimigo dentro.

Logo, uma risada veio, e Gabriel apareceu no buraco, claramente divertido.

Sem hesitar, San uniu uma grande parte da eletricidade nas mãos e desferiu um raio nele, e pela primeira vez, o acertou, jogando dois metros para trás.

— Tá legal, esse golpe foi…

Incessantemente, San disparou um segundo, terceiro, quarto. Decidiu focar nos tiros de energia, os energizando bastante.

Causou uma grande explosão, fumaça subindo para todos os lados. San não parou, sentia ainda ter um mutante lá dentro.

Soltando um grito grande, juntou os cinco dedos, soltando a sua maior e mais forte bala de energia, indo em uma velocidade igual a de um raio.

Entrando no resto da casa, veio a explosão, e em seguida, começou a desmoronar, fazendo um barulho enorme, e a poeira subindo.

Ofegando, San enxugava o suor nos cabelos. Foi preciso uma grande dose de essência para disparar tantos tiros, e isso forçava no seu corpo também.

A poeira começou a baixar, e sequer respirava, mantendo a concentração somente a frente.

Demorando poucos segundos, ocorreu uma movimentação. A sua barriga formou um nó, e um frio na espinha cresceu. “Impossível, nem mutantes focados em defesa conseguiriam aguentar tanto.”

Empurrando o que estivesse na sua frente, San avistou Gabriel, e pela primeira vez, se sentiu um pouco mais relaxado.

O homem limpo e bonito de poucos minutos atrás, estava coberto de sujeira, sangue caindo da sua cabeça, grande parte da armadura destruída.

Seu corpo, mutilado, ferido em tantas partes, com buracos abertos, e os cabelos arrepiados, eletrocutados.

Prestes a abrir um sorriso, seu mundo caiu.

Na sua frente, a olho nu, o corpo do Gabriel começou a curar, a velocidade sendo impressionante, superando facilmente a de curandeiros em pacientes.

Além dos ferimentos, o metal da armadura nasceu novamente, crescendo e o cobrindo. Em poucos segundos, Gabriel estava completamente curado, a única diferença sendo um pouco de sujeira.

Andando em frente, ele dava umas tossidas de leve, abanando a mão na frente do seu rosto.

— Olha, admito, esse golpe foi assustador.

Petrificado no meio da rua, San tentava pensar o que acabou de acontecer, essa velocidade. Até para uma habilidade de regeneração é demais.

Vendo o estado do diabo, Gabriel balançou a cabeça.

— Qual é, o seu pai realmente não falou nada disso?

Erguendo as sobrancelhas, San pensava no que seu pai poderia saber, o que seria isso.

Achando graça, Gabriel decidiu falar.

— O devorador de almas é assustador. Tem tantos poderes que só um membro das grandes famílias seria capaz bater de frente, e olha lá. Por isso, criamos uma forma de combater a sua grande destruição.

Abriu bem os braços, expondo o estado ileso do corpo.

— Os mutantes nos cobrindo, não são para te impedir de fugir, são para me curar. Pode me machucar o quanto quiser, e ainda assim, terei os ferimentos sarados em questão de segundos. E nem é só isso, tem a questão das minhas habilidades físicas melhoradas.

— Você fala demais.

Ao falar isso, San usou o restante de eletricidade armazenada para voltar a correr, pegando distância facilmente.

Gabriel gosta de falar, e por causa disso, revelou uma informação importante. Se o motivo da sua vantagem estaria nos mutantes o cercando, a resposta seria os eliminar.

Encurtando a distância dos seus alvos, avistou o primeiro mutante, vestido como um civil, roupas comuns.

Desembainhando a sua cimitarra, ergueu bem o braço e abaixou, mirando diretamente na cabeça do homem.

Faltando centímetros para o cortar, foi repelido, sofrendo um ricochete grande, chegando a formigar o seu braço inteiro.

Olhando surpreso, notou uma ondulação no ar, reconhecendo facilmente de um poder visto na academia: barreira protetora, rank raro, sendo capaz de criar uma proteção envolta de um alvo.

Mordendo o lábio, considerava rapidamente o que fazer, isso até notar o ar aquecer, e um clarão de luz vir na sua direção.

Pulando para o lado, desviou por pouco. Rolando no chão, um jato de chamas o ultrapassou, e vendo de onde veio, Íris, parada, de rosto sério.

— Pois é, você fugiu muito rápido, nem me deu tempo de terminar de falar. É obvio que os mutantes estão protegidos, sendo praticamente impossível os alcançar.

Observando o homem coberto pela barreira invisível, seus olhos permaneciam fechados, concentrados, indiferente ao mundo afora.

— Claro, também devo te falar, que a nossa querida Íris aqui, vai te impedir de chegar em qualquer um, isso inclui tentativas de fuga do nosso cerco em ti.

Apertando o maxilar, só de escutar a voz de Gabriel, começou a o deixar irritado.



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