Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 107: As Coisas Sempre dão Errado

Sozinho na sua sala particular de aulas do clube, San focava inteiramente no seu interior, movendo a essência aos músculos, os melhorando.

Focado, melhorou os braços, os deixando fortes, começando somente na parte dos punhos e tentando subir. Erguendo as mãos, entrou em pose de luta.

Começou desferindo socos controlados, imaginando um oponente na sua frente, considerando-se em uma luta de verdade, desviando e atacando de volta.

Esse treinamento continuou durante uns dez minutos, até San perder o controle da sua essência e cair no chão, desgastado, respirando pesadamente.

Enxaguando o suor dos cabelos, abria e fechava os dedos, conferindo seu estado. Durante a última semana, tem treinando de duas formas, seja armazenando eletricidade para aprender a usar, ou aprendendo a melhorar o corpo com essência.

Seja sorte ou azar, teve de variar entre os treinamentos. Para começar, seu controle em armazenar eletricidade era escasso por enquanto, resultando em o ferir no processo, fazendo seu corpo ficar dormente e ruim.

Quanto a parte de melhorar seu corpo, descobriu ser obrigado a dar um descanso aos músculos, senão rasgariam e demoraria bastante para os curar, e San sabia disso por experiência própria, obviamente não por falta de avisos, mas preferindo desacreditar no seu professor, o considerando um charlatão.

Sentado no meio da sua sala, poderia a usar o quanto quisesse, pois as aulas do clube já haviam passado, o deixando sozinho, e com isso, focando somente no sue treinamento, teve melhoras claras.

Anteriormente, mal conseguiria manter o seu estado de melhora por segundos, e atualmente aguentava alguns minutos, uma clara melhora. Por enquanto, poderia usar em combates simples, ainda faltando espalhar no corpo inteiro.

Na parte da eletricidade, teve poucas melhoras, e em uma semana, poderia dizer que o seu armazenamento, de forma lenta e paciente, estava acima da metade, faltando para o encher.

De qualquer jeito, San dava de ombros, tranquilo. Estava relaxado, as preocupações sumindo, somente tendo de focar nos seus treinamentos, ensinar no clube e aprender nas aulas.

Até o escândalo do diabo que ri tinha diminuído. Obviamente os alunos tavam com medo, preocupados, até evitando sair muito da academia.

Mas tudo bem, San nem usou a máscara, fez visitas a criminosos ou deu uma passeada, só descansou. Seguia fielmente o seu conselho de ser paciente, melhorando sua força.

Vendo a hora, esticou os membros e saiu da sua sala, nem olhando a porta secreta da sua sala, a ignorando por enquanto. Ainda teria tempo, e iria aproveitar a ajuda de Floki o máximo possível, e o seu parceiro do crime atualmente aumentava o seu negócio de drogas psicológicas.

Caminhando nas calçadas do campus, encontrou Hana, o cabelo vermelho voando no vento, solto, e rodeada de amigos. Ao ser avistado, recebeu um aceno e sorriso.

Retribuindo, os ultrapassou e foi ao seu dormitório. Desde a sua volta da base dos militares, onde ela disse que a sua segunda habilidade a dava a capacidade de sentir outros mutantes, suas relações melhoraram.

Isso deu uma chance a San e Hana aprenderem juntos a forma da habilidade funcionar, usando da aula do clube, aprofundando os seus laços.

Aprenderam que era um mistério a resposta de não sentirem um ao outro, mesmo Hana desconhecendo de San também tendo esse poder. Independente de inúmeras pesquisas e poucos resultados, continuaram a dar o seu jeito.

O animo de San estava ótimo, afinal de contas, conseguiu uma boa relação com a sua irmã, seus amigos aproveitavam o tempo na academia desfrutando de paz e nada de perigos a espreita.

Abrindo um sorriso enorme, balançava os braços. Pela primeira vez em muito tempo se sentia bem, a sua raiva sumiu, os objetivos adiados e a pressão diminuindo.

“Eu tenho tempo, pra que me apressar? Eugene pode até querer rápido a esfera, porém, só preciso explicar e deu, sou o seu único soldado capaz de arrumar seu objetivo.” Entrando no seu quarto, bateu o olho no lugar escuro, e vazio.

O seu colega de quarto saiu junto a Bella em um treinamento, os dois querendo melhorar o trabalho em equipe e poderes. O cão do inferno decidiu correr na floresta, caçar uns monstros e aumentar a sua força.

Tomando um banho completo, cuidou a sua aparência no espelho, e fazendo uma ação rara, penteou o cabelo, deixando arrumado. Passando um perfume, garantiu a sua aparência boa. Nada de uniforme da academia, e sim uma camisa azul escura e calças confortáveis, e desceu no elevador.

Passando alunos e guardas escondidos nas sombras, saiu da academia, e esperando do lado oposto, em uma sombra serena, uma garota aguardava.

Seus cabelos curtos soltos, batendo no ombro de leve. Os olhos vermelhos fracos o encarando, um sorriso animado, anel no dedo indicador e vestia uma camiseta branca e calças jeans.

Sendo avistado, foi recebido com um sorriso. Liz o viu de cima a baixo, claramente surpresa da suas roupas arrumadas.

— Pronto?

— Sempre.

Um do lado do outro andaram para as ruas, já sabendo o caminho predestinado. Com a sua nova perspectiva de tempo livre, San lembrou da vez em que os dois comeram juntos, e da sua amiga vampira gostar bastante da comida humana.

Tendo essa ideia em mente, a convidou para irem provar algo na cidade, e surpreendente ela aceitou. Encontrando um restaurante relativamente simples, entraram e sentaram em uma mesa.

De frente, San a viu analisar precisamente o cardápio, pensando na sua escolha, e demorando bastante. San só ria, recebendo olhares de falsa irritação dela.

Tentando ignorar a leve vergonha, falou:

— Bem, você me convidou, então vou ir na sua escolha de prato.

— Ah, certo. — Abrindo o cardápio, pediu um cachorro-quente e uma bebida de sabor doce para acompanhar.

Enquanto esperavam, conversaram sobre qualquer coisa, discutindo bobagens e contando histórias do passado. San aprendeu umas bem interessantes do amigo, e compartilhou as suas, escondendo as partes deprimentes.

Chegando a comida, comeram felizes, com Liz fazendo caretas a cada mordida, surpresa desses sabores na sua boca explodindo. De acordo com ela, o sangue tem um bom sabor, e muda dependendo do humano.

No entanto, as comidas humanos são completamente diferentes, saborosas, e nada de precisar caçar, convencer o seu alvo para tomar, ainda que a academia distribua de graça uma porção aos seus alunos.

— Me diz, como é o lugar onde você cresceu?

Essa era uma pergunta na mente de San a tempos, curioso de vários assuntos, e essa é a melhor oportunidade para aprender.

Liz considerou brevemente a sua resposta, pondo um dedo no queixo, sujo de morstada e a sujando.

— Tem muitas cidades vampíricas. A que eu morava ficava em uma montanha enorme, o sol incapaz de ultrapassar, e por isso andávamos despreocupados, sem os anéis.

— Espera, e se só tem a noite lá, então os postes tão sempre ligados, as luzes nas casas nunca apagam. O ciclo de sono deve ser bem confuso.

Escutando as dúvidas de San, Liz concordava e explicava, dando a sua opinião de antiga residente.

— A parte da minha família mora em um bom lugar. Abandonamos a pratica de escravos de sangue e por isso temos de comprar de fora, um pouco complicado, ao menos isso nos ajudou na hora de pedirmos uma vaga aqui.

Liz explicava os costumes estranhos dos vampiros, de amaldiçoar a lua cheia, todos terem relógios bem pontuais, e por algum motivo gostam de serem chiques, sempre vestidos elegantemente.

Obviamente eles também passam por seus problemas de monstros, e a parte da família de Liz e Jason eram as principais responsáveis. O seu pai sendo um general, tendo tropas treinadas sob o seu comando, responsável de proteger o povo.

Conversando de boas, San sentiu um arrepio no corpo, forte. Fingindo normalidade, virou a cabeça lentamente, procurando.

Desde que entrou na academia e ficou tão rodeado de mutantes, melhorou sua habilidade para focar somente naqueles o encarando, e dessa vez sentiu claramente alguém fazendo isso.

Passando os olhos rapidamente, encontrou um homem perto da porta. Vestia principalmente escuro, cabelos castanhos desgrenhados, rosto magro e só de San virar, ele desviou a cabeça.

Tendo encontrado seu alvo, continuou agindo tranquilamente, aguardando o resultado desse acontecimento. Passando quase uma hora, terminaram de comer e foram pagar.

Durante esse tempo nada ocorreu, na verdade, bem ao contrário, sendo bem normal. Depois de uns minutos, o homem foi embora, deixando.

“Vamos vê, os únicos que talvez queiram algo comigo, iriam falar pessoalmente ou mandar mensagem. O que gosta disso de enviar soldados é o Eugene.” Considerando essa pequena possibilidade, balançou a cabeça levemente e deu uma pequena risada.

“Qual é cara, deixa quieto, só aproveitar o dia, esquece isso por enquanto.” Ignorando o cara, prosseguiu o passeio junto a Liz, indo junto tomarem um sorvete.

Passando um bom tempo juntos, começaram a discutir do futuro, os seus planos.

— Eu vou seguir a carreira do meu pai, virar uma general. Entretanto, separado da família, para evitar que me controlem.

“Uma grande família deve ser complicado nisso, bem, qualquer coisa, é só os eliminar. É, ainda falta bastante pra eu fazer isso.” Soltando uma pequena risada, percebeu o olhar de Liz nele, esperando uma resposta.

Considerando, sabia que opções tinha de monte, seja ajudar Floki, entrar oficialmente no grupo de Eugene, mercenário em tempo integral ou militar.

As opções tantas, e as dúvidas na sua mente enormes.

— To pensando, só quero viver tranquilo, ter dinheiro e amigos pra rir.

Vendo o olhar surpreso de Liz, terminou:

— Eu sei, não é tão grande e glorioso quanto o seu, é só uma ideia básica.

— Ei, esse é um ótimo plano!

Dessa vez San surpreso, falou:

— Sério?

— Claro, uma vida tranquila, amigos, e sem preocupações, deve ser ótimo.

Bem inesperado, só seguiram juntos, conversando, isso até começar a anoitecer, e Liz recebeu ordens explicitas da sua família para evitar passear de noite na cidade.

Voltando ao campus da academia, foram juntos na calçada, soltando pequenas risadas, até Liz receber uma mensagem, a obrigando a se despedir.

— Foi mal, tenho que resolver isso.

— De boas, até a próxima.

Se despedindo, virou as costas para o seu dormitório, até do nada sentir uma sensação macia na bochecha, e vendo ao seu lado, Liz se afastava, correndo e escondendo o rosto.

Soltando uma risada, praticamente saltitava até o seu dormitório, animado e cantarolando. Entrando no seu quarto e avistando Jason esticando o corpo dolorido, trocaram comprimentos.

Garmir dormia na sua cama, a língua de fora e respirando lento. Já pronto para conversar com o amigo, recebeu uma ligação no seu relógio.

Vendo o remetente, descobriu ser Emma, irmã do Leo, sobrinha de consideração. Atendendo em um click, falou animado.

— Aloooou, San falando, o melhor tio e amigo.

Depois de falar, esperou a resposta, e nada veio. Estranhando, até disse:

— Qual é, foi só uma piadinha.

Os únicos sons que ouvia era uma respiração acelerada, e logo a voz de Emma veio:

— San, acho que alguém tá tentando entrar no apartamento. — A sua voz um sussurro, tentando esconder a preocupação e medo.

A respiração de San congelou, a animação sumindo e o nervosismo tomando conta.

— Emma, se acalma, por que acha isso?

— Eu e a Emile escutamos um som na fechadura, e a maçaneta começou a mexer. Quando voltávamos da rua, acho que vi um cara me seguindo, um estranho.

— Tá, liga pra policia, os seguranças, qualquer um, eu tô indo pra aí agora!

A voz de San claramente descontrolada, alertando Jason, o vendo preocupado, e acordando Garmir, sentindo os seus sentimentos.

Em segundos, escutou uma série de gritos, altos, desesperados. Objetos batendo e choro.

— Emma! Emma! Fala comigo, por favor. — San gritava, desesperado.

— Ele entrou, tá aqui dentro! Nos escondemos no quarto, vem pra cá…

A ligação foi cortada, terminado em um grito. Tão rápido quanto um raio, deu as costas ao amigo e correu no corredor, ignorando o elevador e pulando os degraus nas escadas.

Sua corrida era assustadora, nunca na sua vida foi tão veloz, e com o vento batendo no seu rosto, cerrava os punhos, deixando sangue cair, e os olhos de pura raiva e preocupação.

Passou todos os alunos, atropelou guardas e caiu no chão, levantando em um pulo apressado. Nada o parava, os seus sentidos focados somente a frente, e nem queria imaginar o que acontecia.

Sabendo do tempo ser essencial, ativou a essência no seu corpo nas pernas. Logo sentiu uma explosão, o dando força e energia, aumentando em muito a sua velocidade.

Atropelando qualquer um na sua frente, suas pernas ardiam de dor, insuportável, e San persistia, mandando energia, as melhorando, só tendo um foco em mente.

Encurtou o tempo mais que a metade, e logo alcançou o apartamento, subindo correndo até o andar das garotas.

Chegando, avistou a porta arrombada, a madeira lascada. Um arrepio percorreu seu corpo, e um medo começou a tomar conta, um que nem monstros se comparavam.

Avançando, suas pernas cambaleavam, as mãos tremiam e a cabeça girava. Seus olhos desestabilizados, com a respiração acelerada.

No seu pulso, a pulseira escura se prendia na pele, firme, espalhando as veias, crescendo. Correndo para dentro, avistou a sala destruída, os móveis jogados e quebrados.

Escutando um som de choro, ultrapassou tudo e entrou no quarto, avistando a cena.

Emile, a mais nova, chorando alto. Sangue espalhado nas paredes e itens quebrados. Embaixo dela, Emma, ou o que um dia já foi.

Seu rosto completamente ferido, inchado e sangrando. A respiração cada vez mais lenta, fragmentada. San ficou parado, paralisado, os olhos quase pulando das órbitas.

Ar não saia dos seus pulmões, a respiração parou. De repente, escutou o som de passos nas suas costas.

Só virando o rosto, seus olhos brilhavam em vermelho vivo, e cada item no local começou a tremer. Para a sua sorte, foi uma pessoa conhecida, Jason.

Sem saber o que fazer, só falou:

— Me ajuda.



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