Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 119: Plano de Férias

Os dias foram corridos, melhorando algumas partes do plano, arrumando certos materiais e a certeza de terem álibis ou uma boa desculpa. Faltando apenas uma semana para o assalto da esfera de Dyson, sentado na sua cadeira no quarto, San descansava tranquilamente.

Mesmo os dias sendo corridos e cansativos, com aulas chatas, provas do fim do ano, suas aulas de controle de essência no clube e tanta coisa para fazer, deitava sorrindo.

Deu conta de tudo, o seu parceiro, impressionantemente, é responsável e sabe o que fazer, dando um jeito de conseguir os itens necessários, por mais estranho que seja.

Quanto aos caçadores de mutantes, não fizeram nada, tão tranquilos, esperando.

Claro, aconteceram certos problemas na academia, esse sendo um dos motivos por permanecer no seu quarto ao invés de caminhar no lado de fora.

Por exemplo, devido à reportagem explicando certas características do diabo, formou-se um grupo de alunos, indo atrás de outros e verificando os seus ombros, atrás da tatuagem.

Quem recusar ser inspecionado, vai ser acusado em público de ser o diabo, e logo é formado uma multidão ao redor da pessoa, sendo bastante irritante lidar com isso.

San viu isso pessoalmente, e agradeceu a sorte por só ver de longe. Depois de acusado desse jeito, o cara logo mostrou os ombros, e ainda assim, tomou um soco no meio do queixo.

Alegaram que ele compactua com o assassino, pois está tentando o esconder, atrapalhando os seus trabalhos. Vendo isso de frente, San teve uma vontade enorme de ir lá e dar uma surra nesse pessoal, ensinar uma lição.

No entanto, parou a tempo, sabendo ser um erro. Deveria evitar chamar atenção, principalmente tão perto do roubo, e o caso da sua briga continuava em certas bocas, sussurrando.

A melhor escolha é se esconder por enquanto, deixar a poeira abaixar. Uma hora se cansam e as coisas voltam ao normal. E só por garantia, pediu ajuda a Floki e criaram uma medida temporária para San manter escondido sua tatuagem.

Quase pegando no sono da tarde, San recebeu uma mensagem. Resmungando em raiva, foi ver quem era.

A mensagem era curta, vindo de Liz, querendo se encontrar para conversarem. Quanto ao o que era, um mistério por enquanto.

O estranho nisso, foi a mensagem curta e vindo do nada. Normal seria trocarem umas palavras e depois ir para isso. Sentindo um pouco de nervosismo, previu ser um assunto importante.

Saindo rapidamente do seu quarto, inúmeras possibilidades passavam na sua cabeça, e uma das piores sendo ela ter começado a suspeitar dele.

Liz conhecia a tatuagem, e permaneceu quieta durante todo esse tempo, e pra piorar, Levante, o seu familiar, aquela águia enxerida viu San na base militar usando a máscara para afastar os monstros.

Essa foi uma das preocupações de San durante um bom tempo, mas deixou pra lá, já que ela não falou.

Fora do prédio dos dormitórios, a luz do sol quente atingiu San no rosto, o forçando a recuar de leve. Piscando repetidas vezes para voltar ao normal, prosseguiu em frente.

Seu passo foi acelerado, pulando de vez em quando e, raramente parando, isso até avistar um grupo de estudantes caminhando de cabeça erguida, orgulhosos.

Estalando a língua, deu as costas e ia fugir rapidamente, infelizmente, foi avistado.

— Ei, você aí! Espera.

Parando os passos, apertava o maxilar, irritado. Respirando fundo e soltando o ar, mantinha a calma.

Virando em direção ao grupo, manteve o rosto sério e perguntou:

— O que querem?

O líder, um jovem magrelo, corpo de palito, cabelos loiros com um topete para a frente e usando um óculos o encarou de cima a abaixo.

Seus amigos ao redor imitavam o gesto, procurando ações suspeitas, e prontos para lutar caso necessário. E obviamente, sabiam do caso da briga de San, é raro encontrar uma pessoa que desconhece.

Devido a isso, ficavam de guarda levantada, os poderes a um passo de serem ativados.

— Bom dia, me chamo Cleber, e somos os responsáveis de procurar o diabo que ri na nossa academia.

Trocando o peso do corpo entre os pés, San filtrava as partes importantes e descartáveis da fala do jovem, sendo quase toda a conversa.

Em uns quatro minutos de fala ininterrupta, ressaltando a sua importância e quanto ajudavam a academia, finalmente falou:

— Por isso, eu peço que mostre os seus ombros, para confirmarmos a sua inocência.

Revirando os olhos, San disse:

— Eu tô com pressa, então vazem da minha frente.

Indo em frente e os tirando do caminho, se viu barrado por três alunos de diferentes tipos e tamanhos, incluindo um bem grande com orelhas de lobo.

— Sabem que enfrentei mais de dez sozinho né? Vão querer me incomodar? — Sua voz soou ameaçadora, desferida a esses valentões.

Se entreolhando, hesitaram no que fazer, pois normalmente começariam um escândalo e talvez usassem a violência. Contudo, nesse caso é complicado, arriscado.

Cleber ajustou os óculos, escondendo o nervosismo e disse:

— Senhor, só nos mostrar os seus braços e vamos embora. — A sua voz alta, claramente querendo chamar atenção.

Se aproximando do Cleber, parou a poucos centímetros do seu rosto, os olhos afiados o encarando.

— Odeio gente que tenta intimidar os outros com números e chamando atenção, e já fez isso antes, né Cleber?

Tentando recuar, San continuava a se aproximar, dessa vez realmente atraindo uma multidão para ver.

Notando estar sendo cada vez mais cercado por alunos curiosos, Cleber soltou um suspiro de alívio. San abriu um curto sorriso e puxou a manga da sua camisa.

Mostrando a todos por menos de um segundo, fez isso nos dois braços, e voltando ao normal.

— Feliz?

— Sim, obrigado.

Dando as costas para Cleber, ia embora, os soldados curiosos do que deveriam fazer, pois os que resistem recebem um soco.

Cleber fez um sinal para deixar para trás, murmurando para os amigos:

— Babaca arrogante, não ganhou educação da mãe?

Parando a um metro de distância, San demorou instantes e se virou. Caminhando na sua direção, disse em voz alta:

— Quase ia esquecendo, os que resistem recebem um golpe, pra sentirem dor né.

— Bem, no seu caso podemos deixas, somos pessoas…

Incapaz de completar a sua frase, recebeu uma cabeçada no meio do nariz, quebrando a lente do óculos e o derrubando.

Surpresos, os amigos demoraram a reagir, vendo San parado de pé. Voltando a caminhar e esfregando a testa, disse:

— Doeu um pouquinho, considere essa a minha punição.

Ninguém falou nada, sendo obrigados a ficar quietos, ajudar o amigo a levantar, enquanto estavam sendo encarando por um grande grupo de alunos.

Prosseguindo no seu caminho, San tentava controlar a respiração. Foi imprudente o que fez, sabia disso, admitia. Fazia tempo desde a sua última caçada, o impossibilitando de espairecer.

Obrigado a deixar os criminosos vivos por enquanto, o humor de San complicou um pouco, às vezes sendo complicado controlar.

E o motivo do desaparecimento da sua tatuagem? Simples, Floki deu um curso exclusivo sobre maquiagem e formas de esconder certas coisas para San.

Demorou um tempo para aprender, e considerando o quanto San se move, soa, machuca o corpo, é arriscado depender desse método, é só pra uma olhada rápida.

Causou um estranhamento quando Jason viu um estojo de maquiagem nas coisas do colega de quarto, e em um acordo quieto, concordaram em manter segredo.

Ao menos, aconteceu uma coisa nesse período de tempo, sendo aprender autocontrole, e também, o alívio de ver o seu pulso normal, tendo total controle da sua máscara.

Tanto faz o que seu pai fez na pulseira, nem uma vez tremeu tentando falar com San, estendeu as suas garras, tornando as veias escuras ou algo parecido.

No lugar demarcado por Liz, a cúpula destinada aos treinos de matar monstros, vazia a essa hora.

Passando a entrada grande, o calor diminui, e um ar gelado o atingiu, refrescando as suas roupas e corpo.

Ao invés de seguir reto e ir para a arena, subiu as escadas, chegando nas arquibancadas, repletas de cadeiras macias e vazio, tendo somente um silêncio reinando.

Mal precisando procurar, já que sentia a presença de um mutante perto, avistou Liz no fundo, sentada elegantemente na sua cadeira, encarando a arena.

Engolindo em seco, foi a encontrar, sentando na cadeira ao lado, dobrando as pernas e apoiando o queixo nas mãos.

Mantiveram silêncio durante um tempo, um silêncio bom, tranquilizador e relaxante, capaz de passar longos minutos assim.

— Como tem estado?

— Bem, estudando pras provas, treinando os meus poderes, de boa.

Acenando em concordância, Liz engoliu em seco, abrindo e fechando a boca querendo falar.

San só a observava quieto, com medo das próximas palavras.

— Sabe, eu pensei bastante, e juntei muitas peças. Por exemplo, você ter o poder de disparar tiros de energia, usa uma cimitarra, ser bom de luta, o poder de eletricidade do nada, e quando falei com Jason, ele me disse, que no dia que te seguiu até o apartamento das suas sobrinhas, viu os itens de lá se mexendo sozinho, igual a telecinese.

A cada palavra de Liz, a expressão de San escurecia, o ar sumia do seu pulmão e um medo tomava conta.

— Você veio de Veridian, e lá foi a primeira aparição do… dele. É violento, bom de briga e, o pior de tudo, tem uma tatuagem de corvo no braço.

Desviando o rosto, San balançava a cabeça em negativa. “Acabou, o plano já era. Vou sair da cidade o quanto antes. Floki pode me ajudar, vai proteger as garotas.”

Os planos de fugir já corriam na sua mente, porém, as palavras seguintes de Liz o pegaram de surpresa:

— Mas, você também é gentil, um bom amigo, inteligente, atencioso, me levou nos restaurantes pra provar vários sabores de comida, ajudou Bella a plantar mudas na floresta. Afagou brigas do Jason e namorados raivosos. Arriscou a sua vida nas missões pra nos ajudar e mais.

Realmente confuso, San não sabia o que fazer ou falar, só escutava atentamente.

Pela primeira vez, Liz se virou na sua direção, o vendo olho no olho.

— Talvez você seja ele, ou não. O que eu sei, é que San é meu amigo, um parceiro bom, e odiaria te ver fugindo, atrás das grades ou pior.

Engolindo em seco, falou:

— O que isso significa?

Em uma determinação, Liz afastou o cabelo nos olhos, e respondeu:

— As aulas tão acabando, e as férias vão vir. Meus pais querem eu e meu irmão de volta nesse tempo. Vai ser só uns dias, eles são ocupados, é pra visitar. Vem comigo, vamos sair desse escândalo da cidade, ter um descanso de verdade.

De olhos arregalados, San não sabia o que falar, e sob aqueles olhar vermelho, só conseguiu pensar em uma resposta:

— Isso é perfeito.

O rosto da vampira se iluminou, um sorriso de orelha a orelha. Acenando em animação, começou a falar de como seria divertido, bom para espairecer e apresentar a cidade dos vampiros.

San só escutava, concordando e fazendo observações, dando ideias. Ficaram nessa durante um bom tempo, até ela receber uma mensagem e ser obrigada a ir embora.

Em dúvida de como deveriam se despedir, apertaram as mãos de uma forma estranha e se despediram.

Sozinho nas arquibancadas, San sorria, batendo o pé compulsivamente, a animação no seu peito esmagadora.

Subitamente, a voz de Sacro o atrapalhou, sendo o arauto da desgraça.

— Me desculpe interromper o momento, mas tem que saber de uma coisa.

Paralisado, temia o que pudesse escutar, se sentia tão bem, e provavelmente tudo isso iria sumir nas próximas palavras.

— Fala.

— A central de polícia decretou a poucos minutos que estarão liberando um dos seus prisioneiros.

Erguendo uma sobrancelha, San falou:

— E?

— Jairo, o responsável de invadir e espancar Emma.

Um nó formou na sua barriga, começou a ranger os dentes e os olhos brilharam em vermelho.

— Como? — Sua voz fria, cansada.

— Alegaram ter falta de provas, e por isso, vão liberar.

Apertando o encosto da cadeira, a raiva subia no seu corpo. “Eu sabia, foi um erro San ter resolvido isso, o diabo tinha que ter o matado.”

Respirando pesadamente, perguntou:

— Quando vão o soltar?

— Pretendem fazer o mais rápido possível, devido à repercussão que já tem causado. Hoje a noite.

Afundando na cadeira, San contemplou as possibilidades, e sabia o que faria. Sacro tentou argumentar, apresentar modos:

— Podemos contratar um advogado, processar o homem, temos opções.

— San não vai resolver isso, a lei falhou. Vou deixar pro Diabo dar um jeito, ele eu sei que dá certo.

O relógio se aquietou, sabendo ser impossível tirar esses pensamentos da cabeça do seu dono.



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