Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 117: Pai Contra Filho

Em um simples piscar de olhos, San apareceu na frente do pai, o punho fechado violentamente, desferindo um soco no rosto do seu alvo.

De repente, Dean sumiu do lugar, sua silhueta a poucos metros de distância, e seu olhar sempre calmo. Mantendo as mãos no bolso, abriu a boca querendo falar algo, mas San voltou ao seu ataque.

Usando tudo de si, atacava em alta velocidade, desferindo golpes fortes, e nunca conseguindo acertar um sequer. A raiva só crescia, na sua frente, aquele que sempre quis machucar, e nem o tocar podia.

Pela décima vez, Dean teletransportou-se. Indiferente aos gastos de essência, San apontou seus cinco dedos, formando esferas de energia, as disparando em frente.

Fazendo uma expressão de uma pequena surpresa, Dean viu os tiros vindo na sua direção.

Sem ligar, San juntou as duas mãos, e juntando uma grande parcela de eletricidade no seu corpo, disparou um raio, veloz e extremamente violento.

Atingiu a parede, causando uma fumaça, cobrindo a sua visão. Respirando pesadamente, forçava os olhos, procurando o seu alvo.

A poeira logo baixou, e do meio de tudo, seu pai afastava a sujeira do seu terno, em uma expressão indiferente.

— Já deu? Se você conseguisse rasgar a minha roupa, seria impressionante, contudo, me ferir, duvido muito.

Estalando a língua, sua mente agia, procurando qualquer brecha, só querendo o machucar, provar estar errado, qualquer coisa.

Persistindo, avançou, usando de qualquer poder no seu arsenal. Ativando a telecinese, forçava a sua essência a deixar o pai paralisado, incapaz de mover um dedo.

E na hora que o seu poder tocou no corpo dele, o sentiu sendo repelido, independente de quanta energia depositasse. Descartando esse plano, formou tiros de energia e os disparou.

Diferente dos anteriores, esse foi controlado, e vendo Dean desviar em um simples movimento, os fez voltar, seus olhos brilhando na possibilidade de o pegar desprevenido.

A sua esperança se esvaiu ao o ver o pai dar um passo para o lado, e mesmo San controlando novamente o tiro, nada acertava realmente o alvo.

Em um rosto confuso, não conseguia pensar em como isso tava acontecendo, sendo suprimido assim. Nunca em uma luta ficou tão imponente, desestabilizado.

Por um segundo, até considerou ativar as suas habilidades copiadas, dando uma variada na luta, talvez conseguindo usar o elemento surpresa contra o pai.

— Se esse é o seu melhor, os mutantes dessa cidade devem ter ficado mais fracos pra você conseguir os matar e fugir.

Rangendo os dentes, bufava de raiva, indignado. Esse homem, que o abandonou há tantos anos, simplesmente aparece na sua frente, e ainda o insultando, brincando.

“Eu sou fraco? Matei tantos e ainda assim tô perdendo.” O desesperado começou a tomar conta, a respiração desestabilizada.

O seu poder desativou involuntariamente, queria lutar, mostrar o quanto melhorou, e era incapaz disso, ao menos sozinho.

Sussurros abalavam os seus ouvidos, as veias negras no seu braço crescendo ao ponto de tocar a sua clavícula. Sabia ser errado, fez uma promessa, nunca mais usar esse poder.

No entanto, tanta raiva borbulhava no seu peito, nublando qualquer raciocínio, só queria vencer. Permitindo do poder entrar, a boa sensação veio, de pura energia entrando violentamente, subindo no seu corpo.

A pulseia de cor ônix mudou de duro e resistente para líquido, subindo pela sua pele, e ficando no rosto, tomou forma de uma máscara sorridente, os seus chifres pontudos e os olhos uma poça de escuridão.

Lentamente, a mente de San sumiu, perdendo o controle do seu corpo, as suas funções, e só permitindo das sombras o dominar.

Do lado oposto, Dean franziu o rosto, fazendo uma careta, balançando a cabeça em negativa. Aguardando pacientemente, viu a máscara dominar o seu filho.

Em um segundo, o mascarado respirou profundamente, desfrutando de estar novamente no controle. Esticava os seus membros, testando a mobilidade e leveza.

Enquanto fazia isso, falou, com uma voz de doer os ouvidos, e sempre mantendo o sorriso:

— Então, Dean, já faz um tempo. Envelheceu.

— E você continua o mesmo demônio de sempre, Sargos.

Meneando a cabeça, o mascarado soltou uma curta risada.

— Me impressiona ainda saber o meu nome, faz tanto tempo. Sabia que eu tinha sido especial.

— Verdade, tentou destruir uma cidade me usando, corromper a minha mente, e tomar o meu corpo, como está tentando fazendo com o meu filho.

— Ah, qual é, nada mais justo. Me rejeitou, fui atrás de outro.

Pela primeira vez, Dean mostrou o seu lado irritado, o ar na sala mudando completamente, estalando de poder.

— Seu demônio de merda, conseguiu fugir naquela época, vamos ver agora.

— Se acalma Dean, eu e seu filho somos bons amigos, e sinceramente, o garoto me impressiona. Tem um talento incrível para dominar os poderes roubados, e lentamente, ele tem mudado, se tornado alguém muito interessante. Quando eu dominar o seu corpo, vamos fazer uma bagunça.

Cansado da voz do demônio e suas provocações, Dean agiu. Estendendo as mãos, o corpo do Sargos voou para a parede, o prendendo fortemente.

Andando calmamente na sua direção, ativava outro poder, tornando o ar frio, e camadas de gelo sendo formado.

Subitamente, uma risada veio do Sargos, grande e forte.

— Eu e o garoto finalmente queremos a mesma coisa! Vai ser divertido.

A essência explodiu no corpo dele, violenta e incontrolável. Uma neblina se formou na sala, o ar estalando em eletricidade, e balançando um dedo, se libertou.

Logo, eletricidade tomou conta, arrepiando cada pelo do seu corpo roubado. Estendendo a mão, reuniu a névoa ao redor, formando uma espada.

Dean só soltou um bufo, e uma semelhante feita de gelo se formou na sua mão.

Ambos avançaram, em uma velocidade incapaz de ver a olho nu. Se chocaram de frente, causando uma explosão de energia.

Talvez nunca visto antes, o sorriso da máscara diminuiu. Usando de um estilo completamente novo e estranho, Sargos lutou de frente, batendo espada contra espada.

Estocadas, fintas, apunhaladas, cortes de todos os ângulos, e nada atingia o oponente. Era como uma parede de metal, independente do golpe, se mantinha em pé, os olhos afiados, incansáveis.

Um pequeno nervosismo tomou conta de Sargos, de perder, incapaz de ganhar do homem que o rejeitou, dispensou e abandonou. Soltando um grito estridente, formou tiros de energia na sua mão.

Disparou todos, os movendo em pleno ar, enquanto com a sua velocidade, de raios e corpo melhorado, era tão rápido quanto um teletransporte.

Ataques de inúmeros ângulos, e desviar sendo praticamente impossível, e mesmo assim, Dean só soltou uma curta risada.

Estalando os dedos, tudo parou. As esferas cessaram, Sargos em pleno ar. Caminhando em frente, saiu da área de ataque, e livre de perigo, as energias naturais começaram a voltar.

Uma grande explosão soou do lugar onde saiu há alguns segundos atrás. Desviando o rosto, tirou um lenço do bolso do seu paletó, limpando o sangue caindo do seu nariz, e escondendo a tontura forte.

Sinceramente, poderia ter acabado essa luta a muito tempo, até depois de Sargos aparecer. Havia tantos poderes guardados, capazes de derrotar os mutantes mais fortes.

E era justamente esse o problema. A maior parte dos seus poderes, foram feitos para matar, e não queria nem tentar ou considerar usar nisso no seu filho.

Soltando um longo suspiro, só aguardou o demônio sair dos escombros do chão, a posição do seu corpo estranho, nem agindo mais como um humano.

— Desgraçado! Lute de verdade, eu quero uma batalha de vida ou morte. — Seus gritos disparando na sala, fortes e capaz de sangrar ouvidos.

— Meu caro demônio, adoraria te conceder isso, mas só depois de sair do corpo do meu filho.

— Me poupe, já entrei na mente desse garoto, e sei que o abandonou.

Semicerrando os olhos, Dean permaneceu em silêncio durante um tempo, uma carranca no rosto.

— Não acho que um demônio entenderia, agora, só devolva o corpo ao dono original, estou cansado.

Hesitante, Sargos mudou o peso do corpo entre os pés, considerando as variáveis na sua cabeça, e mesmo odiando negar, ferindo profundamente o seu orgulho, sabia ser incapaz de ganhar.

Ainda que odiasse admitir, era verdade, entretanto, poderia fazer outra coisa.

Soltando uma risada alta, dobrou as costas e apoiou as mãos nos joelhos.

— E por que eu deveria ir embora? Prefiro sair daqui e me divertir nesse campus.

Revirando os olhos, Dean nem se surpreendeu nessa resposta, tava cansado. Vendo no seu relógio, cuidava a hora.

— Tenho uma reunião para ir, então, se não quiser sair desse corpo, posso o exterminar agora.

Parando a risada, Sargos fechou a boca, considerando.

— Está blefando, senão já teria feito.

— Bem, é que demora um tempo, e como eu disse, tenho que ir em uma reunião.

Rangendo os dentes pontudos, passou a língua vermelha entre as pontas afiadas, debatendo internamente.

Em um segundo, a máscara voltou a forma líquida, retomando a ser uma pulseira no pulso. Normal, a única coisa chamativa nela sendo a sua cor escura forte.

Perdendo as forças nas pernas, San caiu, mas teve o braço agarrado, e uma força o ajudou. Demorando um pouco para recobrar a consciência, sua mente forçava a manter acordado.

Respirando novamente por conta própria, no seu controle, viu Dean no seu lado, o ajudando. Na hora se largou, perdendo o equilíbrio e caindo.

Olhando ao redor surpreso, viu uma boa parte do lugar destruído, e uma parte do seu poder de eletricidade sentindo o ar com resquícios dele.

Rapidamente um mal-estar o dominou, resultado da baixa essência e usar o poder da máscara maldita, para ela ainda perder.

Vendo que não tinha mais o que fazer, abaixou a cabeça em derrota, apertando as unhas, — O que sobrou. — machucava a pele.

Dean estendeu a mão, e uma luz verde emanou, curando os seus ferimentos e roupas, retomando a um estado melhor que entrou na sala.

Confuso, tocava no seu corpo, surpreso demais dessa cura acelerada. Deveria ser impossível, já que não faz nem um dia direito que usou os serviços de um mutante curador.

O seu corpo deveria demorar um tempo até poder ser curado novamente, e lá estava ele, ileso, melhor que isso.

Voltando a ficar de pé, falou:

— O que está fazendo aqui?

Sentando no meio do ar, uma cadeira apareceu, e logo uma mesa, com um bule de chá em cima. Dean bebeu de leve, e respondeu:

— Recebi uma mensagem da academia falando do meu filho arrumando briga, queriam uma reunião.

Receoso, sentou na cadeira oposta.

— Impressionante, quando eu fui preso e te procuraram por eu ser menor de idade, não encontraram, e agora, foi fácil.

— Ah, sabe, a educação é importante, uma prisão por contrabandear drogas é simples.

“Como ele sabe?” Engolindo em seco, se pergunta o que mais ele conhecia.

Estendendo os pés sob a mesa, via o olhar desagrado do pai, o fazendo abrir um sorriso.

— Fala logo o que tá fazendo aqui, to com pouca vontade de te ver.

— Descobri que tem passado por uns problemas devido a Sargos, e vim ajudar.

Erguendo uma sobrancelha e uma expressão confusa, buscava na sua memória o culpado desse nome.

— A máscara, esse é o nome verdadeiro.

— E sabe disso como?

— Bem, nós tivemos um passado.

Tirando os pés da mesa e inclinando o corpo, perguntou:

— Do que tá falando?

— Antes de ti ter, eu a usei por um tempo, e matei bastante gente em uma cidade. Mas descobri que ela tava tentando me dominar, como sempre fez com os seus usuários. A abandonei, esperando ter a destruído.

Dando de ombros, San respondeu:

— Tanto faz, já pode ir embora.

Ignorando a voz do seu filho, Dean agarrou o seu pulso no lugar da pulseira. Retraindo a mão, foi incapaz de se soltar, e subitamente, sentiu a pele queimar por baixo.

— Para.

Dean prosseguiu, agarrando, e a dor piorando, como fogo ardendo na sua pele.

— Para!

A dor prosseguiu, San teria tentando usar um dos seus poderes, mas o maldito demônio gastou toda a sua essência, o deixando fraco demais, e duvidava ser capaz de resistir mesmo com poderes.

Soltando um grito de dor, cerrou os dentes e aguentou. Demorou um tempo, mas finalmente a dor parou e se soltando, recuou, em posição de combate.

Limpando as mãos, Dean disse:

— Resolvi por enquanto o seu problema. A máscara não vai mais tentar o dominar enquanto as suas emoções explodirem.

Hesitante, respondeu, ríspido:

— Por quê?

— Por mais que me ache um merda insensível, ainda continua sendo o meu filho, e prefiro morrer a ti ver dominado por aquela máscara.

— Fazemo assim, morre, e prometo nunca mais usar a máscara.

Soltando uma curta risada, Dean serviu duas xícaras de chá.

— Sente-se, já chegou a hora de conversarmos.

— Dispenso, gosto da nossa relação. Nos evitamos, nunca conversamos e te odeio de longe.

— Santiago, entendo o motivo da sua raiva, e por isso vim conversar em termos bons, faz anos desde…

— Desde o quê?! Que trocamos uma palavra? Ficamos juntos ou tivemos uma conversa? De quem é a culpa? — Gritava raivoso.

— Exatamente por isso estou aqui, acabar com essa raiva, te ajudar.

— Consegui sobreviver sem ti.

— Tem uma grande diferença de sobreviver a viver.

— Quem liga? Era só eu e a minha mãe, felizes. Lembra dela? A mulher que abandonou, doente, sozinha, e…

Batendo forte na mesa, o olhar no rosto de Dean era raivoso, os seus olhos mudando de cor em um vermelho sangue.

— Senta. — Sua voz cansada.

Soltando um suspiro, San chutou a mesa, jogando longe, e então sentando na cadeira.

— Perdeu o direito de usar a sua influência de pai a anos. Só faço isso pra nunca mais te ver.



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