Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 110: Verme

Ignorando os homens caídos, ultrapassaram e foram direto para a cabana ao fundo do galpão, escondida e isolada do restante das coisas e pessoas.

San só seguiu por trás o homem careca, o braço direito de Eugene e um mutante poderoso. Demoraram um minuto, e alcançaram a cabana de madeira, as luzes de dentro fugindo pelas janelas quadradas.

O homem bateu algumas vezes na porta, e logo puderam escutar uma voz do outro lado, permitindo a entrada.

San entrou, e viu a sala acolchoada, com móveis bonitos, um sofá no canto, sem nada nas paredes e no fundo de tudo, um homem gordo, vestindo um terno elegante, rosto sério e levemente irritado.

Vendo Eugene na sua frente, San nem conseguia manter a sua raiva sob controle, só de imaginar o que aconteceu com a Emma, o seu estado ferido, a voz desesperada na ligação.

Foi preciso uma grande força de vontade para se impedir de pular na garganta dele. Respirando fundo, sentou na cadeira a frente da sua mesa.

Um silêncio tomou conta do ambiente, nada de sons de longe, barulhos de trabalho, só os dois, um na frente do outro, ambos se encarando.

Sendo o chefe e o dono do lugar, e claramente irritado pelos três mutantes sob o seu comando estarem nocauteados e perto da morte, Eugene falou primeiro:

— Então, me diga, qual era emergência para você vir aqui e espancar os meus seguranças?

Quieto, San continuava a o observar, boca fechada, punhos cerrados e olhos afiados. O seu chefe estranhou isso, desacostumado.

— Está brincando comigo?

A sua raiva só crescia, a ousadia do seu subordinado, um garoto em que ele viu crescer e ordenou em inúmeras missões o olhava de cima a baixo.

Mesmo assim, San matinha o seu estado, e não para o provocar, só tinha um objetivo nisso, procurar qualquer sinal. No seu interior, analisava cada detalhe do homem, seja um sorriso de vitória ou satisfação.

E durante o seu curto tempo, só viu a raiva dele crescer. Independente disso, prosseguiu com a ideia dele ser o culpado, e só precisava de uma prova.

Anteriormente, começaria falando alguma bobagem para o acalmar ou começando em um assunto para mudar em seguida. No entanto, a paciência de San tornou incapaz disso, indo direto ao ponto.

— Enviou um mutante para espancar Emma?

Semicerrando os olhos, o aborrecimento de Eugene sumiu, e pensamentos começaram a passar na sua cabeça, e instintivamente, falou:

— Do que está falando?

— Não se faça de bobo. Aquele apartamento está sob o seu comando, os funcionários trabalham pra ti, e sabe o que acontece lá.

Engolindo em seco, falou de forma tranquilizadora, vendo o estado descontrolado do garoto:

— Moleque, tenho negócios em várias cidades, e tendo a ignorar certas coisas, tipo os apartamentos. O seu problema é só…

Batendo forte na mesa, fez os objetos em cima tremerem, o guarda perto de Eugene já pronto para entrar em combate, sentindo a aura ao redor do visitante descontrolado.

— Tá me dizendo que não sabe o que aconteceu?

Pela primeira vez, Eugene sentiu medo com o jovem, a raiva contida e loucura nos seus olhos. Se falasse uma palavra errada, teria sua garganta cortada.

E por isso, se sentiu indignado, ele, um adulto, senhor do crime, responsável por cidades, ainda que pequenas. Era respeitado em cada uma, e nunca falaram assim.

Só manteve a calma por um motivo, o trabalho de San, roubar a esfera de Dyson, um objeto capaz de armazenar eletricidade de forma infinita, e na sua mão, teria grandes feitos.

Controlando os seus sentimentos, ergueu a mão, chamando o seu soldado mais leal. Já no sue lado, perguntou:

— O que aconteuce?

Nem precisando pensar, respondeu:

— Nessa noite, um homem entrou no apartamento das duas garotas que protegemos e quase matou uma, a fazendo ir ao hospital.

Mantendo o semblante estável, amaldiçoava por não ter sido avisado disso antes, e entendeu o motivo da ira de San, deduzido que ele imaginou ter sido um soldado seu.

Sabendo da importância das suas futuras ações, viu San, ainda duvidando de Eugene desconhecer essa informação.

Tendo um grande orgulho, recusou pedir desculpas.

— É uma pena, deveria cuida dela melhor.

Os olhos de San brilhavam descontroladamente, e já cansado, impulsionou as pernas, a mão aberta, circulando a essência no seu corpo inteiro.

Prestes a pular na sua direção, o ouviu falar:

— Iremos nos responsabilizar pelos cuidados médicos e melhoraremos a segurança.

Hesitante, a mente de San corria, e vendo a reação do seu chefe, achou estar falando a verdade. “Quem foi então? Um aleatório?” Ideias surgiam na sua cabeça, procurando o culpado de verdade.

Vendo San se acalmar, Eugene finalizou falando:

— Também iremos encontrar o culpado e daremos um jeito.

Um plano veio na sua mente. Erguendo a cabeça rapidamente, San disse:

— Eu quero ele, só me digam o nome.

Soltando uma pequena risada, disse:

— Garoto, sua sobrinha está no hospital, ferida, e que vingança? Volte, e eu irei resolver.

Essa possibilidade passou na sua mente, sabia, no seu interior, estava errado por deixar ela lá, sozinha, só tendo sua irmã de família.

Mesmo assim, um desejo de sangue corria nas suas veias, e iria o saciar, dando um fim no verdadeiro culpado.

— Eu quero o nome do cara.

Vendo a insistência de San, Eugene balançou a cabeça em negativa.

— Certo, mas pode demorar um pouco.

— Tanto faz.

Uma pequena tosse veio do fundo, o segurança careca se intrometendo. Dando um passo em frente, falou:

— Temos uma suspeita do culpado. Há uns dias atrás, um cliente no restaurante que a senhorita Emma trabalha, a chamou para sair, e recusado, causou uma confusão, sendo obrigado a o tirarmos a força.

Confuso, essa era nova para San. Independente de morar longe das garotas, fazia ligações constantes, perguntando dos seus estados e as visitando, e nem uma vez foi falado desse caso.

“Ela manteve segredo, por quê?” Escondendo a frustação, disse:

— Tem uma foto do cara?

Abrindo o seu relógio, procurava nos arquivos, e em segundos mostrou a imagem de um homem. O seu rosto normal, cabelos castanhos desgrenhados, um físico magro e olhos desfocados.

Reconhecendo facilmente, San falou:

— Sabem a sua localização?

Recebendo um aceno de confirmação, ficou de pé, e foi direto para a porta.

— Me manda o lugar.

— Espera! — Eugene praticamente gritou.

Cerrando os dentes, virou o rosto.

— Dá próxima vez em que vier aqui e causar esse alvoroço, por mais importante que seja, irá sofrer punições.

Incapaz de segurar a língua, respondeu:

— Se nada disso tivesse acontecido, e elas estivessem realmente em segurança, eu não precisaria ter vindo.

Abrindo a porta e indo embora, passou o lugar onde derrotou o grupo de três, notando o desaparecimento. Dando de ombros, só havia um objetivo na sua mente.

Ao sair do galpão, recebendo olhares surpresos dos funcionários, foi embora, e a pressão trazida junto evaporando.

De volta as ruas, Garmir apareceu ao seu lado, o leal cão do inferno claramente aborrecido por ter sido incapaz de ajudar na batalha.

— Foi mal, amigão, eu precisava fazer isso com as minhas mãos.

Jason apareceu no seu lado logo em seguida, o olhar preocupado e claramente tendo ouvido sons de batalha lá dentro. Um humano conseguiria facilmente, já um vampiro, sabe se lá quanto.

— Então, resolvido?

— Quase, só tenho de fazer uma parada em. — Abrindo o relógio, avistou a localização de um lugar. — Um bar perto daqui.

Recebendo um aceno de concordância, caminharam juntos, os passos apresados, um ao lado do outro, evitando conversar e só indo ao bar.

O avistado de longe, um lugar grande com um letreiro com um copo de cerveja brilhando em cima, sinalizando a entrada. Só de chegar perto, sentiu a presença de inúmeros mutantes dentro.

Erguendo as sobrancelhas, ficou surpreso pelo número alto, e nem tendo entrado, já ficou de guarda levantada.

Passando a porta de madeira, foi seguido pelo vampiro e cão do inferno. O interior era espaçoso, mesas de madeira espalhadas, gente bebendo o quanto aguentasse e música alta.

Só passando os bêbados por aí, ouviu os protestos de porque de um animal ter entrado. Indo em direção ao balcão, sentou em uma cadeira e viu uma placa do outro lado, dizendo: “Bar de mutantes.” Entendendo o motivo da maioria ser um mutante ali, sentou e pediu uma bebida.

Do seu lado, Jason tava confuso do motivo de estarem ali, bebendo, e preocupado com as pessoas ali olharem feio ao familiar do amigo.

San olhou ao redor, procurando seu alvo. Se não fosse Jason e o método de conseguir as informações com Eugene, teria entrado de máscara, exigido encontrar o maldito e o eliminado na frente de todos.

Sabendo ser incapaz de fazer isso por enquanto, ficou claro que o trabalho teria de ser do Santiago, uma vingança pessoal.

Demorando um tempo, a sua paciência se esgotou. O bar tava cheio, e procurar por se já lá quanto tempo era irritante demais.

De pé, puxou uma cadeira e subiu em cima de uma mesa, espalhando a bebida das pessoas ali, e logo recebendo olhares de ódio.

Indiferente a isso, todos começaram a focar em San, e o próprio, passou o olhar em cada um, até ver um rosto familiar. Abrindo um sorriso sinistro, pulou ao chão.

Indo em direção ao seu alvo, um dono da bebida derrubada o assegurou no ombro, falando:

— O seu merdinha, quero uma nova cerveja, senão…

San só virou o corpo e desferiu um soco no meio da sua cara, o derrubando. Um bando de olhares veio, e pode sentir poderes sendo usado em si, aqueles de ação silenciosa.

Pelo menos, o seu cão do inferno se intrometeu, emitindo uma aura sanguinária de monstro, calando qualquer um, incluindo o bar inteiro, tendo ficado em silêncio.

Virando a cabeça, San olhava para um cara, os seus olhos brilhando em vermelho vivo. Indo em frente, a multidão abria espaço. Seu alvo, notando o perigo, recuou, querendo entrar no grupo de gente e fugir.

Agarrando uma garrafa aleatória, a arremessou, atingindo em cheio a parede na frente dele. Parando, viu ser incapaz de fugir, teria de lutar, e por isso, exibiu raiva, e virou na direção de San.

— Quem pensa que é moleque? — Sua voz carregando aborrecimento.

San deu de ombros a sua voz, aos protestos dos seus amigos perto reclamando e querendo explicações.

— Há algumas horas atrás, invadiu a casa de duas garotas e espancou uma.

Nem tentando esconder, mostrava esclarecimento.

— Entendi, é amigo daquela vadia? Há, ela teve o que mereceu.

Girando a cabeça em um angulo torto, San inconscientemente entrava na posição de quando usa a máscara.

Em um simples movimento, energizou as suas pernas já ruins, as melhorando, e em um passo, encurtou a distância de alguns metros para centímetros.

Nem dando tempo para ele reagir, deu um soco no meio da sua barriga, tirando o ar e derrubando.

No chão, o viu se torcer, e vomitar o que bebeu. Sem piedade, deu um chute no meio da sua cara.

Os amigos perto, finalmente recuperados da surpresa, agiram imediatamente, já ativando os seus poderes e querendo partir para cima.

Na hora, Jason apareceu na frente, a boca aberta revelando as presas e olhar afiado, mostrando que derrotaria qualquer um. Claro, só um não impediria o grupo de mutantes, o que os fez parar realmente foi uma aura nas suas costas, opressora e sangrenta.

De quatro, com garras a mostra e presas violentas exibidas, Garmir deixava a sua aura a mostra, e esses mutantes, já tendo experimentado enfrentar monstros antes, entenderam do perigo na sua frente.

Sozinho, San desfrutou do seu tempo. Desferindo chutes, acertava nos lugares mais sensíveis do bêbado, seja partes íntimas, barriga, garganta e cabeça.

Vendo o estado machucado e ensanguentado, San prosseguiu o seu espancamento, mas mudando uma coisa.

— De pé. — A sua voz em ordem de comando.

O homem, fraco, obedeceu, agarrando a parede. Recuperando o fôlego, viu uma oportunidade, e uma energia surgiu nos seus punhos.

San só viu, esperando. O homem avançou, desferindo um soco, e acertando no meio do rosto do jovem a sua frente.

Sentindo uma dor grande, San cerrou os dentes, a raiva explodindo do seu corpo. “Foi assim que ela se sentiu.” Cerrando os punhos, deu um soco com todo o seu corpo no cara.

O empurrando contra a parede, desviou de um e devolveu, de novo e de novo, arrancando dentes e tirando o máximo de sangue. Nada o parava, respingos voavam no seu rosto, manchando por completo.

No bar inteiro, a maioria fugiu, e os que sobraram se assombravam pela visão. San o bateu, incessantemente. “Emile vai ficar traumatizada, tudo porque um verme desses não aguentou um não.”

Vendo um braço se erguer e vir ao seu rosto, San o agarrou, e em um movimento rápido, o torceu, soando o som de estalo no ar, junto a um grito agonizante.

“É esse tipo de cara que eu mato, os malditos, que se acham acima da lei, só por terem tido sorte de nascer com poderes. Mas dessa vez, a morte não será do diabo, e sim de Santiago.”

O homem perdeu a consciência a tempos, faltando pouco para a sua morte, isso até ter o seu braço agarrado no meio do ar.

Virando a cabeça na hora, usou a mão livre para acertar o culpado. Pouco antes de conseguir, foi impedido, e viu a pessoa.

Jason, o rosto nervoso e com medo.

— Acabou, deu uma lição no cara.

— Só acaba quando ele morrer!

Seu amigo estava em um estado claramente descontrolado, e só pararia na morte do culpado. Jason sabia das consequências de dar um fim nesse sujeito, incluindo a expulsão da academia.

Palavras bonitas não funcionariam, o conhecia bem, teria de usar o bom senso.

— Vai ferrar com a tua vida assim por um merda desses? Expulso da academia, preso, julgado e preso.

Quieto, San escutava, odiando cada palavra, e o pior, reconhecendo ser verdade. Todos no bar o viram, era impossível, até para Eugene e seus contatos o livrarem, e na hora em que fosse expulso, seria abandonado pelo seu chefe, tendo se tornado inútil.

— O entrega para a polícia, eles tão o procurando mesmo. E te prometo, vou dar um jeito para não te julgarem ou ser preso por isso.

Abaixando os ombros, San queria muito, matar esse cara, um lixo que não serve para nada. Porém, fazer isso seria impossível nessa situação, amenos que estivesse disposto a ir para a cadeia.

Vendo os restos do cara, soltou um cuspe nele, seu rosto mostrando o claro desgosto.

— Vamos voltar, quero está lá quando Emma acordar.

Soltando um suspiro de alívio, Jason concordou, já fazendo uma ligação para a polícia. Saindo para a porta, descobriu um novo lado do amigo, que preferia nunca ser o culpado da raiva dele.

Nisso, sabia ter sido uma boa ideia ter vindo junto. Qualquer um vendo esse lado poderia ter uma ideia ruim, e mesmo desconhecendo a reação da sua irmã ou Bella, ao menos Jason, continuaria a ser o seu amigo, e até daria um jeito das coisas darem certo no fim.



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