Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 2

Capítulo 103: Caçando Com um Bando de Malucos

Sentados na mesa redonda de madeira, San olhava ao redor, analisando seus mais novos companheiros. Max sorria amplamente, encostado na cadeira de braços cruzados.

Sonea apoiava os cotovelos juntando as suas mãos, dando um sorriso curioso para San, o deixando meio desconfortável. Jack era o único ali normal, um garoto novo e de boa índole.

Um pequeno silêncio se formou na mesa, quebrado por Jack perguntando:

— Então, qual é a missão galera?

 Max olhou ao redor, sempre a boca alargada em um sorriso. Pondo a mão no seu bolso, pegou um panfleto e colocou em cima da mesa.

Todos do grupo se inclinaram para frente, analisando o papel contendo as informações da missão. Era uma tarefa normal, simplesmente matar alguns monstros irritantes chamados de Lumbre, que estavam ao redor da cidade.

 O problema era o grau da dificuldade na missão sendo um Rank B. San estava levemente preocupado, nunca havia ido nesse tipo de missão antes, era nova, perigosa, arriscado e principalmente idiotice, considerando que ainda não aprendeu a usar seu mais novo poder.

No panfleto, como sempre, tinha um desenho do seu oponente, porém dessa vez, era complicado discernir a aparência. O monstro que enfrentariam, visto pelo desenho, era mais parecido com uma gosma em forma meio humana.

 Sem exceção, enquanto analisavam o desenho, o grupo apertava os olhos, buscando na sua memória algo que correspondesse.

 Tirando o grupo dos seus pensamentos e deliberações, Max bateu na mesa com as mãos abertas. Olhava para cada um dos membros, e revelando seus dentes incrivelmente afiados falou:

— Esse é o nosso oponente, devemos os matar a alguns quilômetros da cidade, coisa fácil, e para confirmar as mortes, devemos pegar os seus olhos.

As pessoas ali na mesa já eram Mercenários experientes, e passaram por problemas inimagináveis, pondo suas vidas em risco tantas vezes que perderam as contas, uma missão dessa seria moleza, principalmente por estar tão perto da cidade.

 A única coisa que se preocupava era o ranking. Ninguém Ali tinha a classificação correta para irem. Na verdade, seja coincidência ou não, o grupo consistia em membros de rank C.

 Para a sorte deles, ou azar, a agência de Mercenários permitia a sua gente realizar as missões uma classificação acima. Isso era tanto arriscado quanto uma oportunidade para aprender e melhorar permitindo dos seus membros terem experiência em áreas perigosas.

 Já tendo trocado a maioria das informações, estavam prontos para irem.

 Caminhando juntos em uma floresta repleta de mato e árvores, San vigiava, seus olhos focados em cada canto, preocupado de ser atacado ou algo pular nele. 

Na hora de saíram da cidade, a maior preocupação de San foi que quisessem barrar sua saída, um medo bobo considerando que fez tudo certo, seus rastros encobertos, vítimas eliminadas e testemunhas, nenhuma.

 Mesmo assim, na hora de passar o portão, mostrar seu cartão de mercenário e ser encarado pelos olhos dos guardas, o analisando de cima a baixo, procurando qualquer sinal do seu assassino, uma pequena preocupação surgiu na sua mente de ser atacado ali, uma multidão de mutantes só esperando, querendo a sua cabeça, e então ser preso ou morto.

 Para sua felicidade, ocorreu tudo certo, tendo permissão para passar e ir completar a sua missão.

Independente de estar no meio do nada, os seus sentidos continuavam afiados, cuidando os mínimos sons suspeitos e perigos, considerando em ativar a sua névoa.

Só evitou de fazer isso devido à preocupação no seu grupo, sendo bem diversificado e um pouco arriscado. Sonea era a dona do livro explicando o estilo de luta que tanto usa, e por isso sua guarda permanecia sempre alta perto dela.

Max é uma incógnita, viciado em lutas, sangue e morte. Caso esse cara descobrisse desse poder, poderia pedir a San para localizar cada monstro da floresta querendo os caçar.

A situação só piorava ao ver o equipamento do seu amigo, literalmente usando somente uma camiseta esticada demais, e deu. Nada de armaduras, armas ou qualquer coisa além.

Quando perguntado o motivo disso, só deu de ombros e disse ser capaz de suportar os ferimentos da luta, e estaria ansioso pra encontrar um oponente capaz de o fazer se arrepender de não usar uma armadura.

Levemente entediado da caminhada, San perguntou a Jack:

— Como foi conhecer Max e Sonea?

O jovem o olhou e deu um sorriso nervoso, só de lembrar o fazia tremer.

— Costumo ajudar grupos de mercenários, e em uma missão, apareceu um monstro muito forte, iriamos morrer. De repente, duas pessoas apareceram, e o derrotaram em uma velocidade incrível, e eu os ajudei.

— Estavam em uma missão juntos? Os dois?

— Isso, e depois de eliminarmos a besta, gostaram do meu poder e me chamaram pro seu grupo de uma forma… complicada de negar, desde então vamos em missões dessa às vezes.

San só podia lamentar o azar do jovem, ser encontrado por dois monstros desses era um feito e tanto, e reconhecerem sua força só piorava, provavelmente querendo lutar.

Só tinha uma questão, San também reconhecia a força do adolescente. Seu fogo é assustador, sua potência poderosa, capaz de derrotar hordas de monstros.

“Depois de tantas lutas, e matar inúmeros mutantes, digo com certeza: Esse jovem vai ser uma força grande no futuro, só precisa de tempo pra sua força aumentar.” Vendo suas costas, ações tímidas e hesitação em falas, via por fundo um poder grande, e uma pequena sensação de lutar contra.

Caminhando juntos por um bom tempo, alcançaram o lugar demarcado dos monstros avistados. Essa parte da floresta estava bem mais úmida comparado ao restante. Poças d'água espalhadas, lama em todo lugar.

O grupo deu uma olhada ao seu redor, procurando seus inimigos. Cada um tem seu próprio jeito de procurar, e se afastam alguns passos. San caminhou em frente aleatoriamente, fazendo a moda antiga, atrás de rastros.

A lama nos seus pés afundavam as botas, dificultando caminhar, e a dificuldade as tirando só piorava. Tendo se afastado poucos metros, seus pés afundaram novamente, e seus olhos tremiam de raiva.

Forçando a sua saída, escutou um leve som nas suas costas de lama mexendo. Erguendo uma sobrancelha, pensava na possibilidade de um dos seus companheiros ter o seguido.

Virando a cabeça, deu de cara em um corpo feito puramente de lama, a silhueta semelhante a de um humano, e os seus braços estendidos querendo agarrar o seu alvo.

Os instintos de San agiram rapidamente, pulando, desviando do aperto desse monstro. Desconhecendo as habilidades desse ser, preferia evitar qualquer contato temporariamente.

Tendo pegado uma distância, seu plano era se erguer e sacar a sua espada, porém, ao deitar na massa pegajosa marrom, percebeu a incrível dificuldade de se mexer.

Usando toda a sua força, o monstro virou na sua direção, em uma alta velocidade. Arrastando o seu corpo para se soltar, não foi tão rápido, e foi agarrado.

As mãos se prenderam no seu pescoço, apertando fortemente. Infelizmente, o monstro foi além, seu corpo se fundindo no ambiente ao redor, afundando, e levando San junto.

Incapaz de respirar e a sua visão perdendo o foco, um medo brotou em San, morto assim, por um monstro tão insignificante, sozinho.

Uma raiva brotou no seu peito, incapaz de ser suprimida, e forçando os seus músculos a funcionar, resistiu feito um animal perto da morte, sem poupar esforços.

Na primeira oportunidade, abriu ao máximo a sua mão, e só deixou a essência circular, ativando a habilidade mais acostumada no seu arsenal. Uma luz azul explodiu da sua palma, podendo cegar qualquer pessoa perto.

Uma explosão ocorreu debaixo da lama, voando para todos os lados. Se vendo livre, tossia fortemente, respirando apresado, puxando ar. No entanto, a sua raiva ainda enchia seu peito.

Agarrando o cabo da sua cimitarra, já procurava seu oponente. Em breves segundos o encontrou, ou mais precisamente, os encontrou. Cada pedaço de lama explodido mexia, querendo formar corpos.

Ainda que estivesse raivoso, a sua inteligência permanecia, e vendo tantos perigos perto, sabia que bater de frente seria burrice. Largando a ideia de os enfrentar, correu de volta aos seus companheiros.

Em segundos os encontrou, pois já vinham na sua direção, os rostos preocupados e seus equipamentos sujos. Juntos, falou apressadamente:

— Encontrei uns bichos feios, tão lá atrás.

Ninguém mostrou surpresa, Jack falando:

— É, nós sabemos, os encontramos também.

Levemente surpreso, perguntou:

— Já os derrotaram?

— Dei conta de um. — Jack falou um pouco relaxado.

Soltando uma risada, San os ultrapassou e ficou nas suas costas, falando um pouco cansado:

— Bem, que tal experimentar em vários?

Antes de sequer poderem perguntar, os sons levemente estranhos soou, e mesmo sendo baixo, mercenários desse tipo prestavam atenção nisso.

Virando a cabeça em uníssono, vários monstros Lumbres em forma de humanos borrados vinham, dez no mínimo, e formas novas sendo formadas.

Max deu uma risada alta, as unhas dos seus dedos crescendo, ficando tão afiadas quanto facas, seu corpo já forte crescendo, indo em frente com uma animação.

— San! Eu sabia que era uma boa ideia ter te trazido.

Os olhos verdes de Sonea brilhavam em animação, sacando as suas cimitarras. Andava calmamente, deliberando quanto a quem seria o primeiro.

Soltando um suspiro longo e cansado, Jack abriu a palma da mão, e sua expressão de timidez sumiu imediatamente, adotando uma postura séria e forte.

O ar ao redor de si começou a aquecer, e do seu corpo pequenas chamas fugiam, desesperados por queimar.

Uma vontade de entrar na luta atingia San, quase o fazendo ativar seus poderes, mas suprimindo essa vontade, preferindo atuar na retaguarda, sabendo ser arriscado se mostrar exageradamente.

Sendo o primeiro agir, foi obviamente Max, pulando igual uma fera, as garras prontas, atingindo o primeiro Lumbre a frente, o cortando ao meio, pisando repetidas vezes seu corpo, até sobrar só lama, e o número de inimigos o cercando aumentando, e seu sorriso só crescendo.

A velocidade de Sonea era impressionante, no começo só desviando dos golpes, os ultrapassando até chegar no meio de tantos. Cercada, começou os seus ataques.

Suas espadas balançavam tão rápido que era complicado discernir qual é qual, ou onde estavam e estariam. Seus cortes ultrapassavam os monstros, não os matando em um só, e por isso repetindo os cortes, até só chegar em pequenas partes.

San acompanhava cada campo de batalha, seus olhos tentando seguir os movimentos dos seus companheiros, mal conseguindo. Contudo, nesse troca troca, um clarão o cegou temporariamente.

Usando a mão para tampar, soube o motivo disso facilmente. Isolado do restante, Jack queimava uma parte da floresta, sua expressão dura, nada de emoção, e os olhos focados somente em queimar. Nada na sua frente conseguia se manter de pé por muito tempo.

Os Lumbres atingidos endureciam e em um simples golpe de mão, quebravam, seus cacos caídos. “Lidar só com um uma ova.” O campo de batalha tava uma bagunça, e os monstros aumentavam.

Balançando a cabeça em desânimo, San escolheu uma parte onde acumulava os monstros, só piorando a situação. Iria evitar usar a espada por enquanto, entretanto, tinha outras formas de causar dano.

Permitindo da sua animação transparecer, caminhavam em direção aos seus inimigos, e facilmente percebeu uma série de olhares dos seus companheiros, a curiosidade tomando conta.

Seu campo de visão englobava um grande número. Erguendo as mãos, fez o gesto de arma com os dedos, e esferas de energia foram formados na ponta do dedo indicador.

— Tentem engolir isso, seus merdas.

Em um simples pensamento, disparou. As bolas de energia corriam em alta velocidade, atingindo a cabeça de cada um, mas San só aumentava a quantidade, as controlando mentalmente, nunca errando um alvo.

Antigamente, tantos tiros e alvo o esgotaria, porém, depois de inúmeros poderes absorvidos e sua essência aumentando, conseguia dar conta. Só melhorou ainda mais ao dominar o poder da névoa.

A névoa consistia em conseguir aguentar a localização de tanta gente na sua mente, ainda mantendo sua consciência e ações comuns. Tendo aprendido a técnica, controlar as balas de energia foi simples.

Em minutos, o campo de batalha lotado de monstros, sendo feito a missão para os mercenários de rank B, foi exterminado, os Lumbres espatifados, a lama nos seus pés sumindo.

Terminando isso, recolheram os olhos iguais a lama, mas estranhamente firmes, e descansaram um pouco. Jack, tendo voltado a sua personalidade gentil e meio tímida, perguntou:

— E agora, terminamos?

— Talvez, devemos explorar para ter certeza de exterminados todos. — Max falou. — Para agilizarmos, vamos nos dividir.

A boca dos membros abriram e já foram declarar o seu parceiro, contudo, Max foi rápido.

— Fico com San, nossas habilidades combinadas são boas.

Vendo os rostos desanimados dos seus parceiros, Max terminou:

— É só por um tempo, trocamos depois.

Voltando a animação, foram se dividir. San ficou quieto o tempo todo, não sabendo bem o que falar, e sabendo ser uma má ideia discutir isso, na verdade, Max ou Jack eram os melhores membros, só queria manter distância de Sonea.

Durante a luta, viu os movimentos dela, e teve uma certeza gritante, as habilidades de espada superavam em muito a de San, o fazendo duvidar ser capaz de bater de frente.

“Vamos ver agora, tamo em uma floresta repleta de monstros, e meus companheiros são viciados em lutas, o que de ruim pode acontecer?”



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