Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 113: O Fim do Prazo

Dentro de uma sala de aula normal, a turma sentava calmamente nas suas cadeiras. Mantinham um silêncio respeitoso, pois a aula na sua frente era considerada uma das melhores, incluindo o professor responsável de discursar.

Sentado em sua mesa, um homem magro, de cabelos castanhos e rosto normal, bebia um gole de água, refrescando a sua garganta. Ethan, o professor de história, considerava as suas próximas palavras.

— Antigamente, o mundo era calmo, relativamente. Tínhamos a liberdade de viajar para os inúmeros países, conhecer pessoas novas e lugares fantásticos. Infelizmente, nesse mundo atual, muitos dos países estão incapazes de ter pessoas, os monstros dominaram uma boa parte.

Sentado na sua mesa ao fundo, San escutava atentamente, guardando os assuntos interessantes na memória, interessado nessas informações.

Apoiando a mão no queixo, em menos de cinco segundos, foi obrigado a voltar ao normal. Vendo a sua mão, estalou a língua. Tremia compulsivamente, resultado desses três dias de treinamento puro focado na eletricidade.

Tirando a sua mente desse problema, viu novamente a aula, já que junto aos tremores, vinha uma dor grande, e para amenizar, distraia a sua mente.

— Ainda tem certos países com pessoas, tipo o nosso. O problema, é os perigos. Florestas tem monstros, cavernas, com monstros, até em cidade tem monstros, esses escondidos bem. Vivemos presos por trás dos muros, isolados. Na minha época, eu poderia viajar para um pais com dinheiro, e teria segurança, agora, até ir a uma cidade diferente é perigoso.

A expressão no rosto de Ethan tava triste, seus olhos desfocados, lembrando do passado. Às vezes isso acontecia, o professor se perdia nas suas memórias.

Balançando a cabeça de forma leve, deu um sorriso tranquilizador.

— Tenho esperança, de um dia retomarmos o que um dia já foi. É, eu sei, é complicado, tem tantos problemas, tipo as grandes…

Um som apitou em cada relógio da sala, alto o suficiente para acordar uma pessoa.

Afastando a sua mão do rosto, San exibia uma expressão confusa, olhando ao redor, e notando o restante dos alunos fazendo o mesmo. Desconhecendo isso, na verdade, cada relógio da academia apitava, e na cidade, os programas de televisão foram interrompidos.

Rapidamente, os alunos abriram hologramas e foram ver o motivo dessa comoção, se juntando em grupos.

San e seus amigos chegaram perto e foram ver no relógio de Bella. De pé em uma plataforma, uma mulher alta, morena, usando uma blusa preta, calça social e cabelo ondulado solto. Sua aparência era bonita, e o ar ao seu redor mostrava seriedade, refletindo no seu rosto.

Apertando as sobrancelhas, San a reconheceu bem. Jéssica Mayer, uma repórter famosa. Ganhou bastante de credibilidade devido à coragem de fazer as suas reportagens, sendo o seu foco em um assassino em série, o devorador de almas.

Ultimamente ela tem tido pouca credibilidade, já que o devorador tem estado quieto, se mantendo escondido.

Um arrepio subiu no corpo de San, e um nó formou no seu estômago, o forçando a engolir em seco.

— Tá bem San? — Liz perguntou do seu lado, sua expressão preocupada, cuidando a mão do seu amigo tremendo.

— Claro, só uma pequena consequência do meu treinamento recente. — Fingiu um sorriso.

Antes de poderem continuar falando, Jéssica começou:

— Nessa manhã, recebemos informações cruciais dos caçadores de mutantes, referente a um assassino conhecido, o diabo que ri.

Trincando o maxilar, San sabia que esse dia seria o seu último para se entregar. “Então é assim a sua retaliação, Íris?”

— Depois de grandes investigações, recolhimento de testemunhos e uma pesquisa extensa, criaram um caso, e nos deram liberdade para falar aqui no programa, alertando os cidadãos.

Apontando a mão a uma TV presa a parede, sua voz sempre calma e respeitosa falou:

— Atenção, as imagens são sensíveis.

A visão mudou para uma gravação profissional, sendo vista de cima e ângulos diferentes. Dentro de uma arena circular, com cacos de vidro na areia, dois homens feridos permaneciam de pé.

Um usava uma máscara negra sorridente, e o seu oponente, pingando sangue. A respiração de San parou, e um medo começou a o dominar, a preocupação da revelação.

Os dois homens começaram a brigar, usando os seus punhos, lutando freneticamente, ferindo um ao outro constantemente, usando dos seus poderes inúmeras vezes.

Isso até a lutar terminar com o cara de rosto livre ser perfurado por uma estaca de sangue, caindo no chão, e logo em seguida, seu corpo compulsando, veias negras crescendo, e a morte chegando, lenta e dolorosamente.

A imagem mudou, novamente Jéssica na tela.

— O motivo de mostrarmos isso, é um: revelar a vocês, a verdade, e por isso estamos aqui, então, se sentem, irei explicar o porquê de ser eu a falar.

Levantando a cabeça de leve, San avaliava a reação dos alunos, vendo a curiosidade estampada nos seus rostos, ansiosos de saber, até os seus amigos, mantendo os olhos presos a tela.

Quanto ao seu professor, sempre mantinha uma expressão calma, como se nada pudesse o desconcertar. Porém, San via uma pitada de… pena.

— Para começarmos, — Jéssica iniciou o seu discurso. — não, esse não é o devorador de almas. Muitos tiveram essa confusão devido às veias negras crescendo da sua vítima e a agonia do morto. A verdade, é que essa é outra pessoa, de identidade desconhecida. No entanto, podemos confirmar, de certeza. O diabo, é filho do devorador de almas, um Blackscar.

Dentro da sala de aula, um coral de vozes foi ouvido, rostos surpresos, pensamentos nas suas cabeças surgindo, ideias vindo.

— Ainda desconhecemos a quantidade de filhos por aí, só podemos confirmar um por enquanto. Mas já o suficiente para sabermos de uma coisa: está na família ser um assassino.

Sentindo uma pontada no peito, San ergueu o rosto, mantendo o rosto impassível.

— Os nossos contatos nos deram uma informação crucial, e preocupante. Esse jovem, de vinte e poucos anos, continua na cidade, andando, matando, usando a desculpa de só matar os ruins.

A preocupação cresceu na turma, um pequeno grito até sendo solto.

— Ao menos, temos um jeito de descobrirmos quem ele é, e por isso, qualquer um pode descobrir a sua identidade.

Apontando a tela da TV, uma imagem foi revelada, e dessa vez, San tremeu, uma preocupação tomando conta, o medo, enorme correndo no seu corpo.

Estampado na tela, um desenho preto, pintado perfeitamente. Um corvo, de asas abertas, muito bonito.

— Essa é uma das tatuagens do diabo, ficando diretamente no seu ombro. É o símbolo de uma facção criminosa, só os piores recebem uma dessas. De acordo com informações, ele pode ser qualquer um, o seu colega, amigo, namorado, aluno. Tomem cuidado, ele é violento e instável.

“Merda, merda, merda!!” Rangendo os dentes, tudo tava dando errado, só falta falarem o seu nome. Esse seria o seu fim, até imaginava a expressão dos seus amigos mudando, ficando com medo, dele.

— Por ser um Blackscar, tem vários poderes, e por isso, prestem atenção reforçada a qualquer um que apresente sinais de poderes a mais. Um último aviso, evitem andar a noite, é o seu domínio.

A transmissão parou, tão rápido quanto apareceu, deixando os alunos petrificados, estáticos. Um bater de palmas o tirou disso, virando o rosto ao responsável.

Na frente da turma, Ethan os encarava, seu rosto sério. Soltando um suspiro, pôs os dedos nos olhos em uma expressão complicada.

— A aula vai acabar mais cedo, duvido serem capazes de manter a concentração.

Liberados, os alunos caminharam para fora da sala, o grupo de San junto, já começando a entrar nas conversas.

No longo corredor, San viu o lugar cheio, tanta gente conversando, discutindo, e nos seus rosto, medo, preocupados.

Preferindo sair de perto de tanta gente, abriram espaço, passando os alunos e pegando luz do sol. Até na parte de fora do campus, alunos enchiam os lugares.

Demorando um pouco, longe de tanta gente, San, Bella, Jason e Liz pararam em baixo de uma sombra, finalmente em silêncio.

Mantiveram esse estado por um tempo, organizando os seus pensamentos. Quieto, San sabia estar em uma enrascada. Uma olhada na sua tatuagem, e na hora, iriam o acusar.

Na verdade, independente se uma pessoa for inocente, só de ter uma tatuagem de corvo, será acusado imediatamente. Contudo, San era pior, pois além de ter a tatuagem, mesmo se conseguisse convencer a pessoa do contrário, tem a questão do seu poder.

Durante a luta contra Francis, foi obrigado a usar o tiro de energia, e foi transmitido, revelando ao mundo o seu poder principal. O único motivo dos seus colegas não terem relacionado na hora ao ver o poder, foi devido a ser até comum mutantes ter o mesmo poder, e já avisaram a possibilidade do diabo roubar habilidades.

Só havia uma questão, os seus amigos. Depois de ter lutado com o lobisomem, o Max, San desmaiou, e tiveram de tratar os seus ferimentos, talvez tendo visto a tatuagem.

Analisando cada um deles, cuidava os mínimos movimentos deles, seja virada de olhos na sua direção, desconforto, medo, nervosismo. Demorando um pouco, viu alguns sinais, entretanto, era normal considerando as circunstâncias.

“É, talvez não saibam da minha tatuagem, eu espero isso. Só que eu tenho certeza de uma pessoa.” Olhando Liz, sabia que ela conhecia a sua tatuagem.

Há um tempo atrás, ao saírem juntos para comer, um bando de bandidos queria arrumar confusão, e para evitar, San revelou a sua marca, o sinal de um bandido respeitável.

Liz viu naquele dia, até chegando a perguntar. Ainda a encarando, a vampira levantou o rosto na sua direção.

— Então, querem falar algo?

Um pequeno silêncio, isso até Jason soltar um suspiro.

— Os nossos pais já tavam chatos, agora isso. Vão querer que nós voltemos para casa antes do previsto.

Recebendo um aceno positivo da irmã, disse:

— Vou tentar os convencer do contrário.

— É assustador. — Bella falou de repente. — Um assassino caminhando por aí, tendo força de matar os fortes. Ele pode ser qualquer um, até um aluno dessa academia.

“Caraca, esqueci desse detalhe. Se ela pensou nisso, com certeza outros também vão, e logo começara uma caçada ao assassino.”

Cerrando os punhos, causava um ferimento. “Tenho de apressar meus planos, me tornar mais forte, eliminar Laurem, roubar a esfera e ir embora dessa escola, pelo menos por um tempo.”

— San?

Erguendo a cabeça surpreso, escondeu completamente o seu estado, sorrindo de leve.

— Oi?

— Você tava estranho, quieto demais, tá bem? — Liz o interrogou, claramente preocupada.

Pensando rapidamente, abaixou a cabeça de forma triste.

— Só tava preocupado pelas minhas sobrinhas, é perigoso.

Os olhares dos seus amigos veio com pena, desviando o rosto.

— Nós entendemos, pode ir pra lá. — Bella tocou no seu ombro de forma gentil.

— Valeu galera.

Dando as costas, caminhou para longe da vista deles, e confirmando estar longe o suficiente, seu rosto mudou completamente, sombrio.

Seu pulso tremia constantemente, e vendo de relance, notificações vinham. Na sua maioria sendo Floki, o seu companheiro, preocupado disso ter trazido problemas.

Dando uma resposta, curta, disse que tudo estava sob controle. A segunda mensagem que chamava atenção era uma de Max.

Em resumo, dava os parabéns a San, por finalmente o seu nome ficar conhecido e ganhar a devida fama.

Simplesmente ignorando, ainda pensava no que fazer ao lobo irritante, tanta coisa o incomodava.

Caminhando longe nas calçadas, tava uma bagunça, tanta gente espalhada, espalhando teorias, fugindo. Os responsáveis de ficar escondido e cuidando das coisas, até eles sumiram.

Uma bagunça, tantos problemas. Se sentindo sufocado, foi para longe, caminhando aleatório, desconhecendo o seu caminho.

Distante o suficiente, entrou na floresta, um dos poucos lugares para ficar sozinho. Pensando em tantas coisas, agarrava o seu ombro, onde fica a sua tatuagem.

A ideia de a arrancar passou na sua mente, porém, se aparecesse de repente na enfermaria com isso, atrairia muitas perguntas, e se simplesmente arrancasse a pele, deixando com um curativo e curar naturalmente, Liz veria, pensando no motivo.

Encostando a cabeça em uma árvore, sua vida tava tão confusa, terai de resolver os problemas, mantendo o seu segredo.

Subitamente, um galho quebrou nas suas costas. Erguendo a cabeça, confuso, esqueceu completamente do seu radar de mutantes, preferindo deixar fraco com tantos ao seu redor.

O ativando ao máximo, notou facilmente, vários ao seu redor. Virando o corpo, avistou um grande grupo perto, o cercavam, montando uma formação de combate.

Confuso, manteve-se calmo, analisando cada um ali. Um dos jovens deu um passo em frente. O cabela preto jogado para trás, sorriso convencido no rosto, e usando o uniforme da academia.

— Santiago Lunaris, estamos aqui para dar uma lição em você.

Erguendo uma sobrancelha, só disse:

— Cês são malucos? Bem, tanto faz, ultimamente não tenho conseguido desestressar.



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